Stille escrita por Helligkeit


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Rabiscos de alguém que quer escrever o que machuca só de pensar.



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 A lua mal havia tomado o céu ainda, mas por algum motivo a catedral já se encontrava sombria. Também... Para que iluminá-la? Soava obscura até mesmo ao meio dia. Por trás daquelas paredes se escondiam histórias. Histórias algumas que o dono de tudo aquilo tentava esconder. Outras? Seria melhor esquecer. Porém, intensas o suficiente para que não sumissem de sua mente. Nem mesmo quando este se encontrava no mais intenso grau de insanidade.

 O silêncio tomava o papel do protagonista já que, espaçoso, parecia correr por cada um dos corredores barrocos, livremente. Quase como se, depois de tanto tempo, já os tivesse tomado como lar. E talvez fossem. Ao menos não que o dono se importasse. Já que... O local em que o verdadeiro barulho era provocado estava bem abaixo de todo aquele mistério.

 Então o som da portinhola rangente deu as boas vindas, logo quando uma das mãos do padre a empurrou. E boas audições poderiam dizer que haviam escutado, além do ranger da madeira, um grito sufocante, desesperado, que soou do mais fundo cômodo de seu subsolo.

 Mas ele não se importava.

 Tanto que subiu o restante das escadas velhas, e logo deixou que a passagem novamente se fechasse. E quando a madeira novamente tampou o caminho aberto no chão, o mesmo som desesperado pareceu ser engolido pelo silêncio que, sim, já ouvia voltado.

 Akira então caminhou ao encontro de uma das paredes, a fim de prender a tocha acesa pelo fogo, mas quando as pedras foram iluminadas pela chama, expondo o crucifixo logo acima, ele logo ergueu sua mão até o rosto, a fim de que, comumente, fizesse o sinal da cruz.

 Mania dos tempos em que ainda não era ele mesmo um pecador.

 E tão naturalmente quanto, deixou-se virar as costas para a imagem que sofria na cruz. Não tinha mais nada o que fazer ali. Ao menos não pelas próximas horas. Tanto que logo deixou-se caminhar em direção à saída do pequeno cômodo que dava passagem aos maiores segredos de seus tormentos.

 Mais uma vez então se viu perdido em pensamentos. Ou melhor... Quando não estava? Sentia-se solitário na maior parte do tempo. Mas quem disse que ele se importava? Ao menos não parecia. Escondia bem o que sentia. Tanto que foi com aquele olhar perdido, frio, que travou a arma de fogo que carregava em uma das mãos, uma Magnum 38 Taurus, e logo a prendeu próxima ao cós de sua calça já quando, caminhando em passos lentos, subia os breves três degraus que o levavam ao altar.

 Passou reto pelo púlpito – que há tantos anos não era mais usado para obrigações comuns... – como se mal se importasse, já que seus passos, firmes apesar de lentos, o conduziam prontamente para as vidraças que se estendiam por toda aquela parede feita de vidros em tonalidades escuras que se mesclavam como um grande mosaico, tomando todo o espaço. Desde o chão, até o mais alto ponto que o ligava ao teto da construção.

 E foi assim que ele parou, ao encostar sua coluna, coberta pelo tecido de sua camisa social negra, ao encontro de um dos pilares. A fim de que, ali, em silêncio, deixasse que seus olhos puxados se desviassem através dos vidros, como se pudesse enxergar muito através destes - precisamente a casa quase que abandonada nos fundos da igreja, que guardava grandes e dolorosas lembranças - ao passo que cruzava seus braços em frente ao peito, chegando a até amassar a gravata também negra. Mas não se importava.

 Não quando aquilo era uma das coisas que mais costumava fazer. Perder-se em pensamentos, enquanto as horas corriam pelo relógio apressadas... Até que chegasse o momento de cometer mais um de seus pecados. Alguns em nome de Deus.

 Ou melhor, do Vaticano.


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