Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 10
Compreensão


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo está mais dramático, escrevi com um nozinho leve na garganta, ficou bem melancólico mesmo, um capítulo importante! Espero que gostem bjus



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/397025/chapter/10

Rose subiu as escadas mesmo não precisando fazer todo aquele trajeto para voltar ao seu quarto, mas mesmo assim sentiu que precisava fazer daquele jeito ou iria explodir de raiva. Quando entrou no cômodo Dimitri estava lá sentado ao lado da cama com os joelhos separados os cotovelos sobre eles e as mãos enfiadas nos cabelos lisos que cobriam seu rosto sendo que o mesmo estava abaixado na direção do piso.

- Legal você diz pra eu ficar longe, mas vem pro meu quarto. Engraçado você. –disse ela mantendo o tom de indignação.

Dimitri ergueu o rosto mostrando uma tremenda cara de quem comeu e andou em uma montanha russa três vezes seguidas e ainda não tinha conseguido vomitar. Rose revirou os olhos e andou até o canto do quarto onde simplesmente se sentou no piso ficando escondida atrás da cama, enquanto o médico fitava o lençol branco a sua frente, que cobria o corpo da garota.

- Eu sinto muito. –disse ele fazendo com que ela ouvisse sua voz fraca de onde estava sem poder vê-lo por culpa da cama.

- Desculpa, eu não ouvi. –ela retrucou escorando a cabeça na parede.

- Eu disse que sinto muito. –ele levantou e se escorou na beira da cama olhando para Rose.

- Sente pelo que? –ela o encarou jogando um olhar irônico sobre o médico. – Por eu estar em coma e presa num espaço de tempo no qual não posso falar ou ser ouvida por ninguém exceto por você e a única coisa que você me diz é fique longe de mim? Sente muito por ter sido um idiota e não se importar nem em saber por que eu estou desse lado e não desse. –ela disse apontando para si depois para ele. – Ou você sente muito por ter ficado encarregado do meu caso? –parecia raiva, mas ela estava chateada.

- Me desculpe Rose. –ele disse calmamente olhando-a nos olhos. – Alguma vez na sua vida você conversou com o espírito de alguém? Tem ideia de como reagiria se de repente descobrisse que tem alguém do seu lado sabe lá há quanto tempo vendo tudo que você faz sem que você saiba? Sabe como é ser a única pessoa que pode ver e ouvir um ser do além?

- Não Dimitri. –ela respondeu. – Mas eu aposto que você também não sabe como é não ter noção de espaço e de tempo. –ela se levantou e andou até a cama. – Não ser ouvida não importa o quanto você grite. Não ser vista nem poder tocar em ninguém ou ser tocada. –ela parou quando estava diante da cama encarando o médico. – Sabe como é o vazio? Não um recipiente vazio, não um lago vazio, não o vazio o estomago, mas o vazio completo... Aquele que está em todo lugar, a sua volta e dentro de você? Por que é assim que eu me sinto o tempo todo e andar com você, acompanhar o seu dia-a-dia, falar com você mesmo quando não pode me ouvir é a única coisa que me mantém calma e não me deixa entrar em desespero.

Os olhos castanhos escuros de Dimitri repousavam sobre os dela naquele momento tranquilamente, e ao mesmo tempo carregados de um sentimento de impotência, como se ele desejasse fazer algo que estava além do seu poder. Ele permaneceu em silencio sem saber o que dizer, ou como confortar a garota, mas sentiu que precisava fazer algo ao ver a amargura brotando nos olhos dela. Esse sentimento se apossou também da sua alma provocando uma sensação ruim dentro de Dimitri, que quase chegou a molhar seus olhos. Porém, ele estava acostumado a nem sempre ver coisas boas, ou finais felizes naqueles corredores do St. Vladimir e isso o ajudou a segurar a melancolia dentro dos seus olhos sem que esta ficasse evidente.

- É obvio que tanto você quanto eu, não temos ideia do que é essa situação. Por isso... Me desculpa. Eu ainda sou seu medico, e nem sempre acontecem coisas nesse hospital que são potencialmente fáceis de explicar. Então... –ele respirou fundo. – Eu vou te ajudar.

- Eu só quero voltar pra casa Dimitri. –disse com olhos de choro. – Quero meu corpo de volta.

- Agente vai dar um jeito nisso. Eu não tenho nem ideia de como, mas... Eu vou fazer o que eu puder.

Ambos sequer perceberam, mas estavam sendo observados por alguém que se prostrava de pé diante da porta. Este alguém pigarreou chamando atenção de Dimitri, fazendo com que ele retirasse as mãos de sobre a beirada da cama e olhasse naquela direção.

- Desculpa, eu estou procurando o quarto de Rosemarie Hathaway. –disse e mulher de estatura mediana de cabelos ruivos e cacheados.

- É este mesmo. –disse Dimitri.

- Eu sou Janine Hathaway. –ela andou até o rapaz. – Mãe de Rose.

Rosemarie estava surpresa ao ver a mãe no seu quarto, ela sequer imaginou que Janine poderia ter noticias suas de onde estava afinal até onde Rose se recordava a mulher esteve ocupada por um longo tempo na África em suas missões se salvamento e nunca tinha tempo ou opções de se comunicar com a filha. Rose sequer acreditava que sua mãe descobriria sobre seu acidente, mas para sua surpresa ali estava tal mulher.

- Você é o médico da minha filha? –dizia ela em tom social extremamente formal.

- Sim. –Dimitri ainda estava em choque. – Perdão! Dimitri Belikov. –ele estendeu a mão.

- Não é muito jovem para se responsabilizar por uma paciente como Rose? –disse segurando a mão do rapaz.

- Essa é minha mãe. –disse Rose reconhecendo o tom arrogante.

- Desculpe, nós podemos discutir sobre o estado da paciente se desejar. –ele respondeu condescendente tentando evitar ter que dar explicações sobre sua competência.

- Eu já fui devidamente informada do estado da minha filha através do diretor deste hospital. – apesar do serviço humanitário que prestava, Janine era extremamente arrogante quando queria. – Mas imagino que tenha algo a adicionar.

- Podemos conversar em minha sala se preferir.

- Desejo ver minha filha no momento. –ela andou até a cama. – Mas teremos essa conversa assim que eu terminar. –disse mantendo o tom superior.

- Como preferir. –Dimitri olhou nos olhos de Rose e decidiu se retirar. – Eu vou deixá-las à vontade.

- Obrigado. –disse Rose sabendo que Janine não se daria ao trabalho de agradecer.

- Com licença. –disse Belikov ao se retirar do quarto.

- Podia pelo menos ser mais educada com o homem que está tentando salvar a vida da sua filha Janine Hathaway. –disse Rose andando ao redor do leito enquanto via sua mãe sentada ao seu lado com expressão firme.

Janine respirou fundo depois que ouviu a porta se fechar e então retirou um telefone da bolsa e apertou algumas teclas o devolvendo a bolsa e então se reclinou sobre o leito e segurou a mão de Rose:

- Como vai Rose? –disse ela.

- Não vou... –ela respondeu parando ao lado oposto do leito.

- Eu soube do seu acidente. –ela dizia em tom formal. – Fui informada assim que cheguei à base. Eu tive que pegar dois jatinhos fretados com uma porcaria de piloto em uma cabine que fedia a peixe. Depois tive que enfrentar uma tempestade terrível até conseguir um voo descente pra casa. –ela dizia em tom sério.

- Não precisava ter se dado ao trabalho Janine. –disse Rose.

- Mas finalmente estou aqui, e te encontro sobre essa cama. –ela apertou os dedos de Rose.

- Pois é eu sinto muito ter te dado mais essa decepção mãe. –disse em tom irônico, porém sem expressar um único sorriso.

- Não haviam me dito nada sobre seu estado atual antes de eu chegar aqui. –ela continuava firme.

- Surpresa! –ela forçou um riso amarelo.

- Eu estou pensando em pedir transferência da base para ficar por perto. Eu acho que pode ser bom pra você ter alguém da família do seu lado.

- Não quero que deixe de salvar o mundo por mim mãe.

- Eu farei exatamente isso. Deixarei Stu no meu lugar... –ela baixou a cabeça e depois voltou a olhar Rose. – Bom eu não vou me prolongar, quero saber o que aquele rapaz tem a me dizer sobre seu caso. Eu só espero que tenham colocado um médico apto a cuidar de você Rose.

- Aposto que vai se meter como sempre faz não é?

- Eu volto a vê-la assim que puder... –disse ao se levantar.

Janine segurava firmes os dedos de Rose ainda quando se levantou e então respirou fundo e se curvou sobre o corpo da filha depositando um beijo sobre sua testa.

- Eu sinto muito Rose... –disse ela com a voz distorcida.

Quando Janine ergueu o rosto, Rose pode ver uma lágrima solitária escorrer pela face da mulher que até então Rose via como a rainha do gelo, e senhora coração de pedra. A ruiva retirou um lenço da bolsa e levou aos olhos enxugando os mesmos antes de sair da sala, depois se recompôs e abriu a porta deixando Rose com uma sensação ainda pior do que já estava sentindo anteriormente pela conversa com Dimitri. Na sala vazia, Rose deu alguns passos rumo a parede recostando as costas sobre a mesma e fechando os olhos desejando expulsar aquele sentimento de dentro dela, mas ela não tinha lágrimas para chorar então apenas teve de se esforçar para não surtar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rosa Adormecida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.