Neste momento, ao ouvir a razão daqueles senhores estarem ali, inclusive frisando que Kate teria que agendar seu retorno à Croácia porque ela estava irregular no país, Rick, que não é bobo nem nada, observava e ouvia a tudo, vai com Christopher Burgerston, Alexis e Martha, para o lado de Kate e dos dois funcionários do Departamento da Imigração.

A voz de Rick, firme e pausada, alcança o ouvido deles.

— Senhores. Boa noite. Não será preciso a Kate retornar à Croácia. Deixem que eu me apresente. Eu sou Richard Castle. Eu sou o noivo da Kate e como vocês não deram tempo que ela própria avisasse a vocês, eu mesmo comunico: nós vamos nos casar em breve. – Confirmou estas palavras abraçando Kate pelas costas, passando os braços por sua fina cintura, como se fosse um grande cinto, aparentando ter muita intimidade, pousando sua própria cabeça no topo da cabeça da moça, dando um beijo nos seus cabelos e, em seguida, depositando um beijo estalado no seu rosto e por sorte, ou por estar em choque, a Kate não recuou ou o rejeitou. - Estou apenas aguardando a noiva escolher a data, o que parece ser muito difícil para ela. – sorriu e deu um beijo no topo da cabeça de Kate. – Talvez agora ela decida, não é amor? Por favor, me dê logo uma data porque a gráfica só está esperando a data do nosso casamento para poder imprimir os convites. Nunca achei que fosse tão difícil uma noiva escolher uma data. – E sorri para os presentes.

Kate tremeu nas bases. "- O que estava acontecendo. Ai, meu Deus!" Ela não estava entendendo nada, mas não deixou transparecer sua insegurança para os dois homens do Departamento de Imigração.

Passando uma verdade para todos os presentes, Rick gira o corpo de Kate para ficara de frente a ele e informa — Amor! Não estou nem acreditando que esse pessoal está aqui. Eles são agora os meus melhores amigos – Disse sorrindo - Eu acho que vou dar um beijo em cada um deles.

Nesse momento os homens da imigração dão um passo para trás com receio de receber os beijos anunciados por Richard Castle.

— Senhores, a minha noiva está me enrolando não sei há quanto tempo. Eu já estava pensando que eu ia ficar para titio, ou seja, pensei que ia ficar ‘encalhado’, sem casar. – e deu uma risada para dar um ar de veracidade na história – Amor, você vai ter apenas que vestir seu vestido de noiva mais cedo do que você esperava. – Disse Rick dando três selinhos rápidos em Kate - Eu te disse que que eu queria casar. Você não acreditou. Você sempre adiando a data do nosso casamento dizendo que tinha muita coisa para preparar, blá, blá, blá, blá, blá, blá... E eu louco para começar a nossa família, minha linda – Disse isso – e se aproveitando da situação - depositou mais dois selinhos em Kate. - Ela o olhava atônita! Não sabia o que dizer nem mesmo o que pensar. Sem saber o que fazer, se jogou nos braços dele, apreensiva, sem falar nada, pedindo socorro silencioso, apenas o abraçando bem apertado. Ela mal o conhecia e ele já queria ser o seu salvador. E ela não sabia ao certo, talvez se transformasse em seu marido. "- Ai, meu Deus, o que é que estava acontecendo e no que ela que estava se metendo?". — pensou.

Rick pensava muito rápido. Muito rápido mesmo e estava tudo dando certo. Ele encontrara Kate, a mulher mais linda e mais simpática da face da terra, se apaixonara por ela, os homens da imigração chegaram e a abordaram, ele inventara toda aquela situação de noivado e casamento, ela não tinha como escapar dele, e, para melhorar a situação, ela estava sem saber o que fazer, pedindo socorro a ele e o abraçara silenciosamente. Melhor impossível.

Rick continuava pensando: Só que para o pessoal da imigração, John McDonald e Michael Wilkson, aquele abraço era de pura felicidade porque iam se casar. Meu Deus, que lábios gostosos, e que cabelos cheirando a cerejas, que delícia. Ela realmente fora feita pelos deuses.

Quem também estava sem entender nada era a Alexia. Já Martha, por ser mais vivida, estava mais tranquila, percebendo por alto a situação toda. Ambas estavam caladas.

John McDonald e Michael Wilkson já tinham visto de tudo neste departamento. Cenas hilárias, cenas teatrais, cenas esdrúxulas, cenas comoventes, inclusive cenas como estas, que, se não fossem os quase quinze anos de experiência trabalhando juntos, poderiam, facilmente, cair nesta encenação, pois, o tal Richard Castel, ‘o noivo’ e a Srta. Beckett, ‘a noiva’ eram excelentes atores. Wilkson e McDonald não iam cair nesta armadilha.

— Nós já vamos – falou Michael Wilkson, um dos funcionários da Imigração – não deixando transparecer qualquer sentimento com relação a permanência de Kate em Nova York. - Então, Sra. Beckett, estaremos esperando você amanhã, no horário já combinado, para a reunião no nosso Departamento a fim de falarmos sobre o seu casamento, caso isto seja verdade – sorriu maliciosamente, torcendo a boca e piscando para o colega de departamento -, ou sobre a sua viagem de regresso à Croácia, que é o que eu acho que vai acontecer. – E com cara de poucos amigos avisou - Um conselho: vá logo arrumando seus pertences para a viagem desde hoje, porque não terá tempo suficiente para arrumar após a reunião.

— Pode deixar... – Kate tentou falar , mas foi logo interrompida por Richard.

— Nós iremos ao seu Departamento. – Rick falou firme - Estaremos lá amanhã, exatamente às 16 horas. Podem esperar. Contudo, podem ter certeza que a única viagem que falaremos será da Lua de Mel, minha e de Kate, que em breve se chamará Kate Beckett Rodgers-Castle e quanto ao seu conselho para a minha noiva arrumar suas coisas, agradecemos sua boa intenção – Rick disse sarcástico -, contudo, as únicas coisas que ela, aliás, ela sozinha não, nós dois juntos estamos arrumando, são as coisas dela que desde já há algum tempo já estamos levando para o meu apartamento que é onde vamos morar depois do nosso casamento. Pode apostar, não é meu amor? – Rick falou isso sorrindo e abraçando mais uma vez a Kate e dando outro beijo estalado na sua face.

John McDonald e Michael Wilkson olharam um para o outro de canto de olho e torcendo a boca. Não falaram mais uma palavra, deram as costas e se retiraram da sala.

Assim que os homens foram embora a Kate sentiu um mal estar súbito, viu tudo rodando, esfumaçado, ficando escuro, ...

Quando Kate voltou a si, estava meio zonza. Olhou lentamente para os lados e reconheceu o local. Estava no reservado do posto médico da livraria, com Rick, Sr. Christopher Burgerston e o médico plantonista ao seu lado.

— O que aconteceu? – perguntou Kate, aflita.

— Fique calma, Kate. – falou Rick.

— Não. – disse Kate, ainda aflita. – Deixe-me falar. Eu quero perguntar algumas coisas para me situar – Hoje teve o lançamento do livro “A Bloody Storm”, correto?

— Sim. – desta vez falou o Sr. Christopher Burgerston

— Correu tudo bem, a leitura do capítulo, as vendas e os autógrafos do livro, foram um sucesso, correto? - Kate continuou perguntando.

— Sim. Foi um sucesso, Kate. – disse Rick.

— E...? E...? – Instigou Kate, abrindo bem os olhos e arqueando as sobrancelhas como se estivesse perguntando qual o próximo passo. Consultou o relógio, passava das 22 horas. – Porque estou aqui no posto médico, nesta cama hospitalar e não na minha própria casa me preparando para dormir?

— Responda você. – Falou o médico. – Vamos, pense um pouquinho. Porque você está aqui, Kate?

— Bem, - disse Kate seca – se estou neste local não precisa nem ser muito inteligente para saber que eu passei mal; parece óbvio, mas porque? Desculpe-me, Tom – falou olhando para o médico plantonista com a feição de quem estava sem graça e que pedia perdão pela forma rude que havia falado – é que estou ansiosa por uma resposta. Você quer me ajudar e eu te tratando mal. Desculpe-me.

Em seguida Kate olhou para Rick com as sobrancelhas arqueadas suplicando por uma resposta.

— Você recebeu uma visita de dois homens... – Rick tentou falar, mas Kate o interrompeu.

— Ai, meu Deus. Então é verdade. Eu pensei que fosse coisa da minha imaginação. Meu Deus. O que vai acontecer. Isso não pode ser verdade. Isso não pode estar acontecendo. Eu não quero sair de Nova York.

— Você não precisa sair de Nova York, Kate, lembra? – Falou Rick.

— Richard Castle! Não é momento para brincadeira. Isso é coisa séria. É minha vida. É sua vida. Se você não quer levar a minha vida a sério leve pelo menos a sua, porque na sua vida está envolvia uma segunda vida, a vida da sua filha. Não podemos nos casar apenas para evitar que eu volte para o meu país. E o amor? O amor não conta para você? Casamento, para mim, é coisa séria. Casamento para sim, só se for por amor, o que não é o nosso caso. Aliás, você deve ter uma namorada, ou duas, ou três...

Neste momento, Thomas Rerdmunt - o médico plantonista, acompanhado da enfermeira - interrompe a conversa. Pede licença a todos – que fazem silêncio - e começa a fazer um novo check up em Kate, utilizando-se de termômetro, Estetoscópio e tensiômetro. Richard convida Christopher Burgerstond para um canto do posto médico e conversam silenciosamente, quase sussurrando. Após uns cinco minutos, Richard retorna para ficar ao lado de Kate esperando o diagnóstico final do médico, que, ao final do check up, assina um documento e entrega a Kate.

— Como médico plantonista, tenho o dever de comunicar que pelos últimos exames realizados pude perceber que a paciente está em perfeito estado de saúde e pode prosseguir esta conversa em outro local. Aqui está sua alta médica, Kate. Boa noite, vá para casa e descanse. Saúde para você, Kate. Qualquer novo mal estar, você retorna e conversa com a Dra. Lanie Parish, que será a médica plantonista de amanhã.

Rick ajudou-a a descer do leito hospitalar. Kate calçou os sapatos e o seguiu para fora do posto médico, onde estavam o Sr. Christopher Burgerston, Martha e Alexis.

Neste momento, o Sr. Christopher Burgerston pede licença a todos e diz que vai roubar a Kate por um minuto e a leva ao seu escritório. Lá chegando ele diz:

— Kate, minha filha, eu estou atento a tudo o que acontece na sua vida desde o primeiro dia em que você chegou a esta livraria e, apesar de ser brincalhão, nada escapa a minha observação e sei que você é uma menina de ouro, muito especial para mim. Eu te amo e a respeito como se fosse minha filha e tenho certeza que você sabe disso, como também sei também que sou correspondido. Sei ainda que você está muito abalada com toda essa situação que ocorreu neste final de noite, ou seja, você já estava ansiosa pelo lançamento do livro e ainda chegaram esses dois senhores e soltaram a bomba nas suas mãos e no seu local de trabalho... Eu estou entendendo tudo que está se passando pela sua cabeça, filha, mas não se preocupe, comigo você está segura, Eu a admiro e a respeito pessoal e profissionalmente não é de hoje. Não é porque estes dois homens apareceram que você não vai mais servir para trabalhar comigo. – Kate até que tenta, mas não consegue segurar as lágrimas que escorrem por suas faces. - Não chore, querida. Nós nos amamos, filha. E, como um pai, eu te digo, pode confiar no Rick. Ele não falaria o que falou para você somente porque quis te ajudar. Não. Ele gostou de você. Antes mesmo de esses homens chegarem, eu estava de longe só olhando vocês e o modo como ele estava enfeitiçado por você, querida. Por mais que ele seja um cavalheiro, o momento em que ele está vivendo hoje, vendo a vida de uma forma totalmente diferente do que via há alguns anos, pois hoje ele tem uma filha moça, 14 anos, ele nunca deixaria uma mulher entrar em sua casa, como sua esposa, se essa mulher não significasse nada para ele. Pense nisso antes de dizer um NÃO para ele. Pense nisso antes de tomar qualquer decisão. Outra coisa para você meditar: Eu o conheço tem mais de quinze anos eu acho. Para ele eu sou um amigo, mas para você, eu me sinto como se fosse seu pai. Você não quer comparar um amor de pai e um amor de amigo não é minha linda? – Kate o abraçou e ambos choraram emocionados.

— Obrigada. Não sei o que seria de mim se não fosse seu carinho e seu amor fraternal. – Disse Kate, agora mais calma, já sem chorar.

Ainda emocionado, mas agora sorrindo, Burgerston disse à Kate – Confie neste cara que já viu de tudo um pouco. Vocês tem tudo para ser feliz, caso aceite se casar com o Rick. E, como eu já disse, se ele a fizer sofrer mesmo que seja só um pouquinho, ele se acerta comigo – e começaram a rir juntos, dissipando o choro.

O ambiente já estava mais calmo, mais tranquilo na sala de Burgerston, quando este disse:

— Kate, amanhã não venha trabalhar, tire o dia de folga para descansar e pensar no que vai fazer. Aliás, só volte a trabalhar quando você souber o que vai fazer. Mas lembre-se da reunião agendada com o Departamento de Imigração. Telefone para mim na hora que você precisar. Você sabe, entre pai e filha, não tem horário. Te amo. – Piscou para ela a fim de animá-la.