Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 31
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Algo eminente na vida do nosso casal, será coisa boa?



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Edward

Ainda estava muito cedo, talvez devesse deixá-la descansar, mas eu sabia que ela não iria conseguir. Como eu, ou mais do que eu, Bella era inquieta demais. Preparei uma bandeja de café para ela e levei até o quarto.

Encontrei Bella sentada na cama quando entrei. Ela manuseava uma pilha de revistas que deve ter encontrado jogada em meu quarto. Publicações infantis. Livros para colorir compradas para os meus sobrinhos. E uma revista de capa lustrosa chamou-lhe atenção.

- É você. - Ela apontou o dedo para mim. - Céus, é você!

Eu fitei a capa da American Cowboy e dei de ombros.

- Isso?

- Sim, isso. - Bella falava sem tirar os olhos da capa.

Bella

Ele estava lindo na capa da revista, fiquei surpresa ao ver aquela foto. Não conseguia tirar os olhos do rosto radiante estampado na foto. Era a expressão mais perfeita que já vi em seu rosto.

Contive um suspiro. Ele era lindo, magnífico. O chapéu bege fora empurrado para trás, os olhos verdes como o mar brilhavam com malícia sob a franja úmida de suor. A alegria pura e simples dele roubou-me o ar dos pulmões. O que quer que Edward estivesse fazendo no momento da fotografia sem dúvida lhe proporcionava contentamento. Ao lado do retrato, a legenda: “Edward Cullen, campeão mundial de rodeio, muito próximo de tornar-se um super-homem”.

- Esta revista é de circulação nacional, Edward! Você nunca me disse que era famoso. - Meu sorriso não saia dos meus lábios. Sentia-me surpresa, feliz e orgulhosa por ele.

- Eu não era famoso até tornar-me membro da ACPR. Sou famoso agora como o xerife de Hope Falls. Acomode-se direito. Trouxe sua refeição. Gosta de brownies? - Edward parecia ignorar a sua própria importância e falava comigo como se eu fosse uma criança, mas eu o atendi sem discutir, estava muito interessada em saber mais sobre isso.

- O que é ACPR? - Edward ajeitou a bandeja na cama.

- Associação de Cowboys Profissionais de Rodeio. Não é fácil chegar lá. Como está se sentindo? - Parecia que ele queria fugir do assunto, mas eu não permitiria.

- Melhor. A dor passou. Fale-me sobre as competições.

- Promete comer enquanto eu falo? - Vi os brownies, as frutas e o café que o cowboy americano tinha me levado e tentei me animar.

- Vou tentar.

Edward

Bella animou-se toda a me ver na capa da revista, mas eu não me animava em falar sobre o assunto. Ela insistia, ela sabia que eu não queria falar, mas insistia. Só porque gostava dela e por querer distraí-la, sentei-me na borda da cama e comecei a comentar sobre rodeios.

Ela comia devagar, ouvindo-me com atenção, sempre com o sorriso fascinante nos lábios. O meu sorriso preferido.

- Como acabou ficando nesta cidade? - Ela perguntou, a comida tinha sumido da bandeja, assim como a dor de cabeça. - Todo aquele entusiasmo, a notoriedade...Tudo é tranquilo demais para você por aqui, não é? - Exalei um suspiro. Estava sentado ao seu lado, a cabeça apoiada na parede.

- Não penso muito nisso. Rosie, Elizabeth e os gêmeos significam mais para mim do que uma fivela de ouro. Preferia ter tomado decisões diferentes em muitas ocasiões. Eu estava longe quando meu pai morreu. E quando a minha irmã começou a enfrentar problemas. É verdade que o dinheiro ajudou a minha família, mas não tenho certeza se compensou minha ausência. Vivia uma espécie de conflito. Não importava o quanto eu ganhasse...me sentia como se não tivesse o direito de ganhar. - Desabafei. Bella voltou a observar a capa da revista.

- Você parecia muito feliz. Não há nada de errado em seguir a própria estrela, Ed, o próprio caminho. - Sorri com suas doces palavras confortadoras.

- Era o que eu repetia para mim mesmo. Tinha orgulho do que fazia. Não me importava em quebrar alguns ossos em troca de aplausos, dinheiro e desafio. Mas agora...não estou mais tão certo se vale o preço que paguei por tudo isso.

- Fez o que precisava fazer, certo? Ou não era o que você queria?

- Ah sim, sempre fiz o que quis. - Sorri.

Olhei-a de soslaio. Aqui estava Bella, a cabeça de cabelos anelados apoiada no meu ombro. O que eu queria...e ela estava aqui...por enquanto... Após um longo momento, Bella disse, quase com ternura:

- Você é um bom homem.

Tão doce, tão séria, um sorriso dançando nos belos olhos inocentes...Porque tudo parecia perfeito, a coisa mais natural seria que eu a beijasse. Portanto, não me fiz de rogado. Um contato rápido, um simples roçar de lábios, mas carregado de alta voltagem. Era normal já que eu ainda estava sensível a qualquer referencia de seu corpo, ela tinha despertado de todo o meu lado sexual.

- Talvez possa lembrar mais tarde. Eu quero que lembre sempre. - Murmurei contra a boca entreaberta dela. Eu queria que no final, permanecesse em suas memórias, as lembranças do meu amor, quando...quando ela se fosse...

- Do beijo?

- Do homem. - Beijei-a de novo, uma mistura de dor e ardor. - Não do cowboy, apenas...do homem.

Bella

Seu beijo singelo, acho que era para ter sido singelo, estava carregado de energia sexual. Os murmúrios proferidos por ele, me arrepiaram. Não tinha a menor ideia se eu era ou não uma mulher avançada por natureza. Por isso, surpreendi-me quando ergui a mão para acariciar o queixo de Edward com intensões nada singelas. Ele não havia se barbeado hoje, senti a sua barba crescida na palma da mão. Ele encostou a testa na minha e o vi cerrar as pálpebras com força.

- O que está fazendo? - Quis saber.

- Memorizando. - Edward abriu os olhos. O brilho sensual neles contido quase tirou o meu fôlego. - Dizem que as lembranças são como rosas no inverno. Algo para me agarrar quando as coisas ficam um pouco mais difíceis.

- Eu nunca tinha ouvido isso. - Foram palavras lindas e ditas com ardor. Edward parecia tão misterioso e angustiado. Era como se ele estivesse de posse de algo que eu não sabia.

Dei um sorriso que saiu trêmulo, muitíssimo consciente da firmeza dos ombros e do tórax dele, do calor que emana de seu corpo. Ele parecia muito mais másculo, muito mais sexy hoje. Um clima diferente estava surgindo ali, e um ar de certeza também, era quase palpável.

- Você é uma espécie de cowboy poeta, não é?

- Nem tanto. - A certeza que ele tinha de algo, estava deixando-o calmo, e foi assim que ele me respondeu.

Sem muita consciência do que acontecia, deslizamos na cama, as pernas enroscadas nos lençóis revoltos. Edward não parava de me beijar e eu adorava cada beijo dado. Ele beijava meus lábios, meu pescoço, meus cabelos, meus lábios novamente e eu arfava a cada novo toque. Quanto mais experimentava, mais queria, era como um frenesi, ardente e fundamental, era fundamental tê-lo.

- Bella... - Ele interrompeu os beijos por um momento e segurou o meu rosto entre as mãos trêmulas. - Você está confusa, não quero magoá-la.

- Então não pare. Tudo parece tão estranho, mas de repente, parece bom demais para ser reprimido. Muito bom. Apenas abrace-me, Edward. Por favor.

Nem sequer imaginava o que estava pedindo a ele, e não sabia exatamente o que isso implicava.

Edward

Nos beijamos e eu queria ser gentil, mais isso custava-me um esforço descomunal. Esperei a vida inteira por ela. Tinha que recuperar muito tempo perdido. Era impossível parar, refrear tudo o que sentia.

Eu estava perdido, a amava profundamente e sabia que provavelmente ela estava prestes a lembrar de seu passado, eu quase tinha certeza de que ela iria embora logo em seguida. Mas não importava agora, eu a amaria por nós dois, do jeito que desse.

Ela pediu-me para abraçá-la, mas apenas abraçá-la, na verdade, era impossível. Mas eu me controlei ao máximo, afrouxei os braços, beijando-a de leve. Pressionei os lábios na veia que pulsava sentindo o ritmo cardíaco dela. Frenético, febril assim como o meu.

- Você está bem? - Indaguei ao vê-la tão trêmula, as minhas desceram pelos ombros até tocar os seios dela sobre a camiseta.

O contato delicado me deixou tonto, eles eram firmes e gostosos de tocar. Tentei o tempo todo me lembrar de quem era o guardião ali, o único responsável pelo bem-estar dela. Mas tudo o que consegui foi fazer carinhos em seus seios.

Eu sabia que ela estava confusa, o tempo todo em busca de seu rumo. Não queria agravar o estado dela, mas não tinha energia para mudar o curso do rio que corria turbulento dentro de mim. Me sentia em chamas, meu corpo todo alerta, meu sexo rígido e pronto, querendo-a, desejando fazer parte dela. Gemi ao pensar nisso, foi algo involuntário.

Jamais o desejo explodiu tão intenso, desesperado, ardente, poderoso, incomodado e selvagem como nenhum animal que já enfrentei. A paixão sempre foi controlada com facilidade, civilizada, mas Bella sabia me enlouquecer. Civilização e controle era o que eu não tinha desde sua chegada. Eu desejava estar dentro dela estocando fundo fazendo-a gemer. Eu não me sentia nem um pouco civilizado nesse momento.

- Você... - Bella gemeu quando as minhas mãos contornaram a curva de seus seios. - ...se preocupa demais comigo. Parece...Eu sinto...

Abafei um sorriso trêmulo na pele macia do pescoço dela.

- Eu também.

Bella

Perguntava-me se tudo aquilo era tão novo para ela quanto parecia. Ser abraçada por alguém que parecia gostar de mim e eu dele, a respiração ofegante, os corpos se tocando, os olhares embaraçados...

Por estranho que parecesse, era confortador e excitante. Aos poucos, minhas defesas foram caindo e parte de mim relaxando, eu lembro de estar tão tensa no Mocha na primeira vez que entrei lá, mas agora...

Edward libertou os meus cabelos e eu os joguei para trás, dando um longo e delicioso olhar para o meu cowboy. Gostava dos cabelos dele. Pareciam sempre revoltos, caindo na nuca e na testa. Conferiam-lhe um ar infantil, um grande contraste com a sensualidade dos olhos hipnóticos. Edward tem magia.

- Quer saber de um segredo? - Sussurrei, meus lábios tremendo no canto.

Edward fez duas tentativas para falar, e sua voz saiu rouca de emoção.

- Adoro segredos. Conte-me.

- Estou cansada de pensar. Não quero fazer mais isso. Quero apenas sentir.

Edward

Perguntava-me até que ponto iam a resistência de um homem. Fechei as pálpebras tentando coordenar os pensamentos e disciplinar o corpo, mas só a via, mesmo de olhos fechados, podia vê-la com nitidez em todos os lugares.

- Você não sabe o que está fazendo comigo, menina. Não faz a menor ideia...

- Vou dizer o que está fazendo comigo, xerife Cullen. - Bella pegou a minha mão e colocou-a no peito, para que eu sentisse as batidas de seu coração. O sorriso dela era encantador, envolvente. - Está sentindo? É o ritmo Edward. Louco, frenético, fora de controle.

A minha respiração tornou-se fora de controle.

- Isto é uma trégua ou uma rendição?

- Não sei. - Ela admitiu com sinceridade. - Estou muito cansada de tentar descobrir. Quando olho para você, quando vejo esse brilho em suas pupilas...eu me emociono. Quero retribuir tudo o que está me dando: segurança, ternura, o sentimento de posse, a sensação de pertencer a algum lugar. Como uma garota sem lembranças das próprias experiências pode afetar um homem como você?

Sorri com a declaração maravilhosa, lembrei das recentes noites em claro. Evidente que Bella não imaginava o que significava para mim, mesmo quando eu tentava dizer, o que eu dizia não era nada perto do que sentia.

- Tem o efeito de uma bela surra, minha linda garota. Fui atingido por muitas coisas ao longo de minha vida, mas por nada parecido com você.

Eu a beijei de novo, meus lábios explorando, acariciando os dela. Depois desse beijo, ela saberá, entenderá o significado que tem para mim.

Eu nunca beijei uma mulher igual como fazia agora em toda a minha vida. Meus sonhos tinham se transformado em desejos e os desejos tornaram-se realidade.

Bella era como uma iguaria exótica para mim, perfumada, misteriosa e inebriante. Meus dedos trêmulos se enroscaram nos cabelos dela. Coloquei a minha calma nesse beijo, marcando os lábios dela com as emoções intensas e eróticas que me vinham torturando desde o momento em que a vi.

A distância, ouvi um som que escapou da garganta dela, como um soluço. Uma nova sensação de negligência me incomodou, enquanto saboreava o calor e o fogo da sua boca.

O beijo aprofundou-se transformando-se de doce para selvagem numa fração de segundo. Não era uma escolha consciente. Meu corpo sabia qual seria o próximo passo: perda de controle.

Rolei na cama, puxando-a para cima. Tentei ser gentil, preocupado com seu tornozelo, mas isso era muito mais duro do que imaginava. Pouco a pouco, mergulhamos na magia do momento e me senti como se nunca tivesse tido outra mulher antes dela. Assim como Bella, nasci na véspera. Ou talvez um dia antes do dela. Sorri por dentro.

Ofegante, Bella jogou o cabelo para trás e me fitou.

- Tudo está acontecendo tão rápido entre nós...todos os sentimentos e as sensações...

- É porque já existiram desde o primeiro momento. - Eu mordisquei o lóbulo da sua orelha direita. - Pelo menos para mim foi assim.

- Não acredito em você. Você não me suportava. - Ela falou com um tom falso de ofensa.

- Mentira.

- Decidiu me prender, Edward.

- É verdade. - Num movimento ágil, inverti a posição, pondo-me por cima dela. Encarando aquela linda mulher, razão do meu desejo tão intenso, sussurrei: - E se fosse preciso mantê-la presa para...Oh, droga! - Ouvi o barulho conhecido do carro de Rosie.

Bella arregalou os olhos.

- Droga o quê? Alguma coisa errada?

- Rosie! - Resmunguei por entre os dentes. - A coisa errada é ela. Você não ouviu o carro?

- Não ouvi nada. Estava tão distraída...

Respirei fundo e sentei na cama. As pontadas no meu baixo ventre tinham se espalhado, atingindo outras regiões de minha anatomia, queimando-me por dentro sem parar. Sentia-me uma bomba a ponto de explodir.

A porta da frente se abriu som estrondo.

- Por que ela veio? É segunda.

- Por que é curiosa e inconveniente. Provavelmente quer saber de ontem com mais detalhes, já que não falamos muita coisa a ela ontem. Rosie nunca me visitou tanto até eu conhecer você. Antes, era eu que vivia sempre de olho nela. - Suspirei. Bella riu naturalmente.

- Ela é uma boa pessoa. E eu também gosto de conversar com ela.

- Vou acabar enlouquecendo. Homem nenhum pode suportar esse estresse. Um dia vou fazer um desatino, não me importando se ela é a minha irmã. Bella? - Pedia a sua atenção tendo um bom lampejo.

- Sim? - Ela se encolheu entre as cobertas. Acho que ela previu algo.

Eu estendi a minha mão para ela.

- Vamos fugir!

Por um momento Bella fico me encarando, com o semblante inexpressivo. Depois, devagar, seus lábios foram se abrindo em um sorriso indolente, terno, maroto. Assim, colocou sua mão na minha.

- Gosto de seu jeito de agir, xerife Cullen.


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