Eu obsevava as fotos que estavam em minhas mãos, aquelas que eu havia escondido quando Dimitri havia partido com Tasha. Meu trabalho havia sido tão bom que eu só consegui acha-las agora que realizamos nossa mudança. Bom, desde que casamos nós tínhamos o sonho de sair da Corte e arrumar um lugarzinho que fosse só nosso, e que tivesse nossa cara.

De inicio, Abe vetou a ideia. Janine não se manifestou, mas a sua cara denunciava que ela estava ao lado de Abe. Eles achavam que não era seguro manter residência fixa fora das Wards, ainda mais quando nosso trabalho era na Corte. Segundo eles, a movimentação de ida e volta chamaria a atenção de Strigois que ficam a espreita, vigiando a Corte. Eu juro que achei o argumento válido e tudo mais, mas apenas concordei porque sentia que Lissa precisava de apoio, já que ela ainda estava muito confusa em relação a esse negócio todo de ser a rainha Dragomir.

Então, os dois anos seguintes que se passaram, eu e Dimitri ficamos morando na Corte e cumprindo com nosso serviço de acordo com o cronograma real. Confesso que esse tempo que passou foi maravilhoso, já que pudemos desfrutar bastante nossa vida de recém-casados. Aproveitamos para viajar e conhecer muitos lugares que eu nem sequer sabia que existiam. A maioria das viagens, é claro, foi a trabalho. Mas ser guardiã da sua melhor amiga é fantástico e digamos que eu nem achava tão cansativo viajar de casal, tendo em vista que Christian sempre nos acompanhava, tornando a programação muito mais divertida.

Bom, mas eu estou falando muito e não estou contando nada de mais, não é mesmo? Então agora segura essa bomba. Rosemarie Hathaway virou mamãe. E o minha filha é a coisa mais fofa do mundo! É claro que ela não é de fato minha filha com Dimitri. Infelizmente isso não é possível e acredite que, depois de MUITO tentar, nos convencemos e fomos atrás da criança perfeita para chamarmos de nossa. É claro que me bateu uma insegurança de inicio, já que eu não tinha muita prática com bebês e sempre me batia o medo de cometer os mesmos erros que minha mãe. Mas esse sonho era também de Dimitri e eu devia isso a ele.

Adotamos uma linda garotinha dampira que chamamos de Mell Hathaway Belikov. Ela tem pouco mais que sete meses e está naquela fase em que os bebês começam a ficar espertos e fazer as coisas mais fofas do mundo. Ela tem uma enorme quantidade de cabelo bem escuro e seus grandes olhos são cor de chocolate, como os de Dimitri. Nossos vizinhos humanos ficaram impressionados ao ver como ela é parecida como o pai. Se eles soubessem a verdade... Nós não dávamos muitas explicações sobre a nossa vida, então se eles achavam que Mell era nossa filha biológica, eles continuariam achando.

Então, com a vinda de Mell, resolvemos que era hora de termos um pouco de independência. Um pouco! Eu pedi afastamento para cuidar de Mell até que ela tivesse idade suficiente para compreender algumas coisas e talvez até que pudesse frequentar a Academia. Assim, nos mudamos para a cidade de Bethlehem, que fica próxima a Corte e onde é a sede da Universidade de Lehigh, aquela que Lissa pretendia frequentar.

 No inicio foi bastante complicado para mim. Dimitri continuou cumprindo suas atividades na guarda real, o que me deixou completamente aliviada considerando a segurança de Lissa e Chris. Primeiro eu tive de me acostumar a voltar a viver no mundo humano, já que é muito mais seguro andar no conforto da luz do dia e ainda não atrairia a curiosidade dos vizinhos. Depois eu tive que me virar com Mell e digamos que eu aprendi tudo na marra. Eu não sabia dar banho, trocar fraldas e nem mesmo alimentar uma criança. Dimitri me deu uma força nas primeira semanas, mas eu tive que libera-lo, pois o dever lhe chamava. Janine me fez companhia por um tempo e Abe SEMPRE me visita. Ele tomou um amor inexplicável por Mell e vive a mimando e abarrotando minha casa de presentes e brinquedos de criança. Se nossa relação era boa, havia se tornado significadamente melhor. Ainda mais quando ele fez questão de contratar Katy, uma babá dampira pra me ajudar com as tarefas de casa.

Então assim é que minha vida vem sendo, pacata, porém feliz. Eu ainda frequento a Corte e quando necessário parto em viagens para acompanhar Lissa. Não é algo muito comum, mas depois que ela e Chris arrumaram uma vaga na agenda para marcar a data do casamento eu tive que me colocar mais presente para ajuda-la com os preparativos. E Deus, como isso dá trabalho. Revirei os olhos lembrando-me da confusão que deu na prova do Buffet quando escutei um barulho de chave na porta. Levantei meus olhos das fotos da época de colégio a tempo de ver Dimitri entrando em casa.

- Boa tarde Roza. – Ele veio até minha direção e deu-me um selinho nos lábios.

- Boa tarde? Só se for para você, não é? Já passa da meia noite. – Disse conferindo o horário no relógio que pendia sob o hack da sala. Dimitri riu e sentou-se ao meu lado.

Ele encarou o conteúdo em minhas mãos e me fitou confuso.

- O que é isso?

- Ah, são apenas algumas fotos que eu acabei de encontrar. Vou guarda-las junto com nosso álbum de casamento. – Dei de ombros e observei o álbum que mostrava duas fotos. Uma tinha Lissa, Eddie, Mase e eu na Academia. Eu me lembrava daquele dia, foi bem quando fomos capturadas e retornamos para a St. Vladimir e bom, estávamos de certa forma “comemorando” nosso retorno. Na outra, tinha Liss, Chris, Adrian e eu. Eu sorria na foto, mas estava na cara que eu não estava feliz. Lembrei-me que havia sido tirada na época em que Dimitri estava “morto” então resolvi fechar e guardar as imagens antes que más lembranças tomassem minha mente. Olhei para ele e tentei esvaziar minha cabeça daquele assunto. – Você não curte muitas fotos, não é mesmo camarada?

Dimitri balançou a cabeça e deu de ombros.

- Prefiro aproveitar o momento a perder tempo com o que eu posso guardar na minha memória.

- A memória falha Guardião Belikov.

Ele me puxou para um beijo e quando nos separou olhou-me profundamente.

- Pode até falhar, mas eu sempre vou ter você para me lembrar de como sou feliz. Você é minha razão de existir, o motivo pelo qual todos os dias eu acordo e ao seu lado eu sou mais que um simples alguém. Eu me sinto responsável por nossa família, pelo o que nos tornamos. Eu amo você Roza, eu quero sempre poder alimentar a chama que mantém o nosso amor aceso, quero ser o responsável por cada sorriso seu e quero poder contribuir para que Mell seja tão incrível e doce como você é.

O encarei com os olhos marejados. Qual é, quem ai não daria tudo para ter um Dimitri só seu? Um homem, que mesmo cansado, é capaz de chegar a sua casa e arrancar as mais diversas manifestações de emoção que uma mulher pode demonstrar. Sorri entre as lágrimas e tomei seu rosto em minhas mãos.

- Você já é meu amor. Além de ser maravilhoso para Mell, você é o homem perfeito, aquele que qualquer mulher desejaria ter para si. Você é o responsável pela minha felicidade e o responsável pela pessoa que me tornei. Você Dimitri, é o único capaz de trazer a tona todos meus desejos como mulher, em todos os sentidos que se tenha conhecimento na vida. Eu te amo!

Dimitri sorriu. Meu sorriso, aquele que eu havia declarado ser dona e que eu jamais havia o visto compartilhar com outro alguém. Ele me abraçou fazendo com que uma explosão de sentimentos bons saísse do meu âmago. Eles vinham à tona e descontrolados, mas Dimitri era capaz de domina-los com maestria, como se controlasse o fogo.

 E assim como o fogo, sentimentos são perigosos e podem ferir as pessoas que se envolvam com eles. Os meus já tinham alguém que fosse plenamente responsável e capaz de controla-los e mantê-los em ordem. Eu sabia que sempre estaríamos sujeitos a algum acidente, mas eu tinha a total confiança de que Dimitri, o meu amor, lutaria para que sempre tudo fosse do jeito que tinha que ser.