Love Hurts escrita por Tay


Capítulo 1
Love hurts




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O celular tocou cinco vezes antes de Beckett atendê-lo. Estava concentrada demais escrevendo um relatório e não quis interromper a linha de raciocínio; era uma coisa que odiava fazer. A delegacia estava praticamente vazia àquela hora da noite, então quando pronunciou seu nome ao encostar o aparelho em seu ouvido, tentou manter a voz baixa.

- Beckett.

- Kate?

Aquela voz a fez parar instantaneamente de escrever. Em sua cabeça apareceu a imagem da mulher ruiva do outro lado da linha. Sua falta de movimento fez Castle, sentado em sua cadeira brincando com seu iPhone, virar-se para ela e indagar com o olhar se estava tudo bem.

- Kate, está aí? – a voz tornou a falar, e Beckett fez que sim para Castle antes de responder ao telefone.

- Estou aqui. Ahn.. Me dê um minuto. – A detetive tirou o celular do ouvido e respirou fundo. Para o escritor que continuava a olhá-la um pouco preocupado com a expressão dela, disse: - Tenho que atender – e apontou para o que segurava, levantando-se a seguir.

Não sabendo bem aonde ir, Kate só se deu conta de que parecia que estava se escondendo quando a porta de emergência que dava para a escada de incêndio se fechou. “Isso é ridículo, Kate” pensou, e encostou-se na parede branca. A luz automática não demorou a acender, e ela deu um suspiro antes de tornar a falar ao telefone.

- Estou aqui.

- Hey! Uh.. Não queria atrapalhá-la. – A voz parecia estar tentando controlar o nervosismo. Estavam as duas no mesmo barco.

- Eu estava só preenchendo papelada. Nada demais – e mordeu o lábio inferior ao fechar os olhos. Sentia-se como uma adolescente boba novamente.

Houve uma pausa que tanto uma quanto a outra tentaram prolongar, mas a voz no celular parecia resoluta a continuar com aquilo.

- Vi você na TV hoje – lançou, fazendo outra interrupção. Dessa vez continuou a falar mais rapidamente, antes que desistisse de uma vez e desligasse. – Foi meio que um choque, na verdade. Era sobre o filme novo que vão lançar. Heat Wave. Falaram sobre o livro e tudo o mais...

- Addie – pronunciou baixo, mas forçou-se a elevar o tom e a trocar o apelido pelo seu nome. – Addison, por que está ligando?

- Não sei – admitiu, fraquejando um pouco. – Não faço ideia. Eu só... – Kate conseguiu ouvir uma porta se fechar com força. – Sei que prometi nunca mais ligar, mas-

- Mas você ligou.

- Só queria ouvir sua voz.

Kate passou a mão livre pelo rosto e deixou que o silêncio se instalasse de novo naquela conversa. Havia tanto o que falar a ela. Queria brigar com ela, gritar, chamá-la das piores coisas e deixar que todas as lágrimas contidas escorressem pelo rosto de uma vez.

- Eu ferrei tudo – Addison afirmou, mal conseguindo ocultar seu atual estado de choro. – É o que eu faço. Ferro com todo mundo e perco as pessoas que eu amo. Odeio isso, Kate. Odeio ficar longe de você. Odeio saber que o fato de você me odiar foi porque eu a fiz me odiar. E eu sinto muito. Sinto muito mesmo.

- Eu também, Addie – murmurou, sua fala saindo abafada por conta da mão que cobria sua boca. Era preciso acabar de vez com aquilo, ou se arrependeria. – Preciso ir agora – e sem esperar resposta, desligou.

Olhando para o aparelho eletrônico, uma pequena parte de si gostaria que ela ligasse de volta, insistisse, mas lá no fundo sabia que não o faria. O tempo para que aquilo acontecesse já havia passado. Por mais que doesse, haviam feito um acordo. Nunca mais tocar naquele assunto. Fingirem que não existiam uma para a outra. Excluírem a parte de suas vidas que compartilharam juntas até que Addison resolvesse jogar tudo para o alto. Em seu passado, agora havia uma lacuna. Ou melhor, Kate tentava ver aquilo como uma lacuna. Um vazio que nunca mais seria preenchido, mas pequenas coisinhas sempre traziam a ruiva de volta. E eram momentos como aquele telefonema que tornavam tudo ainda mais difícil; mais difícil de esquecer, de abandonar.

Tentando relaxar os ombros tensionados ela pôs o celular no bolso do casaco, preparando-se para assumir a fachada de que nada estava errado. Abriu a porta de emergência e caminhou normalmente até sua mesa, sentando-se em sua cadeira, tendo um par de olhos azuis a acompanhando o tempo todo. Beckett tentou ignorá-lo, mas Castle inclinou-se na mesa antes que ela pudesse tornar a escrever.

- Você está bem? – perguntou baixo, não querendo chamar atenção de ninguém a não ser dela.

- Claro, por que não estaria? – mentiu, não ousando olhá-lo.

- Está com o cenho franzido. Bem aqui.

As linhas sutis que de fato estavam presentes entre suas sobrancelhas desapareceram assim que ele as tocou. Beckett deixou escapar um leve curvar de lábios por conta da preocupação que ele mostrava.

- Vou ficar bem, Castle – disse, pouco convincente até para si mesma.

Ele sorriu de volta e concordou com a cabeça, querendo acreditar naquelas palavras. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)