Onze horas da noite. Lisbon estava deitada no sofá de sua casa, olhando para o teto. Com a televisão desligada, pensava nos últimos anos que passaram tão rápido. Já estava quase se esquecendo da época em que começou na polícia. E isso era uma coisa que não podia acontecer. 

Pensava no que tinha acontecido na noite anterior. Tentava se lembrar quem tinha se aproximado primeiro. Ela ou Jane? Quem iniciou aquele beijo? Isso não podia ir adiante. Era errado. Inaceitável na profissão. Mas também era impossível não pensar em Patrick. Lisbon sabia com toda certeza que o amava. Ele também disse que a amava, mas quem garantiria? É tão difícil passar todos os dias ao lado da pessoa amada, sem saber o que ela realmente sente.

"Droga!", pensava Lisbon uma vez ou outra.

Fechou os olhos e tampou o rosto com as mãos, como se repreendesse. Passava tempo demais pensando em Jane. Nos cabelos loiros, nos olhos brilhantes, no sorriso cativante...

"Droga!"

Teresa se levantou e foi para o quarto. Deitou-se e se aconchegou entre as cobertas. Fechou os olhos e começou a imaginar Patrick. Seu cheiro. Sua voz.

"Droga Jane!"

Apesar de Red John, apesar de Lorelei, apesar da sua ironia, dos seus truques, e da forma que resolve os casos sem contar a Lisbon, apesar disso tudo, ela o amava e não podia negar.

Onze e meia. A agente já tinha chorado, gargalhado e suspirado bastante com as lembranças. Finalmente adormeceu. Mas não por muito tempo, pois foi interrompida pela campainha.

Lisbon se levantou sonolenta imaginando quem poderia ser numa hora daquelas. Esfregou os olhos e foi até a porta. Esqueceu de olhar pelo olho mágico e foi logo abrindo a porta.

— Mas o que...

Era Jane. Patrick Jane, bem ali. Parado, encarando Lisbon. Vestido como sempre, com aquele colete que o deixava ainda mais charmoso. Estava com um semblante sereno e um sorriso maravilhoso.

— Boa noite Teresa.

— Você sabe que horas são? — perguntou no meio de um bocejo.

— Sei. Posso entrar?

— Claro. — não podia recusar.

Patrick entrou na casa dando uma olhada em volta. Virou-se e viu que Lisbon o encarava com certa hostilidade. Afinal, aquele não era o horário mais apropriado para uma visita.

— Posso fazer chá? — Jane perguntou, mas não esperou uma resposta.

Foi até a cozinha preparar o chá, sendo seguido por Lisbon. Esta se pôs ao lado do loiro e foi direto ao que lhe intrigava.

— O que você está fazendo aqui?

— Chá.

— Jane?

— Vim te visitar.

— À meia noite? — a morena tentou não se alterar.

— Queria te ver.

— Jane, nós nos vemos todos os dias.

— Precisava te ver agora. — Jane olhou nos olhos de Lisbon. — Preciso de você.

Teresa sorriu se esforçando muito para não parecer uma louca apaixonada e para não agarrar o pobre loiro.

— Já está muito tarde, Jane. É melhor você passar o resto da noite aqui.

Patrick sorriu desviando o olhar. Precisava de uma xícara. Ao achar uma, a encheu com o chá. Deu um pequeno gole com os olhos fechados para apreciar o momento.

— Perfeito.

Lisbon ainda aguardava uma resposta.

— O que me diz?

— Já disse. Seria perfeito.

Jane largou a xícara e se virou para Lisbon. Enlaçou a cintura da menor, puxando o corpo dela para mais perto do seu. Depositou um leve beijo sobre os lábios da morena. Um beijo leve, que foi acelerando e se tornando algo mais fervoroso e cheio de paixão. Algo que confirmava o que ambos sentiam. Que provava o amor de um pelo outro.

Quase sem ar algum, Jane interrompeu o beijo.

— É melhor irmos para cama. Já está tarde. — disse num tom irônico e sorrindo feito um bobo.

— É claro. Não queremos nos atrasar amanhã.

Na verdade os dois nem se importavam com o dia seguinte. Tudo que eles queriam, que eles precisavam, estava bem ali, diante deles.