O Garoto De Reparos Da Rainha. escrita por Pamonha


Capítulo 4
Uma tarde greco-romana.


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa a parte do Leo estar tão curtinha e a parte da Reyna estar enorme, mas foi pura distração. Sei que vocês devem estar achando que eu enrolo demais para chegar na parte emocionante, maaaaas eu estou tentando preparar todo um clima e um cenário convincente.
Obrigado pelos reviews, eles me deixam idiota de tão feliz !
Aproveitem !



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POV Leo.

Leo não dormira bem naquela noite. Para ser sincero, ele nem ao menos havia dormido. Ficara a noite inteira começando os reparos internos iniciais, tentando não fazer barulho. Mas porque estava fazendo isso ? Ele também não sabia ao certo, mas ao lembrar-se da expressão angustiada e perdida da pretora romana, que dormia a alguns metros dali, Leo sentia que tinha que consertar o Argo o mais rápido possível. Por algum motivo, o filho de Hefesto não conseguia suportar a idéia de ver Reyna decepcionada com ele, então, virara a noite consertando coisas.

No dia seguinte, ele estava exausto. Não trocava a roupa nem tomava banho a dois dias e não tinha comido nada desde a manhã do dia anterior. Decidiu então que faria tudo isso, contando com sua hiperatividade exagerada para mantê-lo de pé o resto do dia. Tomou banho, vestiu roupas limpas (ou quase, levando em consideração que todas as suas roupas tinham alguma mancha de óleo permanente) e comeu tantos ovos com bacon pode agüentar. Ah sim, agora ele estava se sentindo bem melhor !

Ele foi para cima, respirar o ar calmo e fresco da manhã. Não sabia ao certo onde estava, mas era um lugar bonito.  Árvores e colinas se erguiam por uma grande extensão, cortadas apenas por algumas estradas e pequenas cidades. Aquilo deixava uma sensação nostálgica no peito do garoto.

Foi até o painel de controle e colocou, com certa dificuldade, o navio para deslizar suavemente pelo céu. Quer dizer, o deslizar suave era entrecortado por rangidos e solavancos leves, o que deixava Leo realmente chateado. Porém ele sabia que ficar se lamentando não iria resolver o problema e pôs-se a trabalhar. Desmontou o painel e começou a trocar fios e engrenagens, reconectar peças soltas e desemperrar os botões e alavancas de comando. O garoto mal prestava atenção no que estava fazendo, seus movimentos eram automáticos.

O sol já estava alto no céu quando ele ouviu sons de passos suaves no convés. Ao se virar, se deparou com Reyna parada, o olhando timidamente. Ela usava uma blusa branca e uma calça jeans simples. Seus cabelos estavam presos numa trança que se desarrumava com a vento. Leo nunca havia visto a deusa do amor, mas suspeitava que ela e Reyna não deveriam ser muito diferentes.

- Bom dia, señorita pretora ! Dormiu bem nas confortáveis estalagens de Leo Valdez ? - Pergutou o garoto tentando não parecer muito impressionado com a garota.

- Bom dia, Sr. Valdez. A noite foi ótima, obrigada. O que está fazendo ?

- Estou consertando esse painel de controle. Ontem a noite comecei uns pequenos reparos lá embaixo, mas não poderia consertar muito mais que aquilo se não consertasse o painel primeiro, sabe ?

- Entendo. Há algo que possa fazer para ajudar ?

- Há sim ! Você pode sentar-se aqui e me fazer companhia ! – Leo podia jurar que viu um leve sorriso cortar o rosto da pretora. Ele estava disposto a fazer os dez ias que passariam juntos valer a pena.

POV Reyna.

Reyna estava acordada a uma boa meia hora quando resolveu se levantar. Ela se trocou e foi ver se Leo estava na Cabine de Comando. Só encontrou as peças mecânicas e a cabeça de Festus lá. Então subiu e viu uma silhueta magrela e descabelada inclinada sobre um amontoado de peças. Se perguntou desde que horas o garoto estava acordado, mas quando ele se virou para lhe dar bom dia, ela percebeu que haviam olheiras e marcas de cansaço e seu rosto. Quando ele disse que tinha consertado algumas coisas naquela noite, Reyna soube que ele nem ao menos havia dormido.

A pretora se sentou na cadeira dobrável onde encontrara Leo no dia anterior e ficou vendo-o trabalhar. O filho de Hefesto movia as mão com agilidade e precisão. Ele nem ao menos parecia reparar no que estava fazendo, era como se a máquina fosse uma extensão de seu corpo. Ela decidiu que achava agradável vê-lo em ação, gostou de sua expressão distraída e de suas tentativas de puxar conversa. Não que as tentativas tivessem algum sucesso. Reyna dava respostas monossilábicas, não por ela não querer conversar, ela queria sim, mas não tinha muita prática com isso. Normalmente só conversava com Lares ou com os centuriões e só de assuntos referentes a pretoria ou a administração e segurança do acampamento. Não tinha o costume de jogar conversa fora simplesmente por ser divertido e isso fazia com que ela não tivesse muitos amigos de fato. Aliás, seu único amigo era Jason, que havia sumido e perdido a memória quando Reyna começava a aproveitar dessa amizade. Reyna não gostava de admitir, preferia achar que sua função de pretora exigia isso, mas ela era sozinha.

Depois de um tempo, Leo parou de tagarelar infindavelmente e a romana começou a se sentir mal com o silêncio. Queria saber mais sobre o grego simpático a sua frente.

- Conte-me sua história com Festus, Sr. Valdez – O garoto olhou para cima e deu seu típico sorriso elétrico para ela.

- Conto sim, mas com uma condição. – A pretora ficou curiosa.

- E que condição seria essa ?

- Que pare de me chamar de Sr. Valdez !

- Achei que havia gostado.

- E adorei ! Mas não combina comigo, não ? Além disso, se vamos passar os próximos dias juntos, poderíamos ser amigos !

- E como gostaria que te chamasse ?

- Me chamaria de Sr. Gostosão ? - Reyna riu com gosto e olhou com simpatia para o garoto.

- Não, não chamaria.

- Nem tudo é perfeito – Deu de ombros – Me chame de Leo, então.

- Tudo bem, Leo, conte-me sobre Festus. – E o garoto começou um longo relato de como ele, Jason e Piper atravessaram o país no dragão de bronze para resgatar a deusa Hera. Quando ele terminou, Reyna não sabia com quem estava mais impressionada. Com Jason por ter liderado uma missão perigosa mesmo sem memória ? Com Leo por ter consertado algo como Festus ? Com Piper por ter tido a força de salvar o pai e Hera ? A pretora era muitas coisas, mas injusta não era. Reconhecia os grandes feitos da garota de Jason. Além do mais, estava feliz por Leo não ter omitido ou tentado amenizar as partes românticas entre Jason e Piper. Isso mostrava caráter e caráter era algo que os romanos apreciavam.

-Leo, isso foi impressionante ! – Ela jurava que o garoto havia corado.

- Ah não foi nada demais, sabe ? Como ciclopes do mal e servos das trevas no café da manhã ! – Reyna riu novamente e a menção ao café da manhã fez lembrá-la de que não minha nada desde a manhã anterior. Leo pareceu notar.

- Santo Hefesto, Reyna, você deve estar morrendo de fome ! Vamos, vou te mostrar meu cômodo preferido deste navio ! – Exclamou o grego, limpando as mão num pano surrado.

Leo conduziu Reyna até o refeitório. Era uma sala ampla, com iluminação forte e uma mesa comprida acompanhada por bancos compridos. Havia um armário de louças em uma das paredes e uma pia na outra. Mas o mais impressionante era as imagens que flutuavam e mudavam em uma das paredes. Leo a deixou para lavar as mãos e pegar a louça, enquanto isso, Reyna olhava as imagens.

A primeira mostrava um pinheiro no alto de uma colina. Olhando bem, conseguiu distinguir a figura de um dragão dormindo debaixo de um dos galhos mais baixo, onde uma espécie de pele dourada brilhava. Na imagem ao lado, viam-se campos de morangos. Os arbustos eram bonitos e bem tratados e os morangos eram luxuriosamente vermelhos. Na outra imagem, uma grande casa azul de madeira de erguia. Reyna conseguia ver duas pessoas sentadas na varanda, jogando cartas. Um homem de meia idade numa cadeira de rodas e um homem com densos cabelos negros e camisa havaiana de leopardo, este lhe parecia vagamente familiar. A imagem ao lado mudou, mostrando então um lago onde duas canoas deslizavam velozmente.

Antes que a pretora pudesse ver qualquer outra cena, Leo sentou-se ao seu lado, entregando-lhe um prato de louça branco e uma caneca igual. Por um momento, a garota se esqueceu das imagens.

- Esta louça é mágica. Um presentinho de Quíron para a missão. Basta pensar no que quer comer, e a coisa aparecerá no seu prato. O mesmo serve para a bebida. – Reyna apreciou a novidade tentou se decidir. Leo fora mais rápido, pois antes que ela percebesse, ele já estava comendo um sanduíche de frango e bebendo algo que parecia refrigerante de laranja (N/A: Momento Kenan e Kel. ‘’Quem ama refrigerante de laranja ? Kel ama refrigerante de laranja!’’. Ok, continuando KK). Reyna então decidiu-se então pelo lanche favorito: sanduíche de atum no pão de forma e limonada. Pequena herança do tempo que morou no SPA de Circe, afinal, aquilo tinha poucas calorias, então todas comiam a vontade. Fez dois sanduíches aparecerem em seu prato e quando se lembrou de parar para respirar, já tinha comido um.

- Desculpa. – Pediu a garota, corando, ao perceber que Leo a olhava divertido.

- Desculpar ? Pelo que ? Por comer como um ciclope ¿ Ora, vamos, Reyna, você deve faminta ! – Riu o menino, fazendo a pretora relaxar.

- Diga-me, Leo, esse lugar nas imagens, o que é ? - Leo olhou para as imagens com um misto de saudades e carinho.

- É o único lugar seguro para semideuses gregos! O Acampamento Meio-Sangue !

Reyna voltou a olhar as imagens. Então aquele era o Acampamento grego ! De sua maneira, era tão impressionante quanto o Acampamento Júpiter. Era completamente bonito e... grego. Como um jardim encantado dos mitos antigos.

- Veja – Disse Leo apontando para a imagem da colina e do pinheiro – Aquela é a colina Meio-Sangue e o pinheiro de Thalia. Ele se chama assim porque Thalia, a irmã caçadora de Jason, se sacrificou para salvar os amigos quando era mais nova. Zeus então se apiedou dela e a transformou num pinheiro. Os deuses têm atos de piedade engraçados. E aquilo brilhando no galho baixo é o velocino de ouro ! O dragão se chama Peleu e ele guarda o velocino.

- Espere, o velocino de ouro ? O velocino de ouro das lendas ?

- Esse mesmo ! Pelo que me contaram, Percy, Annabeth e Tyson saíram numa missão pelo Mar de Monstros para regatá-lo. – Então era isso o que Percy fazia no Mar de Monstros quando explodiu a ilha de Circe ! Ele estava tentando resgatar o velocino !

- Aquela plantação de morangos – Continuou Leo – É a plantação do Senhor D. Os sátiros e campistas ajudam a cuidar dela. Vendemos os morangos para conseguir recursos para o Acampamento. – Era uma estratégia inteligente, pensou Reyna. O acampamento Júpíter, sendo vinculado com Nova Roma, tinha uma economia interna própria.

- A Casa Grande ! – Disse o garoto mostrando a casa azul que vira antes – E estes na varanda são Quíron, nosso instrutor, e o Senho D, o diretor do Acampamento !

- Quíron ? Como o mestre dos antigos heróis gregos ?

- Não é ‘’como’’, minha cara pretora. É o próprio !

- Mas Quíron deveria estar morto a milhares de anos ! Além de ele dever ser um centauro.

- Os deuses o fizeram imortal, Reyna, para que treinasse heróis para sempre. E quanto a ele ser um centauro, ele é ! Mas ele gosta de esconder o popozão peludo naquela cadeira de rodas !

- E o tal Senhor D ? Ele é alguém importante ?

- Ah não ! Ele é só o rabugento Dionísio, deus do vinho, das festas e da loucura. Zeus o mandou para ser diretor do acampamento como castigo por ele ter perseguido uma ninfa proibida. Ah, ele também não pode beber vinho enquanto estiver por lá !

- O diretor de acampamento de vocês é o grande deus Dionísio ?

- Não diria ‘’grande’’, mas sim, ele é.- A pretora estava chocada. Nunca, em milhares de anos, ela poderia ter imaginado que os gregos tinham uma proximidade tão grande com os deuses. Tudo era como uma grande reunião de família para eles !

O filho de Hefesto continuou mostrando coisas sobre o acampamento, como eles se dividiam em chalés de acordo com o parente olimpiano, as mesas também eram divididas assim. Eles tinham  aulas de montaria em pégasos e jogavam algo chamado caça a bandeira. Parecia ser um lugar incrível ! Reyna sentiu vontade de conhecer aquele lugar. De montar de pégasos só por diversão, por jogar jogos e guerra, por jantar com irmãos e irmãs.Ela jamais diria isso em voz alta, sobre pena de perder seu posto de pretora, mas talvez os gregos realmente soubessem  como se organizar e se divertir.

Ao acabarem o lanche prolongado, Leo a convidou para lhe fazer companhia enquanto ele mexia em algumas coisas lá na cabine de comando. Reyna concordou de bom grado e ficaram o resto da tarde conversando o trabalhando. As vezes o garoto pedia a pretora uma pequena ajuda para ela ir pegar tal ferramenta ou segurar alguma coisa enquanto ele ajustava algo . Reyna realmente gostava de vê-lo trabalhar e ela percebeu que ele realmente gostava da companhia dela. Estava correndo tudo bem por enquanto.

Por enquanto.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem ! Prometo que paro de enrolar a partir do próximo capítulo ! Beijão, queridos !