POV - Rony

Levantei da cama rapidamente e comecei a andar de um lado para o outro dentro do quarto. Eu respirava com certa dificuldade, ainda estava tentando me libertar da imagem horrível de Hermione morta que tive em meu pesadelo.

Uma musiquinha irritante começou a tocar e eu precisei de alguns segundos para perceber que era o meu celular que estava tocando. O peguei do criado mudo, era minha mãe que ligava.

– Oi mãe - atendi, tentando parecer o mais calmo possível

– Ronald? Ronald, Gina acabou de chegar em casa e...

– Ela já ta em casa? Eu pensei que ela fosse me ligar para que eu fosse buscá-la no shopping

– Não, ela veio de táxi, disse que estava muito nervosa com você pra pedir carona e me contou o que aconteceu no carro.

– Ah - suspirei, me preparando para o sermão da minha mãe

– Ronald, em que lugar dentro dessa sua cabeça cheia de caraminholas está a sua responsabilidade? Meu Deus, você podia ter causado um acidente! Você poderia ter se matado, matado sua irmã, as amigas dela, e sabe-se lá quem mais. Quanta vezes eu já te falei para não correr com o carro? Eu não quero nem pensar na tragédia que poderia ter acontecido. O que seria de mim sem você e sua irmã? Você não pode fazer essas coisas, Ronald, eu estou aqui prestes a ter um infarto. Você sabe que eu não sou mais nenhuma menininha de 20 anos, da próxima vez que me contarem que você fez algo do tipo eu vou cair dura no chão. Nunca mais, Ronald. Nunca mais faça nada que possa colocar a sua vida em perigo. E se você morresse, meu filho? E se sua irmã morresse? Eu tenho certeza que não conseguiria viver mais nenhum dia sem vocês, vocês são a minha vida. Eu não posso admitir que um filho meu coloque a própria vida em risco. Você não pensa em mim? Em seu pai? Em Papoula? Ela também está aqui com os cabelos em pé por sua causa, Ronald. Olhe só a bagunça que você fez!

– Ta mãe, olha, eu juro que pensei um pouco melhor sobre isso e eu estou arrependido. Me desculpe, ok? Eu não queria causar nenhum acidente, eu não queria machucar ninguém. E eu juro que da próxima vez que eu for dirigir eu não vou correr, eu vou me manter nos limites de velocidade. Eu juro!

– Ah, Ronald, mas eu não sei qual vai ser a próxima vez que você vai dirigir.

– Como assim?

– Eu conversei com seu pai, ele concordou em tomar a Mercedes de você por um tempo

– QUÊ?

– Isso mesmo que você ouviu. Você fez por merecer. E você sabe que sua carteira de motorista só não foi apreendida ainda porque seu pai mexeu os pauzinhos dele, mas da próxima vez eu não vou permitir que ele faça nada. E eu tenho certeza que ainda receberemos multas pelas suas brincadeirinhas de mau gosto dessa tarde, mas seu pai não vai pagar. Ele vai descontar da sua mesada.

– Ta mãe, tudo bem, eu entendo

– Amanhã a tarde algum funcionário da casa vai aí buscar o seu carro e trazer pra cá, eu espero que você não o impeça.

– Não vou, mãe, não vou

– Muito bem. Agora vou desligar, já falei o que eu tinha pra falar

– Espera. Mãe, passa o telefone pra Gina, por favor. Eu quero me desculpar.

– Sua irmã está no banho, mas eu digo a ela que você mandou um pedido de desculpas. Tchau, Ronald

– Tchau mãe, eu te amo mui... - antes que eu terminasse de dizer, minha mãe já havia desligado o telefone

Joguei o celular na cama, e então saí do meu quarto, indo em direção a sala.

– Pensei que fosse dormir por mais tempo - Draco falou

– É, eu não consegui dormir direito, tive um pesadelo estranho

– Como foi o pesadelo?

– Não quero falar. Mas, eu vou pedir desculpas ao Neville

– Olha... parece que esse pesadelo te fez bem né?

– Ah, eu pensei melhor e vi que tava errado. Além disso, minha mãe ligou dando um monte de sermão e agora eu estou me sentindo muito mal pelo que aconteceu

– Hum, que bom que mudou de opinião. Mas eu não acho que seja uma boa hora para falar com o Neville, ele ainda está muito nervoso. Acho melhor você esperar até amanhã

– Tudo bem. - me sentei no sofá

Fiquei por alguns minutos com Draco, assistindo ao jogo, mas logo fiquei entediado e me levantei

– Aonde vai?

– Ah, sei lá, estudar?

– Você, estudando? Olha, acho que esse pesadelo te fez mais que bem - Draco riu

– Ah cara, só não tô a fim de assistir futebol. E eu não acho que tenha algo melhor pra fazer agora

– Tudo bem, então

– E você? Por que não vai estudar?

– Cara, eu faço faculdade de educação física. Não é nada tão complicado, e eu presto atenção nas aulas

– Ok, então. Não sei se ainda nos veremos hoje, então boa noite

– Boa noite. E bons estudos

Fui até o meu quarto, que ficava próximo da sala.

Meu quarto e o de Harry ficavam no andar de baixo, e o de Neville e o de Draco no segundo andar do loft.

Ao chegar no quarto, fui até uma estante que ficava encostada na parede e procurei por alguns livros e apostilas que há muito tempo eu não usava. Nem lembrava qual foi a última vez que resolvi estudar pra valer.

Espalhei todo o material na cama e comecei a estudar.

Algumas horas depois, já estava bem cansado e resolvi dormir. Arrumei tudo e me deitei novamente na cama.

Dessa vez nenhum pesadelo me atormentou.

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Acordei pela manhã me sentindo completamente renovado e totalmente animado para ir para a faculdade. Mas aquela felicidade toda acabou quando eu me lembrei que ainda tinha que resolver minha situação com Neville.

Olhei para o despertador, eram 5:50hrs da manhã. Fui até o banheiro da minha suíte, tomei um banho quente e me vesti para a faculdade. Quando saí do quarto já eram 6:25hrs

Fui até a cozinha, onde encontrei Harry com a cabeça enfiada nos livros. Com a cabeça, literalmente, enfiada nos livros. Cheguei mais perto e reparei que ele estava roncando em cima da mesa.

Dei dois tapas em sua cabeça e ele acordou, atordoado.

– Harry, você dormiu estudando

– É? Não diga! - ele disse, esfregando os olhos

– Cara, eu sei que você tem que estudar todos os dias, mas por que não estuda quando não está cansado? A que horas você começou a estudar?

– Eu acordei às 3:00hrs da manhã para estudar, não sei quando foi que peguei no sono

– Três da manhã?!?! Por que diabos alguém acordaria a essa hora para estudar?

– Ah, eu não tive tempo à noite e daí coloquei o despertador para me acordar a essa hora, para que eu pudesse estudar pela manhã

– Não teve tempo à noite? Que horas você chegou em casa ontem, Harry?

– Isso é alguma espécie de interrogatório? - ele riu - Cheguei umas 11 da noite

– Por que tão tarde? O que você estava fazendo?

Harry hesitou um pouco, e então respondeu, gaguejando:

– Eu estava... er... e-estudando. Isso.

– Estudando? Você não estudou ontem de noite porque estava ocupado estudando? Você não está falando nada com nada, Harry

– Ah, Rony, eu estou com sono tá? Estou confuso. - ele começou a recolher os livros da mesa - E eu vou tomar banho

"Tem alguma coisa que ele está escondendo..." - pensei

Deixei Harry de lado, peguei leite na geladeira e cereais no armário para preparar o meu café da manhã

– Bom dia flor do dia. - Draco apareceu, com um sorriso brincalhão no rosto - E aí? O que tem pra comer nessa casa? - ele foi abrindo os armários

– Eu tenho que mandar a empregada fazer compras, só achei cereal e leite aí.

– Ah, então vou comer o mesmo. - Draco pegou o leite e o cereal - E cara, conversa com a sua mãe. Sinceramente, não dá pra a empregada vir aqui só um dia por semana. Nós fazemos muita bagunça, a casa só fica arrumada por um dia.

– Eu sei, mas eu acho que ela tem medo de nós. Minha mãe me contou que ela disse que nós somos uns monstrinhos

Eu e Draco rimos

– Ah, cadê o Neville? Ele já acordou? - perguntei

– Acho que já, deve estar tomando banho. Tomara que vocês façam as pazes

– É, tomara - concordei

Enquanto eu e Draco comíamos e conversávamos, Harry saiu do banho e se juntou a nós para tomar o café da manhã.

Depois de alguns minutos, ouvimos um barulho estranho vindo da sala

Fomos correndo olhar. Neville tinha caído da escada. Mais uma vez.

– Ah, quando é que você vai parar de andar com dois pés esquerdos, cara? - Draco riu

– Se machucou? - Harry perguntou, rindo também

– Não, eu tô bem

Todos voltamos para a cozinha

– Ei, só tem cereal pra comer? - Neville perguntou, vendo que todos nós comíamos a mesma coisa

– Aparentemente, sim - Harry respondeu

– Tudo bem então. - Neville disse, pegando a garrafa do leite - Ei, vocês não deixaram quase nada pra mim - ele reclamou

– Tem mais uma garrafa na geladeira - falei

– Obrigado - ele disse, ríspido, sem olhar pra mim

Neville preparou o cereal e se sentou na mesa junto conosco. Draco começou a me olhar furtivamente, de 5 em 5 segundos. Eu sabia o que ele queria que eu fizesse.

Pigarreei, e então comecei a falar:

– Neville, precisamos conversar

– Sou todo ouvidos - ele disse, ainda sem olhar em meus olhos

– Olhe, me desculpe. Eu estava meio nervoso ontem a noite, eu não quis dizer aquelas coisas. E eu sei que fui imaturo e irresponsável, eu me sinto muito mal pelo que aconteceu. Eu não deveria ter corrido com o carro, as meninas ficaram muito nervosas, eu poderia ter causado um acidente. E sim, eu me importo com todas elas, eu disse ontem que não ligava que elas estivessem no carro, mas eu ligo. Minha irmã estava naquele carro, eu me mataria se alguma coisa acontecesse. E assim que eu encontrar Luna, Cho e Hermione eu pedirei sinceras desculpas a elas. E eu aprendi uma lição, de verdade, eu pretendo nunca mais correr daquele jeito com o carro, eu percebi que posso colocar a vida de muitas pessoas em risco. Me desculpe, Nev, eu não quero que você deixe de ser meu amigo.

Neville suspirou, e então respondeu, finalmente olhando para mim:

– Ta cara, eu te perdoo. Eu espero que você tenha dito todas essas coisas com sinceridade.

– Sim, eu fui sincero. Pode apostar.

– Que bom, eu também não quero deixar de ser seu amigo - ele sorriu para mim

– Ah, ótimo. Eu não queria que você saísse do loft, e tenho certeza que os meninos também não

– É verdade, não tem graça morar aqui sem você. Nós somos quatro melhores amigos, não três. Eu te amo, cara - Draco falou, dando tapinhas nas costas de Neville

– É Nev, que bom que não vai morar com sua avó. Eu também te amo, cara - Harry falou

– É, eu te empresto a minha Mercedes quando você for sair com a Luna - falei, e todos me encararam, sem entender. - O que foi? Isso é o mais próximo de uma declaração de amor que vai receber de mim

Todos rimos

– Você é um idiota, mas acho que vou aceitar a sua oferta - Neville disse

– Tudo bem, mas acho que você vai ter que esperar por um tempo

– Por quê?

– Meu carro vai ser apreendido

– Sério? - os meninos perguntaram

– Sério. Mas não pela polícia ou coisa assim. Vai ser apreendido pelos meus pais, pra eu aprender a lição.

– Hum, acho justo - Neville falou

– Eu também, você é um completo imbecil quando pega no volante daquele carro - Harry falou

– Ta, gente, eu já recebi sermões demais ok? Também não acho errado os meus pais tomarem o meu carro por um tempo, só não quero que esse tempo demore muito

– Eu não me importaria se você continuasse com o seu carro, desde que você fosse prudente a partir de agora - Neville disse

– Eu vou ser prudente com o carro daqui pra frente, prometo. Os sermões que todos vocês me deram me fez abrir os olhos

– Não só os sermões, como o pesadelo que ele teve também - Draco falou

– Que pesadelo? - os garotos perguntaram

– Pergunta a ele, eu também não sei. Só sei que ele acordou depois desse tal pesadelo e decidiu que iria se desculpar com o Neville e admitiu que estava errado

– Gente, depois eu explico. Vamos logo, ou vamos nos atrasar. - falei, me levantando - Vocês vão querer carona ou não?

– Claro que sim. Vamos aproveitar os últimos momentos do seu carro - Draco brincou

– Não fala assim - reclamei

– E vamos aproveitar pra testar se você vai ser um motorista prudente, certo? - Harry disse

– Ta, ta bom, vamos logo - os apressei