2 horas. 2 horas atrasado. Luke me convidou para um jantar do qual ele viria direto do aeroporto mas sempre tem que ter um imprevisto. Além de tudo, ele nunca se dá o trabalho de avisar antes, mas sim só depois que ele chega.

Estou sentada no banquinho de espera do restaurante, já que fui expulsa da mesa por não pedir nada, mas como eu tinha a reserva já feita, me deixaram esperar. Thalia concordou em ficar com Jared hoje, me dando privacidade pra fazer o que eu quisesse, e acredite, não era ficar sentada num restaurante esperando uma pessoa atrasada que provavelmente não vai aparecer.

Mais uma meia hora se passa e eu recebo uma ligação do bastardo:

–Cadê você!? – eu sussurro/grito para Luke

–Desculpa, Annie, eu tive um imprevisto na hora de embarcar e tive que sair o avião, resolver e no final comprar outra passagem de avião...

–Por que você não me avisou antes!?

–Eu... Eu estava ocupado, lembra? Só agora que consegui um tempo pra te ligar.

Eu rio sarcasticamente

–Ok, fala logo o que você quer de mim porque não tem motivo para você me ligar ates de viajar.

Ele ri nervoso do outro lado.

–É que... o voo chega aí ás 3:15 da manhã e eu não tenho dinheiro para um taxi. Já que você não tem nada para fazer...

Minha raiva sobe mais um pouco.

–Não tem outro jeito? Não tem ninguém que possa te dar carona? – eu pergunto sabendo que eu vou ter que buscar ele de qualquer jeito.

–Não...

–Fazer o quê né? Te vejo lá.

Eu falo e bato o telefone na cara dele.

Quando eu avisto uma garçonete eu a chamo e explico que houve um imprevisto e que minha reserva podia ser desfeita. A garçonete agradece a atenção e me libera.

A caminhada até o carro é repleta com o debate se eu deveria trocar de roupa ou não. Finalmente, decido que não vou mostrar como eu estaria no jantar.

Vou para casa, troco de roupa e em menos de uma hora estou de volta no carro, dirigindo para o aeroporto. Eu ligo o rádio para me distrair e o relógio do carro prede meu olhar 12:23. Eu ainda teria mais de duas horas no aeroporto, em pé e sozinha.

Eu estaciono o carro e vou caminhando lentamente até dentro do aeroporto para gastar tempo, o que não funciona.

Depois de umas duas voltas sem fazer nada, eu sento em um banco perto do desembarque de Luke. Pego o meu celular e começo a jogar alguns jogos por uns minutos até meu celular tocar. Sem nem olhar o nome eu atendo, e uma voz familiar me atende.

–Annabeth?

–Percy! – eu falo

–Oi. Ainda estou meio confuso da última ligação. – ele ri

–Ah, o negócio do trabalho não foi? – eu pergunto me lembrando

–Sim. – ele responde – A propósito, parabéns, de novo.

Eu sorrio

–Então, você me ligou?

–Sim! – ele responde – Queria convidar você e Jared para um mini campeonato que vai acontecer lá no clube mesmo.

–Claro! Que dia?

–Hoje é sexta? – ele pergunta

–Na verdade, já é sábado – eu reconheço, rindo

Ele ri do outro lado da linha

–Enfim, - ele fala, parando de rir – se hoje é sábado, será daqui a quatro dias. Isso significa... quarta-feira.

–Perfeito, a gente se encontra lá. – eu falo – Só pra esclarecer, por que você me ligou depois de meia noite numa sexta?

–O que!? – Percy quase grita do outro lado da linha – Eu nem tinha me ligado que era tão tarde, me desculpa.

–Não precisa se desculpar, não. Eu estou acordada mesmo. – eu falo rindo e dando de ombros

–Posso preguntar o porquê?

–Claro, - eu falo – estou no aeroporto esperando Luke chegar da viagem semanal dele. O voo atrasou. – esclareço.

Percy ri

–Ok né.

–Ok – eu respondo meio suspeita pelo tom de voz dele.

Quando vou falar mais alguma coisa uma voz sai pelas caixas de som do aeroporto anunciando que o avião já devia estar pousando.

–Eu preciso ir, – eu falo – o avião já está pousando.

–Está tudo bem, - ele fala – boa noite, Annie.

Eu sorrio com o apelido.

–Boa noite.

–---------#---------#-------

–Só quando você precisa que você me liga né? Eu fiquei esperando duas horas por você no restaurante igual a uma estúpida sem companhia. E aí você me liga pra dizer que eu vou precisar ficar mais umas quatro horas acordada porque você perdeu o seu voo por motivos de “estar ocupado”, que eu nem quero saber o que significa, e me manda dirigir até o aeroporto no meio da noite! De todas as coisas estúpidas que você faria ainda ou já fez, essa era uma das coisas que eu não achava que ia acontecer!

Eu termino meu mini discurso. Luke chegou bem e tals. Fomos para o carro, ele dirigindo, e quando estávamos a poucos quilômetros de casa, eu iniciei meu showzinho.

Não tínhamos falado uma palavra até o discurso.

–Trabalho, Annie. Eu quero que você me entenda. Isso é pro nosso bem, pra nossa família.

Eu continuo olhando para frente fingindo não estar escutando

–Annie?

–Annabeth?

–Se você quisesse estar fazendo alguma coisa por nossa “família”, – eu gesticulo as aspas – você já teria saído desse seu trabalho que te consome vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, Luke.

–Annie, você teria que sustentar a família sozinha e isso não seria bom. Seu salário não é dos melhores, o meu na minha empresa é razoavelmente melhor, amor.

A raiva começa a subir na palavra ‘amor’.

–Ah eu esqueci de mencionar, - eu falo – fui promovida. 45 mil em média por mês, já está pronto pra sair do seu trabalho e ME AJUDAR COM JARED!?

Ele olha para mim boquiaberto.

–Você esqueceu de mencionar? – ele fala num tom acusatório e ofendido ao mesmo tempo, o que me deixa com medo que ele comece um briga.

–Esqueci de mencionar assim como você esqueceu do voo de hoje não é?

E aí do nada ele está me abraçando e me dizendo que eu sou uma ótima futura esposa. Eu empurro ele para longe.

–Estamos no meio de uma discussão e você me abraça? Quer quebrar o gelo é? Você só est-

–Annie, para de ser indelicada, eu só estou feliz pelo seu trabalho.

–Ok, mas agora você já pode sair do seu trabalho e me ajudar com Jared.

Ele olha para mim como se eu fosse uma estranha, mas talvez eu esteja sendo. Vivi anos submetida aos quereres de Luke, e só agora estou me “rebelando”. Quando desvio o olhar dos olhos penetrantes de Luke percebo que estamos no estacionamento do nosso prédio. Não perco tempo e saio do carro.

–Annabeth! – ele grita

Eu diminuo o passo já que não quero brigar com ele no nosso apartamento para na próxima manhã ter todos do andar me lançando olhares de pena, por eu estar em um momento ruim com Luke, ou de ódio por acordar eles ás 4:45 da manhã.

Luke me alcança e me pega pelo braço para eu olhar nos olhos dele.

–Você tem que ver meu lado também, Annie. – ele fala passando os olhos pelo meu rosto e colocando as duas mãos do lado da minha cabeça – Eu adoro meu trabalho. Toda semana estou em um lugar diferente, conhecendo o país e ainda trabalhando.

Eu tiro as mão dele do meu rosto e seguro com as minhas duas na minha frente.

–Eu vejo pelo seu lado Luke. – eu falo com a voz normal – E eu acho lindo e ótimo você estar conhecendo vários lugares e fazendo seu trabalho mas quem não olha pelo lado do outro é você. – eu falo, lágrimas molhando excessivamente meus olhos – Tem três anos que eu passo minha semana sozinha, trabalhando e cuidando de Jared e você está conhecendo o mundo. Como você acha que eu me sinto.

Eu paro de falar e Luke desvia o olhar do meu rosto. O olhar dele cai nas nossas mãos. Eu examino o bololô das mãos e percebo que algo está faltando; a minha aliança.

Infelizmente Luke também percebe antes de eu tirar minhas mãos de sua vista.

Ele recua.

–Annabeth. Por que você não está com o anel?

Eu olho nervosa para minha mão.

Eu viro as costas para ele e saio correndo para o elevador. Eu entro e subo para o nosso andar. Chegando lá eu corro até a porta e destranco. Vou até nosso quarto e começo a procurar a caixinha. Minhas lágrimas já estão saindo descontroladamente.

Mesmo quando eu ouço a porta de entrada eu não paro de procurar a caixinha. Eu acho antes de Luke entrar no quarto.

Quando ele entra me encontra sentada na cama com caixinha na mão. Ele fica parado na porta. Eu me levanto e estendo minha mão com a caixinha para ele.

–Eu simplesmente odiei essa aliança. Não tem uma cor que eu usaria. Se você prestasse mais atenção em mim veria que eu só uso prata, Luke. E as pedras que eu gosto são geralmente discretas. Essas são... muito extravagantes.

Luke anda até mim e pega a caixinha na mão, depois me lança um sorriso.

Eu fico muito confusa.

–Sabia que você estava preocupada com alguma coisa e isso fez você ficar estressada com outras coisas. Tudo bem, Annie, vamos juntos dessa vez comprar outra aliança ok?

Eu olho incrédula para ele. Como depois de toda essa discussão ele acaba pensando isso?

Resolvo deixar quieto mas não sem antes cutucar.

–Talvez, Luke. Mas saiba que eu odeio ficar a semana inteira sozinha e você só falar comigo quando precisa, ok?

Ele levanta da cama e me abraça.

A única coisa que me vem na cabeça é; como ele vai reagir quando eu acabar trocando ele por Percy...