Orgânico escrita por Sídhe


Capítulo 1
oneshot


Notas iniciais do capítulo

Ideia boba que eu tive vontade de fazer, às quatro horas da manhã tomando sorvete de nata goiaba. Eu tentei, né?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/394915/chapter/1

– Então... estamos fazendo isso por quê...? - Reyna perguntou, segurando a raquete com uma das mãos.


– Porque eu morreria de tédio até Jason e Piper saírem daquele jogo de vôlei. - O garoto latino respondeu, pegando a outra raquete e uma bolinha branca, a jogando para cima e para baixo com uma só mão. - E eu gosto de ping-pong.


– Não poderia simplesmente jogar com eles? - Perguntou como se fosse algo óbvio, levantando uma sobrancelha.


Ele rolou os olhos.


– Digamos que não seja meu melhor esporte - Reyna balançou os ombros para a frase.


– Para mim está bem, nunca joguei, mas será uma oportunidade de aprender. - Se posicionou no lado oposto ao de Leo, na outra extremidade da mesa.


– Nunca jogou ping-pong? - Ele segurou direito a sua pequena raquete - Que tipo de coisa é você?


Ela deu aquele olhar que congelaria até Leo Valdez. Não que ele estivesse se importando, mas Leo mal a conhecia e já percebia que a simpatia que ele sentia por ela não era bem correspondida. Ele simplesmente a achava bonita e perigosa, tudo que gostava.


– Não sou uma de suas máquinas - Reyna rebateu com força a jogada que ele deu. Não pareceu ligar nem um pouco por ter feito a bola sumir no outro lado da quadra de esportes.


Ela tem mesmo certeza que nunca jogou ping-pong?


– Mas parece - Concluiu por sua constante falta de sorrisos. Pegou uma outra bolinha que tinha ali perto de reserva - Tudo bem. Vamos fazer um joguinho mais interessante, se é o que a senhorita deseja.


– Que tipo de jogo? - Seus olhos demonstraram desconfiança, o cenho sendo franzido a fazendo ficar mais velha do que realmente era.


– Já que você não diz o que é, eu vou dizer o que penso de você - Levantou as sobrancelhas num gesto maroto, brincando com a nova bola entre os dedos. Reyna ainda não parecia em total confiança - E você pode falar o que pensa de mim.


Ela pareceu satisfeita com a última frase. Fez uma expressão e respirou fundo.


– Pode começar.


Leo soltou a bola sobre a mesa e bateu com ela na raquete, atravessando para o outro lado, dando tempo para que Reyna pudesse se acostumar.


– Aprende rápido.


Reyna rebateu a bola.


– Não tende a seguir regras - A voz dela era calma como quase tudo que ela dizia, mas o tom deixava Leo com dúvidas de que não estivesse debochando.


Leo.


– Congela só olhando.


Reyna.


– Faz as pessoas rirem.


Leo.


– Esconde os sentimentos.


Reyna.


– Tenta chamar atenção.


Leo.


– Perigosa demais.


Reyna.


– Presunçoso demais.


Leo.


– Mandona.


Reyna.


– Insistente.


Leo.


– Não-orgânica.


Reyna rebateu com força e ele não conseguiu acompanhar, a bolinha saiu quicando.


– Sendo franco, tem mesmo que jogar a bolinha assim tão longe? - Tinha uma cara de tédio que não afetou a pretora de maneira alguma. Ela era tão máquina. Fazia tudo certo na hora certa, sempre cumprindo deveres e dando ordens. Pelo pouco que ele a conhecia, estava quase a julgando como desumana. - Vou pegar, deixa para lá.


De volta à seu posto, ele encontrou Reyna encostada à mesa, de costas para ele.


– Não quero mais jogar. Encontre outra coisa.


Ela estava observando algum ponto à distância onde Percy e outros jogavam basquete.


– Está certo, estou vendo que meu jogo não está agradando muito - Levantou as mãos em desistência. Reyna o olhava de esguelha por cima do ombro de um jeito que o fazia ter um arrepio perpassando a espinha - Então vamos falar um pouco de nós, que tal?


Ela suspirou. Pegou a raquete novamente.


– Sua vez de começar - Ele disse, jogando a bolinha para ela. Leo pensou que ela não conseguiria pegar, mas o braço da garota foi tão rápido que ele se assustou, segurando o objeto no momento exato.


– Sou filha de Bellona, deusa da guerra romana - Jogou.


Leo rebateu.


– Hefesto, deus dos ferreiros.


Reyna.


– Tenho uma irmã chamada Hylla, rainha das Amazonas.


Leo levantou as sobrancelhas em surpresa, mas continuou jogando.


– Minha mãe morreu quando eu era pequeno.


Ele pensou que Reyna se surpreenderia com aquilo. No entanto, seu rosto apenas se suavizou enquanto ela continuava:


– Meu pai nos deixou quando eu tinha 11 anos.


Leo pensou em dizer: Eu sempre fugia de minhas famílias adotivas. Ao invés disso, outra coisa saiu.


– O Acampamento Meio-Sangue foi minha primeira casa depois disso.


Reyna.


– Está mentindo.


Leo.


– O quê?


Reyna.


– Seus olhos.


Oh, ele pensou. Agora ela sabia se uma pessoa estava mentindo só olhando nos olhos, como se fosse uma pecinha a ser notada? Nada orgânico.


– Eu sempre fugia de minhas famílias adotivas.


Reyna.


– Tive que aguentar o cargo de pretora por anos.


Leo.


– Nunca fui muito bem aceito em algum lugar.


Reyna.


– Meu pégaso de chama Skippy.


Leo.


– Você deu o nome do seu pégaso de Manteiga de Amendoim?


Reyna.


– Seu dragão de chama Feliz, Jason me contou.


Leo.


– Você gosta dele.


Reyna.


– Pensei que o jogo era falarmos sobre nós mesmos.


Leo.


– Está sendo covarde.


Reyna parou, deixando a bolinha pulando sozinha em seu lado da mesa. O som da bola contra a superfície só contribuiu para o nervosismo dele. Leo pensou que Reyna se rebelaria, descabelaria e gritaria com ele. Ele estava enganado. Ela respirou fundo e depois bufou, dando um olhar curioso nele.


– O que você entende sobre covardia, Leo Valdez? - A voz dela era fria, e sem emoção. Ela jogou novamente a bola, mas não o deixou falar - Fugia quando deveria ficar com seu dever.


– Meu único dever é ser um pedaço de nada. - Disse num tom ruim. Ela concordaria, não é?


– Não se rebaixe - Foi o que ouviu, se surpreendendo.


– Matei minha própria mãe - Rebateu ele, assim como com a raquete. Reyna finalmente pareceu surpresa, mas continuou jogando.


Reyna.


– Não é o seu passado que o define.


Leo.


– Meu presente é muito pior.


Reyna.


– Você não é o único.


Ele passou a mão no nariz, como se estivesse prestes a fungar.


– Eu não gosto de ping-pong. - Parou de jogar.


Reyna descansou a raquete, assim como ele. Como se dissesse 'nem eu'. Por um momento, ele viu um sinal de paz em seu olhos, quando ela andou até ele e tocou seu ombro, para depois sair para onde ele não fazia a menor ideia. Amigos? Amigos. Ela não parecia mais uma máquina. Ou quase. Mas todo mundo tem algo de orgânico em si, certo?


Olhou para ela, atrás de si, enquanto Reyna dava-lhe um sarcástico sorriso sem dentes e desviava o olhar do de Leo. Talvez ele nunca pudesse se dar bem com ela. Orgânica, sua mente disse.


De um jeito ou de outro, ele nunca fora bom com coisas orgânicas mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews ou chute no traseiro? Essa da orgânica é porque foi mencionado que ele não era bom com essas coisas haha