Reinventada escrita por Chloe Stangerson


Capítulo 1
Franca


Notas iniciais do capítulo

Hey minha primeira fic, espero que gostem mesmo *u*
Por favor deixem reviews, são elas que vão me fazer continuar e melhorar :3
Enfim, boa leitura! xoxo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/396704/chapter/1

Abri meus olhos e olhei para o relógio da cabeceira. Marcavam 5:21 da manhã. Mais uma vez como nesses últimos dias, minha insônia não me deixava dormir por mais que algumas horas. Eu não dormia direito, nem conseguia comer sem pensar no dia que estava chegando. O dia do teste de Aptidão.

Me levantei sabendo que não conseguiria dormir mais. Fui para o banheiro, tomei um rápido banho quente e me troquei. Coloquei uma camiseta branca, e uma calça jeans preta. Típico de um membro da Franqueza. Deixei meus cabelos acobreados soltos para secar enquanto eu fosse para a escola.

Passei pelo corredor estreito e sentei à mesa. Eu não sentia fome, mas sabia que se não comesse acabaria desmaiando. Peguei um pão e o mordisquei sem nenhuma pressa. Eu sairia daqui 7:30, e como tinha acordado cedo, não senti necessidade de me apressar.

Todos estavam dormindo, e como na última semana, minha irmã Dayna provavelmente estava acordada. Mas ela sempre demorava para escolher suas roupas, passar maquiagem, arrumar o cabelo e blá blá blá. Não sei como ela tinha paciência para fazer tudo isso.

Terminei de comer e escovei meus dentes. Ainda eram 6:45 quando terminei tudo o que tinha pra fazer. Andei pelo meu quarto e me encostei no parapeito da janela. O dia estava lindo, e meu quarto tinha uma vista privilegiada para uma pequena parte da Franqueza que era natural, simples. Uma pequena floresta se abria ali, mas como aqui na nossa facção não nos importamos tanto com essas coisas, ela estava desgastada, sem vida. Ainda sim eu achava aquele lugar magnífico, e de vez em quando ia para lá pensar.

Eu fiquei um bom tempo observando o lugar, sem perceber que o tempo passava. Bateram na porta, e tomei um susto voltando para a realidade.

– Melissa, está na hora de ir – Dayna me avisou através da porta, mas logo ouvi seus passos se afastarem. Peguei minha mochila e fui.

O sol estava bem em meu rosto, então tive que fazer um esforço para ver se o ônibus chegava. Depois de mais ou menos 4 minutos, ele apareceu em nossa frente, parando bruscamente. Dayna e eu entramos no ônibus, que não estava muito cheio. Sentamos num par de cadeiras que estavam em frente a porta, e fiquei olhando a vista passar como um borrão, enquanto Dayna retocava a maquiagem.

O ônibus começou a encher, e num piscar de olhos, estava abarrotado de gente de todas as facções, jovens e velhos, e muitos espremidos em pé. Vi um idoso da abnegação em pé ao lado de Dayna que estava com uma blusa cinza um pouco grande demais para seu tamanho, e uma calça cáqui da mesma cor. Seu cabelo estava meio desarrumado, talvez pelo vento. Seus olhos estavam sempre olhando em volta, sempre com calma e simplicidade. Mas sabia que por causa da idade ele estava cansado. Mas os membros da abnegação sempre deixam os outros no seu lugar, altruísmo é o que mais prezam.

Sabia que eu era da Franqueza, mas senti uma necessidade de deixar ele sentar no meu lugar. Isso é típico de um membro da Abnegação, e isso vai contra o que eu aprendi.

Na verdade, não é tudo mentira. A Franqueza nos ensina a falar a verdade, fazer o que pensa, sem se importar com os sentimentos alheios. A verdade é o mais importante, então, se eu continuasse sentada, estaria tentando mentir pra mim mesma, tentando me convencer que um membro da Franqueza nunca faria isso.

Pensando bem, ninguém vai ligar muito para isso. Me levantei e passei por Dayna. Parei na frente do senhor e ele me olhou confuso.

– Senhor, pode se sentar ali – disse calmamente, sorrindo e apontando para o lugar vazio.

– Ah, não se precisa se incomodar. Pode ficar com seu lugar – ele disse ainda confuso.

– Não, eu insisto, pode se sentar ali – disse o acompanhando até o lugar. Sabia que ele recusaria, já que o altruísmo sempre está acima de tudo para eles.

– Muito obrigado – ele me deu um sorriso acolhedor e se sentou. Respondi com um olhar que dizia “Não há de quê”.

Passei o resto da viagem de pé, sem me incomodar com o espaço mínimo que eu tinha. Dayna me olhara incrédula enquanto eu estava dando meu lugar ao senhor, mas eu não me importava, ela não tinha um pingo de compaixão.

Quando o ônibus chegou, uma massa de jovens se espremeram para fora. Foi meio difícil sair, mas estávamos acostumadas com isso. Entramos no imenso salão de entrada como sempre fizemos, e nos dirigimos para a nossa sala. Passamos pelo corredor e algumas pessoas olhavam para nós com surpresa, ou confusas.

Esse era um pequeno detalhe: eu e Dayna éramos gêmeas. Mesmo com Day cheia de pó facial e com uma tonelada de sombra, nós éramos idênticas. Mas eu tinha um jeito mais desleixado, e ela era mais certinha, mais bonitinha. Acho que isso que nos diferenciava, mas ainda era difícil não trocar nossos nomes.

Nos separamos, Dayna gostava de ficar na frente, e eu gostava do canto, onde ninguém percebia minha presença. Já tinha algumas pessoas, mas muitas estavam no corredor passeando, esperando o professor chegar.

Um pequeno sino tocou no corredor, e vários alunos entraram na sala correndo, a maioria disputava o fundo da sala. Katina entrou entre os vários alunos e, por sorte, conseguiu sentar ao meu lado.

– Bom dia Mel – ela me disse com um sorriso animado que sempre estampava seu rosto, não importa a ocasião.

– Oi Kat – eu disse ocupada demais para fazer uma saudação melhor. Como eu sempre fora avoada, nunca sabia as aulas do dia. Estava as pressas pegando o meu material, e consegui encontrar meu livro da História das Facções no meio de um emaranhado de papel, caderno e livros.

– Hoje vamos falar sobre o comércio em nossas facções, abram o livro na página 206 – disse a Professora Blind, como sempre indo direto ao assunto do capítulo.

Nunca fui ruim nas provas, mas também não vivia com a cara nos livros. Day muito menos, acho que ela até tira uma nota ou outra baixa, mas sempre recupera a nota implorando ao professor, ou na maioria dos casos, fazia trabalhos que o professor mandava.

Parei de prestar atenção a partir do momento que a professora começou a tagarelar coisas sobre a venda e compra entre facções. Por mais que entender o comércio das facções fosse importante, eu sabia que não conseguiria me concentrar. Eu estava muito nervosa para o dia seguinte, e meus pensamentos vagaram tentando imaginar qual seria o resultado. Estava com medo de que minha aptidão fosse para outra facção, sabia que meus pais ficariam decepcionados se eu saísse da Franqueza. Mas eu sentia que não me encaixava aqui o suficiente para passar uma vida inteira falando e ouvindo sempre a verdade. E para falar a verdade, eu sentia muito medo da iniciação da Franqueza.

Não que eu tivesse algum segredo sombrio, claro que não. Mas para mim, um segredo é uma coisa íntima, que se fosse para ser falado, ninguém precisaria esconder. Muitas pessoas julgam, mas eu sabia que na Franqueza eles já ouviram de tudo, então não se importariam com um pequeno segredo idiota como o meu.

Senti Kat me sacudindo.

– Mel, Mel, está em coma? – ela me perguntou me balançando como se eu fosse uma boneca – as aulas acabaram.

– O quê? Como assim? Todas? – eu disse pulando da cadeira e derrubando todo meu material no chão.

– Parecia que tinha dormido acordada – ela disse rindo me ajudando a pegar meus materiais – você teve sorte que nenhum professor pediu para você responder alguma coisa, porque se não estaria ferrada. Nem tinha mudado de página.

– Como o tempo pode ter passado assim tão rápido?

– Você tem algum tipo de vida em outro mundo e se teletransporta para lá, porque fica em transe por um tempão nas aulas. – ela me diz colocando um último livro lá dentro. – no que estava pensando tanto?

Ela me olhou como se quisesse uma resposta verdadeira. Kat era um membro da Franqueza, e assim como eu, ela sabia quando eu estava mentindo.

– Estava pensando em amanhã, estou muito nervosa – eu disse sem pensar, já que não adiantaria mentir.

– Acho também que estou, mas seja otimista, tudo vai dar certo – ela me diz dando um soco no meu ombro. Kat não era tão forte quanto eu, mas seu tapa doía - sim, ela já me dera um tapa -, ela era um pouco mais baixa que eu, e tinha cabelos castanho escuro, que contrastava perfeitamente com seus olhos verde-água. Ela sempre tinha um sorriso no rosto e um olhar que acalmava a todos.

– Eu sempre estou tentando ser otimista, mas você é melhor nisso do que eu – eu digo devolvendo um soco no braço dela. Forço um sorriso para Kat não se preocupar muito, ela sempre fora uma ótima amiga.

Andamos para fora do edifício e Katina me acompanhou até o ponto de ônibus, onde estava abarrotado de gente. Ela morava mais perto da escola do que eu, então ia andando.

– Eu deveria passar na sua casa mais tarde, você precisa se distrair. Parece que vai explodir – ela me diz com um olhar suplicante no rosto. Eu sabia que ela não gostava de ficar em casa, pois mesmo ela sendo totalmente franca, seus pais sabiam que ela queria ir para outra facção, e brigavam com ela.

– Sem problemas – eu digo sorrindo – eu tenho que me distrair mesmo.

Dayna sai do edifício com algumas amigas do lado dela sorrindo e conversando. Depois suas amigas vão embora e ela para ao meu lado.

– Oi Katina – ela diz sem olhar para Kat.

– Olá Dayna - Kat responde friamente.

O clima ficara pesado depois disso. Dayna nunca gostou de Katina pelo mesmo motivo dos pais dela: a escolha de sua facção. Day provavelmente me odiaria se soubesse que eu também não tinha planos para ficar aqui.

O ônibus chegou e vários adultos saíram do ônibus, Dayna entrou no ônibus junto com a multidão, e como estava lento a entrada, aproveitei para virar rapidamente para Katina.

– Tchau Kat – eu digo acenando – até mais tarde.

Não ouvi a sua resposta pois fui levada pela mutidão de pessoas. Fiquei de pé no ônibus, mas isso não me incomodava. Diferente das outras pessoas, eu prefiria dar meu lugar para alguém que precise mais. Eu sabia que isso denunciava completamente o lugar que eu pertencia. E não era na Franqueza.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram??? Como eu já disse, é minha primeira fic e quero muito a opinião de vocês, sendo ela positiva ou negativa. Não sejam leitores fastasmas ok? Reviews é o que me fazem continuar :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reinventada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.