Inexplicável escrita por Pear Phone


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Sei que deveria ter postado ontem, mas só pude hoje, sorry. Agradeço os reviews e leitores, boa leitura.



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[...]

"E ao mesmo tempo me lembrara de como houvera me sentido em tal dia em que descobrira tudo, ao vê-la tão perplexa diante de minha face."

— Vo-você... Sam, por que nunca me contou que é estéril?

— Não queria que ninguém soubesse, e, aliás, descobri há pouco tempo.

— Então, ainda não o contou?

— Não, ele não sabe. Na verdade, só você sabe disso além de mim.

A jovem de cabelos negros, de sobressalto, arregalou seus olhos diante de tal afirmação.

— Só eu? Quer dizer que não pretende o contar sobre isso?

— Depois que me divorciar dele, não terá nenhum direito de descobrir isso. Tanto faz se contá-lo ou não. O nosso casamento não existirá mais... — Revirou os olhos.

— Posso fazer-lhe uma única pergunta?

— Tudo bem, diga.

— Teve medo do que Freddie pudesse pensar quando descobrisse, e por isso nunca lhe disse?

— Não sei se é exatamente isso. Um homem sempre deseja construir uma família com a mulher que ele ama, e eu não podia fazer esse desejo tonar-se real para ele. Nunca o perguntei tal questão ou conversamos sobre algo relacionado, eu me sentia insegura.

— Mas e você... já desejou isso?

— E-eu?

— Sim, você.

— Talvez, mas em um passado bem distante.

— Não deseja mais?

— Não sei se seria bom, me sinto como se não valesse à pena — a loira afirmara, constrangida.

— Eu sinto muito, de verdade. Queria poder ajudá-la de todas as formas, e lamento por ter lhe dito isso. Não deveria sequer ter tocado no assunto - a morena levantou-se para deixar o cômodo, mas sentiu os braços pálidos de Sam a puxarem.

— Não vá.

–Acho que precisa ficar só por enquanto, não tenho estrutura emocional suficiente para a orientar — afirmou quando centenas de lágrimas já jorravam de seus olhos negros e brilhantes, queimando suas bochechas sensíveis e rosadas.

— Obrigada. Não chore, por favor. — A puxou para um abraço. — Ainda posso lhe chamar de amiga?

— Como consegue ainda confiar em mim? Passei todos esses anos em New Jersey sem me importar, e de repente quando tudo em minha vida dá errado, volto à Seattle. Acredita que mereço apoio? Abalei o que restava de nossa amizade.

— Acredito que nossa amizade ainda não acabou. Caso acabasse, não estaria aqui agora.

— Tem realmente razão no que diz?

— Nunca tive tanta razão, Shay — afirmou, a fazendo mudar sua feição.

— Antes de sair, posso lhe dizer uma última coisa? — a morena perguntara.

— O que quiser.

— Eu sei que ele ainda te ama.

Então, com seus olhos completamente avermelhados, Carly deixara o quarto ainda com um meigo sorriso, que expressava mais do que qualquer lágrima.

Tudo que queria era de fato acreditar naqueles dizeres... mas preferia ser realista o bastante para desconfiar de que tudo já havia acabado e que não haveria volta. Não sabia identificar o porquê de um pressentimento tão ruim, mas sentia minha vida se esvair enquanto mantinha um sentimento esquecido há milhares de anos. Não era capaz de extingui-lo, pois o vírus já havia invadido e domado minhas defesas, que já não podiam atacá-lo. Não mais.

Um cansaço lhe veio à tona e logo deitou-se sobre a cama fechando seus olhos de imediato. Não sentia fome alguma, não havia comido nada desde a manhã. Tudo que podia sentir era uma forte rebelião interior, como se seu coração entrasse em uma profunda colisão, trazendo-lhe uma dor quase insuportável e uma sensação inevitável. Sua respiração pesada e ofegante não a deixava adormecer, e sua consciência perturbada era o ponto focal de todo o seu corpo. Talvez fosse realmente controlada por um forte medo de encarar sua verdadeira realidade de maneira que não podia entender, ou dizer. Talvez tudo que precisasse estivesse adormecido por anos em uma cova, mas não morto. Seu amor não estava morto, apenas descansava, assim como ela.

— Está tudo bem? — ouviu uma voz masculina chamar-lhe, tirando-lhe daquele transe momentâneo.

— Não — respondeu e se virou podendo ver Freddie acariciar suas madeixas loiras, de forma delicada.

— O que aconteceu?

— Eu não sei.

— Como não sabe?

— Simplesmente não sei, fim de contas. E além disso, onde estava?

— Eu não sei — respondeu sarcástico.

— Lembro muito bem de ter lhe dito que não deveria sair de casa... Você estava mal.

— Mas tive que ir, desculpe.

— Foi falar com aquela... mulher?

— Não.

— Tudo bem, agora me deixe sozinha.

— Não pode me contar o que está acontecendo?

— Freddie, eu...

— Por que não pode? Eu quero que confie em mim.

— E quando você confiou em mim? Acho que nunca! Agora me deixe sozinha no meu quarto.

— Esse quarto é nosso.

— Vá embora.

— Tudo bem, eu vou embora.

— Obrigada.

— Adeus.

Assim que o moreno fechou a porta, ela não pôde controlar todas aquelas lágrimas que lhe temiam cair desde sua conversa com a morena.

— Jura que quer que eu vá embora? — Abrira a porta.

— Não, eu não quero.

A loira o abraçou subitamente, assim que ele aproximou-se de seus braços.

— Sabe, eu me casei com a mulher mais forte de todas as outras. Por que ela está chorando agora?

— Porque ela se tornou a mulher mais frágil de todas.

— Então eu não me importo de passar o dia todo ao lado dela — afirmou ele.

De maneira desajeitada, ela desfez o abraço.

— Me desculpe.

— Não tem que se desculpar, eu tenho.

— Freddie...

— Não pode me dar uma chance?

— Perdi a conta de quantas chances já lhe dei, esse é o problema.

— Não quero me separar de você.

— Há algumas semanas, parecia que sim... Não quero que em segundos tudo isso desapareça. Eu prefiro acreditar que se estiver longe, tudo vai melhorar em minha vida.

— Eu sou um fracassado e não consegui nada achando o que eu achava.

— Perfeito, mas já é tarde.

— Eu não posso deixar que vença.

— O que quer dizer?

— Veremos se isso ficará assim.

— Não pode ressuscitar um amor que nunca existiu... — pronunciou ela, que logo sentiu seus olhos completamente molhados por mais uma vez.

Não podia acreditar em tais palavras que saiam de sua boca.

— Posso lhe provar que ele sempre existiu, em apenas oito meses que nos restam. Eu juro que se não conseguir, assino o divórcio.

Queria lhe fazer feliz até o último momento de sua vida.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.