Anteriormente...

-Não quer ir junto Frederico, assim você conhece seu vizinho- disse minha mãe, ele fez uma careta.

-Não tia, deixa a Anna ir lá, ele quer a visita dela, não minha, e tenho outras coisas para fazer então  já vou indo, tchau- falou e foi embora.

Eu e minha mãe entramos em casa, fui tomar um banho e fiquei pensando no que o Fred tinha dito, ele nem conhecia o Lipe e estava falando daquele jeito todo estranho, parece até ciúmes, pensei alto, que isso me repreendi, bem capaz que ele iria ficar com ciúmes de mim né? Terminei meu banho, me vesti e pensei, fazia tempo que não ia mais na sua casa, ele deve até pensar que não gosto mais dele, tadinho, então saí em direção a casa do Lipe.

[...]

Bem hoje é sexta- feira, e olha que legal, eu tenho aula com o Fred!!!, Tá bem, não preciso ser tão falsa assim. Continuando, levantei, coloquei calças de malha, regata, e tênis, o dia estava lindo lá fora, e provavelmente seria quente. Desci e encontrei minha mãe terminando de tomar café.

-Bom dia mãe!

-Bom dia filha, que carinha de cansada é essa?- perguntou.

-É  que ontem eu e o Fred fomos nadar no lago, por isso o cansaço, e só de pensar na aula de educação física hoje, minha mente já se cansa!- falei e ela rio de mim.

-Cansaço psicológico?- perguntou ela.

-É mais ou menos por aí!- falei desanimada e ela rio de novo.

-Viu o que dá ser sedentária?

-Mãe até você!- falei indignada.

-Até eu porquê?

-Adivinha, pensa num vizinho chato, irritante, arrogante, metido, que se acha, ah e idiota?- ela me olhava pensativa- Não vem algum nome em sua mente??- perguntei.

-Fred?- perguntou ela meio na dúvida ainda.

-E você ainda tem dúvida?

-Ué, vai saber!

-Tá, mais foi o Fred, e ele tá com jeito que vai fazer de tudo pra me ferrar!

-Filha não fala assim, eu conheço o Frederico desde sempre, e sei que ele não faria coisa alguma pra te ferrar!- minha mãe achava que ele era um santo, e no fundo ela tinha razão, na frente dela e de todos os outros, ele era um verdadeiro anjo. Mais o simples fato dela não acreditar em mim, me deixava muito irritada, como aquele garoto idiota conseguia fazer com que todos gostassem dele!!! Aff.

-Tá mãe, eu não vou ficar aqui tentando te dar argumentos pra te provar que ele faria sim coisas pra ferrar comigo- andei até a mesa, peguei uma maçã e minha mochila, dei um beijo em sua bochecha- Tchau mãe, bom trabalho- falei e fui em direção da porta de saída.

-Tchau filha- ela pareceu triste.

Saí em direção a casa do Pernudo para pegar o ônibus, ainda não acreditando que tinha brigado com minha mãe por causa dele. Como eu odeio esse garoto, fiquei pensando, não demorou muito e o ônibus chegou, subi nele e me sentei com a Paula. O Fred não iria mais no ônibus eu acho, porque agora sua caminhonete já estava arrumada. Aproveitei e fui contando tudo o que havia acontecido para a Paula.

-Não acho que ele foi meio grosso quando sua mãe perguntou se ele não queria ir na casa do Lipe com você?- perguntou a Paula.

-Eu achei foi estranho, ele não costuma falar assim na frente da minha mãe, mais também, vai entender- falei e ela concordou.

Chegamos na escola e fomos para o ginásio correndo, o ônibus tinha se atrasado e a primeira aula, ou melhor as duas primeiras aulas eram com o Fred. Entramos no ginásio, e todos os nossos colegas já estavam lá. O Fred olhou bem para nós duas com cara de reprovação.

-Que coisa mais linda, as duas atrasadas!- falou ele com um olhar assassino, percebi que a Paula estava até meio encolhida do meu lado, e eu de nariz empinado, não ia me rebaixar por ele.

-É que o ônibus chegou atrasado- falei.

-Não me lembro de ter perguntado o motivo do atraso- ele olhou bem nos meus olhos- Eu perguntei?- sério de cara eu percebi que coitada da Paula, estava passando por tudo isso por minha causa, o problema dele era comigo, não com ela, me senti mal por isso.

-Não- respondi- Você não perguntou- falei controlando minha voz, porque estava furiosa.

-Como já ganharam falta nessa aula, convido vocês a se retirarem e entrarem apenas quando tocar o sinal para a segunda aula- falou ele, nisso bufei de raiva dele. Peguei a Paula por um braço e levei ela em direção a rua.

-Como quiser professor!- falei irônica e saímos.

Ficamos sentadas no pátio esperando dar o sinal para a próxima aula.

-Não acredito que aquele idiota não nos deixou entrar, nós chegamos apenas 3 minutos atrasadas, e não foi nossa culpa, foi do motorista e mesmo assim ele não deixa a gente entrar- falo gritando indignada, com os braços pra cima- Porque Deus? O que eu fiz pra ter que conviver com ele de novo?

-Calma amiga, não adiante levantar os braços pro céu e esperar uma resposta de Deus, eu prefiro acreditar em destino- falou a Paula, e eu lancei um olhar matador pra ela-  Para pra pensar, porque será que isso está acontecendo com você?

- Ai eu não sei, eu só sei que eu tô com vontade de entrar lá e socar ele- falei e ela me olhou assustada- Ai meu Deus eu não sou assim, nunca toquei em uma mosca, sempre achei que tudo se resolve com o diálogo!- parei e olhei novamente pra ela- O que esse garoto tá fazendo comigo?

-Eu só sei que você precisa se acalmar amiga- foi apenas isso que ela disse.

Sentei ao seu lado e ela me abraçou, retribuí ao abraço dela. Ficamos assim por um bom tempo, em silêncio, pensando, até o tempo passar e dar o sinal para a segunda aula. Levantamos e fomos até a entrada do ginásio, ao qual fomos recebidas por ele na porta.

-Olha só temos até recepção?- falei querendo irritá-lo.

-Acho melhor entrarem antes que recebam falta de novo- falou ele com aquele maldito sorriso de lado, pois é, minha tentativa de irritá-lo foi fracassada...