Oblivion escrita por Alessandro Campos


Capítulo 4
IV - Um passado não tão distante


Notas iniciais do capítulo

Aos meus caros leitores, Mais uma vez, obrigado por prestigiarem essa fanfiction que lhes escrevo com o maior prazer do mundo. Leio cada review com o coração cheio de alegria por ver que vocês estão realmente entretidos com a história. Por isso, vou presenteá-los com duas surpresas, uma será vista ao longo do capítulo e a outra, apenas no final. Peço que relevem erros de digitação e ortografia que encontrem, não estou fazendo revisão dos conteúdos que escrevo no momento. Boa leitura!



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“Todos se aproximavam do salão principal. Era o primeiro dia do primeiro ano de Draco em Hogwarts. Perto da porta de entrada, ele avista Harry de longe.

– Você por acaso é famoso Harry Potter? – disse, o loirinho ainda criança.

– Si-im – respondeu timidamente o outro.

– Prazer, meu nome é Draco Malfoy. Acredito que gostará de ter boas companhias nos anos em que estudar aqui.

Ron olhou para o menino com um olhar voraz, sabia quem ele era e a história de sua família. Porém, o jovem Harry Potter, não.”

Algumas outras lembranças se seguiram. Como momentos dos dois nesse primeiro ano em implicância um com o outro. E seguiram-se vários flashs de momentos até os últimos três meses. Até que uma lembrança veio à tona.

“Malfoy chorava na pia do banheiro do segundo andar. Chorava alto. Estava com raiva pela escolha que seus pais haviam feito para ele, sem mesmo consulta-lo sobre suas vontades e anseios. Harry, que ocasionalmente passava por ali, decidiu ir ao banheiro, mas nem imaginava o que encontraria em seguida.

Harry abriu a porta e escutou o barulho de água escorrendo pela torneira de uma pia. Entrou lentamente e escutou alguém chorando. Pôde ver uma pessoa na frente da pia e deduziu que o choro vinha da mesma. Se aproximou mais.

– Você está bem? – disse Harry, sem saber a quem se dirigia.

Ao escutar a voz de Harry, o jovem congelou. Ele não sabia que atitude tomar. Talvez pudesse ser arrogante, mas... Já era tarde demais para isso. Harry já ouvira seu choro e não era possível fingir que nada estava acontecendo. Ele procurou se controlar, respirou profundamente duas vezes e, antes de se virar, tentou secar todas as lágrimas de seu rosto.

– Malfoy? – murmurou o moreno – Eu não sabia que você estava aqui.

O rapaz sangue-puro não emitiu nenhum som, apenas olhava para seu inimigo enquanto tentava se justificar.

– Desculpe te atrapalhar. Minha intenção não foi atrapalhar – ele parecia procurar a palavra adequada – seu momento íntimo. Ninguém vai saber que te vi aqui.

Harry se virou de costas e antes mesmo que Malfoy pudesse pensar em responder, Harry já estava à caminho da porta de cabeça baixa.

– Harry! – exclamou Draco – Espera.

Potter parou por um segundo. Uma sensação nova havia tomado conta do garoto. Malfoy, que até então havia sido sempre um entojo para ele, o chamou pelo primeiro nome – algo que não era comum para pessoas que não fossem íntimas no Reino Unido. Draco percebeu o que havia feito, mas era tarde demais para voltar atrás. Querendo ou não, ele já havia demonstrado sua fraqueza para o outro que para o bem ou para o mal, seria sua única salvação.

Harry se virou para Draco. Levantou a cabeça. Olhou nos olhos dele. Ele via que alguma coisa estava diferente. Toda a atmosfera agressiva trazida costumeiramente por Malfoy não estava presente naquele momento. A hostilidade de seu olhar também já não estava mais lá. Ao contrário do que era de se esperar, Draco estava completamente translúcido naquele momento. Era possível enxergar sua tristeza evidente.

– Sim...? – disse o jovem sobrevivente.

– Eu – Malfoy deu uma longa pausa. Os dois se entreolharam.

Respirou fundo e recomeçou.

– Eu – pausou novamente. Era difícil demais para o jovem e rico Malfoy assumir aquilo para si e para qualquer outra pessoa.

Harry não o pressionou, ainda que não conseguisse evitar demonstrar a curiosidade que o sufocava naquele momento.

– Eu preciso de – e Draco pausou mais uma vez, porém, decidiu prosseguir antes que a coragem lhe abandonasse – eu preciso de sua ajuda.

O loiro desviou o olhar. Era demais para ele, assumir que precisava da ajuda de alguém que havia esnobado por tantos e tantos anos. Potter não o desdenhou, como já era de se esperar. Entretanto, o Eleito parecia desconfiado com aquela situação. Malfoy pedindo ajuda para ele? Seria mais algum plano dos Comensais da Morte para atrai-lo para uma armadilha e entrega-lo a Voldemort?

– Perdão – disse o jovem bruxo, olhando para o outro que estava encostado na pia.

– Por favor, não me faça repetir – respondeu Malfoy, ainda desviando o olhar do outro.

Harry respirou fundo. Seria Draco tão bom ator?

– Estou ouvindo – disse Potter, procurando o olhar perdido do outro.

Se aproximou o suficiente para que a conversa tomasse um tom mais baixo, porém, o suficiente para que cada um ainda possuísse seu espaço pessoal.

Malfoy esticou seu braço esquerdo e puxou a manga da blusa social branca que usava. Ele estava com vergonha e ao mesmo tempo, amedrontado com a situação. Expôs sua fraqueza, sua marca negra.

Harry se afastou e segurou em sua varinha que estava presa ao cós de sua calça, sem tirá-la dali. Encarou a marca por alguns segundos. Olhou para Malfoy que parecia indefeso. Se aproximou mais um pouco e tateou a marca. Era verdadeira.

– Eu fui escolhido – disse Malfoy.

Harry não sabia o que dizer ou fazer. Seu instinto de bondade não o permitia sair correndo e contar a Dumbledore como sentia vontade de fazer naquele instante. Algumas das principais qualidades de um aluno pertencente à Grifinória são a coragem e a bondade que existem em seus corações. Por mais que seu bom senso lhe dissesse que aquilo não era uma boa ideia, sua vontade de descobrir mais sobre o que estava acontecendo e seus bons instintos foram mais fortes. Abraçou Draco. Draco corou e não se movimentou.

– O-que vo-cê es-es-tá fazen-do Po-Potter? – sibilou o loiro.

Harry se sentiu constrangido e se soltou do abraço. Corou também. Os dois desviaram seus olhares.

– Desculpe – ele pausou – senti que você precisava de um abraço.

Malfoy estava muito sem-graça para dar continuidade ao assunto.

– Eu não quero ser um deles, Potter – murmurou Draco.

Harry assentiu e apoiou sua mão no ombro de Draco, demonstrando seu apoio.

– Preciso que você prove que isso não faz parte de um plano – afirmou.

Apesar de ter achado aquilo um pouco ofensivo, Malfoy não se defendeu. Era direito do outro de desconfiar da veracidade de suas palavras. Eram inegáveis e incontáveis os momentos em que houvera sido desagradável e até mesmo ameaçador com ele.

– Tudo bem – Malfoy se soltou de Harry e saiu do banheiro.”

Aquela lembrança havia terminado e Harry começou a sentir culpado. Pouco a pouco, as coisas começaram a fazer sentido. Talvez fosse por isso que se sentia tão mal ao ver Malfoy. Ao mesmo tempo, seu sentimento de decepção em relação à Hermione e Rony estava ficando um pouco maior.

Antes que percebesse, estava no pátio de transfiguração. Havia sido transferido para outra memória. Se viu sentado próximo a uns arbustos com Hermione e Rony. Estavam conversando sobre qualquer coisa que ele não se lembrava.

“Harry conversava com Hermione e Rony sobre o ocorrido com Draco no banheiro há dois dias. Desde então, não o vira pela escola e nem sequer ouvira falar do jovem arrogante. Malfoy, sozinho, se aproximou de Harry e seus amigos sem que percebessem sua aproximação.

– Potter – disse o loiro.

Hermione e Rony se levantaram, já se preparavam para responder à qualquer ofensa que lhes fosse projetada.

– Calma – respondeu Malfoy - Eu vim em paz – ele levantou as duas mãos.

– O que quer conosco? – perguntou Harry sem demonstrar agressividade.

– Você disse que eu precisava provar que estava falando a verdade, não disse? Pois bem, decidi começar pelo básico – ele abaixou as mãos e suspirou.

Hermione e Rony se desarmaram. Ainda desconfiados, procuraram ouvir o que o jovem tinha a dizer.

– E então...? – prosseguiu Harry.

– Vim me desculpar com – ele olhou para Hermione e Rony se cima a baixo com um olhar diferente. Um pouco indiferente, um pouco vitimado. Era difícil, mas era sincero.

– Vim me desculpar com a senhorita Granger e o senhor Weasley.

Aquelas palavras foram um baque. Primeiramente, Draco pediu ajuda a Harry. Depois, se “rebaixou” ao nível de Hermione e Ron – inclusive, lhes chamando pelo sobrenome – para pedir desculpas. O nível de desconfiança de todos caiu em cinquenta por cento. Sabiam que seria difícil demais para o jovem Malfoy tomar esse tipo de atitude se não estivesse realmente com problemas.

– E só não o faço em público por motivo de força maior – continuou.

Malfoy não podia mostrar que estava ao lado de Potter em nenhuma hipótese. Se o fizesse, Voldemort poderia usar seus pais para ameaça-lo ou até mesmo mata-lo. O que, de fato, para ele foi um alívio. Ter que se desculpar com os dois na frente de toda Hogwarts seria uma missão praticamente impossível de se sustentar com seu ego.

– Me desculpe por te chamar de sangue-ruim – se dirigiu a Hermione – admito que você é uma garota muito inteligente e que merece reconhecimento por tudo o que faz.

Hermione se envergonhou. Assim como Harry, seu coração bondoso lhe disse que, de alguma forma, Malfoy estava sendo sincero. Ela estendeu sua mão e abriu um pequeno sorriso de canto. Ron aparentou não gostar muito de sua reação. Malfoy apertou a mão da garota e retribuiu seu sorriso.

– E quanto a você – ele se virou para o Weasley – me desculpe por te chamar de pobre e outros adjetivos com o mesmo sentido. Eu sei que você não é ruim e que sua família se esforça muito para ter tudo o que tem. Também a admito muito, pois vocês sabem o verdadeiro significado do que é ser uma família. Do que é o companheirismo e o amor de verdade. Coisa que, por causa da obsessão do meu pai, nunca tive.

Ron ouviu atentamente ao bruxinho loiro. Baixou a guarda.

– Me desculpa? – ele tentou abrir um sorriso e estendeu sua mão, assim como o fez com Hermione.

Rony foi relutante por alguns segundos, mas, convencido pelos olhares de Harry e Hermione, abriu um sorriso e cumprimentou Draco.

– Bem-vindo ao lado bom! – disse, apertando a mão do loiro.”

Sentido era uma coisa que não existia naquele momento. Se todos estavam bem, amigos, por que Hermione havia usado o feitiço de esquecimento em Harry? Teria sido ciúme de Draco? Não, era pouco provável. Seus amigos não seria tão egoístas. Então, se não era isso, o que mais poderia ter motivado seus amigos a fazerem aquilo?

Mais uma vez, Harry havia sido mergulhado em outra lembrança. Estava na sala precisa e não havia mais ninguém lá. Caminhou até encontrar a ele mesmo e Draco praticando alguns feitiços.

“- Agora vou te ensinar a executar o feitiço do Patrono corretamente – dizia Harry, enquanto apontava a varinha para a parede – preciso que pense na melhor lembrança da sua vida. Se concentre nisso.

Draco vasculhou sua mente e procurou lembrar do dia em que entrou em Hogwarts. O dia em que foi selecionado para entrar para a Sonserina. Afinal de contas, aquele sempre fora um sonho que tinha quando criança.

– Pensei – disse o loiro.

– Agora, aponte sua varinha para o dementador imaginário – ele deu uma pequena risada – foque-se nessa sua lembrança e repita bem alto: Expecto Patronum!

Draco ouviu atentamente à voz de Harry e procurou seguir com exatidão tudo aquilo que havia lhe dito.

– Expecto Patronum! – ele viu uma pequena luz sair da ponta de sua varinha, durar alguns segundos e se apagar.

– Pelo visto, essa memória não foi suficientemente boa. Os dementadores se alimentam de coisas boas, por isso, é preciso que você pense numa coisa extremamente boa. No que foi que você pensou? – perguntou Harry.

– No dia em que fui selecionado para a Sonserina – respondeu.

– Então procure uma lembrança mais feliz.

Novamente, Dracou vasculhou sua memória em busca de algo que lhe tomasse de uma sensação boa. Pensou. Pensou de novo. Encontrou.

– Expecto Patronum!

Um grande dragão rabo-córneo húngaro saiu da ponta de sua varinha. Os dois ficaram maravilhados com a desenvoltura do dragão que emanava uma grande luz branca.

– Uau! – exclamou Potter, visivelmente surpreso – O que que foi que lhe deu essa grande motivação?

Malfoy se segurou por um momento. Respirou fundo.

– Nosso abraço no banheiro – corou.

O dragão continuava a rodear a sala. Harry ficou sem ação. Os dois estavam próximos.

– E por que isso lhe deu toda essa sensação boa? - indagou Harry.

– Porque você me deu segurança e demonstrou estar preocupado comigo. Nunca havia sentido isso de ninguém – ele ainda estava desviando o olhar.

Harry se aproximou, fechou os olhos e o beijou. Malfoy foi pego de surpresa e permaneceu com os olhos abertos por um instante, tentando entender o que acabara de acontecer. Confuso, porém feliz, deixou que o momento seguisse e fechou os olhos, dando continuidade ao beijo. O dragão deu um voo rasante, em seguida deu meia volta e atravessou os dois, sumindo no ar. Malfoy deixou sua varinha cair no chão e segurou nos ombros de Harry, que o segurou pela cintura. Deram um beijo longo, quente e ardente por um longo momento.

O beijo terminou. Os dois se soltaram e ficaram em silêncio.

– O que aconteceu, Potter? – disse Draco, pegando sua varinha no chão.

– Fiz o que senti vontade de fazer – respondeu, seguro de si. – Estava com vontade de fazê-lo há dias. Depois de ouvir sua afirmação, não havia dúvida de que, mesmo que inconscientemente você também queria.

– E o que acontece agora, Potter? – ele olhou para Potter.

– Vamos ver o que acontece – respondeu Harry, segurando na mão de Malfoy.”

Mais uma vez, as coisas pareciam se encaixar. Aquela dor e angústia que sentira nos últimos dias não fora simplesmente por ter esquecido que Draco havia mudado de lado, mas também porque estava perdida e completamente apaixonado pelo seu antigo inimigo. Se sentiu mal. Havia ignorado a existência de seu amado por dias a fio, sem saber o sofrimento que o mesmo passava. Se estava tudo tão bem, a antiga dúvida retornava: Por que Ron e Hermione haviam feito aquilo?


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Notas finais do capítulo

Yey! Gostaram do capítulo? Bom, a primeira surpresa que mencionei no começo, foi o fato do capítulo ter sido um pouco maior e mais elaborado que os anteriores. E a segunda? A segunda, como é perceptível, esse não foi o último capítulo da fanfiction. Como vocês estão gostando muito da história, quis agradá-los e desenvolvi um pouco mais da mesma. Obrigado por estarem sendo leitores fiéis e gostando do meu trabalho. Espero o review de vocês.Um abraço.