Psicopatia escrita por Babi


Capítulo 1
One-shot




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Psicopatia

Por Bárbara Trevisan

Aquele estúpido! Ele vai ver! Ah, vai! Pensa que pode mexer comigo dessa maneira? Fazer o que fez e depois ficar comigo? Pois bem, ele não perde por esperar. Vou transformar a vida dele num inferno. Ou quem sabe mandá-lo direto pra lá...”

Depois de decidir que realmente ia me vingar, resolvi traçar meu plano de combate. Fiquei horas pensando no que fazer... Não encontrei outra solução, teria de matá-lo, mas não tinha culpa, ele me matou primeiro!

“- Eu te amo! – nosso namoro ia cada vez melhor. Eu me sentia mais e mais apaixonada por ele, principalmente porque estávamos completando cinco anos juntos.

- Eu também te amo, minha linda! – ele ajoelhou e eu senti meu estômago encher de borboletas – Casa comigo? – tirou do bolso uma caixinha em formato de coração com duas alianças em ouro.

- Sim! Sim! – nunca havia me sentido tão feliz em toda a minha vida! Meu noivo! Futuro marido! Ele era perfeito! Eu o amava tanto!”

Eu sou mesmo uma estúpida! Como acreditei em tudo o que ele me disse? Bom, não importa. Importa agora que eu estou colocando meu pequeno plano em prática. Hoje a noite promete. Só é uma pena eu não encontrar a arma do meu avô. Deve estar neste sótão em algum lugar, logo encontro...

“Era uma noite linda e enluarada. Achei estranho ele não ter me ligado, não atender o celular... Ele sempre deu sinal de vida. Achei melhor ir até o apartamento dele, ainda bem que eu tinha a chave. Ia fazer uma surpresinha pra ele! Peguei minha melhor camisola e lingerie, vesti, coloquei meu sobretudo e fui.

Chegando lá nunca me senti tão decepcionada! Entrei devagar, sem fazer nenhum barulho e fui me esquivando até o quarto dele. Foi quando eu ouvi, ou melhor, vi: uma garota, mas não qualquer garota: minha melhor amiga. Despida na cama dele, fazendo coisas que até Deus duvida!

Por sorte eles não me viram. Saí lentamente chorando e estupefata. Nunca esperava isso dele! Cheguei em casa arrasada, revoltada. Joguei tudo no chão. Quebrei pratos, joguei meu vaso caríssimo na parede, gritei, soquei um espelho... Ele quebrou! Legal, mais sete anos de azar, como se não bastasse o que eu já estou passando.”

Lembrar disso me deixava com ainda mais ódio! Ele me matou por dentro! Destruiu a minha vida e agora eu destruiria a dele! O revólver automático do meu falecido avô já estava carregado e bem guardado dentro da minha bolsa. Coloquei um vestido vermelho com um corte na perna, maravilhoso; meu colar de pérolas, que por acaso foi ele quem deu e, é claro, passei seu perfume preferido! Se o mataria, seria com estilo!

Saí de casa e, só no estacionamento do condomínio ouvi três assovios e um “gostosa”. Isso é bom, muito bom! Entrei no carro e dirigi até a casa dele. Subi, abri a porta e entrei. Ele estava sentado no sofá, a minha espera. Foi maravilhoso ver seus olhos se arregalarem com minha beleza! Ao menos ele morreria com minha imagem na cabeça... Além do tiro, óbvio!

Coloquei meu plano em ação imediatamente. Comecei provocando-o, brincando com seu desejo. Tirei da bolsa uma garrafa de vinho e enchi duas taças que peguei em sua cozinha. Uma para ele, outra para mim.

- Um brinde à vida! – ele disse. Irônico, não?!

- E também um brinde ao inesperado. – disse olhando profundamente em seus olhos.

 Despi-me, provoquei-o muito, até ele não agüentar mais. Quando ele deitou na cama, só com a roupa de baixo, comecei a agir de verdade. Peguei as algemas na minha bolsa e o prendi à cabeceira. Passei uma fita em sua boca, tirei sua cueca e a deixei de lado. Saí do quarto, o deixando com uma expressão confusa... Mudança de planos, esquece o revólver! O inferno vai ser ainda maior.

Fui até a cozinha, sabia que ele guardava a querosene no armário mais alto à esquerda e as velas na última gaveta ao lado do fogão. Plano perfeito!

Depois de pegar a vela e a querosene, voltei ao quarto e sentei na ponta da cama, fitando-o com uma expressão vazia:

 - Eu já sei de tudo! – disse calmamente – Como você conseguiu esconder isso todos esses anos? Ou você está dormindo com ela há pouco tempo? Foi só uma vez? Uma vez por semana? Toda vez que eu não estava com você? RESPONDA!

 Joguei a garrafa de vinho em direção à parede. Ela espatifou e alguns cacos voaram em seu braço, o fazendo sangrar. Sangue! Como o sangue que ele fez brotar em meu coração. O meu sangue estava fervendo, e agora, além de sentir o meu, podia ver o dele. Era a melhor sensação do mundo. O poder sobre a vida.

 - Pena que você não tomou cuidado! Eu vim aqui outro dia, vi vocês dois. Não há o que negar. – seus olhos se arregalavam cada vez mais. Ele balançara a cabeça em sinal negativo. Eu via o pânico, sentia o pulsar de seu sangue nas veias. Era chegada a hora. – Não há, não adianta! Agora vou ter de te matar... E a culpa é toda sua! Afinal, não fui eu quem te trai.

Ele suava frio e eu estava adorando. Nunca imaginei que a psicopatia poderia ser tão... Prazerosa! Abri a garrafa de querosene e fui jogando em tudo. Comecei por onde doeria mais: as partes íntimas! Ele gritava, enquanto eu jogava por sua barriga e molhava seus cabelos. Joguei um pouco nas pernas e na cama. Por último, joguei um pouco pelo quarto, fazendo um caminho até a porta da frente. Acendi a vela. Uma vela vermelha, bonita, de natal. Outra ironia! Morrer com uma vela que representa o nascimento do Salvador.

      Joguei a vela no chão, a vi cair em câmera lenta. Um instante antes da chama tocar o chão, me virei e caminhei até a escada de incêndio. Na descida picotei as luvas que usava e joguei pela rua ao sair do condomínio.

      A fumaça já se espalhara, ouviam-se gritos desesperados de alguém queimando. Esperei até os gritos cessarem. Trabalho concluído! Como será que ele está se saindo no inferno?



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