Scream Out And Shut Up escrita por le97le


Capítulo 1
Scream


Notas iniciais do capítulo

Olááá!
Olha eu aqui!
Hmmm, tenho estado com essa ideia na cabeça por um tempo. Está na hora de ficar aqui de verdade.

— Meninas de All I need is you, posto amanha ♥3



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Era uma daquelas ladeiras enormes que permitiam a quem quer que fosse lá uma vista maravilhosa. A rua era meio de paralelepípedo, meio de asfalto. Não havia casas no topo. Para falar a verdade, quase não haviam casas naquela rua. E era por isso que eu estava lá. Porque eu estou quase desistindo. Desistindo dessa droga que se chama vida. Mas antes que eu tomasse um ato desesperado, eu decidi fazer algumas coisas para melhorar.

O meu sonho desde pequena era gritar do alto de uma montanha. Eu havia assistido a um filme em que os dois amigos, que eram personagens principais, faziam isso. E eu quis de cara. 

Antes que eu faça isso, você precisa saber de algumas coisas sobre mim. Eu tenho uma melhor amiga. Alice Brandon. Ela era pequena, morena, invocada e... popular. Coisa que eu não era, nem de perto. Ela me encontrou perdida em uma estrada há uns seis anos; ela estava no banco de trás de um carro com seus pais e gritou para que parassem assim que me viu. Nós fomos até a minha casa conversando, descobrindo que ela era uma - quase - amiga dos populares e enjoadinhos da minha escola. 

Ao ver que havia uma quase na suposta amizade dela com eles, ela se tornou minha BFF (Best Friends Forever = Melhores Amigas para Sempre). Não que eu acredite nisso, ou não que eu acreditasse na época. Acredite, já perdi amigos demais para acreditar em algo assim. Mas, continuando, ela era uma boa menina. Enquanto eu... Bem, eu não era.

E, apesar de tudo, ela era uma das únicas pessoas no mundo que me entendia. Sabia o quanto era chato ser o motivo de briga dos pais, sabia o quanto era ruim ser detestada por todos aqueles que tentamos chegar perto. Quero dizer, essa última parte ela estava um pouco atrás de mim. Mas ela não me julgava. Antes de vir para minha escola, ela sofria bullying. E eu nunca tive a chance de mudar de escola como ela.

Meus pais estão em processo de divórcio, ou seja, eles lutam por tudo: pela casa, pelo carro, pelo dinheiro, por mim... Isso me tira do sério e, apesar de faltarem apenas 4 meses para  meu aniversário de 18 anos, eles querem brigar por mim. Sinceramente, acredito que eles se odeiam, acredito que, depois de assinarem o que tiverem que assinar, nunca mais vão olhar na cara um do outro.

E eu tive um irmão, sabe?! Ele era fofo, carinhoso e o único que me divertia. Ele entendia perfeitamente o que se passava comigo e, sempre que me via sozinha, abandonava quem quer que fosse para conversar comigo, mesmo que fosse um assunto que já tivéssemos discutido milhares de vezes antes. Era um bom irmão. 

Ele é quase o motivo principal para eu tentar me "recuperar". Eu, de tanto me focar em meus problemas e de tanto ver meu irmão ser o forte, esqueci de olhar para ele. Esqueci de ver que há mais ou menos um ano suas olheiras ficaram mais profundas, seus cabelos mais bagunçados, seus sorrisos mais forçados. 

E, por ser a criatura egoísta e inútil por tanto tempo, perdi meu irmão. Para as mesmas forças que me puxavam para a vontade de morrer. 

Oh, uau. A vista daqui de cima é realmente incrível. Olhei no relógio do celular e vi que era 18:37, horário em que o sol começaria a se pôr. Sorri para aquele lindo e brilhante aquecedor, lembrando dos dias em que eu, Alice, Emmett e seu melhor amigo (paixão secreta de Alice), Jasper, ficávamos jogados na grama do jardim tomando "banho de sol". 

Jasper também era um bom rapaz. A única pessoa a quem eu confiaria o coração de Alice. E isso é muito. 

Liguei alguma música que havia gritos e coloquei meus fones. Arrumei a bicicleta no topo da rua. O ultimo momento de sol fazendo meu corpo despertar e minha voz vir à ativa.

Gritei.

Puxei o ar.

Gritei.

Mais ar.

Gritei.

Então, dei um impulso com a bicicleta e desci a ladeira, tremendo com os paralelepípedos batendo em meus dois míseros pneus. O vesto batia em meu rosto e eu entendi porque aqueles caras no filme ficaram tão bem ao fazer a mesma coisa.

Tudo bem que não era propriamente uma montanha, mas era uma altura boa para isso. E quase completamente isolada.

Respirei fundo e gritei. Mesmo no meio da ladeira, mesmo com o vento em meu rosto, mesmo com as lágrimas escorrendo de meus olhos com a velocidade, mesmo que meu irmão não estivesse aqui. 

Mesmo que qualquer coisa.

Mesmo que tudo.

Eu gritei.

Ao final da ladeira havia uma curva e então mais uma descida longa. Ali haviam duas ou três casas de casa lado. Mas eu não me importei e gritei mais.

Comecei a pedalar e aumentar a velocidade. Virei a direita, direita, esquerda, direita, reto até o final. E cheguei ao meu inferno. Minha casa. 

A sensação de paz que me atingiu ao descer da bicicleta me fez pensar: "E amanha eu volto lá".

Liguei para Alice, para me manter ocupada enquanto passava por um ou pelos dois pais que sempre me esperavam para fazer a pergunta diária: "Com quem prefere ficar?". Por hábito e esperteza, eu não respondia nada.

- Bells. - Alice parecia animada com a minha ligação. Como sempre. - Achei que não ligaria hoje. 

- Você não sabe o que eu fiz. - Eu já começava a sorrir. E isso era estranho até para mim. - Lembra do filme...? - eu ri. - aquele em que os personagens gritam da montanha?

- Claro, claro. - Senti seu sorriso. - O que tem?

- Fiz algo parecido. E, quer saber?! Me sinto ótima. - Cheguei ao meu quarto ouvindo a risada de Allie. - Dona Morte, cancela meu horário que aquilo é bom demais para eu deixar para trás. - Eu disse como brincadeira e Alice parou de rir. - Oh, Deus, deixe de ser dramática, BF. Estou aqui, não estou?

Tomei um banho demorado logo depois de convencer Allie de que eu estava bem. Sério, odeio essa palavra. "Bem". Nunca estou bem. Mas hoje eu estava bem perto disso. 

Coloquei um pijama e esperei dar o meu horário na cozinha. Ops, esqueci disso. Sabe, minha mãe janta às 20h, meu pai às 22h e eu vou depois da 1h da manhã, só para ter a certeza de que não encontraria nenhum dos dois no caminho e, é claro, para não ter que ouvir a pergunta que venho evitando por quase um mês.

01:24 

O relógio ao lado da minha cama piscava e eu saí silenciosamente do quarto, pisando nos postos estratégicos do piso de madeira, os pontos que não rangiam.

Comi o resto da janta e uns doces escondidos por mim no fundo do armário de panelas. Peguei o ultimo pote de sorvete Ben and Jerry's e corri escada acima de volta para o único lugar onde estava segura. Não mais o único, talvez.

Liguei a televisão, tranquei a porta e fechei as janelas. Me enrolei no cobertor com o sorvete em uma mão e a colher na outra. Sorri para a foto ao lado do relógio, ou apenas para o meu irmão. E pensei no mantra/pedido que eu mantinha desde os 11 anos de idade:

Que tudo melhore amanha.

E quase ouvi Emmett responder que amanha seria sempre melhor do que hoje.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Muitos erros? Muito ruim? Muito bom? Razoável?

Comentem, recomendem, mandem batsinal ou o que for, mas me digam o pensam sobre esse caps...

Me façam feliz.
Beijos,
L.



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