Chegamos no restaurante. Falei o nome da minha mãe pra recepcionista. Ela disse que minha mãe ainda não tinha chegado, mas nos encaminhou pra mesa. Eu, Bia e a Alice sentamos.

- Para de batucar os dedos na mesa. - Alice disse pra mim. Nem percebi que fazia isso. - Isso tudo é nervosismo de ser um namorado? - Ela perguntou rindo.

- Não sei. - Murmurei.

- A tia tem uma namorado? - Bia perguntou.

- Não sei. - Murmurei novamente.

- Oi, meu bem! - Ouvi a voz da minha mãe. Eu e a Alice nos levantamos pra cumprimentá-la. Até que vejo um cara de mão dada com ela. Sabia que era isso! Intuição de filho não falha!

- Oi, mãe. Quem é você?

- Andrew! - Minha mãe e Alice disseram juntas. O que eu fiz, Jesus?

- Vamos nos sentar primeiro. - Minha mãe resolveu. Nos sentamos. - Esse é o Paul. - Ela disse sorrindo.

- Prazer, Alice. - Alice disse sorrindo. Não falei nada.

- Prazer. - O cara respondeu sorrindo.

- Oi! - Bia disse sorrindo. Ele sorriu também.

- Então… Aquela é a Bia. Irmã do Andrew. Esse birrento é meu filho. Mas não liga pra ele. Daqui a pouco passa.

- Ciúmes de filho. - Alice disse revirando os olhos.

- Quem devia ter ciúmes era eu, na verdade. - Minha mãe disse. Olhei incrédulo pra ela.

- Não devia não. - Falei.

- Devia sim. E tira esse bico da cara. - Ai meu Deus!

- Vocês vão casar?! - Perguntei quase tendo um troço e minha mãe riu.

- Não. Estamos apenas namorando. Não é, amor? - Acho que vou vomitar.

- Claro.

- Porém… - Minha mãe disse. Até apertei a mão da Alice debaixo da mesa. - Estamos pensando em morar junto.

- Que?! - Mas… - Há quanto tempo vocês estão juntos?

- Uns meses. - Ele respondeu.

- E você só me fala agora?

- Você tá parecendo uma criança mimada, Andy. - Alice disse revirando os olhos.

- Pior que eu. - Bia resmungou.

- Fica quieta, pirralha. Mas… Minha mãe é nova pra morar junto! - Ela riu

- E você é novo pra fazer filho. Nem por isso eu fico reclamando.

- Hm… Vocês vão mesmo? - Os garçons chegaram trazendo a comida. Mas, espera. Que horas eu pedi isso?

- Eu pedi por você. - Alice sussurrou no meu ouvido. Ah…

- Estamos pensando ainda. - Paul respondeu. - E relaxa. Não vou roubar sua mãe de você. Nunca faria isso.

- Andy, vem cá. - Minha mãe chamou se levantando. Bufei fazendo o mesmo. Ela me levou pro jardim que tinha lá. - Você realmente não gostou dele?

- É que… - Eu não sabia o que falar.

- Ele não é seu pai, tudo bem?

- Não quero que você saia magoada. Nem que o que aconteceu, se repita.

- Eu sei, meu bem. Mas o Paul é um cara legal.

- Espero… - Murmurei.

- Vem. Vamos voltar pra mesa. - Ela beijou minha bochecha, já que não alcançava mais minha testa. Nos sentamos novamente e recomeçamos a comer.

- Então, Paul… Tem filhos? - Perguntei. Minha mãe sorriu.

- Tenho uma menina. Tem quase sua idade. - Alice se mexeu desconfortavelmente na cadeira. Reprimi um riso.

- E, se formos morar juntos, ela vai morar com a gente.

- Mas… E o Andrew? - Alice perguntou.

- O que tem eu?

- Sua mãe não tá querendo sua guarda? - Ela estava com ciúmes. Fez meu dia.

- Tem quartos suficientes em casa, querida. - Minha mãe disse. Alice não falou nada.

- Falando nisso, e quando vai ter audiência, mãe? - Perguntei.

- Achei que já tinha chegado o papel pro seu pai. Vai ser na semana que vem. E quando a April vai sair do internato?

- Assim que nos mudarmos.

- E onde ela vai estudar? - Perguntei.

- Na verdade, eu ainda to vendo isso. Mas espero que seja perto de casa. - Paul respondeu.

- Ela tem quanto anos? 17 também? - Alice perguntou um pouco séria.

- Não. Tem 15.

- Ah… Ela pode ir pro colégio do Andrew. - Minha mãe sugeriu.

- Quando eu me mudar pra lá, posso dar carona pra ela. - Disse e coloquei um pouco do espaguete na boca. Durante o jantar, soube que o Paul é empresário, que a April tá em um internato porque ele teve que viajar a trabalho e que ele e minha mãe se conheceram em uma cafeteria à la Central Perk do Friends. Bia pediu um pedaço gigante de bolo. Novidade.

Logo depois do jantar, conversamos mais um pouco e saímos do restaurante. Paul fez questão de pagar a conta sozinho. Quando chegamos no lado de fora do restaurante, não aguentei a curiosidade.

- Mãe, qual o carro do Paul? - Perguntei baixo.

- Um Porsche. - Arregalei os olhos quando vi o carro chegando. Ele não pode virar meu pai?

- Adorei jantar com vocês! - Minha mãe disse e deu um beijo na bochecha da Alice, da Bia e na minha. - Fico feliz que tenha aceitado, Andy. Apesar de ser emburrado no começo.

- Se você tá feliz, oras… - Ela sorriu.

- Podíamos passar um fim de semana na Itália. O que acham? - Paul disse como se fosse ali na esquina.

- Vamos ver né, querido… Tchau, meu amores! - Acenamos.

- Tchau! - Paul disse e entrou no carro, assim como minha mãe. Meu carro chegou logo depois do deles. Um Toyota… Porque humildade é tudo nessa vida.

Eu, a Alice e a Bia entramos no carro. Ligue o rádio. Ela não falou nada o caminho inteiro. Parei na frente da casa dela. Pedi pra Bia sair do carro e levei-a até a porta de casa. Abri e pedi pra ela entrar.

- Eu sei que vocês vão se beijar.

- Pestinha. - Ela riu. Fechei a porta e voltei pra onde a Alice tava.

- Tchau. - Ela murmurou.

- O que eu fiz? - Perguntei me aproximando.

- “Posso dar carona pra ela”. - Ela me imitou. Gargalhei.

- Mas eu nem conheci a menina ainda e você já tá com ciúmes.

- Quem disse que eu tenho ciúmes de você? - Parei na frente dela.

- Ah, então não tem? - Perguntei de braços cruzados. Ela empinou o nariz.

- Não!

- Então eu vou ligar agora pra uma das meninas. Até amanhã, Alice. - Dei um beijo na testa dela.

- Vai ligar mesmo?

- Vou ué. Te falei que ia. - Dei a volta no carro com o celular na mão. Peguei o primeiro número de menina que vi na lista de chamada.

- Se você ligar, eu vou dar na sua cara, Andrew! - Parei de andar.

- Mas você disse que não tem ciúmes. - Disse rindo. Alice fez bico. Coloquei o celular na orelha. - Char? Oi. É o Andrew. Tá fazendo o que? - Alice me deu um soco no peitoral. - Ai, sua cavala! Doeu.

- O que essa vadia respondeu?

- Não liguei pra ninguém. Isso foi pra tirar a prova que você tem ciúmes de mim. - Ela revirou os olhos.

- Boa noite, Andrew. - Ela disse irritada.

- Boa noite. - Puxei ela pra um beijo. Alice ficou surpresa no começo, mas depois de uns segundos começou a fazer carinho na minha nuca. No separamos e ela piscou algumas vezes.

- Odeio você. - Ri.

- Tá bom, mentirosa. Até amanhã. - Entrei de novo no carro e o guardei na garagem. Entrei em casa pela cozinha.

- Sua mãe tá namorando mesmo? - Eu realmente pulei de susto. Estava tudo escuro! Acendi a luz e vi meu pai sentado na cadeira em frente a mesa.

- Isso não é da sua conta.

- Lógico que é.

- Sim. Ela tá namorando.

- Ele trabalha com o que?

- Empresário. - Disse revirando os olhos. - O cara é melhor que você, pelo menos.

- Tá pensando que tá falando com quem, moleque? - Não respondi. Subi as escadas. Ouvia os passos do meu pai atrás de mim. Fechei a porta. - Abre a porta, Andrew! - Não respondi. Passei a chave e fui pro banheiro me arrumar pra ir dormir.