Meu Doce (In)Desejado escrita por Buzaid


Capítulo 10
Capítulo 9




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Depois de muito esperar, a parada finalmente estava prestes à começar. A banda do exército já estava devidamente posicionada com seus blocos perfeitamente enfileirados e organizados. Os  quatro carros alegóricos, que contariam a história da caça em Llyoal, também estavam prontos para desfilar com todas as suas luzes brilhando e os mecanismos funcionando. Por fim, a parte mais esperada de toda a parada: as charretes das Coroas.

    - Está ansioso, querido? - Victória indagou. Ela e Henry já estavam dentro de sua charrete branca, que ao lado da charrete vermelha dos Lamont, abriria o bloco das Coroas. 

    - Lógico que não! - Henry deu de ombros despreocupado. Ele encarava a bandeira vermelha que estava pendurada à frente de sua charrete, nela estampada havia o brasão de sua família. - É só mais uma parada sem graça. - Henry parecia irritado.

    - Como sempre você está de mau humor! - Victória concluiu. - Tente ao menos sorrir, a maioria das moças da cidade estarão olhando você. - Henry sorriu com malícia.

    - Grande coisa, já estou comprometido mesmo! - Ironizou. Com o canto dos olhos Henry conseguia ver Carolina, sentada na charrete ao lado. Ela sorria enquanto conversava com os pais.

    - Comprometido ou não as moças estarão de olhos em você, por isso você deverá sorrir! Fui clara, Henry? - As vezes Victória se perguntava o porquê do filho ser tão infantil no auge de seus 25 anos. 

    - Como um cristal! - Henry continuava com suas ironias.

Antes que Victória pudesse dizer mais alguma coisa os tambores da banda começaram a rufar, dando aquele frio na barriga de todos, inclusive de Henry.

    Os portões de Humigshbarg já estavam abertos dando passagem. Assim que a charrete de Henry e Victória saiu do palácio eles puderam avistar a incrível massa que estava esperando para vê-los passar.

    - Sorria! - Victória ordenou enquanto acenava. 

    Sorrir não era o forte de Henry, mas mesmo assim ele curvou os lábios para cima tentando parecer o menos falso possível. 

    As pessoas gritavam e acenavam freneticamente. A música da banda, combinada com aquelas luzes tão intensas e com as bandeirinhas brancas e vermelhas balançando dava à Llyoal uma nova cara. Uma cara que Victória, Luzia e Albert sempre desejaram que Llyoal tivesse. O povo parecia feliz. Em seus olhos era possível ver que a tristeza da época em que o país era dividido havia ido embora.

    Carolina acenava com delicadeza, conseguia ouvir algumas pessoas chamando seu nome e às vezes passava por algum cartaz que também estava direcionado à ela. 

    - Nunca vi Irvining desse jeito! - A princesa comentou enquanto sorria.

    - Nós também não, querida! - Luzia afirmou admirada.

    - Carol, vi você e Henry juntos, tirando uma foto! - Albert disse. Carolina franziu o cenho não entendendo a razão pela qual o pai havia falado de Henry naquele instante. 

    - E? 

    - E bem, vocês não estão parecendo um casal, filha! Vocês tem que se esforçar mais. - Albert afirmou rígido. Contudo ele ainda sorria e acenava. - Hoje, após o tiro, teremos a dança da Coroa e vocês dançarão juntos! - Carolina tentou não demonstrar surpresa, já que toda a população tinha os olhos voltados à ela e sua família.

    - Como assim? Henry vai dançar com Victória. - Carolina argumentou.

    - Não! Fizemos uma mudança nos casais para que você e Henry dancem juntos. - Albert contou.

    - Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto! E quem vai dançar com Victória e com o duque de Glindish? - O duque de Glindish era um elegante e charmoso homem de quase seus 40 anos. Ele seria o par de Carolina naquela noite, por ser muito próximo da família, mas pelo visto os planos haviam mudado novamente...

    - Eles dançarão juntos! - Luzia sorriu ao contar. Carolina riu debochada imaginado a cena.

    Aos poucos a parada ia se aproximando da praça da cidade. Era possível perceber que a quantidade de gente se intensificava cada vez mais. 

    Em umas das esquinas que o desfile passava havia um grupo de adolescentes llyonenses. Nas mãos as jovens carregavam cartazes onde estava escrito: "Carolina e Henry para sempre!". Os dois se entreolharam rapidamente, após ler os cartazes. Eles pareciam constrangidos. Fingindo-se de indiferente o príncipe o rodou os olhos e continuou a acenar para a população. Carolina fingiu  que nada havia acontecido e também continuou acenando...

    O museu nacional da caça e da pesca era provavelmente a construção mais imponente que cercava aquela praça. Tendo o mesmo estilo renascentista de quase qualquer prédio de Llyoal, o museu guardava um incrível acervo sobre a caça e a pesca dentro do país, atraindo turistas de todo lugar.  Na parte da frente do museu havia uma sacada gigantesca, aonde alguns dos principais eventos da cidade tinham sede. Hoje o espaço havia sido reservado exclusivamente para que os membros da realeza pudessem acompanhar o evento e dar o tiro de abertura oficial da temporada. Além disso um incrível banquete seria servido, como uma espécie de comemoração por Llyoal estar reunificada.

    As charretes iam parando uma a uma na frente do museu para que os membros pudessem desembarcar. Henry, educadamente, ajudou a mãe a descer. Logo atrás vinham Carolina, Luzia e Albert.

    A sacada estava elegantemente organizada com mesas redondas de vidro cobertas com toalhas brancas e no centro um arranjo com flores vermelhas. 

    Evidentemente os Lamont e os Caldwell dividiriam a mesma mesa, e como se isso não bastasse Carolina e Henry estavam marcados para sentar um ao lado do outro.

    - Todos vieram a festa! Está tudo maravilhoso. - Victória comentou admirada, juntando as mãos frente ao corpo. Seus olhos, azuis como os de Henry, fitavam cada detalhe da incrível vista que aquela sacada tinha.

    - Llyoal voltou à ser o que era antes... - Albert disse, também admirado. Ele estava sentado ao lado da esposa e da filha.

    - Esse aqui será o reino de vocês! - Luzia afirmou enquanto encarava Henry e Carolina. Os dois estavam sentados um ao lado do outro. Henry digitava alguma mensagem de texto em seu celular enquanto a jovem balançava uma taça de cristal de um lado para o outro. Sim, eles estavam entediados e para aumentar o tédio lá vinha outra conversa sobre eles, o casamento, o novo Reino e blá blá blá... - Isso não é emocionante? - Luzia insistiu, trazendo a atenção dos dois para ela.

    - Muito! - Carolina deu de ombros.

    - Podia ser mais emocionante. - Henry afirmou.

    - O que quis dizer com isso, meu filho? - Victória sabia que não deveria ter feito tal pergunta, se arrependeu no segundo que acabara de falar.

    - Perdoem-me a sinceridade, mas não consigo achar nada emocionante quando tudo é uma farsa. - Henry afirmou. Por um momento todos ficaram calados encarando o jovem príncipe.

Carolina sorriu, pois pela primeira vez na vida concordou com alguma coisa que o rapaz havia dito.

    - O problema, jovem, é que você e minha filha não estão dando o seu melhor! - Albert argumentou irritado. - Comentei isso com Carolina enquanto estávamos vindo para cá. Vocês dois não parecem um casal, não agem feito tal. Se conseguissem isso, talvez tudo parecesse mais real e conseqüentemente mais emocionante! - Victória e Luzia apenas assistiam tudo como se fosse um jogo de ping-pong. 

    - Eu estou dando meu melhor, papai! - Carolina murmurou com medo de encarar o pai.

    - Não, Carolina, não está! - Albert discordou. - Vocês dois tirando aquela foto hoje pareciam mais embaraçados do que apaixonados...

    - Tiramos uma foto boa depois! - Henry rebateu. - Além do mais a impressa já acha que Carolina e eu somos um casal! - Afirmou. Victória encarava o filho pedindo, com o olhar, que parasse com aquela discussão. - E olha que saímos em público apenas uma vez... no início da semana.

    - Papai, pare de ser rigoroso! - Carolina pediu. - Não é fácil fingir que ama uma pessoa quando na verdade você a ode... - A jovem hesitou ao encarar Henry. - ... quando na verdade você mal a conhece. - Corrigiu, não a tempo suficiente para que o príncipe não entendesse o que ela realmente iria dizer.

    - Digam o que quiser. - Albert parecia decidido. - Nada me fará achar que vocês dois estão realmente tentando, tudo parece uma diversão! - Concluiu.

    - Pois bem, se Vossa Majestade deseja que tentemos mais... - Henry levantou-se. - ...é o que terá. - Em seguida o rapaz puxou Carolina pelo braço, obrigando-a a se levantar também.

    - Aonde pensa que vai, Henry Caldwell? - Victória questionou com um tom autoritário porém preocupado.

    - Vou levar minha futura e amada esposa para um passeio! - Henry sorriu com malícia enquanto puxava Carolina pelo braço. Não houve tempo para Albert, Luzia ou Victória dizer mais nada. Os dois já estavam longe...

    Henry não fazia idéia o quanto de força impunha contra o fino braço da princesa. Ele apenas a puxava para dentro do museu, descendo a elegante escada de mármore que a pouco os guiou para o andar da sacada.

    - Aonde pensa que está me levando? - Carolina indagou sem entender nada. Estava concentrada em não cair ou tropeçar na barra de seu vestido longo.

    - Vamos dar uma volta pela festa! Como um típico casal llyonense! - Henry respondeu assim que chegaram ao térreo.

    - Ficou louco?! - Carolina parou imediatamente. 

    - Estou mais são do que nunca! - Respondeu com um sorriso malicioso.

    - Jura?! Pois não é o que parece! - A princesa ironizou. - Não podemos sair pela festa sem seguranças, a população não nos deixará sair do lugar. 

    - Carolina, hoje é um dia de comemoração, estão todos preocupados em se divertir, nem irão nos notar... - Henry deu de ombros.

    - Não vou sair daqui! - A jovem hesitou um passo para trás. Henry ainda tinha sua mão ao redor do braço dela. 

    Dando-se por vencido Henry chamou dois seguranças que por ali passavam. Ofereceu um bom dinheiro para os dois que aceitaram de imediato fazer a guarda deles durante o passeio pela praça.

    - Está satisfeita agora? - Henry indagou. Carolina o encarava sem dizer nada. - Vamos, seu pai merece ver que estamos tentando, não é mesmo?! - A princesa tinha que concordar que aquela era uma ótima idéia para fazer Albert parar com suas reclamações sem fundamento.

    - Que fique claro que só estou fazendo isso para provocar meu pai e nada mais... - Ela afirmou.

    - Pode ter certeza que eu também! - Henry concordou. - Vamos? - O príncipe estendeu a mão e Carolina, meio contrariada, a aceitou.

    Assim que o jovem casal cruzou as portas do museu de mãos dadas a população, que estava por ali, ficou completamente perplexa e ao mesmo tempo frenética. Quase ninguém conseguia acreditar que o príncipe e a princesa estavam realmente fazendo a loucura de sair assim em público, durante uma festa mais do que lotada!

    Henry e Carolina ficaram levemente nervosos pois sentiam o olhar de cada um ali presente na medida em que andavam. 

    - E você achando que seria fácil sem os seguranças! - Carolina inclinou-se sobre o ombro de Henry e então cochichou tais palavras no pé do ouvido dele.

    - Pelo menos todos agora sabem que somos um casal! - Ele afirmou satisfeito. 

    - Nem me diga! - Carolina parecia nem acreditar no burburinho que ela e Henry haviam causado na festa. Ao seu redor inúmeros curiosos paravam e apontavam, a maioria tirava fotos do príncipe e da princesa e outros ousavam até pedir autógrafos, que com muita educação eles negavam em dar. - Estou com fome! - Henry afirmou. - E você? 

    - Muita! - Carolina respondeu. 

    - O que quer comer? - Henry estava realmente se comportando como um namorado, e isso assustava um pouco Carolina.

    - Hum... algum doce de maçã! - Ela respondeu enquanto procurava por alguma barraca próxima que tivesse algum tipo de doce de maçã. 

    - Ave Maria! - Henry exclamou debochado. - Minha vó gosta de doce de maçã... Vamos pegar alguma coisa mais para a nossa idade! - Ele afirmou puxando a jovem por entre a população que se aglomerava ao redor deles. 

    - O que é mais para a nossa idade? - Carolina deveria ter desconfiado da falsa generosidade de Henry.

    - Isso! - O rapaz afirmou com um meio sorriso delineado em seus lábios, enquanto apontava com sua mão livre uma barraca à sua frente.

    - Ah! - Carolina girou seus olhos azuis, esquecendo-se que estava em público. - Isso não! - Negou então.

    - Ah, Carolina, isso sim! - Henry afirmou enquanto a puxava na direção da barraca.

    - Não estou acreditando nisso...


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