Seus Olhos escrita por Beatriz de Moraes Soares


Capítulo 5
O aniversário


Notas iniciais do capítulo

Nota: Queridas leitoras, venho informar que por desventura do destino, a fic entrará em um curto hiatus. Tive um problema com meu computador e o levarei à assistência técnica, então não sei quanto tempo ficarei sem escrever. Portanto, me virei e dei "meus pulos" para conseguir revisar esse capítulo usando (por mais de horas) o computador da minha amiga, para no fim dar ao menos uma explicação do porquê a demora dos próximos capítulos.

Espero que tenham paciência e POR FAVOR, não me abandonem. Vocês não têm noção de como essa história é importante para mim.

E também quero saber o que acham sobre a Valerie, Eric, Meri e a megera da mãe da Val! ;$ Sobre como acham que a narrativa está, se está muito lenta ou rápida, e tudo mais...

Nesse capítulo, veremos mais da personalidade forte da mãe de Val, as mudanças de comportamento da Valerie para com a sua mãe e teremos uma surpresa com relação ao nosso americano favorito...

Apreciem!



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– Você está convidado para festejar conosco o aniversário de dezoito anos de Charlotte Ellen Novack neste sábado, dia 26 de Março, às oito horas no seguinte endereço: Street Yalow, 23...


– Não mesmo! – exclama Charlie, pegando o papel que mamãe estava lendo e joga no chão, parecendo uma criança mimada – que convite mais ridículo!


– Charlotte, que modos são esses? – diz minha mãe repreendendo-a.


Era um sábado à tarde e as duas discutiam na sala de TV – enquanto eu assistia uma das reprises que eu havia gravado do The X Factor, ou melhor, tentava assistir, por que com a gritaria das duas era quase impossível –, como iriam ser os convites para a festa de aniversário de Charlie no final do mês.


Na verdade, era mais como Charlie gritar com mamãe já que achava os convites desnecessários já que a festa seria em cima da hora e mamãe questionar dizendo que sim, eram necessários.


– E pra quê colocar meu nome completo? Vai colocar meu registro de identidade também?


– Como você é mal criada Charlotte! – ela se vira para mim – e o que acha disso, Valerie?


– Eu não acho nada! – digo dando ombros e então desligo a TV e jogo o controle no sofá – eu só queria assistir, mas como vocês não deixam...


Desde a semana passada, quando tive minha última crise, tenho dado um gelo na mamãe, que percebendo isso, acaba sempre tentando encontrar algum assunto para falar comigo, mas eu não dou o braço a torcer.


Meu pai tem se esforçado muito tentando deixar de ser “super-protetor”, mas minha mãe parece realmente não ter jeito. Caminho a passos largos pela casa, sem ter uma direção certa para ir. Ouço alguns passos atrás de mim, rapidamente giro meu corpo e visualizo Charlie com um olhar confuso.


– O que está acontecendo entre você e mamãe? – pergunta ela.


– Nada de mais – digo apenas.


Notando que eu não queria prosseguir com o assunto, ela dá de ombros e continua falando:


– Bom, consegui fazer mamãe desistir dos convites ridículos, mas em troca tive que deixar que ela trazer aqueles velhos. Os sócios de papai – ela faz uma careta – então, não será realmente uma festa, será um coquetel idiota com um bolo com pasta americana no final! – ela diz com a voz realmente irritada.


– Por que não cede aos caprichos de mamãe – ela já havia começado a preparar uma careta para mim – e faz uma festa fora daqui mais tarde com seus amigos? Uma festa de verdade, como vocês gostam? Com DJs, coisas psicodélicas e tudo mais...


– Sério? – ela quase grita – realmente é a Valerie Novack quem está me sugerindo isso? Onde está seu eu submissa?


– Cale a boca, Charlotte! Antes que eu conte a sua ideia para ela.


– Engraçadinha – ri ela sem humor – mas isso é uma ótima ideia, Valerie! Porque minha amiga Abigail... Sabe a Abigail Rush? – pergunta para mim e eu aceno que sim sem fazer a menor ideia de quem seria esta tal, então apenas ouço Charlie e sua animação para com seu aniversário.


Após conversar com Charlie, mando uma mensagem para Meredith para confirmar nossa ida amanhã à igreja onde conversaremos com o pastor sobre a cerimônia religiosa do casamento.


Rapidamente ela me responde confirmando e logo após chega outra mensagem, com ela me convidando para jantar em sua casa. A primeira pergunta que faço é se Eric estará lá, ela diz que sim e então dispenso o convite. Ela não responde mais e tenho certeza de se chateou, mas eu não ligo pois é o mais aconselhável a se fazer.


Depois de tomar um banho, deito-me em minha cama e pego meu exemplar surrado de Jane Eyre e meus fones de ouvido. Enquanto entro na bela estória da fascinante órfã Jane Eyre, ouço o álbum Battle Born do The Killers repetida vezes, dando vários replays em minha faixa preferida Miss Atomic Bomb e assim passo meu entusiasmante sábado à noite.



Logo pela manhã, encontro com Meredith na Igreja Presbiteriana onde frequentávamos quando éramos crianças. O pastor nos diz que precisa antes fazer uma entrevista prévia com os noivos para saber o grau de maturidade e a responsabilidade de ambos com relação ao compromisso que irão assumir. Então, marcamos o dia para que Pete e Meredith possam ir.


Depois de sairmos da igreja, fomos a um restaurante almoçarmos.


– Agora precisamos ver o Buffet e a decoração – digo.


– Minha mãe disse que conhece um Buffet ótimo aqui em Londres. Tudo do bom e do melhor – diz Meredith – posso pedir para ela ligar e você ficat livre disso ao menos. Mas eu quero saber do mais importante, Valerie! O vestido!


Rio ao notar seu desespero.


– Podemos passar em uma loja de vestidos de grife aqui perto e...


– Nem. Pense. Nisso! – diz ela pausadamente – eu quero que meu vestido seja único e sobre medida!


– E o que me sugere? – pergunto.


– Bom, uma amiga de família, que fez o vestido da minha prima Loretta, se ofereceu para fazer meu vestido. Ela tem um ateliê de alta costura em Paris. Seu nome é Norah Saint’Étienne.


– Já ouvi falar – comento.


– Então, precisamos marcar com ela para tirar as medidas e olhar alguns modelos – ela diz.


– Tudo bem, eu ligo – faço uma pausa e pego meu bloco de notas e entrego a Meredith – anote o telefone.


Ela o pega.


– Estamos em pleno século XXI e você ainda usa papel e caneta, Valerie? Já ouviu falar em tablet?


– Deixe-me, Meredith – digo e depois de escrever, ela me entrega de volta e guardo-o de volta à minha bolsa. Terminamos de almoçar e vou direto para casa.



No outro dia, ligo para o ateliê de Norah e marco a data para que ela venha à Londres tirar as medidas e mostrar seus modelos para Meredith. No decorrer dos dias, me organizo entre meu trabalho no San Frances e meu extracurricular em tempo integral como madrinha de Meredith Pieruzzi.


Passamos semanas andando de loja em loja atrás da louça perfeita para o Buffet e procurando o melhor champanhe. Supervisionamos a escolha dos pratos do Buffet e escolhemos as flores mais belas para a decoração da igreja. Após ajudá-los com a lista de convidados, Meredith e Pete finalmente marcam uma 13 de Novembro.


– Não acha que está muito perto? – pergunto assim que Meredith me conta.


– Não, acho perfeito – diz ela, através do telefone – poderemos resolver todos os detalhes do casamento e deixar tudo pronto. E então, eu e Pete poderemos voltar a Dublin e procurar nossa casa, voltaremos, nos casaremos e seremos felizes para sempre.


– Compreendo.


– E também o Pastor Anthony só tinha esta data para nós. – completa.


Solto um risinho.


– E a lua-de-mel? Não vimos isso ainda!


– Bom, já não é novidade que eu e Pete... Bom, nos conhecemos muito bem. – diz ela, fazendo um barulho engraçado com a voz ao final da frase – Então, decidimos não ter lua-de-me. Vamos fazer uma viagem no final do ano para Toscana.


– E a noite de núpcias?


– Vamos ficar em um hotel cinco estrelas aqui em Londres. E no outro dia voltaremos à Dublin.


– Tudo bem – digo – agora vamos dar uma pausa nos preparativos do seu casamento? Amanhã é a festa de aniversário da Charlie. Você virá, não é?


– Claro – diz ela.


– Chame Pete também.


– Tudo bem.


Desligo o telefone.


São mais ou menos seis e meia da tarde do dia seguinte. Após terminar de me arrumar, colocando um lindo vestido rosa bebê que mamãe me presenteou, vou para o quarto de Charlie ajudá-la com sua maquiagem, enquanto mamãe prepara seu cabelo. Ela está sentada em uma cadeira de frente ao espelho da sua penteadeira.


Assim que mamãe sai do quarto e nos deixa a sós, pergunto sobre a “pós-festa” dela:


– E então? – ela pega a pergunta no ar e rapidamente responde.


– Bom, irá ser naquela casa noturna que te disse, a Saturn. Disse à mamãe que iria dormir na casa da Savannah e então está tudo perfeito!


– Que bom, Charlie! – sorrio para ela – mas como irmã mais velha é o meu dever dizer: Tome cuidado, Charlotte!


– Vai ficar tudo bem, Val – diz e depois fica pensativa – por que não vem conosco?


– Eu? Que isso – digo.


– É sério, Valerie – diz ela, levantando-se da cadeira, pegando minhas mãos e começando a dar pulinhos – Vem! Vai ser divertido!


– Onde está sua sensatez? – digo a ela.


– Ficou lá atrás junto com meus dezessete anos, pois agora eu finalmente tenho dezoito! – ela estava realmente feliz – e ano que vem vou para a faculdade! Dá pra acreditar?


– Não – digo sorrindo e então olho fixamente para Charlie – Pois, parece até que foi ontem que mamãe chegou aqui com você em seus braços e eu a olhei deslumbrada. Você parecia uma boneca! Fiquei com tanto medo quando a peguei no colo! E olha você agora! Já tem dezoito anos e vai para a faculdade!


– Pare de sentimentalismo, Valerie Novack! Está parecendo uma velha falando desse jeito! – diz Charlie, se afastando de mim e sentando novamente na cadeira em frente a penteadeira.


– Tudo bem – digo – não está mais aqui quem falou!


Sento em sua cama e fico observando o chão, pensando em algo. Só não sei exatamente o quê. Então, Charlie pergunta sobre os preparativos do casamento de Meredith:


– Bom, parece que está ocorrendo tudo bem – digo – eles já enviaram a lista de convidados para a gráfica fazer os convites e ela já vai escolher o modelo do vestido. Já temos o lugar da festa, a igreja já está tudo certo e o Buffet impecável. Eles já fizeram a lista de convidados e agora só resta receber as confirmações e organizar os lugares.


– Uau! Desse jeito parece até que é você quem vai casar, está organizando tudo! Meredith está te explorando! – disse ela.


– Não está não, Charlie – digo, um pouco irritado com sua acusação – estou adorando fazer tudo isso, é muito gratificante. E Meredith tem ficado muito perdida com tudo.


– E ela tem a mãe dela para quê? Apenas para pagar o casamento?


– Acho que sim.


Depois de Charlie se arrumar, ela desce para recepcionar os convidados. Depois que já haviam chegado boa parte dos convidados, decidi descer. Entre um cumprimento e outro, visualizo Meredith, Peter e... Vislumbro mais alguém ao lado deles. A pessoa está de costas para mim, mas tenho certeza de que sei a quem pertence aquela nuca.


Eric Dawson.


Meredith me vê e acena com a cabeça para mim. Finjo não ter visto, dou meia volta e acabo trombando com Charlie.


– O que foi? Viu uma assombração, Valerie?


– Bem perto – digo, me afastando dela.


Ando a todo instante pelo salão onde os convidados estão concentrados, evitando encontrar com Eric. Fazer isso era quase instintivo. Decido sair dali por um instante, passo pela sala principal e então me sento em um dos degraus da escada. onde solto um pequeno suspiro de alívio.


Abaixo a cabeça e brinco com o bordado do meu vestido enquanto fico cantarolando alguma melodia que desconheço.


– Obrigada por me convidar – uma voz rouca diz acima de mim.


Levanto meus olhos e encontro os dele.


– De nada – digo, dando os ombros.


Queria dizer a ele que não o convidei, que Meredith ou Pete devia ter mentido quando disse isso a ele, mas não o fiz. Prometi a mim mesma não tratá-lo mais assim. Ele sorri e então sorrio de volta.


– Está muito bonita – diz ele, parecendo um pouco tenso – Digo... Você está muito bonita.


– Obrigada.


Ficamos nos observando por alguns instantes e não consigo tirar meus olhos dos seus, eles de alguma forma me fascinam – tão azuis como o céu em um dia ensolarado – e parece que quando eles me observam tudo pode acontecer.


Então, de repente, tia Josephine surge e vem até nós. Creio que talvez com a presença dela, Eric saia, mas ele não o faz e continua encostado no corrimão da escada.


– Olá, querida – cumprimenta-me tia Josephine.


– Olá tia – digo. Ela olha para Eric, e eu me levanto – tia, este é Eric Dawson. Eric, esta é minha tia, Josephine Hayes.


– É um prazer conhecê-la, senhora – diz Eric. Tia Josephine estende a mão para Eric. De início, acho que ele irá apenas apertar a mão dela como cumprimento, mas ele a segura e pousa seus lábios nas costas de suas mãos em um gesto de cavalheirismo que me surpreende. Não só a mim, mas tia Josephine também.


– O prazer é meu, rapaz – posso sentir que ela está envergonhada – Americano, não? – pergunta.


– Sim – diz Eric, sorrindo.


Então tia Josephine se vira para minha direção.


– Valerie, Amelie pediu-me para perguntar se você já conseguiu alguém para tocar no aniversário do San Frances.


Ah, meu Deus! Eu havia esquecido completamente que Amelie havia me dado esta tarefa! O casamento de Meredith havia tomado todo o meu tempo, que não havia passado nem se quer por um instante que eu tinha de fazer. Eu não havia nem ao menos procurado.


– Ainda não, tia – minto.


Tia Josephine faz um muxoxo de tristeza e eu tento fazer a mesma cara de decepção, mas eu só consigo pensar o quanto fui boba. A festa de comemoração de aniversário do San Frances era algo tão importante. Um dia em que todos nós confraternizamos; as famílias, os professores, as crianças...


Todos! E eu me esqueci! A festa seria na próxima sexta, então na segunda bem cedo eu terei que revirar Londres atrás de alguém. Nem que seja um músico de rua que eu tenha que pagar com meu dinheiro e...


– Eu posso tocar! – Eric exclama, tia Josephine e eu olhamos para ele – Desculpe a intromissão, mas se precisam de alguém, eu poderia fazer.


– É nessa sexta-feira, rapaz – diz tia Josephine – não está muito em cima da hora?


– Não tenho nenhum compromisso.


– E você tem banda? – pergunto.


– Posso chamar o pessoal da gravadora para me ajudar.


– Não podemos pagar-lhe, querido – diz tia Josephine.


– Não estou pedindo remuneração – diz Eric – quero fazer.


– Oh, perfeito! – diz tia Josephine, abrindo um sorriso enorme – irei ligar agora mesmo para Amelie. Valerie, você poderia passar o endereço do San Frances a esse belo rapaz?


Afirmo com a cabeça e ela se afasta.


– San Frances é o lugar em que você faz trabalho comunitário? – pergunta Eric, arqueio a sobrancelha e depois ele continua – Pete me contou.


– Sim. – digo.


– Parece legal.


– E é – digo.


– Vou ter que cantar “Atirei o pau no gato”?


Olho para ele e dou um risinho cômico.


– Valerie! Valerie! – ouço berros e reconheço no mesmo instante a quem pertence esta voz – Valerie, onde está você?


Consigo finalmente localizá-la. Ela segura uma taça de champanhe e está com um longo vestido bege. Assim que ela me vê e vê Eric ao meu lado, seu olhar muda rapidamente e não consigo decifrá-lo. Ela se aproxima.


– Estou aqui, mãe – digo.


– Venha querida – diz ela, me puxando pelo braço para longe de Eric – seu pai quer que conheça a filha dos Sutton, Catarina. Ela também dançou balé na academia que você frequentou quando criança.


Ela nem se quer cumprimentou Eric. Observo-o com um pedido de desculpas no olhar, enquanto sou arrastado por mamãe para o outro cômodo. Depois de um tempo, decido me retirar da festa, mas antes entrego o endereço do San Frances a Eric e peço desculpas pelo mau comportamento de minha mãe. Mas ele com sua simpatia americana, diz que está tudo bem, então me despeço dos outros e finalmente vou dormir.


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Notas finais do capítulo

Nota/Beta: Nossa, essa Valerie é mesmo uma velha presa no corpo de uma jovem! Alguém deveria tomar esse bloquinho e jogar na cara dela.

E vocês, pessoas lindas do meu coração, o que acharam do capítulo? Eu sei que a cada dia que passa, o meu desejo de matar a mãe da Valerie aumenta! Espero que a próxima cena de queda na escada seja dela, bem estilo Nazaré Tedesco!