ANNABETH'S POV

Tinha combinado de encontrar o Percy em um café perto da Universidade. Ele estava um pouco atrasado, o que era normal. Nevava fora da Starbucks, e eu estava esperando ansiosamente pelo meu Cappuccino que me aqueceria. Eu não tinha dormido na noite anterior, as lembranças da semana que eu e Percy passamos no Tártaro e a batalha contra Gaia, ainda aterrorizavam minhas madrugadas, não permitindo que eu tivesse uma boa noite de sono desde nossa volta da Europa, em Agosto.

O sino da porta tocou e eu me virei para ver se era o Percy. Meu namorado tirou o cachecol e abriu um sorriso quando me viu. Veio em minha direção e sentou na mesa.

–‘Tá um frio do cacete lá fora.

–Devo imaginar.

–Já fez o seu pedido? – perguntou para mim. Mas não precisei responder, porque a garçonete chegou com o cappuccino. Percy pediu um café para ele.

–Posso tomar um gole? – eu entreguei minha xícara a ele. – Obrigado.

Olhei para ele. Parecia estar preocupado com alguma coisa, estava disperso (mais que o normal, já que nós semideuses que temos TDAH, somos dispersos por natureza). Ele apoiou a testa em sua mão.

–Percy, está tudo bem? – perguntei preocupada.

–Eu encontrei o Nico no caminho. Por isso que eu me atrasei.

–Ele está bem?

–Sim, quer dizer... Não sei. – ele se jogou para trás na cadeira e levou a mão à cabeça.

–Percy, o que aconteceu?

–Annabeth, o Nico ele gosta de mim.

–Sim, eu sei. – falei, não entendo aonde Percy queria chegar.

–Annabeth, ele gosta mesmo de mim. Não como amigo... Ele tem uma queda por mim.

Eu pousei minha xícara na mesa devagar, tentando absorver a informação. Isso explicava muita coisa. Minha mente de filha de Athena começou a ligar todos os pontos e conectar as informações.

–Nossa, Percy... Eu não sei nem o que dizer.

–Ele sofre por minha causa Annabeth. Eu sou o culpado por ele ser tão infeliz...

Eu vi o defeito fatal de Percy tomando conta dele. Ele era tão leal aos amigos que faria qualquer coisa para salvá-los ou ajuda-los. Mas nesse caso, o problema era ele mesmo. Percy não tinha como ajudar o seu amigo, ele não tinha como ajudar Nico.

–Percy, você não pode se culpar assim. Você não é obrigado a... – pensei nas próximas palavras com muito cuidado – gostar dele. Como você descobriu isso?

–Eu te falei, eu encontrei com o Nico quando estava vindo para cá.

Oh! Meus deuses, Nico se declarou para Percy... É a pior coisa que poderia ter acontecido. Percy estava realmente muito mal com a situação, dava para ver a expressão de... não era dor, mas um sofrimento por fazer Nico se sentir dessa forma.

A garçonete chegou com o café do Percy, ele tomou um gole.

–Ele se declarou para você Percy?

Ele balançou a cabeça afirmativamente. Eu segurei a mão dele por cima da mesa.

–Mas o que você falou para ele? – perguntei.

–Eu... Eu disse que eu só via ele como amigo. – eu levei a mão até a minha testa, Percy colocou Nico na friend zone, meus deuses, só piora. – E que alguma hora ele ia encontrar alguém que ia fazer ele feliz. Mas que eu não ia deixar de ser amigo dele e não ia julgá-lo por ele gostar de... Bem... Você sabe... De homens.

Achei graça e ri mentalmente da forma encabulada em que Percy falou a última parte dessa frase.

–Mas o Nico ficou bem?

Percy engoliu seco.

–Ele chorou Annabeth. Eu achava que eu nunca ia ver ele fazendo isso. Ele chorou.

Tomei mais um gole do meu cappuccino.

–Percy, você precisa superar isso. Não quero ver você sofrendo por algo que você não fez. Você não é o culpado.

–Eu sei... Eu só queria ajudar de alguma forma. – falou de cabeça baixa.

–Não tem como ajudar o Nico. Talvez só se afastando dele. Ou você termina comigo e começa a namorar ele. – falei, erguendo as sobrancelhas.

–Não! Eu não quis dizer isso Annabeth. Eu nunca vou te deixar... Eu te amo wise girl.

–Eu sei disso e também te amo muito. Só estou querendo fazer você ver que a única pessoa que pode ajudar o Nico é ele mesmo.

Percy levantou a cabeça.

–Só ele?

–Sim Percy. Ele precisa entender que você não gosta dele dessa forma e que isso não vai mudar. O Nico precisa seguir em frente, procurar outra pessoa.

Percy parou de falar, e eu também. Tomamos o nosso café, pagamos a conta e saímos para a calçada. Era sexta-feira, o sol ia se pondo e a temperatura diminuía. Um dia comum, até demais, para um casal de semideuses.