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-Ahn.. Harry? – Kate quebrou o longo silêncio em que ficaram na ida até a sala de poções.
-Fala.
-O que você quis dizer aquela hora na mesa?
-Ah, esquece aquilo, ta legal?
-Não, eu quero saber.
-Então pergunta pro Mac. Se eu abrir a boca, ele me mata.
-Então ta né.. vou perguntar mais tarde.
-Que seja. Vamos acabar logo com isso.
-Ah não. Eu trouxe uma companhia agradável, não um velho resmungão. Se você não mudar seu humor agora, eu vou atrás do Matt na sala da Corvinal.
-E você sabe onde fica, espertinha?
-Não. Mas Fred e Jorge sabem – ela deu a língua para Harry.
Harry colocou dois dedos sobre os cantos da boca, forçando um sorriso manualmente.
-Melhorou?
-Não. Mas dá pro gasto. – Kate riu junto com Harry.
Os dois andaram mais um pedaço até que as luzes se apagaram. A partir daquele momento quem fosse pego fora da cama iria direto para a detenção. É claro que o já amassado papel nas vestes da loira garantiria que eles pudessem estar ali sem punição.
-Não acha mais prudente agente acender as varinhas, grande gênio? – Harry disse, quando Kate esbarrou nele.
-Boa idéia. – Kate acendeu a sua, e Harry repetiu o gesto.
-Nós dobramos na terceira porta à esquerda a seguir. – Harry sussurrou.
-Faz realmente diferença? Todas levam para baixo. – Kate abriu a primeira porta. Ela dava para um armário de vassouras, com a parede escondendo parte de uma velha escada em desuso.
-Kate, você não sabe onde isso vai dar!
-A única maneira de descobrir, é experimentando. Deixa de ser chato e vem de uma vez.
Meio à contra gosto, o moreno a seguiu; ele prometera a Draco proteger a loira, afinal.
Desceram uma enorme distância pela escada velha e cheia de teias de aranha. Pelo estado do lugar, ninguém vinha ali há séculos, literalmente.

-Kate, isso não vai dar nas masmorras. Já teríamos chegado a essa altura pela outra escada.
-Eu sei. – Kate cantarolava algo que Harry reconheceu como uma das musiquinhas favoritas de Thiago.
A medida em que desciam, as teias pareciam aumentar, assim como a passagem ia ficando mais e mais estreita.
-Onde será que isso vai dar? – Kate dizia eufórica.
-Em algum lugar onde agente não deveria estar. – Harry riu. – Espero que ao menos seja legal. Você nos fez descer tudo isso, e ainda tem a subida, sua maluca!
-Pare de ser uma velha resmungona Harry. Credo, até parece o Draco. – Kate girou os olhos.
Quando finalmente chegaram ao final da escada, se depararam com um enorme arco, de pedra e bronze que parecia bastante antigo. O portal dava para uma enorme sala, com o teto alto e janelas com vitrais escurecidos. Havia objetos ali que pareciam pertencer a reis e rainhas do mundo antigo. Espelhos, caixas, baús, estátuas, jóias e tudo mais, sobre móveis de madeira bem esculpidos. No centro da sala, estava uma enorme pista, como o chão de mármore de cor diferenciada e em desnível com o restante do piso.
-É uma pista de duelos!? – Harry exclamou, boquiaberto.
-Ca-ram-bola! Olha só quanta coisa! – Kate olhava em volta, com os olhos faiscando. O reflexo da varinha da loira nos objetos de prata produzia um brilho extraordinário.
-Esse lugar é incrivel! Por Merlin, isso existe mesmo?
-É Hogwarts – Harry deu de ombros – Tudo é possível.
Os dois ficaram mais um tempo por ali, observando cada objeto trabalhado com perfeição.

-Kate! – Harry lembrou de repente. – Nós temos que ir!
-Cacetada! – Kate bateu na testa. – Tem razão. Vamos, antes que agente arrume problemas. – a loira voltou para o arco, com Harry em seu encalço.
-Ah... – Kate virou-se para dar uma última olhada no lugar – Promete que agente volta aqui mais vezes? – ela fez um biquinho e Harry riu.
-Claro, claro. Mas vamos logo, que ainda tem toda a subida.
-Oh, Merlin, me manda uma escada rolante aqui!? – Kate foi se arrastando para subir os primeiros degraus.
Demoraram menos até da metade do tempo da ida, o que os dois estranharam muitíssimo. Logo a subida que deveria demorar tanto...
-Ufa! Ainda é de noite... – Harry fez uma cena, como se limpasse algo da testa.
-Ah, não enche Potter. Até você se divertiu, afinal.
-Há, muito. Você cantando “Dancing Queen” foi a melhor parte da noite...
-Gostou? – Kate riu com a língua entre os dentes.
-Desde que eu possa ser a rainha... – Harry brincou, rindo junto com a loira.
-Eu sempre soube que esse pit bull era Lessie – Kate disse séria.
-Hey!
-Não se preocupe Harry. Eu guardo o seu segredo, até que você resolva sair do armário de vassouras. – a loira piscou e saiu correndo do amigo, que tentava esganá-la, sem muito sucesso.

Quando chegaram no fim do corredor, na escada certa, os dois pararam de rir e foram em silêncio até a sala de poções de Salomão Sauniére.
-Nossa, parece que um furacão passou por aqui... – a loira comentou, quando entraram na sala. Todos os vidros de ingredientes, livros, anotações e frascos de poção pareciam ter sido tirados do lugar. Para onde quer que se olhasse tinha bagunça e coisas espalhadas pelos cantos.
-Porque eu aceitei vir aqui mesmo? – Harry resmungou com um suspiro – Isso vai levarmuito tempo.
-Vamos lá, rainha do baile. Temos muito trabalho.
-Dá pra parar? – Harry disse, arregaçando as mangas das vestes
-Sim. Se você parar de ser tão resmungão. Parece até minha tia Petúnia!
-Creeedo! Concordo com o Rony. Você é demente.
-Pelo menos eu não sou gay como você.
-Cala a boca e começa a arrumar isso, Kate. Ou agente não acaba antes de se formar em Hogwarts. – Harry jogou um saco de lixo para a loira.
Aquela noite seria longa.

(...)