Titanic - A Superfície escrita por Lunar Kill


Capítulo 2
Capítulo - Melissa Dawson




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20 de Setembro de 2013 - 18:25 - Entrada do Teatro da Broadway 

Um carro sport preto, carro que transportava Melissa e sua amiga Zoey, acabara de estacionar frente ao famoso Teatro da Broadway. Uma de suas quatro portas fora aberta, dando espaço para que ela pudesse finalmente sair. Finalmente pôde ter uma vista de algo que não desfrutara por anos, não desfruta desta benéfica visão desde o dia que sua querida bisavó faleceu.

Uma vista bem nostálgica...

Já havia se perdido. Esquecera por completo do que estava atrás, ao ir até ali. Desligou-se do mundo exterior graças às lembranças dos tempos em que fazia o que gostava sem que ninguém lhe dissesse para desistir. Seus olhos verdes esmeraldinos - olhos que com certeza herdara de sua bisavó - fitavam intensamente o lugar. Um sorriso bobo se abriu em seu formoso, alvo e jovem rosto.

Para sua melhor amiga, que a observava de longe, Melissa nesse momento parece um jovem garotinho inocente e ingênuo quando vê algo do qual gosta muito. Podia sentir o quão bem ela se sentia parada ali. Imaginava como ela ficaria depois de entrar no teatro. A fazia bem saber que Melissa estava voltando a fazer o que mais ama, desde que sua amada bisavó partiu. Não tem nada de mais em sentir-se feliz fazendo o que você mais gosta, correto?

Não há sentimento mais puro do que a felicidade que se sente, quando você está fazendo o que mais ama...

O motivo de ter se afastado de sua carreira, foi a morte da pessoa que mais a entendia. A doce senhora Rose Dawson a entendia como ninguém. Era ela quem lhe dava motivação para seguir na carreira. Quem acreditava nela. Quem a incentivava a continuar, não importando as barreiras que se pusessem em sua frente.

Os outros não faziam nada além de dizer que tal carreira não dava futuro. Que as chances de fazer sucesso são de uma em um bilhão. Desmotivá-la. Tentar fazê-la desistir. Foi o que aconteceu, depois que a pessoa que mais a entendia veio a falecer. Todos a diziam pra desistir, e finalmente, cedeu às tentações, mesmo depois de ter prometido a ela que continuaria.

Mas agora está disposta a voltar. Não irá dar ouvidos a mais ninguém que tentasse lhe dizer algo negativo. Não estava fazendo isto por ninguém, seguindo o que Rose a havia dito para fazer. Fazia isto por si mesma, e por mais ninguém. Fazer isto não significa desrespeitar a opinião das outras pessoas, mas sim não fazer é desrespeitar a si mesma.

Depois de anos, recebera o convite para fazer um teste, pra participar de um espetáculo que estava a poucos meses de estréia. Por ironia do destino, iria protagonizar o papel para uma peça baseada nas histórias que sua bisavó lhe contava. ''Titanic, o musical'' era o nome que estava há pouco tempo de ilustrar o letreiro de estréia.

Finalmente depois de tanto tempo fora de órbita Melissa acordou para o mundo real. Ajeitou sua jaqueta de couro feminina preta, a erguendo um pouco, adequando-a para ficar pouco acima de sua cintura, combinando perfeitamente com a camisa manga curta branca de renda que estava usando. Estava com roupas perfeitamente adequadas para a ocasião.

Suspirou pesadamente. Deu o primeiro passo em direção aos degraus, degraus estes que eram os únicos frente a Melissa e seu sonho. Estava nervosa, mas ao mesmo tempo, preparada. Era uma atriz, já tinha experiência com isto e já sabia o que viria a acontecer. Lembrar-se disto a fez se acalmar mesmo que um pouco. Sabia que não iria fazer feio. Que não iria fazer vergonha.

Afinal de contas, quem se compromete e faz o seu melhor nunca faz vergonha. Foi isto o que aprendeu, e o que a fez ter tanto sucesso, no passado. Finalmente, já mais tranquila, adentrou no teatro, que estava repleto de atores e atrizes, provavelmente estavam ali pra fazer o teste.

Andou um pouco e parou ao lado da porta. Chegou em uma jovem - que parecia ter mais ou menos sua idade - para pedi-la informação sobre a demora. A jovem a explicou que nesse momento havia uma menina fazendo o teste na sala ao lado, na porta em que ela estava parada.

Agradeceu com um singelo obrigada, voltando para aonde estava de início. Revirou a bolsa em busca da cópia do roteiro que havia recebido, assim que se inscreveu para fazer o teste. Tinha que relembrar algumas coisas. ''Dar branco'', agora, está fora de cogitação.

Não deu tempo nem de virar uma página e um senhor abriu a porta ao lado, chamando-a pelo nome. Entrou na ventilada, serena e vazia sala de espelhos. Recebera a ordem de se direcionar ao centro da sala, aonde estava um belo rapaz, alguém que devia ter sua idade, o mesmo a aguardava com o roteiro em mãos. Provavelmente será ele quem fará a leitura com ela.

No canto inferior da sala havia um grupo de pessoas, provavelmente a equipe de organização do espetáculo. Todos a olhavam fixamente. Não entendera o porque disso. Suspirou novamente. 

- Quando quiser, senhorita Dawson. - indagou o homem que, provavelmente era o diretor.

Antes que pudesse começar ouviu vários comentários das pessoas presentes ali, após ouvir seu sobrenome. O sobrenome Dawson pareceu chamar atenção de todos ali. Tentavam disfarçar mas tinha certeza de que estão falando dela. Imediatamente pensou em começar a leitura, claro que da folha que estava marcada com a cena que leriam. Sentia-se nervosa porque não faz isto há anos. Tinha medo de ter '' perdido a prática ''.

- Ação. - o diretor deu a deixa.

- Mas o que a madame pensa que está fazendo? Não faça isso! - indagou o rapaz, interpretando o que estava em seu texto.

- Eu é que lhe pergunto. Posso fazer o que quiser. Se afaste, não se aproxime! - proferiu as palavras que estavam em seu texto, interpretando-as como a cena pedia.

- Ah não pode mesmo. É meu dever te tirar daí. 

- Eu pulo! - disse ofegante. - Afaste-se de mim, ou eu pulo.

- Vamos lá, me dê sua mão. 

- Se afaste! Dê mais um passo e eu juro que pulo! - exclamou.

- Não pula não. - o rapaz retrucou com um sorriso no canto do rosto.

- É claro que pulo! Quem pensa que é pra me dizer o que eu faço ou deixo de fazer? Nem ao menos me conhece.

- Só acho que se fosse pular, já teria pulado.

- Você está me distraindo. Vá embora!

- Não posso, agora me envolveu. Se você pular serei obrigado a ir atrás de você para te salvar.

- O quê? Pare de dizer absurdos.

- E eu sinceramente não quero ter que ir atrás de você. Não imagina o quanto essa água está fria.

- Fria? - começou a preocupar-se.

- Sinceramente? Congelante, no mínimo dois graus acima de zero. Não se consegue respirar, nem pensar, nem nada, a não ser na dor. Mas espero que volte pra cá, e não me faça te puxar ou pular atrás de você. Considero mais valente aquele que resolve seus problemas de outra forma. 

- Você é louco. - disse. Estava completamente focada no que fazia, sentia-se em outro mundo. Tudo e todos a sua volta, nada importava. Conseguia esquecer todo o sofrimento que tivera no passado, conseguia sentir-se em paz consigo mesma. Tudo de ruim desaparecia, quando interpretava. Por isto era o que mais amava fazer.

- Isto é o que dizem, mas...sem querer lhe ofender, não sou eu que estou pendurado do lado de fora do navio. Venha, me dê sua mão, pense bem, vou lhe puxar a força se não me der a mão. Sou Jack Dawson.

Dawson. Então fora este o motivo de todos comentarem tanto, ao ouvirem seu sobrenome. O espetáculo era...sobre a estória de sua avó? Não entendia. Não conseguia entender como eles haviam conseguido aquela estória. Congelou no mesmo instante, esquecera-se completamente do que estava fazendo ali.

Todos lançavam-na olhares, ninguém entendia o porque de ela ter travado ali. Mas, todos pareciam impressionados com a atuação da jovem Melissa. O diretor que antes observava, rapidamente se aproximou do centro da sala com um sorriso gentil no rosto. Estava maravilhado com o talento de Melissa.

- Obrigado senhorita Melissa, já é o bastante. Você foi ótima. - disse-a.

Sorriu em retribuição, em seguida se retirou da sala. O diretor observara cada passo seu em direção à porta. Assim que a viu sair, andou até o demais pessoal da equipe.

- É ela. - o homem disse. - Ela é a bisneta de Rose Dawson, a senhora do noticiário que contou a história que nos inspirou a criar o espetáculo.

- A sobrevivente do Titanic? Que morreu há alguns anos?

- Sim. Imaginam o quanto isso seria interessante. Mais pessoas pagariam para ver a bisneta da senhora que viveu pessoalmente o romance retratado na peça. Ela tem o visual, a personalidade, o talento...pude ver Rose Dawson ali. Não tem erro, ela é a nossa Rose Dawson! - o homem alegava, com um sorriso enorme no rosto.

- Se você acha... tudo bem. A menina tem o talento e o visual que queríamos. Não vamos mas testar ninguém?

- Por que faríamos isto? Já temos a nossa protagonista!

(...)

Estava em uma lanchonete com Zoey. Mais especificamente, no McDonald's. Estava comendo pela primeira vez no dia. Desde que se lembra, nunca foi capaz de comer antes de um importante teste. Sempre foi assim. Era nostálgico lembrar-se que este era o real motivo. 

Sabe disto porque, se lembra que uma vez foi ao nutricionista justamente para ver se resolvia este ''problema'', mas lá mesmo o homem lhe disse que era normal para gente que tem esse tipo de profissão. A pressão, o stress e o nervosismo fazem isso com a pessoa, ele disse.

- Mas... você acha que foi bem?

- Eu acho que agradei. Só não sei quanto a parte final do teste, que foi quando eu ''travei''.

- Como assim ''travou''?

- Se lembra da estória que minha bisavó contou pra gente uma vez?

- O que é que tem? Não me diga que...

- É. Quando ouvi o sobrenome ''Dawson'' eu congelei. Agora é só aguardar eles me ligarem.

- Melissa, olha ali, sua bisavó está no jornal.

- Pode aumentar um pouco, por favor? - pediu ao balconista, que rapidamente atendeu seu pedido.

- Recebemos a recente informação de que o novo espetáculo da Broadway será inspirado na estória contada pela recém falecida, Rose Dawson. O repórter Frederick Horner a entrevistou certa vez, exatamente no mesmo dia em que encontraram, em meio aos destroços, uma foto que segundo ela, era um retrato pintado a mão, que um artista fez dela, quando era jovem. A senhora revelou que era sobrevivente do naufrágio e chocou o mundo com sua estória de sobrevivente.

- Recebemos também informações que o governo fará uma nova busca pelos destroços do navio. Mandarão novos exploradores ao fundo do Oceano, com submarinos, para aproveitarem da nova tecnologia e ver se encontram algo. Mais informações no site do jornal.

- Você ouviu isso? - a jovem Zoey perguntou a Melissa.

Então foi assim que descobriram... - concluiu mentalmente.- Vamos.

- Mas você nem terminou de comer.

- Termino mais tarde. Vamos.

...


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