Doce Ilusória escrita por RoBerTA


Capítulo 14
Provável aliada




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Notas!!

Percebi que as notas do último capítulo foram meio que decepadas, um hábito irritante do Nyah. Por isso vou começar a escrevê-las aqui.

Primeiro: Vocês são fantásticas! Simplesmente amei os reviews *-*

Segundo: Haverá maratona sim, mas não vai ser um capítulo por dia, por que eu tenho outras coisas para fazer também :P

Terceiro: Não tem terceiro, mas boa leitura!

.

— Caralho, que barulho é esse?! — Tapo minhas orelhas com as mãos, enquanto Pedro encontra uma forma de sair debaixo de mim. Pelo jeito ele já estava manjando nisso.

Ele me olha preocupado, momentaneamente esquecido do que estávamos prestes a fazer.

— É o alarme. Alguém invadiu a casa.

Arregalo os meus olhos.

— Você está falando sério? Têm bandidos aqui dentro?

Seu olhar gruda no teto enquanto mentaliza alguma resposta.

— Não faço ideia se pretendem roubar a casa ou se ainda não entraram aqui. Mas é melhor nos juntarmos aos outros. — Praticamente grita para ser escutado por cima do barulho.

Pelo canto do olho vejo a coruja começando a fazer alguns sons estranhos, muito semelhantes aos de uma mulher que acabou de flagrar o seu marido brincando de médico com a secretária.

Faço uma careta.

— Certo, vamos. — Digo, mas ele provavelmente não me ouviu. Deve estar ocupado demais olhando para as minhas pernas sem disfarçar.

— A gente não pode sair daqui juntos, — chego mais perto dele para escutá-lo melhor — ainda mais que você está quase nua.

Sorrio de forma sorrateira, como um gato faria se pudesse.

— Ah, mas então você notou.

Mesmo sob o barulho infernal as suas bochechas adquiriram um tom forte de vermelho.

— Vamos. — E simplesmente puxa a minha mão, me obrigando a segui-lo até a porta. Pedro a abre devagar, e então coloca apenas a cabeça para fora. Sem dizer uma palavra sai do quarto me levando com ele.

De repente começo a sentir frio, muito frio.

Pedro olha para mim com o cenho franzido.

— Por que você fica batendo os dentes desse jeito? Está tentando me irritar?

Olho com ódio para ele.

— Estou com frio, seu mané.

— Ah, — sua expressão suaviza — faz sentido.

Rolo os olhos ao invés de dar um belo de um tapa naquela cara de ameba.

— Pedro! Samara! O que vocês estão fazendo aqui?

Antônio parece ofegante em seu pijama combinando quando nos vê. Se nota a falta de roupa ou a tensão no ar, não fala nada.

— Desculpe, pai. — Pedro eleva a voz por cima do barulho. — Eu fui buscar a Samara no quarto dela. O que está havendo?

O Parker-ancião estreita os olhos para nós, com uma expressão estranha no rosto. Logo ela é substituída por uma de exasperação.

— É a Theodora! Ela invadiu a propriedade novamente! E parece que o alarme escolheu esse momento para ter uma crise. — Ele suspira cansado. — Joe está tentando desligá-lo sem danificá-lo.

— E a Theodora? — Pedro pergunta sucintamente.

Seu pai olha para os próprios pés. Não, espera... Deus meu, ele corou! Então é genético o negócio.

— Amélia está tentando conversar com ela. Calvin também.

Olho para os dois curiosa.

— Quem diabos é Theodora?

Nesse momento o barulho infernal silencia.

— Uma, hã, antiga amiga.

Ok, já entendi tudo.

— Certo, uma amiga. Será que eu posso conhecê-la?

É Pedro quem responde.

— Você não vai tentar piorar a situação, certo?

Minha expressão é tão celestial que eu deveria ser chamada de anjo com toda a minha virtude e tal.

— Pedro, meu querido irmão de coração, você nunca conhecerá uma pessoa tão bondosa como eu. Não há um osso de maldade nesse corpo.

Ergo os ombros, ficando ereta. Seus olhos caem nos meus peitos de imediato. Vejo-o engolir em seco.

— Certo, vamos lá.

Ele sai do corredor em direção às escadas, deixando seu pai e eu sozinhos.

Antônio me atira um olhar de censura que rebato com um de fingida inocência.

Pelo menos meus dentes pararam de bater em meio àquele espetáculo. Algo me diz que vou adorar essa tal de Theodora.

Quando chegamos à sala, vejo que toda a família se reuniu, inclusive Mary e Joe.

Meu olhar é atraído de imediato para uma figura que não para de pular no meio da sala. Apesar de ela parecer uma galinha — o animal mesmo, sem segundas intenções pejorativas — com aquela coisa rosa cheia de penas ao redor do pescoço, era uma mulher muito bonita. Loura, cabelos até a cintura fina. E... Espera, ela estava vestida de empregada? Céus, até onde as pessoas iriam por amor?

Sim, amor, por que quando ela viu Antônio, praticamente o comeu com os olhos.

— Toninho! Meu amooooor, — bêbada e sem escrúpulos — senti tanta saudade...

Num minuto estava sorrindo, e agora fungava. Não fiquei nem um pouco surpreendida quando ela se atirou nele. Quase senti pena do coitado quando olhou por cima dos cabelos da Barbie como se pedisse desculpas para a minha mãe. A expressão da minha progenitora era branda, mas se eu a conhecia o suficiente — que era o caso — ela estava fervendo por dentro.

— Theodora, você tem que parar com isso. Da próxima vez serei obrigado a chamar a polícia. Entendeu?

Seus olhos azuis e perfeitos pareciam uma piscina com as lágrimas que se formaram neles.

— Mas eu te amo... Te amo tanto...

E tascou mó beijão nele. Acho que se Joe não tivesse tomado a inciativa de levar a tal Theodora para longe do Antônio, mamãe teria feito isso. E provavelmente seria pelos cabelos.

— Ei, por que você está vestida assim? — Pulei de susto quando Calvin apareceu do nada atrás de mim dizendo isso. Fiz um gesto irritado com a mão.

— Eu tenho muito calor enquanto durmo.

— Mentirosa. Dormi no mesmo quarto que você por dezesseis anos e nem no verão mais quente te vi assim. — Ele coloca a mão no meu ombro. — Está gelada!

Trinco os dentes.

— Calvin, cala a boca. Está me fazendo perder o espetáculo.

Vejo Antônio conversando com o seu filho baixinho. Pedro assente algumas vezes e então se aproxima da gente.

— Meu pai disse que deveríamos subir e irmos dormir. Isso — ele aponta para Theodora — já vai se resolver logo.

Meu irmão estreita os olhos enquanto olha do peito nu de Pedro para a minha nudez generalizada. Certo, ótimo. Mais um.

— Ok, vamos então.

— Mas eu queria... — Faço um biquinho quando Calvin me corta.

— Eu disse vamos. — Como ele parece genuinamente irritado acho melhor não contestar muito. Eles vão à frente, e antes de sair da sala lanço um último olhar desejoso para trás.

Uma aliada em potencial e eu sequer pude me apresentar de forma decente!

Bato os pés na escada como uma criança emburrada, em parte também para me aquecer, já que meus dentes voltaram a bater.

Quando chegamos aos nossos quartos Calvin me segura pelo braço.

— Hoje vamos dormir juntos, como nos velhos tempos. Vou pegar uma coisa no meu quarto e já volto.

Abro a boca escandalizada, mas ele sai antes que eu possa expressar a minha indignação. Indignação esta, que dobra de tamanho ao ver a expressão de alívio no rosto do Pedro.

— Não faz essa cara não. Ainda vamos terminar aquilo que havíamos começado. Você sabe, Calvin não vai poder me vigiar pelo resto da vida.

Dou uma piscadela. E quando Pedro se vira para fugir de mim dou um tapa em seu bumbum. Ele pula tão alto que acabo mordendo a língua em uma tentativa de não rir.

Mesmo o gosto de sangue não poderia estragar a minha satisfação de vê-lo praticamente correndo de mim.

Ah, como eu queria poder desenhar um S de Super-Samara com batom vermelho naquelas costas.

Caio contra a parede segurando o riso no momento em que Calvin sai do seu quarto.

Sua carranca permanece inalterada.

— Vamos lá, Sammy. Coloque um pijama quente. — Ele diz enquanto abre a porta do meu quarto e liga a luz. Faz uma careta para o rosa abusivo e abundante. — E nada de passeios noturnos.

O olhar que me atira é lancinante.

Opto por ignorar e fazer pouco caso.

Mas de fato coloco um pijama quentinho, e meu corpo quase canta de satisfação quando o faço.

Calvin acomoda o seu próprio travesseiro na minha cama e depois se deita sobre ele. Entro debaixo das cobertas e então me aconchego perto dele.

— Desliga a luz. — Murmuro.

Ele faz um barulho irritado, mas acaba desligando a luz. Como sempre.

— Calvin?

— O quê?

— Você está brabo comigo?

— Não, — ele se vira para o outro lado — apenas decepcionado.

Ai, essa doeu.

Deixo os meus olhos abertos, mesmo não sendo capaz de ver nada. E apenas não penso em nada.

— Você gosta dele?

— Oi?

— Você gosta do Pedro?

Fecho os meus olhos com força, como se isso pudesse me poupar de responder.

— Sim. — Minto.

— Gosta mais dele do que gostava do...

— Não fala o nome dele. — Interrompo Calvin.

— Sim ou não?

— Sim. — Sussurro. Mentira dupla.

— Por que eu não consigo acreditar em você, hein? — Sua voz soa cansada.

Abraço ele, e escondo a cabeça entre as suas omoplatas.

— Você pode acreditar. Você sabe que pode.

— Não, eu não sei. — Mal ouço as palavras.

Mesmo assim ele pega a minha mão e a mantém dentro da sua, enquanto nossas respirações se imitam em um ritmo perfeito.

O sono é como um refúgio das mentiras.

Mas o sonho é como uma teia tecida por elas.


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Notas finais do capítulo

Ps1: Amanhã (hoje, no caso) posto um capítulo curtinho, cujo título será: Apenas um sonho. Acho que dá para ter uma noção do que se trata :P
Ps2: Dando sequência às perguntas, qual lugar no mundo todo vocês gostariam de conhecer?



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