James Sirius apertou os olhos, observando o mundo do lado de fora da janela de seu quarto d'A Toca. Lá, nos jardins, conversando com Dominique e Rose, Lily Luna sorria e mexia nos cabelos ruivos. Apesar da diferença de idades entre elas, ele sabia que sua irmãzinha era madura o bastante para não ser deixada de lado pelas primas.

Irmãzinha. Aquele pensamento o irritava profundamente. Talvez por isso ele tenha se levantado, naquele impulso doloroso e quase insano de deixar o quarto apertado para trás. Era como se seus pensamentos estivessem todos ali, e eles o sufocavam com uma onda de sentimentos que ele não podia conter.

Tomar um ar. Convenceu-se de que saiu para tomar um ar. Antes que se desse conta, porém, seus pés o levaram para a porta da frente, e ali o fizeram travar. James não conseguia prosseguir, não podia sequer desviar seus olhos.

As garotas haviam levantado de seu recanto de paz, e caminhavam em direção à casa. Seu coração batia desesperado no peito, os pulmões não pareciam funcionar de forma correta.

Ar. Ele precisava desesperadamente de ar.

— James! — uma delas pareceu notas sua presença, quando estavam próximas o bastante.

Ele não cumprimentou de volta. Não poderia articular palavras, mesmo que quisesse, e sua garganta estava seca. Só tinha olhos para ela. Todas as garotas da família Potter-Weasley haviam passado por uma bela transformação de corpo durante a puberdade, mas ela ainda tinha um jeito meio infantil. Talvez por seus lábios, que tinham o formato de tulipas que ele gostaria de colher e beijar. Talvez por seu rosto mais arredondado, o nariz arrebitado enfeitado por sardas, aquele ar sapeca de quem está prestes a fazer alguma traquinagem.

Isso não significava que ela se tornara menos bela que qualquer uma das outras, não. Ela era linda a seu ver, com curvas delicadas, os cabelos de fogo, os olhos amendoados...

Ah, sim, seus olhos! Ele poderia se afogar neles, se a encarasse por muito tempo. Ele poderia queimar e cair aos pedaços, quebrar-se naquele furacão que o atingia, naquele choque que percorria seu corpo a cada vez que seus olhos se encontravam.

— James, você está bem? — foi Dominique, santa Dominique!, quem o tirou de seus devaneios nefastos.

E ele voltou seus olhos para a prima, desejando que pudesse ver algo a mais nela. A garota Delacour era linda e encantadora como a mãe, com cabelos dourados e olhos da cor do oceano. Por que ele não podia se sentir atraído por ela? Por que seu coração não batia desenfreado no peito pela filha de Fleur?

— Estou ótimo. — ouviu-se dizer, antes de voltar correndo ao quarto.

Nenhuma delas havia percebido, e ele devia agradecer aos céus por isso. Ele gostaria que, de alguma forma, pudesse quebrar aquele encanto, aquela magia. Droga, ele queria que suas mãos parassem de tremer!

Mas James Sirius não podia evitar. Ele estava completa e perdidamente apaixonado por sua irmã caçula. E ele se sentia nojento por isso.