Aos poucos, todas as pessoas do Curso de Mestrado começaram a juntar-se para o pequeno-almoço. Alguns ajudavam a preparar tudo, outros apenas resmungavam que ainda era muito cedo (N/A: cof cof nem sei quem poderia ser... *ironia*), outros quase adormeciam em cima do sofá e “outros”, como o Syo, tentavam a todo o custo afastar Natsuki da cozinha, ou como a Shizuka, que tentavam fazer com que a Natsumi ajudasse na cozinha. Rin e Masami falavam a um canto da sala visto que a ruiva estava confusa e um pouco chateada desde o momento em que a sua melhor amiga entrou na sala a resmungar algo como “Odeio ruivos! Hug!”.

– Nee, minna! – grita Toya para chamar a atenção de todos, saindo da cozinha com uma bandeja repleta de canecas com chocolate quente – Alguém viu a Oyuki ou a Celi?

Todos se aproximam dela para pegar a sua caneca e voltam aos seus lugares.

– Eu não as vejo desde manhã, Toya-chan – responde Shizuka preocupada.

– Ah, deixem-se disso! – resmunga Natsumi da cozinha (sim, a Shi-chan conseguiu!) – A Celi disse-me que iria comprar algo e como a Oyuki estava acordada arrastou-a com ela!

As meninas suspiram aliviadas.

De repente todos levam um susto ao ouvir um baque surdo vindo do corredor e um grito de Masato:

– Ittoki!

Os mais curiosos (lê-se quase toda a gente) correm até ao azulado. Ao aproximarem-se vêm que o ruivo estava no chão, numa pose um pouco estranha, como se tivesse desmaiado.

– O que é que se passou com o Otoyan?! – pergunta Reiji preocupado.

– E-Eu... Eu não sei! Ele desmaiou assim de repente! – diz o azulado preocupado e ainda um pouco assustado.

– Vamos levá-lo para o quarto – diz Tokiya pedindo, ao olhar para o seu sempai, que o ajudasse a levar o ruivo para o quarto.

POV Otoya

Foi estranho desmaiar de repente. Num momento estava a conversar com o Masa-kun (que estava estranhamente corado) e no momento seguinte... puf!... apaguei por completo!

Mas ainda mais estranho é o sonho que estou a ter...

***

Está tudo escuro... Sinto o meu corpo um pouco dorido e as minhas pernas estão dormentes e presas a algo, assim como os meus pulsos. À medida que a minha visão se adapta à escuridão consigo perceber uma pequena janela do outro lado do lugar onde estou. Estranho...

De repente sinto um solavanco e passos a aproximarem-se. Espera aí! Estou dentro de uma carrinha?! Alguém abre as portas com demasiada força o que me faz fechar os olhos com dor de cabeça.

– Ora, ora... Já não é tão corajoso agora, não é?! – diz um dos homens de capuz preto aproximando-se de mim e, em seguida, batendo na minha cabeça com alguma força.

– Itai... – murmuro e, sem conseguir controlar a voz, continuo – Vocês não se vão safar desta! Alguém me virá resgatar! Tenho a certeza!

– Mas quando isso acontecer... – diz outro homem puxando a corda que prende os meus pulsos para me levantar – Já terás saído da cidade!

A minha expressão de medo só aumentou a satisfação dos dois homens.

– Deixem-se de brincadeira e tragam-no para a outra carrinha! – resmunga um terceiro homem com várias feridas – Esse rapazito já nos trouxe problemas a mais!

Assim que me lançam para fora da carrinha caio de joelhos no chão mas não me voltam a tocar. Quando abro os olhos vejo-os arrastar uma garota de cabelos ruivos na direção de uma outra carrinha. Oh não... OYUKI!

Ela debate-se. Tenta soltar-se dos braços brutos dos dois homens que a carregam. Ela parece querer chorar por causa da dor... Tento correr até ela ao aperceber-me que já não esto preso mas algo, como uma parede invisível, impede-me de chegar perto da carrinha ou, pelo menos, da minha dupla.

– OYUKI! OYU-CHAAAN! – grito enquanto esmurro a tal parede invisível.

Não pode ser... Porque é que estou tão preocupada? É um sonho, não...?

– OTOYA! Por favor não me deixes... Ajuda-me! Não quero esquecer! EU NÃO QUERO ESQUECER!

Depois disto ela é empurrada para dentro da carrinha e eu volto a desmaiar.

***

– OYUKI! – grito desesperado, sentando-me na cama.

Ouço passos apressados no corredor e todos entram preocupados comigo.

– Otoyan! Que susto nos deste! – diz um moreno choroso vindo abraçar-me sendo seguido pelo Na-chan.

– P-Preciso de a-ar... – peço tentando soltar-me do abraço de urso dos dois. – Eu estou bem agora! Não se preocupem! – digo com um sorriso animado.

Mesmo assim não me consigo esquecer daquele sonho... Foi tão real...

Ainda que esteja hesitante decido perguntar aquilo que tanto me atormenta:

– A-A... A Oyuki-chan... ela está bem?

Todos se entreolham um pouco confusos.

– Sim, ela foi às compras com a Celi-san mas devem voltar em breve – responde Masato mais calmo.

Ainda lembro do seu desespero ao ver-me desmaiar.

Voltamos para a sala. Todos parecem felizes e distraídos mas, não sei porque, aquele sonho não me sai da cabeça... Não consigo sorrir! Pelo menos não enquanto estiver tão preocupado...

O meu coração aperta-se bastante no segundo seguinte.

POV Celi

Como pode isto acontecer?! Eu... eu... eu não fui forte! Corri como um bebé assustado! E agora?! Agora só sei chorar! Certamente o Otoya já percebeu...

Ao conseguir alcançar as portas do edifício do Curo de Mestrado onde todos estão corro até à sala desesperada.

– Celi?! Que se passou? – pergunta o meu duplo preocupado ao ver o meu rosto molhado pelas lágrimas.

– Eu... eu... a Oyuki...

Não consigo dizer algo coerente. Todos os modos de começar esta revelação me parecem demasiado frontais. Ao olhar para todos os meus olhos betem nos olhos vermelhos de Otoya.

– Celi-chan... A Oyuki...? – pergunta o ruivo, pouco a pouco, tão desesperado como eu.

– A Oyuki... ela... a Oyuki...

– Celi-chan... Onde está a Oyuki? – insiste.

– A Oyu-chan foi raptada...!

Nisto perco as forças e caio de joelhos no chão começando a chorar de forma inconsolável.

Gomene Oyu-chan... Não sou tão forte como queria...