Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 23
Mágoa


Notas iniciais do capítulo

Depois da festa, muitas outras aventuras virão.



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Bella

Apoiada no braço de James, caminhei pelo espaço aberto, entre os casais que dançavam e os que se formavam. Arisquei um olhar para Edward, ele estava parado conversando com Tânia e parecia concentrado. Tinha certeza de que não notaria a minha falta.

Atrás do palco cumprimentamos as pessoas que estavam encarregadas de montar os fogos. James parecia empolgado com o que via. Estávamos parados, mas mesmo assim ele não soltou o meu braço, achei aquilo estranho.

Queria divertir-me, esquecer Tânia e todo o seu super gliter. Ela era uma perua! Queria esquecer que Edward aceitou tão facilmente me deixar e dançar com ela. OK, fui eu quem insisti, mas ele deveria ter se negado até o fim se não quisesse mesmo. Mas foi até bom, fiquei um pouco nervosa pelo que ele iria falar comigo. Mas mesmo querendo pensar em outras coisas, o meu lado masoquista quis olhar novamente para a pista de dança improvisada e para o casal que me incomodava.

Meu mundo girou, 360º para ser mais exata e depois parou. Eu tinha me arrependido de ter olhado, porque Edward estava curvado sobre Tânia e os braços dela envolviam o seu pescoço. Meu coração disparou e senti algo estranho, era uma espécie de frio que começava em meu coração e se estendia até o meu estômago fazendo-o revirar-se. Sentia-me magoada, mas era óbvio que esse sentimento era completamente sem sentido, mesmo assim não consegui aparar de senti-lo.

Eu sou mesmo uma idiota. Pisquei tentando evitar que as lágrimas caíssem, isso seria humilhante. Não tinha nenhum envolvimento com ela? Se não tinha, acho que agora tem. Só eu mesma para cair na conversa de um xerifizinho feito ele. Cretino! Uma dor forte atingiu o meu peito, um gosto amargo surgiu em minha boca.

- James... - Minha voz saiu fraca, mas ele virou para mim.

- O que houve? - James pareceu ficar assustado ao ver o meu rosto.

- Pode me tirar daqui?

- Está se sentindo mal? - Neguei com a cabeça.

- Só quero sair. - A voz encontrava dificuldades para sair.

- Claro. - Ele me guiou para longe das pessoas e abriu a porta de uma picape para mim. Entrei sem hesitar. Eu queria ficar bem longe daquele lugar, longe do Cullen.

Tentava respirar lentamente, inspirando e expirando, mas o exercício não estava me fazendo relaxar. Uma surra em alguém me faria relaxar. Ah como eu queria socar aquela tarântula!

- O que aconteceu? - James perguntou ao meu lado.

Eu não iria falar, é claro. Não perdi tempo em responder, estava querendo pensar em algum lugar para passar a noite. Na casa dele é que eu não iria. Honesto? Tá bom! Ficou com outra mulher na frente de todo mundo, isso sim é o cúmulo da honestidade.

Talvez eu peça para o James me levar para o hotel, mas que droga! Lembrei que as minhas coisas estão na casa dele, mas eu não iria voltar pra lá mesmo. Talvez ele leve a lambisgoia para a casa dele e eu não vou interromper.

Só restou-me a opção: Rosie. Se Jasper não fosse primo daquelazinha, eu pediria para ficar lá. Ai que saco! Pela primeira vez senti vontade de ter um lugar para ir longe dessa cidade, uma casa onde eu pudesse me recolher com a minha mágoa.

Ficaria lá até amanhã. Pela manhã pediria para Rosie pegar as minhas coisas na casa do irmão. Ligaria para o tal Emmet Gilbert. Como advogado ele poderia me ajudar a revelar quem eu sou. Amanhã mesmo sairia desse lugar e ficaria longe de Edward Cullen que revirou a minha vida de cabeça para baixo.

- Sabe onde a irmã do xerife mora? - Perguntei a James.

- Sim.

- Pode me levar até lá?

- Agora mesmo. - James dirigiu e não perguntou mais nada, fiquei repassando o meu plano novamente ignorando as olhadelas que ele me lançava de vez enquando. - Chegamos. - Anunciou depois de breves minutos.

Estávamos parados em frente à uma casa grande de dois andares, era do mesmo estilo das outras da cidade, bem interiorana, com uma varanda e um pequeno jardim. Porém ela era idêntica a casa do xerife, uma replica maior. Olhei para a casa e vi luzes acessas. Ela deveria estar acordada ainda.

- Obrigada, James. Desculpe-me por incomodá-lo.

- Não foi incomodo, Bella. - Ele olhou para a casa e depois voltou seu olhar para mim. - Não vai mesmo me dizer o que aconteceu, não é?

- Acho melhor não.

- Tudo bem. Sente-se melhor?

- Sim, obrigada. - Estava melhor porque tinha decidido o próximo passo. James fixou seu olhar novamente e me senti corar. - Você está me encarando de novo.

- Desculpe. - Ele piscou. - Bella, não se lembra de mim mesmo? - Analisei o seu rosto novamente, mas os seus traços não me diziam nada.

- Não. - Fiz uma careta de culpa. James parecia ser legal, mas...

- Tudo bem. - Ele riu amargamente. Parecia ser importante para ele que lembrasse, mas eu não queria pensar nisso agora, já estava com a cabeça cheia.

- Tenho que entrar.

- Eu acompanharei você até a porta. - James me ajudou novamente a caminhar e tocou a campainha. Segundos depois Rosie enrolada em um robe vermelho atende a porta.

- Olá. - Cumprimentei-a sem jeito.

- Boa noite, Rosie. - James sorriu para a cara de quem não entende nada que ela fazia ao nos olhar parados ali.

- Boa noite. O que está fazendo aqui? Cadê o Ed? - Ela perguntou sem rodeios.

- Bem... - Olhei pelo canto dos olhos para James, fiquei ainda mais sem jeito.

- Você está entregue, então eu já vou. Nos vemos depois? - Ele se tocou que não falaria nada com ele ali.

- Sim.

- Então, até mais. - Ele sorriu largamente e eu retribui.

- Até mais e obrigada.

- Até mais, Rosie.

- Tchau, James. - Rosie olhou significativamente para James indo embora e depois com uma sobrancelha erguida olhou para mim. - Vamos, entre.

Rosie me guiava por sua sala larga de decoração simples e agradável. A casa estava tão arrumada que parecia não morar dois gêmeos super-ativos nela. Rosie deveria ter arrumado tudo a pouco tempo, imaginei. Sentamos, ela virada completamente para mim, as pernas flexionadas sobre o sofá.

- Onde estão os gêmeos? - Perguntei olhando em volta.

- Caíram no sono logo assim que chegaram e Elizabeth também. Só assim para eu relaxar um pouco. - Ela disse suspirando.

- Ah... - Seguiu-se um silêncio depois disso. Sentia-me uma tola por estar ali por aquele motivo. Uma tola enganada.

- Terei que arrancar a verdade de você? - Rosie falou séria. O que eu diria? Que o irmão dela é um cretino e que estou muito triste por isso?

- Posso dormir aqui hoje? - Soltei de uma vez sem olhá-la nos olhos.

- Bom...é claro, mas porque não vai dormir na casa do Ed? - Remexi a barra do vestido nervosa.

- Só não quero dormir lá hoje. - Contornei.

- Ele não sabe que está aqui, não é?

- Não.

- Brigaram?

- Não.

- Então...

- Rosie, eu estou muito aborrecida com seu irmão e não quero falar nisso hoje. - Implorei.

- Tudo bem. - Ela sorriu condescendente. - Aceita um café? Acabei de preparar. - Sorri agradecida, ela era tão fácil de lidar. Sentia-me mesmo muito próxima a ela, amigas de verdade.

Tomamos o café na cozinha e Rosie falou um pouco mais de sua vida, mas nenhuma palavra sobre o seu irmão. Ri muito como sempre ao conversar com ela, suas ideias eram muito divertidas e originais.

Ouvimos os fogos e saímos para a varanda para apreciar o espetáculo. Os fogos eram lindos e fiquei um pouco irritada ao lembrar que Edward agora estaria vendo-os com Tânia grudada em seu pescoço feito uma sague-suga. Lembrei da noite passada e da magia que nos envolveu na varanda da casa dele. Foi tudo ilusão. Voltei a minha atenção para os fogos e fiquei maravilhada com a variedade, foi um lindo show de luzes. Ficamos impressionadas por nenhum dos meninos e nem Elizabeth acordarem por causa do barulho.

Voltamos para dentro da casa. Rosie me emprestou um baby doll. Tomei um bom banho e o vesti. Senti-me confortável e bonita sob a seda cor-de-rosa. Conversamos um pouco mais sentadas na cama do quarto de hospedes onde iria dormir até que ela se despediu, desejando-me uma boa noite.

Fiquei sozinha olhando para o teto escuro do quarto, não pensava em nada e esse estado relaxou-me ainda mais. Senti minhas pálpebras pesadas e sabia que iria cair no sono. Pensei ter ouvido um ruído, um telefone talvez, mas não me importei, apenas queria dormir.

Edward

Andei de um lado à outra na sala. Estava desesperado, não sabia o que fazer. Fiquei novamente perdido por conta dela. Não sabia se iria procurá-la no hotel, no hospital, na casa do dentista. Essa última opção tentei ignorar. Bella não conhecia ninguém direito na cidade. Alice e Jasper estavam lá, e...

- Rosie! - No mesmo momento que pensei, corri até o telefone e disquei os números. No quinto toque a minha irmã atendeu.

- Alô.

- Rosie, pelo amor de Deus, diga-me que você sabe onde Bella está. - Não contive a minha histeria.

- Sim, ela está aqui. - Suspirei aliviado. Meu coração imediatamente começou a bater mais compassadamente.

- Como ela está?

- Dormindo. Diga-me o que aconteceu entre vocês.

- Eu não sei Rosie, mas vou descobrir. Estou indo para aí agora. - Desliguei sem ao menos ouvir os protestos do outro lado da linha.

Em um minuto estava do lado de fora girando a chave do meu carro. Voei pelas ruas da cidade e logo estava estacionando em frente à casa da minha irmã. Rosie nem esperou, já tinha aberto a porta e eu cruzava a sua sala mais rápido do que eu podia. Quando estava colocando o pé no primeiro degrau da escada a mão de Rosie me detém pelo ombro.

- Espere só um minutinho, irmãozinho. Onde pensa que vai? – Olhei surpreso pela reação dela.

- Subir e falar com Bella.

- Ela está dormindo, Edward. – Suspirei impaciente.

- Então subirei e ficarei ao lado dela até que acorde. – Virei para continuar subindo, mas ela novamente me impediu.

- Não. – Ela ordenou.

- O quê?! – Falei incrédulo.

- Bella está muito zangada com você e ficará chateada comigo se deixar você subir. – Ri sem humor. Rosie odiava todas as garotas com que me relacionava, agora estava defendendo com unhas e dentes Bella. Mas um sinal de que ela era a garota certa.

- Não vou acordá-la, ela nem saberá. – Falei.

- Nem pensar! O que fez com ela para que ela ficasse assim?

- Nada! – Falei exasperado. – Num minuto estávamos dançando, depois Tânia pediu que eu dançasse com ela. – Rosie fez uma careta. – Mas eu só dancei com ela porque Bella insistiu. Vi quando Bella conversava com James e fiquei desesperado quando não a encontrei.

- Bom, isso explica porque ela chegou aqui com o James.

- O quê?

- James a trouxe, Edward. – Meu maxilar rangeu tal o ódio.

- Deixe-me vê-la. – Pedi.

- Durma um pouco. Pode ficar no quarto dos meninos.

- Rosie! – Aquilo era um absurdo!

- Edward, deixe-a um pouco. – Soltei o ar controlando-me.

Voltei para a sala e deitei no sofá, disposto a ficar acordado até que ela saísse daquele quarto. Queria confrontá-la, perguntar qual o problema da sua mudança de humor. Em um momento parecia estar apaixonada assim como eu, no outro não se importava. Sair com o James sem me dizer nada? Ela ouviria muito amanhã.

Não notei Rosie saindo, só a vi chegando e me entregando um travesseiro e um lençol. Acomodei-me o melhor que pude.

- Boa noite.

- Boa noite. – Respondi e ela subiu as escadas me deixando sozinho com os meus pensamentos.

Amanhã confrontaria o meu problema de frente. Bella realmente era um problema, mas era meu e ela entenderia isso de um jeito ou de outro.


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