In Your Mind escrita por ArtofWar


Capítulo 2
Capítulo 2 - Sonhos




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Silêncio. Não havia mais nada, além disso, á não ser, o barulho do relógio que fazia lentamente tic-tac-tic-tac. Os pais de Clarisse, ainda á esperavam lá fora, entretanto, pareciam tão sem vida. Melissa continuava a segurar a toca de sua filha, como se fosse um tesouro ou algo parecido, ainda cabisbaixa. Seu pai, Billy, olhava fixamente para o relógio, com uma cara de desânimo e frustração. Meia noite. Fez-se então, uma semana que a jovem, não acordava. Ninguém tinha mais forças para sequer ficar preocupado. A casa deles estava sendo cuidada pela irmã de Melissa, e Billy quase não trabalhava mais.

Rompeu-se então, um pouco do silêncio, devido á sons de passos que se aproximavam, seguindo o mesmo ritmo do som do relógio. O longo corredor fazia com que o som fosse um pouco mais alto. Eram passos lentos e até um pouco cuidadosos. Ambos voltaram à atenção, de onde o som vinha na esperança de que fosse um médico ou alguém que dissesse: “Ei, talvez sua filha saía do coma depois de todo esse tempo!” , certamente, era o que eles mais queriam ouvir.

Conforme o som ficava mais alto, o coração de Melissa acelerava, entrando em sintonia, com o ritmo do relógio e dos passos, gerando um pouco de ansiedade, fazendo com que a mesma, levantasse da cadeira, com uma expressão séria. Billy esticava seu corpo para os lados, um pouco ansioso também, na tentativa de ver quem era, já que Melissa estava na sua frente. Eles já podiam ver alguém. Aparentava ser um jovem alto, de cabelo castanho escuro e cacheado. Assim que avistou ambos os pais de Clarisse... O garoto parou e os observou por um curto tempo, logo se surpreendendo e correndo em direção dos dois.

- V-Vocês são os pais de Clarisse? Esta aqui é a sala onde ela está? – perguntou o jovem, apontando para a sala, ofegante.

Melissa abriu a boca para falar, mas Billy não permitiu.

- Sim, nós somos pais dela. E você quem é? – perguntou Billy, encarando o garoto.

- M-Meu nome é Denis, sou o melhor amigo dela. Só fiquei sabendo que ela sofreu um acidente á algumas horas atrás, quando liguei na casa dela e a tia dela atendeu, me contando a notícia. Achei estranho ela estar faltando tanto na escola, ela nunca foi de faltar, por isso me preocupei e liguei. Sei que deveria ter ligado mais cedo e também sei que deveria esperado até amanhã para vir, mas... Eu queria vê-la. Vocês acham que é possível que eu consiga isso agora? – perguntou Denis, ele estava desesperado.

- Você teria de consultar o médico, porém, terá de esperar que ele volte, assim como nós estamos esperando. Somente ele autoriza quem pode entrar lá ou não. – respondeu Melissa, com uma voz de cansaço – Clarisse nos contou sobre você.

- Claro tudo bem... Eu espero. – disse Denis, sentando-se ao lado de Melissa – Ah ela falou?

- Sim, sim... Disse que você é um ótimo rapaz e disse também, que você á ajudou em um momento em que nós não á entendíamos. Ah! E como pude me esquecer... Ela disse também, que você nunca á trocou por ninguém, que não era igual aos outros. – comentou Melissa, tentando sorrir para o garoto, apesar do cansaço – Porém, isso foi há muito tempo atrás. Espero que o pensamento dela continue o mesmo.

Naquele momento, Denis nunca havia se sentido tão mal antes. O jovem sentia uma enorme culpa e tristeza, acompanhadas de uma forte dor de cabeça (Provavelmente, de pensamentos que os fizeram refletir sobre sua “briga” com Clarisse). O garoto então fez um sorriso forçado para Melissa, e ficou um tempo cabisbaixo. Uma ideia se passou por sua cabeça, porém, teria de ter permissão dos pais da garota para isso.

- Aposto que vocês não conseguem dormir, á muito tempo, certo? – disse Denis, olhando para ambos – Que tal vocês irem para casa e visitarem ela de vez em quando? Eu prometo que todos os dias, assim que eu sair da escola e fizer minhas tarefas, passo o resto do dia aqui com ela. Assim, vocês descansam... Pois aposto que Clarisse não gostaria de vê-los neste estado...

- Você acha mesmo que iremos abandonar nossa filha aqui e confiar em um moleque que nunca vimos na vida? Faça-me o favor, né garoto – bufou Billy, revirando os olhos.

- Não fale assim! Talvez ele tenha razão... Sei que parece egoísmo deixar nossa filha aqui, mas se eles foram amigos á tantos anos assim, acho que podemos confiar nele, Billy – disse Melissa – Nós temos de descansar melhor também... Vamos para casa e lá decidimos que dia viremos até aqui. Já ficamos uma semana sentados aqui.

- Se você diz... – resmungou Billy – E quantos anos de amizade foram? Você sabe que Clarisse está em coma, não sabe, moleque?

- O-O que?! A Lari está em coma?! Como não me avisaram isso?! – perguntou Denis, surpreso, porém, frustrado.

- Achei que já soubesse moleque. E agora me diga quantos anos foram!

- Foi dois anos, senhor...

- Billy, não seja tão duro com o garoto... Ele está assustado também. Venha, vamos para casa, vamos descansar – disse Melissa, levantando-se da cadeira e olhando seriamente, para seu marido. Era quase como se fosse um aviso.

Ambos então pegaram todas as suas coisas e saíram. Billy continuou a observar Denis, mesmo de longe, fuzilando-o com o olhar. O garoto arregalou um pouco os olhos, sentindo-se intimidado e logo se sentou na cadeira, apenas observando sua amiga, pela janela que o permitia ver o interior do quarto.

Por sorte, assim que o jovem se sentou, o médico chegou para poder ver, como Clarisse estava. Fazendo com que Denis se levantasse rapidamente.

- Com licença, mas o senhor é parente da mocinha dorminhoca ali? – perguntou o médico, fazendo uma piada sem graça, para tentar aliviar a tensão.

- Não, eu não sou parente dela. Sou um amigo, mas pretendo vir aqui todos os dias para visita-la e pretendia também, vê-la agora. Você acha que é possível? – respondeu Denis, friamente. Ele não havia gostado nem um pouco da piada.

- Pode entrar agora se quiser, eu estava para checar como ela está. Porém, terá de ver os outros horários de visita nos dias da semana, na recepção. – respondeu o médico, abrindo a porta – Me diga seu nome, preciso ter controle de quem visita a mocinha aqui, mesmo eu sendo médico.

- É Denis

Ele então anotou o nome do garoto em uma de suas folhas, que carregava em sua prancheta. O médico sorriu e assim que terminou de escrever, esticou seu braço, fazendo um gesto, para que o jovem entrasse no quarto.
Denis ficou um tempo encostado na janela, apenas observando o homem anotar coisas em seus papéis e analisar Clarisse. Para o garoto, sua amiga parecia um anjo dormindo, era uma pena que pensamentos do tipo: “Ela não vai acordar.” Ou “Irei perder minha amiga.” Interrompessem esse sua opinião sobre Clarisse.

- Está tudo bem com ela? – perguntou Denis, rompendo o silêncio.

- Sim, mas não tenho certeza se ela irá acordar. Teremos de esperar mais um pouco. – respondeu o médico, olhando com tristeza, para a jovem – Agora irei deixa-los á sós.

Ele então saiu da sala e agora Denis sentia-se mais á vontade. Logo o jovem pegou uma cadeira, que estava perto do soro, e colocou ao lado da cama, aonde Clarisse descansava.

- Lari, eu estou aqui agora, ok? Desculpe-me por não ter tido tempo para você. – disse Denis, segurando a mão de Clarisse. Ela usava a pulseira que ele havia dado á ela de aniversário. – Eu irei visita-la todos os dias, para compensar nosso tempo perdido e sei que você irá acordar.

E assim se passou um mês. Denis saía da escola, ia para casa e fazia seus afazeres rapidamente. Passava o resto do seu dia com Clarisse no hospital e trabalhava somente nos dias em que os pais da garota iam á visitar. De finais de semana, o jovem acabava dormindo no hospital e contava á Clarisse, como havia sido seu dia. Certo dia, quando Denis adormeceu, ele passou á ter sonhos estranhos. Ele via-se em um lugar totalmente escuro, mas avistava apenas uma luz, uma grande e poderosa luz, que vinha de alguém... Ou de alguma coisa. A figura aparentava ser uma garota, do mesmo tamanho que Clarisse, o mesmo corpo... Entretanto, ele não conseguia ver o seu rosto. Ela se aproximava.

- Quem é você? – gritou Denis – O que você quer?

A figura se aproximava cada vez mais, lentamente... Causando desespero no garoto. Ele tentava fugir, mas suas pernas não se moviam. Tentava falar, mas não conseguia mais. O desespero tomando conta dele e o medo cegando sua visão.

- Você quer salvar sua amiga? – perguntou a garota. Sua voz ecoava divinamente.

- Quero – respondeu Denis, conseguindo apenas dizer isso, mesmo querendo dizer algo mais.

- Pois bem... Mas quero que olhe nos meus olhos.

- Eu... Não consigo enxergar seu rosto. – disse Denis, assustado.

A garota se aproximou mais ainda, chegando muito perto do rosto de Denis. Ele então esticou o braço e levou a mão até seu rosto, mas foi interrompido por batidas muito fortes. O garoto congelou e não se moveu. As batidas eram de seu coração e ficavam cada vez mais forte. Foi então... Que ele acordou. As batidas vinham da porta, havia alguém lá fora... Mas quem poderia ser? Tinha apenas um jeito de descobrir...


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