O Dia Da Caça escrita por Kelly S Cabrera


Capítulo 10
X - Gelo e Fogo


Notas iniciais do capítulo

Wow, que belo plá-- digo homenagem nesse título do cap não? 8D

—O cap ficou bem maior que os outros e caso tenha ficado mto entediante, por favor me avisem sem medo. Eu não mordo :3

—E sim Fenris vem de Fenrir, lobo gigante, filho de Loki (WTF MITOLOGIA?!) e pai de Skoll e Hati, mas assim como Shamash, ele não tem ligação com a mitologia. Só foi uma citação mesmo pq eu adoro fazer isso *v*

—Esse cap é o penúltimo. Suponho que o próximo vai ser menor e mais leve (só suponho pq eu mudo de ideia como ninguém XD)

—Enfim, chega de enrolação da minha parte: Boa Leitura o/



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Zero parou ao sentir um frio incomum percorrer sua espinha. A joia demoníaca pendurada em seu pescoço pareceu mais gelada, ainda que estivesse por cima de uma blusa de malha grossa que usava.

Retirou suas pistolas do coldre vendo uma densa neblina se formar do nada e logo ouviu alguém correr em sua direção. Virou-se para esquerda rapidamente apontando e atirando no vazio, entretanto não houve nenhum sinal de que havia atingido seu adversário. E ele parecia ter desaparecido também, já que não ouvia mais os passos. Contudo não poderia estar mais enganado. Ao olhar para cima viu que o demônio havia, na verdade, dado um salto e estava pronto para arrancar sua cabeça fora. Zero até pensou em atirar, mas em uma fração de segundos seu corpo se moveu para trás numa esquiva mal feita, impedindo o ataque total do demônio e apenas conseguido um corte levemente profundo na altura do peito. Resmungou agachado com um dos joelhos no chão, colocando uma de suas mãos no ferimento e reparou no demônio que estava agora bem mais próximo. Este possuía cabelos brancos repicados fazendo com que uma parte de sua franja caia sobre um de seus olhos azul gelo. Sua pele bronzeada possuía marcas azuladas que lembravam tatuagens e era quase toda coberta por uma armadura cinza-chumbo e enfeitada com algumas penas negras na altura do ombro.

–Eu vejo raiva em você. Eu vejo ódio em você... – Fenris falou. Sua postura era de superioridade e seus olhos brilhavam de uma forma estranha – E... Eu vejo uma brecha em você.

Zero arregalou os olhos conforme suas pupilas dilatavam e seu coração acelerava. Por alguns segundos sentiu-se estranho, quase que em um transe do qual não conseguia se desprender só de olhar para aquele demônio. Por conta disso, mal viu Ametista atacar Fenris.

–Zero, acorde! – Ametista o sacudiu falando alto o suficiente para que ele acordasse do transe.

O rapaz piscou algumas vezes antes de perceber que Fenris não estava mais por perto e que em sua frente estava Ametista, segurando Shamash em sua forma de foice gigante, o olhando num misto de preocupação e severidade. Respirou fundo antes de levantar-se e guardar uma de suas pistolas no coldre e retirou o colar do pescoço, o segurando pelo cordão com sua mão vazia.

–Eu estou bem – Disse tranquilamente, mas não pareceu acalmar Ametista.

–Aquele filho da puta! – Ametista falou por entre os dentes – Vai pagar pelo o que fez com a Lita e pelo o que tentou fazer com você!

Zero pensou em protestar, mas ao ver Ametista correr ainda mais para dentro daquela neblina estranha a segurou pela mão. Seria loucura deixar ela sozinha com aquele demônio, mesmo ela tendo a vantagem de ter poderes de fogo.

–Eu vou com você – Disse decidido.

–Não vai – Ametista rebateu – Você está machucado, e quase foi possuído. Você vai voltar pro...

–Não! – Zero a interrompeu irritado – A última vez que você lutou com um demônio, sozinha, você não voltou!

Ametista estreitou os olhos e se desvencilhou de Zero antes de responder:

–Daquela vez eu não estava preparada como estou agora. – Respondeu a Zero, como se fizesse uma promessa muda e então sumiu dentro da neblina.

Zero deixou o cordão escapar de suas mãos fazendo com que a joia quicasse pelo chão, parando alguns centímetros a sua frente. Atirou uma, duas, três vezes até vê-la em pedaços, estilhaçada, no asfalto. No fim era como ele sentia sua antiga promessa: aos pedaços. Prometera a Ametista que a protegeria quando era mais novo, mas no fim era ele que sempre era protegido e aquilo o frustrava profundamente. Lógico que tinha em mente que não poderia competir com alguns demônios ou até mesmo com Ametista, mas mesmo assim, o fato de não conseguir cumprir o que queria realmente o irritava. Suspirou e começou a caminhar contra sua vontade de volta ao galpão onde estava sua moto, entretanto uma presença o fez parar.

–O que quer agora? – Perguntou sem humor.

Ametista correu atrás do demônio como um cão atrás da presa e parou assim que conseguiu enxerga-lo em meio aquela neblina espessa. Levantou a lâmina incandescente de sua foice o encarando com raiva. Geralmente ela não entrava em uma posição ofensiva, mas ela abriria uma exceção para aquele demônio.

–Então é assim... – Ela começou a falar. O brilho de sua foice lhe dava leves nuances avermelhadas em seus olhos quase brancos. – Fora estraçalhar famílias, você também possui pessoas alheias? Por isso não estraçalhou logo a pessoa que comprou o pingente.

–É uma boa hipótese – Fenris sorriu de forma cínica – Mas o melhor de tudo é que eu encontrei uma mestiça. Quem sabe quando eu a subjugar eu não a tome para mim?

–Vá à merda, seu desgraçado! – A mestiça cerrou os dentes de raiva – Eu farei você em pedaços!

Correu em direção a Fenris que parecia despreocupado, e o atacou horizontalmente com a foice, entretanto algo impediu que seu ataque fosse concluído, levantando uma barreira de vapor em meio aquela névoa toda. Era uma espada de dois gumes um pouco mais fina de espessura do que as espadas convencionais que Ametista via por ai com outros demônios e terminava em uma ponta que julgou ser bem afiada.

Apesar de a arma ser menor, Fenris empurrou a foice de Ametista fazendo com que ela retraísse os braços, dando alguns passos para trás e rapidamente preparou um contra-ataque com sua espada. Lançou-se agilmente contra Ametista em uma sequencia de golpes, da qual nem sempre a mestiça conseguia fugir.

Irritada com o demônio, afastou-se o mais que pode, e segurou com uma das mãos a extremidade mais próxima da lâmina, enquanto afastava a outra o máximo que podia. Sentia que Shamash também estava se irritando com aquele demônio e aquela era uma boa oportunidade para fazer o que queria. Urrou como uma amazona, partindo para cima de Fenris e então baixou a foice como se fosse um martelo, causando uma grande explosão de fogo. A intensidade do golpe foi tão grande que a área em volta foi praticamente toda afetada, fazendo com que a neblina se dissipasse por uns instantes, clareando a visão de Ametista. O asfalto estava destruído, ou melhor, derretido por conta da temperatura elevada. Contudo, Fenris não fora atingido; Estava alguns passos de distancia, balançando a cabeça negativamente, como se Ametista fosse um fracasso e isso fez seu sangue ferver. Aproveitando a oportunidade de que podia vê-lo melhor, voltou a ataca-lo a fim de cortá-lo pelo seu lado direito, mas novamente fora impedida pela maldita espada.

Ametista recuou mais uma vez a fim de ataca-lo de longe, mas assim que seu golpe foi desferido, sentiu algo prender sua foice e correr para cima dela. Soltou o cabo, desviando para trás, com os braços frente ao rosto, sentindo ser levemente cortada. Continuou a se esquivar dos incessantes ataques que Fenris lançava e cada vez ele ficava mais rápido e mais preciso em seus golpes.

Irritado pelo fato de não conseguir atingir a mestiça da forma que gostaria, o demônio criou um pilar de gelo logo atrás de Ametista a fazendo parar, para finalmente ele estocar com a espada exatamente no coração da mestiça. O gelo se desfez, entretanto Ametista permaneceu imóvel e em questão de segundos sua energia explodiu fazendo com que ela entrasse em sua forma demoníaca. Ela lhe deu um soco no rosto para soltá-la e logo girou para um chute que o fez voar longe. Irritada, retirou a espada do peito com um rosnado.

–Não se pode matar quem já morreu uma vez – Falou com a voz distorcida pela transformação, lembrando de sua pequena estadia no inferno e principalmente da tortura que era imposta pelas mãos de Hati, o demônio em forma de anjo.

Ametista correu em direção a sua foice a tocando com a mão direita, fazendo com que seu braço pegasse fogo, entretanto segundos depois uma longa lâmina avermelhada surgiu do dorso de sua mão chegando até a altura do seu ombro. Estendeu suas asas para impulsiona-la em direção ao demônio, mas fora surpreendia por um grande lobo branco que surgiu do meio da neblina. O lobo possuía as mesmas marcas azuladas, entretanto sua energia delatou que aquele animal era Fenris. O animal gigante não deu tempo para Ametista, mordendo-a no braço direito a fazendo gritar de dor. Sentia como se seus ossos estivessem sendo congelados e estraçalhados mesmo com a proteção extra que tinha sobre sua pele, e quanto mais puxava para tentar se desprender mais fundo os dentes enormes do lobo penetravam. Ametista podia ver o sorriso pelo olhar do animal, como se a luta já estivesse ganha para ele. Ametista riu.

Sem pensar suas vezes, com sua mão livre, transpassou suas garras no olho esquerdo do lobo o fazendo soltá-la de imediato. O lobo se afastou se camuflando na neblina, enquanto Ametista parecia ter uma leve recuperação do braço direito. Pensou em correr atrás do lobo, mas sem um braço poderia ser perigoso. Logo o ouviu uivar e ficou na defensiva, entretanto não fora ele que atacou. Do chão, estalagmites de gelo surgiram perfurando todo seu corpo e a prendendo, fazendo que a dor que sentia a fizesse voltar a sua forma humana, largando Shamash.

A luta parecia finalmente ter acabado.

Zero levantou as armas apesar de saber quem era aquela altura, continuou com a mesma atitude.

–Parece que a princesinha levou um pé na bunda.

–Dante, sério, você não tem mais nada pra fazer? – Zero perguntou irritado.

–Claro, até já fiz – Dante respondeu, com um leve ar vitorioso enquanto Zero arqueava levemente a sobrancelha – Devolvi o pingente falso, vale lembrar, pra fedelha e pedi pra Trish encontrar um lugar seguro pra garota. Agora abaixe essa porra de arma da minha cara porque eu que estou irritado aqui.

–Irritado com o quê? Se você levantasse a bunda daquela cadeira pra tentar descobrir alguma coisa, como nós fizemos, saberia que aquele pingente não atrairia o demônio. – Zero rebateu guardando suas armas. – Se enxergue sim?

–Escuta aqui... – o caçador falou por entre os dentes, mas acabou sendo interrompido pelo humano novamente.

–O demônio já é da Ametista, não atrapalhe.

Dante riu.

–Eu até que queria, mas a verdade é que essa Ametista já não precisa mais de proteção. Eu feriria o orgulho dela e ferir orgulho de mulher é pedir pra morrer. – Suspirou.

Entretanto Zero não deu bola. Voltou a caminhar o que fez Dante dar os ombros e ir à direção oposta.

Quando Ametista abriu os olhos, sua visão estava turva e continuava presa no gelo. Apesar disso pode ver Shamash em sua forma humana, impedir Fenris de se aproximar. Tentou se mexer uma vez sentindo a dor se espalhar pelo corpo, o que a irritou. Isso já está virando palhaçada, pensou e fechou os olhos. Concentrou-se em seu poder, tentando esquecer a dor e logo voltou a sua forma demoníaca. Não perderia para Fenris, ou para qualquer outro demônio. Explodiu o gelo com seu poder de fogo, e correu o mais rápido que podia. Gritou para Shamash liberar a passagem e pegou a espada de Fenris que estava no caminho. A espada raspou no chão criando faíscas e assim que a levantou cortou de forma certeira um dos braços do demônio.

Fenris deu um passou para trás, rosnando de dor, mas Ametista não deu chance para Fenris contra-atacar. Girou a espada, fazendo dela uma extensão de seu braço, e deu uma estocada direto na testa do demônio e então com o peso de seu corpo o fez cair o prendendo do chão.

–Ufa. Ele é durão, não é Shamash? – Ametista perguntou em cima de Fenris. Sua cauda enrolava-se em sua perna esquerda como uma cobra constritora.

–Certamente, Jovem Mestra – Shamash possuía algumas feridas, porém elas já estavam em processo de cicatrização.

–Bem veremos o que vamos fazer com esse cachorrinho – A mestiça disse, retirando o peitoral da armadura – Shamash, tire a espada sim?

Como ordenado, o demônio de fogo retirou a espada da cabeça do outro, fazendo com que Fenris se debatesse. Contudo, Ametista cravou suas garras no outro braço do demônio de gelo o que pareceu pará-lo.

–Vamos conversar como pessoas civilizadas, Fenris... Eu lhe darei a dádiva da escolha, não é incrível? Não há muitos que darão isso a você... – Ametista deu uma pausa antes de continuar – Você pode ser meu servo e continuar vivo ou pode ser despedaçado igualzinho você fez com a família da Lita.

–Eu jamais serei seu servo – Fenris ralhou.

–Argh, vocês demônios amam o modo mais difícil, não? – Ametista sorri de forma cruel – Mas tudo bem, a noite é longa.

Tocou o rosto de Fenris com as duas mãos liberando seu poder de fogo. Sentiu o demônio se retorcer de dor ao sentir seu rosto ser queimado por completo. Logo em seguida estourou o joelho do demônio com sua cauda e arrancou o outro braço. Entretanto Ametista esperou que ele se recuperasse, para então refazer tudo de novo num longo processo de regeneração e mutilação da qual parecia diverti-la.

As horas se passaram até que no meio da madrugada Fenris parecia ter, finalmente, sido vencido. Seu corpo brilhou num azul gelo, porém não tão forte a ponto de cega-la, fazendo com que a neblina se dissipasse por completo. Logo seu corpo havia tomado a forma de uma espada de bainha azul gelo.

Ametista deixou seu corpo relaxar, voltando a forma humana e sentindo-se exausta e pegando a espada do chão sorridente. Mas apesar de tudo seu sorriso foi sumindo aos poucos quando percebeu que a espada não saia da bainha de forma alguma, por mais que ela puxasse com força.

–Ele estava falando sério quando disse não a serviria, Jovem Mestra – Shamash comentou.

–Eu percebi, mas nós vamos ter muito tempo juntos – A mestiça sorriu. – Vamos voltar, Zero deve estar preocupado.

Shamash concordou com cabeça. De fato, Fenris parecia irredutível em ser servo de Ametista, mas a jovem parecia ter um plano para esse pequeno contratempo, Shamash já a conhecia bem o suficiente para saber que sim.


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Notas finais do capítulo

Cap gde né? Tava inspirada XD

Enfim, até o próximo domingo. .. O último domingo *chora rios*

~Edit (24/09/2013): Eu esqueci de mencionar que a espada do Fenris é uma espada chinesa chamada Tai Chi (no google vcs acham algo sobre). Escolhi essa espada pq com ela se tem mais liberdade de ataque *v*
Se quiserem um exemplo de alguém que usa essa arma, procurem "Yukishiro Enishi" do mangá Rurouni Kenshin (Samurai X), ele usa essa espada tbm apesar de ter criado um estilo próprio e blablabla (não vem ao caso XD). ~

Beijos



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