_- Pai, mãe. Têm um minuto? – Os chamei

- Claro pequena. – Mamãe e Papai levantaram do sofá e vieram ao meu encontro.

“Preciso falar com vocês em particular” Pensei.

- Vamos dar uma volta. – Papai entendeu.

            Saímos indo em direção à Floresta. Era um lugar tranqüilo. Me sentei com as pernas cruzadas encostando minhas costas em uma arvore e embora não houvesse necessidade nenhuma física, papai e mamãe sentaram ao meu lado.

- Eu tenho uma noticia boa para dar para vocês. – Tentei parecer extasiada com a idéia. - Encontrei um emprego excelente!

- Emprego? Você não precisa de um emp;...- Mamãe cortou o papai na metade da fala.

- Que ótimo filha. – Mamãe tentou fingir o mesmo entusiasmo que eu.

- Ela não precisa de um emprego. – Papai ratificou sua posição.

- Daddy, você não quer viva uma vida humana já que estou tendo a chance? Então. Humanos trabalham. – Agora eu peguei ele.

- E que emprego você arrumou pequena? – Mamãe perguntou.

- Eu mandei alguns currículos e recebi uma resposta positiva de uma companhia de publicidade e propaganda.

- Que legal. – Mamãe respondeu.

-... Em Nova Iorque. – Complementei.

- De jeito nenhum – Papai já estava jogando algumas árvores por aí.

- Daddy eu já me decidi. Não vou mudar de idéia.

- Renesmee Carlie Cullen, você não vai e ponto.

- Você não tem o direito de me impedir. – Gritei de volta.

- Como assim não tenho? Eu sou seu pai.

- Eu não vou ficar aqui, eu não posso. Dói muito. Eu fui a única vampira que não queria ser humana. Por quê? Isso não é justo. Tem que haver uma maneira. Pai? Você não entende quão doloroso é.

- Querida, doloroso é não ter você conosco. – Mamãe falou pela primeira vez.

- Desculpe mamãe. Mas eu não posso ficar. – Tentei esconder a tristeza.

- Filha reconsidere. Não queremos que você vá. Será apenas uma questão de tempo até você voltar a ser vampira. – Papai tentou argumentar. Mas eu não mudaria de idéia.

- Eu não tenho tempo papai, então tenho que aproveitar o momento para fazer o que eu quero. E eu quero muito ir para Nova Iorque. – Praticamente supliquei. Papai não resistiu a isso.

- Tudo bem. Pelo menos aquele cachorro vai estar lá para te proteger. – Só que eu não planejava levá-lo comigo.

- Não pai. Eu vou sozinha.

- Como assim? – Mamãe ficou abismada.

- Mãe. Eu descobri que eu não amo o Jake. – Eu não ia contar como eu descobri isso. – Na verdade eu acho que ele não gosta tanto assim de mim.

- Isso não é verdade filha. Ele te ama mais que qualquer outra coisa no mundo. – Ela tava se referindo ao imprinting. Só que na minha opinião o imprinting não passava de uma desculpa.

- E por isso eu tenho que ficar presa a um lobisomem? Isso não é justo. Foi ele quem teve o imprinting e não eu.

- Mas você o amava, o que aconteceu?

- Acho que eu nunca o amei realmente mamãe. Eu fiquei impressionada com aquele lance do imprinting e confundi tudo. Eu tenho uma enorme gratidão pelo que ele fez por nós. Mas não passa disso.

- Filha... – Mamãe tentou começar a frase, mas eu não deixei que ela terminasse.

- Eu sei que eu era impossível quando eu era menor, mas... eu era uma criança. Vocês não deveriam ter me deixado namorar com 9 anos. – Papai abaixou a cabeça. Eu não queria magoá-lo. Mas era a única forma de me livrar do assunto.

- Certo. Precisamos arrumar um lugar para você morar. – Mamãe disse.

- Tenho certeza que a vovó vai adorar me ajudar nisso.

- E suas tias também. – Papai demonstrou que havia se conformado com a idéia.

- Certo.

            Ótimo. Agora vai se com Jake. Eu deveria estar preocupada. Nervosa. Mas há tempos não sentia mais nada por Jake. Sentia desprezo. Como ele pôde.

- Jake? Podemos conversar? – Me aproximei dele.

- Claro meu amor. – Sentei ao seu lado. Não me importava que minha família pudesse escutar nossa conversa.

- Jake me ofereceram um emprego em uma empresa de publicidade e propaganda em Nova Iorque. E eu aceitei.

- Ah... Certo... Eu só tenho que avisar o pessoal lá em La Push e podemos ir. – Agora viria a pior parte.

- Ah... Jake... Eu vou sozinha. – Ele ficou branco. De moreno a papel ceda. Comecei a ficar preocupada se não tinha sido seca demais. Mas... o que ele estava fazendo comigo era muito pior.

- Jake... eu sinto muito mesmo... mas eu acho que é melhor seguirmos nossos caminhos. Não quero mais que você tenha que conviver com “sanguessugas” por minha causa. – Primeira tentativa. Minha culpa. Não rolo.

- Eu não me importo Nessie. Eu te amo. – É claro que ele não se importa.

- Mas eu não te amo mais. – Agora eu acertei em cheio. Ele começou a tremer. Papai veio em meu socorro e me afastou dele.

- Eu nunca a machucaria. Isso só pode ter sido influencia sua ou da loira psicopata. – Certo. Eu tinha razão. Ele não gosta das pessoas que eu mais amo na vida. Tirando minha mãe. Mas sobre isso eu nem quero lembrar.

- De novo? Eu nunca posso tomar decisões por mim mesma. Se você acredita que eu seja tão vulnerável é por que você não me conhece e não confia em mim. Jake, você não me ama. – Já estava começando a me irritar.

- Como não Nessie. Eu faria qualquer coisa por você.

- Isso não significa muita coisa. Eu faria qualquer coisa por qualquer amigo. E isso também não importa mais. Eu to indo embora. E não quero que você me procure mais.

- Mas Nessie...

- Eu sinto muito mesmo Jake. – Menti pela terceira vez na vida.

            Ele saiu de casa já se transformando. Mamãe fez menção para ir atrás dele. Meu olhar revelou minha posição e a de papai também. Mas eu realmente me sentia mal. Por ele ter me defendido naquela noite. Mas... não sei... é estranho. É a minha vida. Não posso ficar presa ao passado. À um passado que não me pertencia mais.

            Agora vou conversar com tia Rose. Eu poderia falar com ela juntamente com o resto da família, mas... há outra coisinha que minha tia amada precisa entender.

- Então você vai embora mesmo princesa? – Ela já tinha ouvido a conversa. Claro

- Vou sim tia.

- Por que?

- Tia eu não agüento mais ficar aqui e me sentir fora do lugar. Essa é a minha família e eu não me sinto mais em casa.

- Por que?

- Porque eu sou diferente de vocês. E eu não agüento mais ver a vergonha em seus rostos. Como se eu não fosse capaz de entender o cheiro que o sangue tem. Como se fosse um pecado mortal vocês querem meu sangue. Como... – Aí não saiu mais nenhuma palavra. Eu não conseguia parar de chorar. – Eu só queria voltar a ser vampira tia. Mais nada.

- Querida você não percebe que você tem o que todo vampiro sonha em ter? Uma nova chance.

 - Chance pra que? Viver sozinha. Isolada. Largada. Tia eu entendo o quanto você deseja ser humana, mas se isso acontecesse o que você faria. O tempo não vai voltar. Sua família humana não existe mais. Os humanos são cruéis com os outros humanos. ... De verdade tia, eu entendo sua posição, mas não concordo com ela. – Ela me abraçou.

- Então somos duas. Não vou mais falar nada a respeito. Vamos encontrar uma maneira de transformar você de novo. Mas por hora. Precisamos encontrar uma linda casa em Nova Iorque.

- Apartamento tia.

- Tanto faz.

- Minha monstrinha vai me abandonar, não acredito nisso. – Tio Emmett entrou no quarto.

- Não tio, eu não vou abandonar ninguém. Eu venho visitar de vez em quanto e realmente espero que vocês também apareçam.

- É claro que nós vamos princesa. – Tia Rose respondeu.

            Falei com o tio Jazz, tia Alice, vovô e vovó na sala. A reação de todos foi a mesma. Tirando tia Alice que já sabia. Mas eles pediram para eu desistir e depois aceitaram. Para a desculpa de eu querer ter uma vida humana eles não tinham argumentos. Vovó foi na hora para o computador atrás de um belo apartamento para começar a reforma. Eu queria igual a nossa casa. Eu sentiria muito a falta deles. Um nó começou a crescer em minha garganta.