Segredos De Família. escrita por Tauana Indalecio Braga


Capítulo 6
cap 6 - Sob os olhos da Lei




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Annete andava devagar pelo corredor dos quartos. Seu sapato fechado de salto grosso e baixo, fazia um som oco no piso de madeira. Ela parou na frente do primeiro quarto, olhou para porta como se visse do outro lado e seguiu em frente. Parou diante da segunda porta e fez o mesmo, rolando os olhos ao ouvir Alice lendo mais um conto fantasmagórico. Seguiu para o próximo e parou, encarando a porta por alguns segundos, fez menção em abrir, mas parou. Sabia que era isso o que Estela queria, mais um confronto. Annete não daria esse prazer a ela, afinal, tinha coisas mais importantes para fazer do que lidar com a rebeldia de sua neta. Igual a mãe...e vai acabar morta como ela, pensou a velha.

Respirou fundo, contando até dez, ela ainda precisava da fedelha para que seus planos dessem certo. Checou se o molho de chaves estavam no bolso de seu vestido verde, escuro e profundo como seus olhos.

Sentiu o frio das chaves de ferro e sorriu, ela tinha que desestressar, e sabia bem o que lhe acalmava os nervos. Subiu a escada de madeira empoeirada até o sótão. Ninguém subia lá, nem mesmo para limpar. Era o escritório de dona Annete, e somente ela entrava lá. Somente ela, seu demônio e seus convidados especiais, mas esses últimos, não costumavam descer as escadas de volta.

A porta pesada deu um rangido alto quando empurrada sem ser tocada pela velha. Era um boas-vindas para Annete, que entra, faz um movimento com a mão e a porta se fecha atrás dela.

E lá ela ficou por horas, até amanhecer, quando saiu com o vestido sujo com manchas escuras por todo ele. Seus cabelos, mãos e pescoço no entanto, estavam impecavelmente limpos quando passava pela empregada que limpava a casa bem cedo antes das patroas acordarem.

No dia seguinte mais uma reportagem de jovens moças desaparecidas na cidade era anunciada pelas rádios locais. Já era a quinta moça só nesse mês e o povo estava aflito. No começo eram prostitutas, mas agora, moças simples da cidade também começaram a desaparecer.

Marcus ouvia a reportagem enquanto almoçava em seu quarto. Havia dormido demais, sonhara a noite toda com Alice em seu quarto, lendo Blake e pensando nele, pelo menos em suas fantasias.

Ligou para a recepção, nenhum recado de Mari, nem de ninguém. Foi então que se lembrou do recado de seu chefe. Pegou o telefone e ligou para São Paulo.

– Como andam as coisas rapaz? - disse o editor assim que atendeu o celular.

– É uma história grande chefe! Se eu te contasse você não acreditaria.

– Ah é? Então tente.

– É uma família de bruxas! Muitos homens desapareceram, e agora mulheres desaparecem em toda cidade, tenho certeza que tem alguma coisa a ver com elas! Só preciso encontrar alguns ganchos e...

– Bruxas? Você só pode estar de brincadeira com a minha cara! Você foi se enfiar no cu do mundo pra escrever uma porcaria de história sobre bruxas?!

– Calma Seu Teixeira, calma! Eu ainda não contei tudo, uma história sobre homicídios, incesto e o paranormal não vende algumas milhões de copias? Eu teria de discordar.

– Como? - pergunta o chefe mais interessado- que história é essa? Incesto, homicídios...do que você está falando?

– É uma família de mulheres, somente mulheres, e sabe o porquê? Porque elas matam seus maridos!

– Quem disse?

– A cidade toda disse...senhor, mesmo que metade das histórias sejam mentira, ainda assim, daria uma boa matéria!

– Não se elas vetarem essa merda antes mesmo de você lançar!

– Eu...não tinha pensado nisso...

– Rapaz...você tem pouco tempo, não sei o que você fumou, mas volte imediatamente daí, antes que eu esqueça que você existe!

– Senhor, espere, se eu provar que pelo menos uma dessas histórias é verdade, você me deixa ficar? Eu estou gastando meu próprio dinheiro! Tenho tanto interesse nisso quanto o senhor, se não mais...afinal...eu que quero esse emprego! Eu tive provas vívidas de que não estou enganado, podemos até mesmo alterar o nome da família para evitar que elas proíbam de lançar...elas não iriam querer envolver o nome da família se não usarmos o sobrenome delas!

– Você tem dois dias para me mandar uma página que seja sobre a matéria, se eu não gostar, você volta imediatamente! Eu acredito no seu potencial rapaz, não é à toa que eu estou te dando uma chance! Não me desaponte! -finaliza o chefe desligando o telefone.

Marcos sentiu seu estômago gelar. Se não fosse pelo o que havia acontecido com ele, se ele não tivesse visto com os próprios olhos, nem ele mesmo acreditaria. As histórias seriam absurda sem as evidências de que aquele dito demônio existia de verdade. Ele tinha que ter as provas de que alguma daquelas histórias aconteceram de verdade.

Levantou determinado, iria encontrar Mari, eles teriam de achar alguma prova sobre as histórias das Siqueira. Quando foi pegar suas chaves reparou no outro bilhete que o havia sido entregue pelo recepcionista.

Det. Daniel Bandeira, entrar em contato urgente.

Um número para contato estava embaixo. Mas o que um detetive iria querer com ele? Não deu muita importância, enfiou o número no bolso do casaco e saiu. Quando chegou na recepção Mari estava lá, esperando por ele.

– Eu ia chamar você! - disse Mari correndo até ele assim que o viu.

– O que está fazendo aqui?

– Mas...você disse que eu podia! - disse Mari imediatamente, confusa.

– Não, não, não estou reclamando, foi forma de falar, na verdade você me poupou a viagem até sua casa, precisamos começar a investigação logo, meu chefe já veio me atazanar e...- começa Marcos saindo do hotel com Mari.

– Marcos, um policial foi atrás de mim essa manhã. - disse a menina inquieta o interrompendo.

– Um policial? - sussurra ele parando e olhando em volta, certificando-se que ninguém os ouvira.

– Sim...ele me deixou o cartão dele...parece que é sobre as meninas que andam sumindo...mas algo nele me diz que tem algo a ver com as Siqueira! Acho que ele sabe!

– Sabe o que?

– Que são elas que estão matando essas moças!

– Peraí Mari, nem você tem certeza disso!

– Ah, eu tenho sim!

– Ah é como? - diz marcos sobre os ombros continuando a caminhada.

– Intuição!

– Mari..isso não conta como evidencia!

– Ah é? Diz isso pro policial! Tem algo nele...não sei dizer ao certo... mas sei que ele também esta atrás delas!

– Você esta com o cartão dele aí? - pergunta Marcos pensando no detetive que o procurou.

– Tenho...aqui! - disse Mari tirando o cartão de sua bolsinha de crochê. Era como Marcos tinha pensado, era o mesmo policial que o havia procurado.

– Oque você achou dele?

– Bonitão...viril...muita areia pro meu caminhãozinho! - responde Mari corando.

– Mari eu não estou pedindo descrições físicas! Como ele falou com você? O que será que ele pode querer com a gente?

– Com a gente? Ele te procurou também?

– Sim...ontem...

– Iihh...será que é a mando delas? - Mari se desespera. Será que elas estão querendo saber o que já sabemos?

– Primeiro, não sabemos de nada, e segundo, para isso ela pode mandar o diabinho dela, não é pra isso que ele serve?

– Sshhh! Fala baixo! Ele pode escutar- diz Mari em pânico, como se o diabo estivesse logo atrás deles de ouvidos na conversa. Era assim que ela agia sempre que ele se referia ao diabo das Siqueira, sempre ficava tensa, procurando ele por todos os lados, como que só por falar nele, o ser pudesse aparecer diante deles pronto para atormenta-los e mata-los.

– Mari mantenha o foco! Precisamos listar as histórias sobre elas, pegar todos os nomes que aparecem e pesquisar, pesquisar e pesquisar! Tenho certeza que assim conseguiremos pistas e mais historias para desvendar.

– Eu conheço todas de cor, e vivi algumas esqueceu?

– Ótimo, vamos para um café...quer dizer...pra um parque, lá vamos listar as mais tenebrosas, e vamos pesquisar sobre elas.

– Preferia que fosse na minha casa

– Porque? La você estará protegida dele? - desdenha Marcos.

– Não...lá ninguém poderá nos ouvir...- responde Mari visivelmente magoada.

– Tá...me desculpe... não quis ser rude...- diz ele, mas Mari vira o rosto. Marcos chama um taxi e abre a porta para Marí -então...vamos até sua casa.

– Não se preocupe...eu já a limpei! - diz Marí entrando no taxi depois de um olhar magoado para Marcos.

Ao entrarem na rua abandonada e cheio de terrenos baldios onde ficava a casa de Mari, Marcus sentiu um arrepio lhe subir a espinha. Era inevitável pensar no demônio o seguindo pelo caminho, o provocando, rindo dele.

O taxi parou, Marcos o pagou e teve de se apressar para alcançar Mari, que já havia descido do carro e subia os degraus da frente da casa. Realmente a aparência da casa estava diferente, até mesmo a energia pesada do dia anterior não estava mais lá. Quando a porta se abriu, sentiu cheiro de produtos de limpeza de lavanda. Flores azuis foram colocadas num vaso fosco, as cortinas poídas havia sumido, deixando o sol entrar na sala antes escura e fétida. Tecidos de um amarelo dourado cobriam os sofás gastos, as louças finas e bailarinas de vidro agora eram visíveis na cristaleira, mostrando que um dia, a família de Mari devia ter tido alguma posse.

Ele a seguiu até onde seria a sala de jantar, ele nem mesmo se lembrava daquele cômodo. Eles sentaram numa mesa de madeira gasta, muito antiga. Até que Mari se levanta como se tivesse se esquecido de algo.

– Oh...espere...- disse Mari saindo do cômodo.

Nas paredes da sala, quadros já quebradiços pela má preservação. Num deles esboçava entre sua tinta ressecada, campos dourados de trigo, sendo colhidos por mulheres que as levavam num cesto em suas cabeças. Num outro, a paisagem de uma praia também rachada, mas bem visível. O artista era mesmo talentoso, ele viu que a assinatura era a mesma em ambos os quadros, mas estava tão quebrado que não conseguia ler.

– São da minha mãe...quando ela era jovem gostava de pintar! Mas isso foi muito antes de mim...antes de tudo- disse Mari entrando na sala com uma bandeja com uma jarra de suco. - minha avó me mataria se soubesse que não ofereci nada à uma visita...

– Ah sim...a que te criou?

– Sim...sinto falta dela, que deus a tenha eu seus braços misericordiosos. Ela, mais que qualquer pessoa que conheci, merece o céu.

– Esta pronta para começar?

– Sim...estou...

– Muito bem...- diz Marcos tirando seu gravador do bolso do casaco e o ligando – 1, 2 testando, 1,2... - caso Siqueira, entrevistada, Mari. Com que história você quer começar?

– Na verdade, eu estou me arriscando, arriscando minha vida só por te contar essas coisas. As Siqueira não são como qualquer família, elas são bruxas, e quando digo bruxas, não quero dizer que elas são velhas com rugas no nariz que faz poções de amor ou qualquer baboseira dessa. Elas são bruxas, lindas, e letais, que matarão só porque você está no caminho delas. Quando elas se mudaram pra cidade, muitas pessoas começaram a morrer com mortes absurdas. Houveram pessoas engasgadas com a própria língua, afogadas numa privada, enforcadas com gravatas de alturas que faziam com que seus joelhos tocassem o chão. Isso é, mortes “acidentais” impossíveis! E todas elas tinham uma coisa em comum...fofocas sobre a Siqueira, comentários maldosos e coisas do tipo. Algumas mulheres perderam todo o cabelo, e algumas morreram com ferroadas de milhões de abelhas, e todas, todas elas, tinham apenas isso em comum, as coisas ditas sobre a família.

O boato correu rapidamente, houve uma investigação que foi cancelada antes mesmo de começar. Acontece que a dona Annete, na época ainda jovem, era advogada, e acabou com qualquer denúncia ou falatório.

Mas claro que não durou muito tempo, durante os anos, todos os rapazes que as cortejavam, acabava morto de forma trágica. Dessa vez foi desde freios que não funcionavam e acabavam em acidentes automobilísticos horríveis, até morte súbita! Mas me diga uma coisa, que rapaz de 20 e poucos anos morre sem motivo aparente? Eu respondo, nenhum! O que acontece é que o demônio tem ciúme delas! As quer só pra ele, e só admite homens por perto, quando ele mesmo escolhe. Tem de ser um homem forte, que possa fabricar uma bruxa ainda mais poderosa, mas assim que ele consegue oque quer, um outro bebe, ele os mata também.

– Mas e as moças, as Siqueira, que papel elas tem nisso tudo?

– Não sei de todas, mas sei que Annete é quem manda no demônio, mas ele as protege todas, todas são suas. Elas precisam de pelo menos quatro bruxas para fechar o...círculo de poder.- diz Marí sussurrando a última parte, olhando em volta assustada, procurando novamente o demônio pelos cantos.

– Círculo de poder?

– Para fazer feitiços. Bruxaria...para deixa-las mais fortes.

– Perai Mari, que história de círculo é essa?

– Minha mãe viu...ela viu...

– Você me disse que não sabe o que houve na casa, que sua mãe não falava.

– Não te contei tudo, tinha de ter certeza de que poderia confiar em você...mas ela grita enquanto tem pesadelos...descobri muita coisa dessa forma...ela alucinava...

– Pode ter sido um pesadelo.

– Então...esse é o pesadelo mais frequente da vida dela...porque essa é a realidade da minha mãe marcos. Esse demônio, tem poderes que ninguém entende, talvez nem elas. Ele engravidou minha mãe!...duas vezes...e tenho certeza que foi assim que Alice nasceu, aquela ruiva com quem você tanto sonha! Ela também é filha do demônio!

– Como sabe que sonho com ela?

– Eu também sou filha do demônio...posso fazer coisas que outras pessoas não podem.

– Tipo o que?

– Eu leio mente...

– Mentira, desde quando?

– Você sonhou que ela lia o livro do William Blake que você deu pra ela, sonha que ela pensa em você. Está se apaixonando pela bruxa, o que faz de você mais idiota do que pensei.- responde Mari ríspida. Marcos se cala e ela continua- eu vejo coisas, sinto coisas, vejo a intenção das pessoas, por isso fui até você ontem, você poderá me ajudar e descobrir quem é meu pai!

– Você acabou de dizer que é o demônio.

– Ele precisaria de um corpo, não sou tão idiota.

– Como assim? Você diz...possuir um corpo?

– Não sei...talvez... quero descobrir como, com o que, e porque elas matam essas moças, quero saber do que elas são mesmo capazes de fazer sem o demônio. Precisamos entrar naquela casa!

– Opa, opa, como é que é? Você pirou? Isso é crime! - interfere Marcos desligando o gravador.

– E como você planeja saber o que se passa naquela casa? Pode me dizer?

– Mari, respira! Tem de haver uma outra forma menos suicida e dentro da lei! - diz Marcos assustado com Mari.

Mantes que ela pudesse responder alguém toca a campainha.

– Está esperando alguém? - pergunta Marcos se levantando.

– Não...-diz Mari assustada. Os dois vão até a sala, e Mari olha pelo olho magico. - é aquele policial de novo!

– Eu posso ouvi-la do outro lado da porta Srta., pode abri-la por favor- diz o policial. E Mari, com a mão sobre a boca, olha assustada para Marcos que enfia o gravador que ainda segurava nas mãos no casaco, fazendo sinal para que ela abrisse.

– Olá sr. policial, a que devo a segunda visita?

– Eu tenho algumas perguntas para te fazer, e parece que você está com sr Borges, ótimo, já matamos dois coelhos numa cajadada só!

– E o que que o sr poderia querer com nós dois? - pergunta Marcos.

– Temos interesses em comum...já ouviu falar nas moças que andam sumindo na cidade?

– Ahn...sim...mas ainda não entendi o que isso teria a ver com a gente. - responde Marcos desconfiado.

– Eu poderia entrar? - insiste o policial, e Mari abre espaço para o policial entrar, lançando olhares curiosos para marcos que parecia tenso.

Alice acorda, mas antes de abrir os olhos tateou o livro ainda em seu colo. Ela havia dormido com o livro sobre ela numa posição nada confortável. Havia sonhado com Blake, envolto em seus tormentos. A necessidade agoniada de botar pra fora um mundo obscuro criado por sua mente...

Mas antes mesmo que pudesse realmente acordar, viu aquela entidade que acompanha sua família a tanto tempo sentado na poltrona ao lado de sua cama.

– O que está fazendo aqui? Já não mandei você ficar bem longe de mim?

– Ah, não fale assim que me magoa meu pequeno milagre.

– Fique longe de mim! Já disse!

– Porque me trata assim? Sabe que estou aqui para te proteger!

– Como protegeu minha mãe? E minha tia? Não obrigado! Você é o demônio, o demônio! Fique longe bem longe!

– Demônio...é assim que me chamam hoje em dia, mas não era assim que sua tataravó me chamava quando me evocou a muitos anos atrás. Ela me chamava de seu anjo, companheiro e guardião. Nós que começamos essa família, quando ela ainda era uma pobre bruxinha abandonada pelo sertão. Foi lá que ela nasceu e eu também. La que nasceu minha sina e minha missão!

– Que missão?

– Faze-la ficar forte, descobrir, desabrochar seus poderes. Ela demorou um tempo pra florescer...mas você está demorando amis do que eu esperava...

– Eu já possuo poderes, não preciso de você! Na última lua cheia eu...

– Na última lua cheia eu tive de intervir para que você não desmaiasse

– Valentina não desmaia, ela é forte, porque não fica com ela? O que você quer afinal, não é a bruxa mais velha que fica com você depois que a velha morrer?

Não...é a bruxa mais poderosa que fica com a minha guarda...ou melhor, que fica com a minha proteção e devoção...Annete está envelhecendo cada dia amis rápido, por amis que ela tente seus truques para impedir isso...e foi você a projetada para ser minha nova mestra!

– Eu não quero!

– Alguém aqui está te perguntando o que você quer? Você ainda não desabrochou! Quando desabrochar você fara o que eu mandar!

– Achei que havia dito que seria o contrário! Eu seria sua mestre, ou é só algo que você diz para que continuem a fazer o que você quer? Aliás...o que você quer demônio?

– Você nem mesmo diz meu nome! Diga meu nome Alice!

– Nunca!

– Diga meu nome! Diga! - grita o demônio crescendo de tamanho e ficando ligeiramente avermelhado.

– Alastor...acalme-se! - diz Annete calmamente entrando de repente no quarto. - até mesmo os malditos serviçais podem ouvi-lo! O que está acontecendo aqui?

– Diga para esse demônio ficar bem longe de mim! Ele está fora de controle! Ele é teu problema não meu!

– Ai que você se engana querida...como o Alastor disse...você...nasceu para o cargo, só que seu desabrochamento está demorando mais do que previsto. O que não é desculpa para comportamento tão inapropriado Alastor! eu tenho de te lembrar o que posso fazer com você caso se rebelar de novo? - Alastor não respondeu, apenas sumiu. Annete respira fundo e se volta para a neta- tome um banho e se arrume, vamos fazer uma visita a um velho amigo.

– Eu não quero ir, não estou me sentindo bem!

– Oh não querida, isso não foi um pedido, pareceu um pedido? - diz Annete com um sorriso cínico- Ora, então vamos tentar novamente. Alice, vá tomar um banho e se arrume porque vamos sair. AGORA! – diz Annete com uma voz mais firme e autoritária, gritando a última palavra, antes de se levantar calmamente e ir até a porta, se virando uma última vez para Alice antes de se retirar e disse- você tem 20 minutos.

Alice entra no banheiro e bate a porta. Ela toda tremia. Tremia de raiva, de medo e frustração, tudo ao mesmo tempo. Sentia aquela coisa quente e borbulhante lhe corroendo o estomago que conhecia tão bem. Só tinha uma forma de fazer aquilo parar. Correu até a pia, abriu o espelho do banheiro e pegou uma lamina. Ligou o chuveiro e se sentou na privada, puxando a toalha escondida de detrás do vaso, já sujo de sangue velho, seu sangue, e começou a fazer profundos cortes em seu braço.

A dor liberava uma adrenalina que lhe corria pelo sangue, a acalmando mais do que agoniando, e lá vinha a onda gelada formigando seu braço, correndo pelos cortes e os cicatrizando em questão de segundos.

Os cortes estão cicatrizando cada vez mais rapidamente, o que desagradava Alice, a sensação que queria durava cada vez menos, fazendo com que tivesse de se cortar mais vezes para proporcionar a calma que queria.

Lagrimas escorriam dos olhos verdes da moça. O sangue havia sujado seu cabelo ruivo, a cor era mais agradável para ela do que a cor original de seu cabelo. Foi então que teve uma ideia horripilante.

Se olhou no espelho, e se imaginou banhada em sangue, ainda quente e escurecendo a cada minuto com o contato com o oxigênio. Escuro, como sua alma naquele momento, como o ódio que sentia dentro de si crescendo. Alguém iria pagar, e seu alvo já estava escolhido.


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