Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 7
Game Over


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!



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Edward

Eu fechei meus olhos desiludido depois que a minha queridíssima irmã calou a porcaria da boca. Bella passou por mim rápido em direção a saída depois de um momento me encarando. Ela não fez nenhum comentário e eu poderia dizer que ela calada era ainda pior. Ela nem precisa dizer nada, o seu corpo falava por si só e ela estava bastante ofendida. Mas que droga! Eu simplesmente não consigo dar uma dentro com essa garota e com a ajuda da Rosie ainda por cima! A expressão de Bella quando olhei para ela indo embora, dizia absolutamente tudo. Ela me odiava.

- Você viu como a moça saiu daqui? - Rosie, num tom inocente, acompanhava-a com o olhar. - Minha nossa! Será que eu disse alguma coisa errada, Ed? - Eu a olhei com raiva.

- “Você viu como a moça saiu daqui? Eu disse alguma coisa errada, Ed?” - Repeti, imitando os trejeitos da minha irmã irritante.

- Ed, você esta sem nenhum senso de humor. - Ela continuou com ar inocente, aquilo me matava.

- Droga, Rosie! Por que não cuida da sua vida? Não imagina a bela enrascada que me arrumou!

Esticando-se nas pontas dos pés, ela afagou os meus cabelos e eu continuei com meu olhar impassivo.

- Você é um garoto muito esperto, maninho. Saberá muito bem como sair dessa e ainda com vantagens. Bem, agora, tenho que cuidar de meus dois anjinhos. Ah! Quando voltar, traga dois hambúrgueres para seus sobrinhos.

- Quando eu voltar de onde? - Lancei um olhar interrogador para ela.

- Quando voltar da conversa que terá com a Bella.

- Quem disse...?

- Vá atrás dela de uma vez, Ed! Nunca o vi ser rejeitado por uma garota. Estou achando tudo muito divertido! Assim seu ego vai murchar um pouco, mas não desanime, irmãozinho. Afinal, são sempre elas que o perseguem! - Rosie deu uma risada.

- Rosie eu juro por Deus... - Tentei ameaçá-la.

- Não esqueça: dois hambúrgueres. Sem cebolas e sem mostarda. Só ketchup. E um refrigerante para mim.

- Você é tão irritante.

- Aprendi com o melhor: você! Agora vá. O que está esperando?

Fiz uma careta para ela antes de correr para a saída. Rosie exagerara na dose de irreverência. Ela sempre fazia isso, mas cedo ou mais tarde de exporia para Bella, mas não precisava ser tão cedo. Tinha que me desculpar com Bella, ela deveria estar se sentindo manipulada e com razão. Temia que ela fosse embora de carona no primeiro caminhão que passasse pela estrada. Ela era muito impulsiva e até meio inconseqüente, com certeza pensaria nessa opção e eu me preocuparia ainda mais com ela e é claro não me perdoaria para o resto da vida.

Sai do boliche e na rua fiz com que o meu olhar percorresse todo o redor. Nem sinal de Bella. Não era possível que tivesse desaparecido tão depressa. Ela não tivera tempo de atravessar a rua e entrar no hotel. Onde estaria?

Recomecei a correr de um lado para o outro, entre os veículos estacionados. Às vezes, parava para olhar embaixo dos carros. Sei isso era loucura, mas como ela poderia ter sumido assim? O lugar não era assim tão grande. Parecia que aquela mulher tinha um talento todo especial para envolver-se em casos de desaparecimento. E então eu a vi. Sentada no capô de uma picape, ombros caídos, mãos cruzadas no colo.

A cena me pegou de surpresa. Bella parecia pequena e frágil à distância. Era como uma boneca de porcelana, nada comparado a leoa de mais cedo. Parecia tão cansada, sufocada pela sombra dos veículos... Estava a poucos metros da auto-estrada. Um caminhão tanque passou em grande velocidade, e os cabelos dela esvoaçaram como uma nuvem escura. Eu me aproximei devagar para não assustá-la ou afugentá-la.

- Não diga nada, por favor. - Bella foi logo falando, quando me viu aproximar dela. - Deixe-me adivinhar. Serei presa por sair de maneira intempestiva do boliche. Não atire, xerife. Irei sem resistir. - Eu sorri diante da demonstração de humor negro dela.

- Relaxe, pequena. Não vou te prender.

- Então, não infringi nenhuma lei?

- Não, se não considerarmos a perturbação da paz do xerife. - Ela suspirou.

- Nossa, que alívio! Por um instante, pensei que você iria se transformar de novo num Stallone rural e jogar-me nos ombros como um saco de batatas. - Ri novamente. - A propósito: andar de cabeça para baixo causa-me enjoos terríveis. - Eu a fitei em silêncio. Como os sentimentos poderiam evoluir de maneira tão rápida?

- Você é mesmo rápida no gatilho. Sempre com um comentário mordaz na ponta da língua.

- É um dom.

- Por que saiu de lá daquele jeito? Rosie sempre fala o que lhe vem à cabeça. É assim com todo mundo. Sua franqueza excessiva assusta os homens locais, o que explica o fato de passar as noites de sexta-feira num boliche, na companhia do irmão mais velho.

Ela cruzou os braços, talvez pelo vento frio, quis abraçá-la, mas deveria medir os meus atos agora.

- Garanto que não perderei meu sono por causa disso. Na verdade, xerife, sua irmã pareceu-me uma boa pessoa. É difícil acreditar que sejam irmãos. Bom, pelo menos em uma coisa você não mentiu, existem pessoas legais aqui. Além de sua irmã, conheci também o Mike.

- Mike? Mike Newton?

- Sim.

- Ah sim! Ele é o novo dono do hotel. - Fiquei um pouco tenso. Mike era solteiro e Bella uma mulher linda. Talvez houvesse interesse, pelo menos da parte dele. - Você gostou dele?

- Sim, ele é bem diferente de você e da garçonete. - Aquilo me deixou meio nervoso.

- Ah pelo amor de Deus! Já disse que sou um bom rapaz.

- Não foi o que me mostrou durante a tarde toda. Você é mesmo irritante, xerife, e manipulador.

- É com ele que tem o tão encontro? - Perguntei hesitante e ela me olhou estranho.

- Mesmo não sendo da sua conta, xerife, não, eu não terei um encontro com ele e com ninguém, graças à Deus. - Fiquei feliz pelas palavras dela.

- Sabe, você deve ter sido um porco-espinho na encarnação passada, Problema. Por que reage com tanta agressividade sempre que procuro uma conversa amigável? Sou um bom rapaz, já disse. Não represento uma ameaça a ninguém, principalmente a você. - Ela finalmente me encarou com um olhar indecifrável.

- Devo acreditar nisso? - Ironizou por fim. - Sou assim mesmo. Muito crédula, sempre acreditando em qualquer coisa. Mais uma garota deslumbrada para você...

Não consegui deixá-la terminar a frase que para mim seria inconcebível.

- Sossegue, pequena. Nada vai lhe acontecer. Ficará bem e em segurança. - Prometi.

Bella

Eu teria encarado qualquer comentário com naturalidade. Mas o inesperado tom de consolo me irritou demais. Evitei olhar para ele, focalizando o asfalto preto. Contei quatro manchas de goma de mascar amassadas e grudadas no chão. Não entendia por que ele fazia isso? Por que ele tentava de todas as maneiras penetrar na barreira que levei anos para construir? Seria apenas curiosidade por uma mulher nova na cidade? Mesmo que me envolve-se com ele seria apenas por uma noite e nada mais. Não queria me envolver com ninguém, isso sempre era um erro. Mas eu sentia de que alguma maneira ele não permitiria que fosse um caso passageiro, parecia que não.

- Claro. Estou sempre bem e em segurança. - Disse por fim. Ouvi-o suspirar.

- Aí está você de novo toda desconfiada e prevenida contra mim. Não vim até aqui para torturá-la, acredite ou não.

- Então, por que veio?

- Só queria me certificar de que você está bem. Você parecia tão... Solitária. - Sua voz preocupada me fez encará-lo.

- Quero que fique longe de mim xerife. Por favor. - Não permitiria que ele fizesse isso, não o queria próximo a mim, não queria ninguém. Passei por ele mais rápido do que pude.

Entrei no hotel e nem vi se o Mike estava, desabei na cama e chorei. Nesse momento eu só precisava da privacidade do quarto, mesmo que fosse o quarto de um hotel. A porta trancada à chave e as cortinas cerradas. Maldita cidade! Maldito xerife! Eu tenho que sair daqui antes que seja tarde de mais. Nem me lembrava mais qual foi a última vez que eu tinha chorado e agora esse homem odioso me fez reviver tantas coisas já esquecidas. Odeio tudo nessa cidade! No dia seguinte, deixaria esse lugar terrível e pegaria a estrada rumo a qualquer outro lugar novo e desconhecido e nunca mais me atreveria a passar nem perto desse lugar.

Edward

Era tudo o que não queria ouvir dela e ela tinha falado sério. Eu apenas quis ser adorável e gentil, nem tinha a provocado no final. Só estava sendo sincero, queria ajudá-la e então ela disse para ficar longe dela. Vê-la se afastar daquela maneira de mim, sem nem mesmo me olhar, me repelindo daquela maneira me deixou completamente desarmado. Quando daria certo as minhas investidas com ela?

Parecia que tinha perdido o jeito e logo agora que era a minha garota. Agora eu só tinha amanhã cedo para provar a ela que fomos feitos um para o outro. E eu não sabia o que fazer para reverter essa situação. Droga! Era loucura, mas eu sondaria a louca da minha irmã, eu prestaria atenção no que ela dissesse e subtrairia os excessos.

Comprei os hambúrgueres e o refrigerante e voltei para perto da minha irmã e dos mini pitbulls. Eles adoraram o lanche, no final, olhei para a minha irmã, receoso.

- Rosie... - Comecei e ela olhou para mim.

- Então, agora vai me contar como foi com a Bella? - Ela estava curiosa.

- Controle-se. Quero que me responda uma coisa.

- Antes tem que me dizer como foi. - Eu suspirei impaciente, ela não me responderia nada mesmo se não contasse.

- Foi um desastre, ela me deu um baita fora. Fiquei com as calças nas mãos. - Ela me olhou com os olhos arregalados e depois caiu na gargalhada.

- Ela é mesmo ótima.

- Sim, sim, sim. Agora me responde. - Ela tentou se controlar. -  O que faço para tentar me redimir da minha grande mancada.

- Ora, ora, se não é Edward Cullen pedindo conselhos para agir com garotas, como se fosse uma adolescente inexperiente.

- Rosie, me poupe de seus comentários. Se não pode ajudar tudo bem. - Comecei a me levantar, mas ela me segurou.

- Espere. Tudo bem, desculpe, parece que é importante para você.

- Sim, Rosie, é muito.

- Ela parece ser muito arisca mesmo.

- Extremamente.

- Por que não a convida para um café da manhã em sua casa? Você prepara um café especial e humilhe-se, peça desculpas, mas seja sincero.

- Pode ser, talvez ela se esquive...

- Mas você pode ser convincente. - Ela completou com um sorriso cúmplice. Eu a beijei no rosto.

- Muito obrigado.

- Não por isso, irmãozinho.


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