Anteriormente...

–É que hoje começam minhas aulas na faculdade, e mal vou conseguir te ver- fala ele triste.

–Mais com tantas universitárias, não deveria estar triste assim- falo me sentindo ciumenta. Ele olha para minha cara de brava e ri.

–E quem diz que eu quero alguma universitária- ele faz uma pausa, e olha bem nos meus olhos-...se o que eu quero está bem aqui na minha frente- fala ele. Eu me fazendo de boba, olho para os lados, como se estivesse procurando “o que estava bem na frente dele”- Não se faça de boba- ele fala, agora no meu ouvido.

–Se você diz- falo rindo, e me dou por conta que já devo estar atrasada. Dou um selinho dele, e falo- Preciso ir se não me atraso- falo e saio correndo pelo corredor com um sorriso na cara.

Chego correndo na sala, e o professor só me olha com cara feia. Estou tão feliz, que nem dou bola. O resto das aulas passam rápido, e logo chega a hora da aula do Fred. Percebo que ele passa a aula toda me olhando, mais de maneira discreta para ninguém ver. A aula termina, e quando estamos todos saindo do ginásio, encontramos o diretor nos esperando.

–Preciso falar com os alunos responsáveis pela organização da formatura e excursão- alguns que não faziam parte, foram saindo, por fim restando apenas: André, Caio, Priscila, Aline, Paula e eu- Bom o que tenho pra falar vai ser bem rápido, preciso que até sexta feira, vocês me mostrem o que vão fazer, por isso reúnam-se essa semana, e me avisem, porque preciso saber pra onde será a excursão, para poder arrumar o ônibus, e também vocês precisam me falar o tema da decoração da festa, tenho que pesquisar preços e achar uma decoradora, então estou esperando isso tudo resolvido na sexta...era isso, vocês já podem ir- fala ele virando de costas e indo embora, nos deixando ali.

–Que dia vamos fazer a reunião?- perguntou o Caio.

–Por mim pode ser qualquer dia- falou a Paula, olhando toda sorridente para ele, pera aí, acho que perdi alguma coisa.

–Eu não posso terça, quarta e quinta- falou a Priscila.

–Se a Pri não pode, eu também não- falou a Aline, o Maria vai com as outras, bah, tirei essa do fundo do baú.

–E porque vocês não podem?- perguntei.

–Porque temos que ir fazer a unha, arrumar o cabelo, essas coisas que você não está familiarizada- falou ela, me olhando com cara de nojo de cima a baixo.

–Então deixa eu ver se entendi- falou o André- Vocês só podem na sexta?- perguntou.

–É, isso aí- falou a Priscila, achando o máximo que alguém tinha entendido ela.

–Você é burra ou se faz?- disse o André, fazendo ela bufar- Não ouviu que sexta, S-E-X-T-A, nós temos que ter tudo isso planejado, isso tem que ser feito antes- falou ele irritado já.

–Quem você pensa que é pra falar comigo assim?- pergunta ela furiosa.

–Fala com a minha mão- diz ele, colocando quase a mão na cara dela, e fazendo aquela brincadeira de mexer a mão- e não incomoda já que não vai vim- diz ele e se vira pra nós. Ela sai como um furacão, e sua leal seguidora vai atrás dela.

–Quarta a tarde dá pra todo mundo?- perguntei. Todos concordaram- Então está combinado, cada um trás uma ideia de viagem e decoração e fazemos uma votação.

–Beleza-falou o André indo embora.

–Vamos amiga?- perguntei.

–Vamos sim- falou e virou-se para o Caio- Tchau.

–Tchau- ele falou sorrindo. Com isso, fomos indo para a parada do ônibus.

–Acho que alguém andou vendo passarinho verde!- falei me vingando dela, que só riu- Quero saber de tudo depois hein.

–Temos muitos assuntos pendentes- falou ela.

–É você não tem nem ideia- falei.

Subimos no ônibus, e passamos o caminho inteiro conversando sobre assuntos diversos, e combinamos que a noite iriamos ver um filme .

–Que filme a gente vai ver?-perguntou ela.

–Espíritos 2 - falei toda empolgada, já arquitetando um plano para assustar ela de noite, pois sei que ela morre de medo, eu também morro de medo, mais finjo que não, apesar de dormir com um abajur ligado e com a cabeça toda tapada, mais não me apego a detalhe.

–Você sabe que tenho medo de filme de terror- falou ela .

–Não precisar ter medo, eu vou fazer uma cama pra nós dormirmos na sala vendo o filme, eu vou estar do seu lado, não precisa ter medo.

–Só você pra me convencer a assistir filme assim- falou e eu sorri vitoriosa.

–Eu sei ser convincente- falei e ficamos rindo.

Chegamos na minha casa, e fui ver algo para almoçarmos. Só tinha comida velha pra aquecer. A Paula como puxou a sua mãe, e sabe cozinhar super bem, se ofereceu para fazer o almoço. Ajudei ela, tá bem, eu só coloquei na mesa, mais fazer o que, filha de peixa, peixinha é, minha mãe não sabe cozinhar, então acho que tenho uma boa desculpa pelo meu total desastre na cozinha. Por fim, sentamos e fomos comer arroz, salada e panquecas, com molho e tudo.

–Ai amiga, eu acho que você precisa vim mais vezes aqui em casa- falei e ela riu- Não, eu vou falar com seus pais e vou te trazer para morar aqui com nós.

–Eu não, você vai me fazer de sua empregada, sua mãe vai me idolatrar, e você me colocar no tronco- falou rindo- E vou sair cantando pela casa “lerê lerê le le le le lerê- falou ela.

–Ai meu coração- falei colocando a mão no peito de forma dramática- Acho que não sobrevivo depois dessa- falei já quase rindo.

–Deixa de fazer essa sua carinha que você sabe que o que falei é a mais pura realidade- falou ela. Saí do meu personagem.

–Tá bem, tem razão- falei admitindo- Mais eu não tinha tocado no assunto do resto da casa, seria só cozinhar, pelo menos eu teria companhia para cantar “lerê lerê”- caímos na risada.

Estudamos durante toda a tarde, pois é, prova de física é de matar. Tomamos café, e subimos para o meu quarto para conversar. Ela me contou que depois que eu fui embora da festa, ela e o caio ficaram, quase pulei de alegria por eles, afinal, me senti um cupido. Quando falei pra ela que o tal mascarado que estava conversando com a Priscila era o Fred, ela ficou de boca aberta.

–Não acredito nisso, tipo nossa nossa- falou- Essa da sua mãe flagrar vocês deve ter sido sensacional, droga, queria ter visto.

–Digamos que foi meio constrangedor- falei. Continuamos colocando o papo do final de semana em dia. Escutei um barulho lá em baixo, e descemos para ver minha mãe chegando completamente morta de tão cansada.

–Você não tem noção, foram muitas consultas e três partos- falou e suspirou- Parece que as crianças combinaram de nascer todas hoje- falou e ficamos rindo dela.

A Paula fez a janta, e ainda falou rindo que não se importa, na verdade ela ama cozinhar. Também quem quer fazer gastronomia, ao meu ver, pelo menos tem que saber cozinhar alguma coisa e gostar disso. Ela fez uma macarronada, que ficou uma delícia. Jantamos e minha mãe falou que iria se deitar, pois estava muito cansada. Carregamos o colchão, travesseiros e cobertas para a sala, e arrumamos nossa cama. Colocamos pijama, escovamos os dentes, e fomos correndo para baixo das cobertas, pois aquele dia estava muito frio.

Colocamos o filme e nos deitamos. Já no começo, a Paula se agarrou no meu braço, e ficou com a outra mão na cara, espiando pelo meio dos dedos.

–Eu não chamo isso de ver filme- falei.

–Ah mais eu chamo, e é assim que eu vejo filme de terror- falou.

Continuamos vendo o filme. O vento na rua fazia barulhos sinistros nas árvores, e até eu estava apavorada. O filme conta a história de duas irmãs gêmeas siamesas( coladas pela barriga). Pra variar, uma era a boazinha e a outra malvada. A boazinha tinha namorado, e a malvada tinha inveja dela, pois gostava do garoto. Resumidamente, a malvada mata a irmã, se passa por ela, e fica com o namorado, porém depois de alguns anos, o espírito da boazinha volta para atormentar ela. A malvada começa a ver a irmã morta e vai ficando louca. Estávamos vendo uma parte que a malvada estava dormindo agarrada em uma almofada, daí ela acorda e vê que está agarrada na irmã dela, nisso estava quase com a cabeça tapada, quando escuto uma batida na porta, tapo de vez minha cabeça. Por baixo das cobertas, tento falar com a Paula, que percebo estar dormindo, aff, não deu nem para colocar o plano de assustar ela em ação, mais pera aí, eu pensando em plano pra assustar ela, e quem estava apavorada agora era eu. Mais uma batida na porta , levanto pé por pé, e espio pela janela, tinha uma pessoa parada, estava tudo escuro, e não dava para identificar quem poderia ser a uma hora dessas.

–Quem é?- pergunto, meio assustada, do nada, a pessoa coloca o rosto na janela, quase colando ao meu, tá bem não tinha como devido ao vidro, mais deu bem para assustar, dou um pulo para trás, e acabo caindo, nossa acho que me quebrei toda, penso colocando a mão nas costas.