Dediquei meu sábado todo a mudança, o que foi um tanto quanto cansativo. Noah ocupou um dos quartos de hóspedes, a casa era grande e eu me dei por feliz pela distância de nossos quartos.

O casal de pombinhos deixou a casa a tarde e a despedida foi bem tranquila. Eu e Sarah choramos de novo enquanto meu pai dizia a Noah que ele deveria cuidar de mim durante o tempo que estivéssemos sozinhos. Pobre papai, mal sabe que o Noah é que precisa ser vigiado.

Noah já estava se sentindo sem casa e tomado conta do sofá, típico dele.

–Noah eu to com fome, quer pedir uma pizza? – Eu realmente estava morrendo de fome.

–Ta, mas tem que ser de queijou, eu só gosto de pizza de queijo – Quem é que só gosta de pizza de queijo? Além de tudo é fresco, mas eu preferi não discutir e apenas disse ok.

Fiz o pedido e corri para o banho avisando Noah que logo a pizza chegaria e ele deveria atender a entrega, mas adivinhe, nem isso o imprestável conseguiu fazer. Enquanto terminava de tirar o shampoo dos cabelos ouvi a campainha tocar, tranquilamente comecei a passar o condicionador e percebi que a campainha ainda tocava. E parecia que o entregador estava um tanto quanto nervoso. Com razão.

Sai correndo do banheiro sem me dar ao luxo de enxugar o corpo, vesti a primeira roupa que vi pela frente e desci as escadas correndo. Tive vontade de matar Noah quando vi que o idiota usava fones de ouvidos enquanto cantarolava de olhos fechados, dei um tapa em sua cabeça e ele abriu os olhos assustado.

Abri a porta e o entregador me encarou. Sua expressão pareceu mudar de pura irritação para algum tipo de abobamento, ele continuou a me encarar olhando dos pés a cabeça. Foi então que eu percebi que minha camiseta branca estava completamente colada ao corpo. O Noah me paga.

–Me desculpe pela demora, mas é que o idiota ali estava dormindo – Me virei e Noah também me encarava com a mesma feição do entregador. Qual é?!

–É... Hm... Tudo bem – O entregador disse sem graça – Eu não pude deixar de sorrir, ele parecia tão sem graça que chegava a ser fofo.

–Deixa que eu cuido disso – Até que enfim o idiota resolveu fazer alguma coisa.

Noah ficou a minha frente como se quisesse me esconder do entregador, rapidamente pagou a pizza e se despediu do rapaz fechando a porta sem esperar resposta.

–Precisava ser tão grosso com o coitado – Perguntei pegando a pizza de suas mãos.

– Você está louca pra atender a porta desse jeito? – Ele disse irritado.

–Eu não tenho culpa se você não tem capacidade nem de abrir uma porta. Vai querer ketchup? – Me fiz indiferente, mas no fundo estava adorando deixa-lo irritado daquele jeito.

–Se eu quero ketchup? Você atende a porta com essa roupa, sorri para o entregador e agora me pergunta se eu quero ketchup? – O que ele estava achando? Eu estava ficando louca ou Noah estava com ciúmes?

–Noah pra que esse drama? Eu nunca mais vou ver aquele cara, e mesmo que eu tivesse dado bola pra ele você não tem nada a ver com isso – Me mantive calma e ele pareceu pensar em uma resposta boa o suficiente.

–Eu só estou fazendo o que prometi para o seu pai. Estou cuidando de você Hayley – Ele disse como se aquilo fosse óbvio – Agora eu acho que melhor você se trocar.

–Que foi? Ta com medo de não resistir à tentação e acabar usando a mesma coisa duas vezes Noah? – Eu disse tocando seus lábios com o polegar.

–Nem se você tivesse sem roupa seria tentação pra mim Hayley querida – Noah sussurrou mordendo meu dedo.

Comecei a rir e subi para me trocar. Enquanto secava os cabelos comecei a pensar que talvez esse tempo que eu e Noah teríamos juntos não seria tão ruim assim, talvez pudéssemos até nos tornar amigos. Se iríamos viver sobre o mesmo teto daqui pra frente porque não tentar transformar nossa relação em uma coisa boa? Seriamos uma família a partir de agora, papai, Sarah, Noah e eu...

[...]

Sabe aquelas baboseiras que eu disse sobre ser uma família e me tornar amiga do Noah? Esqueça tudo aquilo! Eu quero que o Noah morra! Como eu fui ridícula em pensar que esse tempo juntos poderia ser uma coisa boa?

Parece que aquele idiota tem 10 anos, ele só pensa em comer, dormir e ver TV. Eu não sei como essa coisa acha que vai se tornar um advogado, mas estou começando a pensar na hipótese dele ir pra faculdade apenas para se divertir com as garotas.

Depois de lavar toda a louça, atividade na qual Noah se recusou a participar, eu queria apenas me deitar em MEU sofá e assistir algum filme legal, mas não, o senhor Noah Parker tinha que ver um jogo idiota de basquete. Não que eu não goste de esportes, na verdade eu adoro, mas agora eu só queria ver um filme.

Eu estava pronta pra começar a dar a maior lição de moral quando o telefone começou a tocar. Papai!

–Alô– Me atirei na pequena estante ao lado do sofá buscando pelo telefone e acabei batendo meu joelho. Só uma coisa, doeu pra caralho.

–Hay? Tudo bem? - Senti lágrimas brotando em meus olhos,pobre joelho direito. Enquanto isso Noah morria de rir da minha desgraça. Idiota.

–Tudo pai, chegaram bem? -Eu só queria desligar rápido agora e meu pai me ajudou com isso.

–Chegamos bem sim Hay, só liguei pra deixar você e o Noah tranquilos, mas já vou desligar. Amanhã a gente se fala melhor. Te amo Hay!

–Te amo pai, até amanhã!

Desliguei e comecei a chorar mesmo. Juro que nunca senti uma dor tão forte assim. Noah percebeu que eu não estava de brincadeira de chegou mais perto

– Hayley você ta bem? –Ele parecia assustado.

–Noah ta doendo muito - Fiquei surpresa quando ele me pegou no colo e foi até meu quarto. Noah me deitou na cama e disse que ia buscar gelo.

Logo ele estava de volta, trazendo não só a bolsa de gelo mais também uma pomada. Ele se sentou na cama e ajeitou minha perna sobre seu colo. Primeiro colocou a bolsa se gelo sobre o joelho dolorido o que fez os pelos de minha coxa se arrepiarem. Noah deve ter percebido porque sorriu imediatamente pra mim, fingi que não entendi e ele voltou ao joelho.

Depois de um tempo a dor começou a passar e a bolsa de gelo foi retirada. Noah abriu o tubo da pomada e colocou um pouco sobre os dedos, começou então a fazer movimentos circulares sobre o meu joelho e seu toque fez com que os teimosos pelos se arrepiassem novamente.

–Você se arrepia fácil assim sempre ou é a minha presença - Noah perguntou com aquele sorriso matador. Sorri de volta e respondi.

–Pode não parecer, mas eu sou uma mulher sensível.

–Eu sei – Ele disse e deixou que seus olhos verdes caíssem sobre os meus por alguns instantes.

Foi então que Noah deitou novamente minha perna sobre a cama e lavou as mãos no banheiro do meu quarto.

–Se precisar de alguma coisa é só chamar - Ele disse já na porta do quarto.

–Obrigada Noah – Sorri de volta.

–Não há de que – Ele disse já fechando a porta quando colocou a cabeça pra dentro do quarto novamente - Só não vai pensando que amanhã eu vou lavar a louça, Hayley – Ele começou a rir e eu joguei uma almofada na porta.

– Boa noite Hay - Ele gritou já no corredor.

– Boa noite idiota – Gritei de volta.

Eu estava ficando louca ou Noah Parker havia me chamado de Hay?