Sussurro escrita por Lady Midnight


Capítulo 7
Capítulo 7




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"Alguns segundos depois a pesada porta rangia ao ser aberta."

–Entrem. -Falou uma voz rouca, que vinha de dentro da casa.

Eles deram alguns passos e adentraram numa sala vazia e silenciosa. Com iluminação fraca, pisos de madeira que rangiam com o peso do corpo de ambos, um sofá encostado na parede, uma estante com televisão e enfeites na outra extremidade. Acima do sofá, havia um quadro tamanho 40x60 na horizontal, de início e sem prestar atenção, via-se uma paisagem urbana, carros nas ruas, estrelas no céu, a lua cheia e um prédio de cor cinza no centro e em destaque. Contudo caso alguém olhasse mais atentamente veria um corpo caindo em queda livre, em frente ao prédio de cor cinza, que em cima da portaria em letras pequenas lia-se "O jogo começou". As paredes da sala eram de cor branca, diferentemente das de fora da casa, que tinham tom creme e aspecto envelhecido.

Mais a frente no corredor, eles se depararam com um senhor já de idade que estava levemente curvado para frente e tinha cabelos grisalhos e ralos, foi ele quem os mandou entrar. Thomas, aquele que cuidava da casa quando todos estavam em missão, tinha os olhos caídos e pequenos, que eram desproporcionais em relação ao nariz grande e os lábios finos. Se uma criança pequena o visse diria que ele teria no mínimo sete mil anos, a criança diria brincando é claro. Porém sete mil anos seriam um elogio aquele senhor.

–Já pode ir embora Thomas, tire os próximos dias de folga. -Disse Ryan apoiando levemente a mão no ombro esquerdo de Thomas.

O velho, ainda de costas fez um curto e lento aceno de cabeça concordando com o que Ryan dissera. Continuando a andar em frente, para chegar as portas dos fundos e sair da casa, podendo finalmente ir visitar o túmulo de sua esposa, que se foi a alguns séculos atrás.

Continuando o caminho, Ryan e Karen rumaram a cozinha, onde ouvia-se murmúrios de conversa e as vezes risadas, as pessoas devem estar se divertindo pensou a mulher.

–Nós chegamos! -Exclamou Ryan entrando na cozinha, sendo acompanhado de Karen que estava logo atrás. -A propósito, dei folga para o Thomas, afinal. -Ele fez uma pausa. -Os próximos dias serão longos.

–Bem vinda de volta Karen. -Falou uma mulher levantando-se da cadeira e indo abraçar a mulher que entrava na cozinha silenciosa e de certa forma assustada.

–Obrigada, eu acho. -Disse Karen retribuindo o abraço. E fazendo uma careta, como se dissesse "eu conheço você?".

–Ah, não seja tímida. Conhecemo-nos a tanto tempo já, séculos e séculos. Eu seria capaz de perder as con... -Mas ela não terminou a frase, pois enquanto dizia isso olhou para Ryan e este fazia um gesto para que ela se calasse.

Com o silêncio que se seguiu todos na mesa voltaram o olhar para Karen, que ainda estava em pé ao lado da porta. Haviam três pessoas sentadas na mesa retangular, duas mulheres e um homem, além de Ryan que estava em pé encostado no balcão. Constrangida com o silêncio e com os olhares dirigidos a ela, Karen deu início a conversa.

–Poderiam me dizer seus nomes por favor.

–Rebecca. -Falou a mulher que estava na ponta da esquerda, cabelos pretos e cacheados que iam até o ombro. Seus olhos tinham tom de verde perolado, que criavam harmonia com a pele amorenada. Quando viu os olhos de Rebecca, Karen teve a mesma sensação de quando viu o sorriso de Ryan. Era como se a conhecia e como antes, não se lembrava de onde.

–Daniel. -Disse o homem que estava entre Rebecca e a mulher na ponta da direita. Este tinha o cabelo loiro, rosto fino, sem barba. Os olhos de cor azul anil que não recebiam muito destaque devido aos óculos que os cobria. O que causou a mesma sensação que tivera com os olhos de Rebecca e o sorriso de Ryan foi o tom da voz de Daniel, voz grave e firme, própria de um comandante. Quando ele disse seu nome, Karen teve um rápido flashback, ela estava dentro de um prédio que ardia em chamas, sendo sufocada pela fumaça, quando ouviu alguém gritar seu nome ordenando que ela corresse para um portal. E aquela mesma voz que mandou que ela corresse, se apresentou como Daniel e ainda tinha o portal, seria o mesmo que Ryan mencionara?

–Candyce. -A mulher que estava na ponta da direita, ruiva de cabelos longos e lisos, pele clara com o sardas nas bochechas, olhos cor de mel, magricela e seu rosto era tranquilo, calmo. Quase como maternal. E novamente Karen teve um flashback, estava num prédio em chamas, provavelmente o mesmo prédio de antes, dessa vez ela estava num quarto cheio de fumaça e Candyce estava de costas pra ela com seus cabelos flamejantes balançando conforme o movimento que a mulher fazia, esta ia de um lado para o outro enquanto gritava para ela entrar logo no portal, pois não conseguiria mantê-lo aberto por muito tempo. E novamente aquele portal e aquela sensação de conhecer Candyce há tempos.

–Então, já que as apresentações foram feitas, está na hora de começarmos. -Falou Ryan dando um suspiro.

–Começar o que? -Ponderou Karen confusa.

–Nós vamos restaurar sua memória. -Informou Rebecca levantando-se.

–Você vai dormir por algumas horinhas. -Completou Daniel também levantando-se.

–Não se preocupe, não vai doer, você só vai sentir uma leve tontura e sono, muito sono. Agora beba. -Acrescentou Candyce com a voz calma enquanto entregava a Karen uma xícara de chá.

Depois de ter bebido todo o líquido da xícara, a mulher realmente sentiu tontura e sono, seus olhos pesavam, já não via as imagens com muita nitidez sentia que ia dormir e, antes que o fizesse, Ryan chegou perto dela e sussurrou "Todos sabemos sobre o jogo, nós somos os seus protetores e, você não tem vinte e dois anos. Você te muito mais."

Ela tentou manifestar-se porém já estava com o tronco em cima da mesa, dormindo tranquilamente.


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