Liz Ou A Guardiã escrita por CR


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelo feedback feito das perguntas que fiz no último capítulo!
Antes de mais, quero pedir desculpas (mil) porque prometi algo e não cumpri. A verdade é que estive fechado num quarto escuro sem Internet. Bem... isso não é verdade, mas parece que sim... Enfim, eu já tinha este capítulo escrito, mas revi e mudei tudo à última da hora, e mesmo assim, não estou muito satisfeita, mas não queria fazer-vos esperar mais. Então aqui está!

Boa leitura!



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Verdades e Suposições

Girando sob os calcanhares, ela virou-se para Legolas, vendo-o desaparecer por entre a floresta e, depois de olhar para os amigos, eles simplesmente sorriram, percebendo onde ela iria e trocando um adeus silencioso.

— Ainda nos veremos, com certeza! – Maerthîr sussurrou, acenando-lhe.

Liz andava facilmente pela floresta, sabia a direção que Legolas tinha seguido, porque já a houvera feito muitas vezes no passado. Por essa razão, não se surpreendeu quando encontrou Legolas sentado à beira do lago, a luz da lua e das estrelas a iluminá-lo, o que dava a ilusão de uma imensa magia o rodear. Provavelmente rodeava. Legolas tinha o anel de meloier na mão e olhava-o, concentrado, como se ele tivesse todas as respostas às suas perguntas.

— Devias dormir. – Ele disse sem a olhar. – A viagem será longa.

— Eu aguento meses sem dormir. – Ela respondeu suavemente, sentado-se ao seu lado e arfando ao sentir os seus pés a mergulhar na água fria do lago.

— Antúrias. – Legolas disse e Liz franziu o sobrolho. – O veneno da flecha era de antúrias. Eu e os dunedaín encontrámos o mercenário que cravou a flecha, ele disse o que tinha feito. Os dunedaín também tentaram encontrar-te, sabes? Ele usou veneno de antúrias. Há uma punção extremamente complexa de se fazer, mas também é possível curá-la com a tua magia. Provavelmente se tivesses ficado com teu pai, com o tempo, ele ter-te-ia ensinado.

— Mais tarde soube qual era o veneno. – Liz disse, limpando as lágrimas de culpa que ardiam nos seus olhos.

— Se tivesses ficado com Ibetu, terias evitado a morte de uma criança. – Legolas insistiu ainda sem a fitar.

— Eu sei. E há coisas pelas quais nunca vou deixar de me culpar. Carrego uma grande culpa dentro de mim. – Ela confessou.

— Eu estive a pensar… - Legolas disse, depois de alguns minutos em silêncio. – O anel de meloier que fizeste, ele era adaptável. Tu podias adaptar ao tamanho do teu dedo quando cresceste. Por que razão não o fizeste e preferiste colocá-lo num fio?

— Porque cada vez que olhava para ele, me lembrava de ti, me lembrava do meu antigo eu.

— Lembravas-te de um ser que já não existe. – Legolas percebeu. – Por que razão me dei ao trabalho de manter isto? – Ele perguntou, olhando-a e mostrando-lhe o anel. – De manter algo que, claramente, já não te importa? Que claramente não importa a nenhum de nós dois agora! – Ele disse, atirando o anel para o lago.

— Não! – Liz exclamou, megulhando rapidamente e nadando para ir buscar o anel, felizmente conseguindo. – O que pensas que fazes?! – Ela virou-se para ele, vendo o rosto duro de Legolas.

— Exatamente o mesmo que tu, não me interesso. – Ele disse, pegando no anel de meloier que Liz tinha deixado em carta no dia anterior e atirando-o igualmente.

Liz repetiu o que fez com o de Legolas e foi apanhar o anel, nadando de seguida até à margem, onde Legolas ainda estava sentado.

— Eu interesso-me. – Ela contrariou, pegando na mão de Legolas e colocando os anéis na sua palma. – Ou pensas mesmo que, só por ter fugido, só por me ter afastado dos que amava, deixei de me interessar? Se eu fugi, era porque me interessava, porque me importava com todos, contigo também! É assim tão difícil entender isso?

— Como é que a explicação de teres abandonado todos é a que te importavas? Se te importasses, terias ficado.

— Eu sempre me importei, Legolas. – Ela contrariou, fechando a mão do loiro. – Por que razão achas que estou na missão do Anel Um? Porque me importo. Por que razão pensas que quero cumprir a minha própria missão? Porque me importo. Por que razão é que ainda me doi quando penso em Fran? Porque me importo.

— E eu?

— Legolas, não foste o único ser que abandonei. – Ela disse suavemente. – Achas mesmo que não amo a minha família? Que não me importo com todos os que deixei para trás? – Ela esticou o seu braço até ao rosto de Legolas, que se deixou acariciar, sem se mexer. – Ainda te vejo como o meu melhor amigo, ainda te amo como tal. Eu posso ter mudado, mas os meus sentimentos por ti não.

— Eu já não sou o mesmo. – Ele disse.

— És. – Ela contrariou. – Ainda o és, simplesmente com mais experiências, mas ainda és o Legolas que esteve um dia inteiro ausente para encontrar a prenda perfeita para a sua melhor amiga. Ainda és o elfo que não suporta ver os outros sofrer. De um certo modo, também sou a mesma. Muito mais forte, muito mais experiente e madura, mas ainda sou a Liz que conta as estrelas no céu e que teme ser uma espécie de lua nova.

— Eu não te reconheci. – Legolas disse, finalmente sacudindo a mão de Liz do seu rosto e olhando-a. – Se fosses a mesma, eu ter-te-ia reconhecido.

— Eu cresci! E tu só não me reconheceste porque não quiseste ver. E deixaste-te enganar por meias mentiras porque não quiseste ver. A mágoa é assim tanta?

— Sim. – Ele respondeu firmemente.

— Muito bem. – Ela disse.

— Tu encontraste mesmo o amor? – Ele perguntou, por fim.

— Sim, há já muito tempo. – Ela respondeu. – Mas fui rejeitada, há não tanto tempo. – Ela sentou-se de novo ao lado de Legolas, que virou o rosto para o outro lado.

— Podes voltar para o lago?

— A água está fria. Le… - Ela sentiu-se ser empurrada pelo loiro o que a fez mergulhar e molhar a cabeça completamente. Quando emergiu, o seu olhar era fulminante. – Para que foi isso?

— O teu vestido está transparente por estar molhado. – Ele respondeu, o seu rosto corado.

— Oh… - Ela percebeu, mas depois franziu a testa. – Não é algo que já não tenhas visto, sabes?

— É diferente.

— Como?

— Agora, eu sei quem és e… Tu sabes…

— Percebo. – Liz disse, apoiando-se com os braços na beira do lago, porque mesmo ali, tinha de ficar na ponta dos pés para manter a sua cabeça à tona. – Mas… - Ela sentou-se de novo ao lado de Legolas, desafiando-o com o olhar e ele respirou fundo, suportando. Ela sorriu de lado, erguendo a sobrancelha e ele imitou o seu gesto. Ela cruzou os braços e ele fez o mesmo. Os dois começaram a rir ao mesmo tempo, mas depressa Legolas parou.

— Não!

— Sim! Legolas, continuo mesmo a ser eu. – Ela insistiu. – E posso não ter a memória dos Elfos, mas lembro-me perfeitamente dos nossos estúpidos jogos de silêncio e desses teus olhos generosos. Lembras-te dos meus?

— Sim. – Ele respondeu, por fim, abraçando-a fortemente. – Lizzie!

— Nada de Lizzie, Leggy! – Ela brincou, separando-se do abraço e olhando-o com um sorriso.

— Totó! – Ele sussurrou, acariciando-lhe a face, o seu olhar descendo para os lábios da ruiva que se aproximou dele e beijou-o lentamente, sendo imediatamente correspondida, o que a fez suspirar.

Legolas deitou-se sobre ela na relva, esfregando os seus corpos lentamente, fazendo-a gemer.

— Eu não me lembro desta parte, mas é bem-vinda. – Ela brincou, quando os lábios de Legolas desceram para o seu pescoço. De repente, ele parou, elevando o seu rosto e ela sentou-se, mordendo o seu lábio inferior. – Eu disse a coisa errada, não disse? – Ela perguntou, tentando beijá-lo, mas ele empurrou-a de novo para a água. Quando ela voltou à tona, ele já estava levantado pronto para partir. – O que foi desta vez, Legolas?! És capaz de me dizer?

— Tu… - Ele disse, colocando os anéis do amor no chão. – Tu não és a mesma. Eu penso que seria capaz de te perdoar se, pelo menos, fosses a mesma, mas…

— Eu já disse que sou. O que te faz pensar que não? O meu corpo? – Ela perguntou. – O desejo que sentes por mim?

— Tu acreditavas no amor! – Ele exclamou, apontando-lhe um dedo acusatório. – Lembras-te disso? Tu acreditavas!

— Eu ainda acredito. – Ela disse suavemente.

— Então como é que foste capaz de te entregar dessa maneira a mim, quando me dizes que encontraste o amor há já algum tempo? É verdade que não foi correspondido, mas eu pensei que acreditasses mais, que tivesses esperança.

Liz tinha os olhos húmidos, não pela água do lago, mas porque as lágrimas ameaçavam cair.

— Ou aquelas eram palavras vazias? – Os olhos do loiro arregalaram-se como se uma ideia o assombrasse. – Liz, tu disseste aquilo, tu disseste que encontraste o amor para me dares esperança de que eu encontraria o meu? Tu mentiste?

— Eu não menti! – Ela defendeu-se.

— Então, desculpa, mas houve mesmo uma razão para não te ter reconhecido em Rivendell e não foi não querer ver, foi mesmo porque mudaste.

Liz desviou o rosto de Legolas, ficando em silêncio e esperando que o loiro se fosse embora, ao mesmo tempo que sentia o fundo do lago com a ponta dos seus pés.

— Não me contrarias? – Ele perguntou, fazendo com que ela o olhasse. – Por que razão o fizeste?

— Tu não sabias quem eu era. – Ela respondeu. – Eu queria uma espécie de vislumbre do que tivémos, porque estávamos distantes e… É isso.

— Não, não é. – Ele disse alguns segundos depois, fazendo com que ela o olhasse nos olhos. – Eu vejo que estás a mentir.

— Não estou.

— Estás a mentir de novo. – Ele contrariou.

— Tens razão. Eu estou a mentir. – Ela disse. – Eu já não sou a mesma. Eu já não acredito no amor.

— E eu não te amo. – Ele disse, surpreendendo-a. – Não te mostres surpreendida! Estavas a dizer tantas mentiras que pensei que o melhor era contribuir com outra. – Ele aproximou-se da beira do lago. – É mais fácil perceber quando estás a mentir agora que sei quem és. O que me leva a ver que tu és a minha Lizzie. Quero dizer, não a minha, mas aquela que eu conheci quando criança. – Ele emendou. – Aquela que nunca deixaria de acreditar no amor.

— Eu…

— Então, porquê? Por que razão te entregaste a mim? Por que razão me beijaste hoje?

— Eu beijei-te hoje, porque o meu amor foi rejeitado, Legolas. – Ela disse e, desta vez, não estava a mentir.

— Então, o tempo tornou-te promíscua? Fria?

Liz manteve-se calada, não querendo dizer mais nada, temia falar algo errado. Ela ergueu o rosto ao notar a água agitar-se. Viu, então, Legolas a caminhar para ela no lago. Como era mais alto, caminhava com segurança. Um olhar para a beira do lago foi o suficiente para ver que Legolas despira a sua vestimenta.

— Está tudo bem. – Ele disse suavemente, abraçando-a. – Tu serás sempre a minha melhor amiga, sabes disso, certo? Apesar das mágoas. Eu estou realmente disposto a perdoar-te, até porque também não foi fácil para ti.

— Pois não. – Ela concordou, separando-se um pouco dele e beijando-o com urgência.

— Liz, não! – Ele disse, afastando-a e vendo-a sair da água para despir o vestido. – Por que o continuas a fazer? – Ele perguntou, vendo-a completamente nua sem conseguir desviar o olhar e aproximando-se da margem.

— Deita-te ao meu lado. – Ela pediu e ele atendeu ao seu pedido, sendo imediatamente beijado pela ruiva. – Estou a morrer de frio.

— Tens que ir para dentro.

— Não! – Ela disse, acendendo facilmente uma fogueira junto deles.

— Sabes que podem ver-nos?

— Nós não estamos a fazer nada de mal. – Ela disse, afastando-se dele e sentando-se na relva. Os dois cairam no silêncio, que Legolas rompeu alguns minutos depois:

— Eu estou à espera.

— É assim tão difícil perceber que desejo o teu corpo? Não é uma coisa promíscua, nós temos uma ligação muito forte e és a pessoa mais bela que eu conheço. – Ela fitava o céu estrelado. – Desejar alguém não é uma atitude promíscua. Tu não és promíscuo só por me desejar.

— É diferente.

— É diferente como exatamente, Legolas? – Ela perguntou irritada. – Porque tu és um elfo e eu… - Ela não completou a sua frase.

— Não! Porque tu encontraste o amor, Liz! – Ele estava cada vez mais frustrado por ela não entender. – Não te lembras das nossas conversas? De como tu desejavas encontrar o amor de Beren e Luthien? – Ele perguntou, agitando os braços ao mesmo tempo que falava, o seu olhar fixo nas estrelas acima deles. – De como querias encontrar o ser que te entendia perfeitamente, que te completava de todas as maneiras possíveis? Lembras-te desses tempos?

— Lembro-me. – Ela respondeu suavemente. – Ainda os vivo, e ainda quero tal. Eu pensei, honestamente, que tinha encontrado, juro-te! Mas… mas eu fui rejeitada, percebes? E a dor foi muita, mas eu nem a pude sentir como devia, por causa desta estúpida missão que deseja mais de mim do que eu posso oferecer. Eu não pude chorar como queria, eu não pude cantar e ter como testemunha da minha tristeza esta bela floresta porque eu não me posso dar ao luxo dessa dor. Eu preciso de esquecer essa dor. Talvez depois se, por milagre, sobreviver eu possa sentir tudo aquilo que o meu coração pede.

— E qual o meu papel no meio de tudo isso? – Ele perguntou, olhando-a e ela fitou-o aproximando-se dele suavemente. A mão direita de Liz afastou os cabelos de Legolas do seu rosto e desceu para o pescoço do loiro, acariciando-o.

— Como sempre, Legolas, tu és o ser que me faz sorrir em meio a tanta mágoa. És a felicidade que o meu coração se dá ao luxo de libertar, porque já a conhece. E, cada vez que me tocas, cada vez que eu te toco e tu recebes o meu toque, cada vez que me beijas, cada vez que eu te beijo, nessa altura, eu esqueço a mágoa da rejeição. Pode ser um esquecimento passageiro, mas esqueço e o meu coração agradece, porque quando estás presente, quando tudo isto acontece, a mágoa desaparece, nem que seja por um momento. – Dito isto, ela beijou-o lentamente, colocando-se sobre ele, que lhe acariciava os cabelos ruivos, os olhos de ambos fechados.

— Mas… - Ela afastou os seus lábios ao ver que Legolas queria falar. – Mas… - Ele olhou para ela, vendo as suas bochechas coradas e os seus olhos escuros. O elfo mordeu o lábio inferior. – Liz… - Ele interrompeu-se, suspirando fundo. – Liz! Eu sei que continuo a ser o teu melhor amigo. – Ela sorriu, acenando positivamente com a cabeça. – E eu quero continuar a ser o teu melhor amigo. – O sorriso da ruiva rasgou-se, iluminando aquela noite. – E nós podemos ser. No entanto, isto… - O sorriso dela foi morrendo. – Não! Ouve! Não basta sermos como éramos quando eras criança? Sabes? Toques inocentes, sem intenções carnais? Não é o suficiente para esqueceres essa dor?

Ela saiu de cima dele, os olhos húmidos, e sentou-se numa posição fetal, os joelhos junto ao peito, e olhou para Legolas, que se havia sentado também.

— Em respeito à nossa amizade, e também porque sei que já não te consigo mentir, vou ser honesta. Não é suficiente. – Ela respondeu, a sua voz rouca. De seguida, sorriu suavemente para ele. – No entanto, a tua amizade sempre foi e sempre será bem-vinda. Apesar de não ser suficiente para acabar com a dor da rejeição, é bela e faz-me sorrir. – Ela estendeu a mão para Legolas, acariciando os cabeços do loiro que já estavam completamente secos e perfeitamente arrumados. Malditos Elfos e seus cabelos perfeitos! – Hum! Devia recolher-me, se ficar aqui, todas essas histórias élficas que cantam que eu sou o ser mais belo de sempre, ficarão desiludidos se virem o meu cabelo depois de seco da água deste lago.

— Não sejas tonta! Tu és perfeita! – Ele disse, retribuindo o sorriso divertido da ruiva. – É claro que o meu cabelo é melhor do que o teu, mas…

— Parvo! – Ela riu suavemente, dando-lhe um pequeno murro no braço.

— Hey! – Ele disse, retribuindo o gesto. – Ninguém deve ser punido por dizer a verdade.

— A verdade é que és lindo e perfeito, mas eu continuo mais bela.

— Verdade, onde está a minha flecha então? – Ele perguntou, lembrando-se do primeiro encontro deles.

Liz riu com vontade, a cabeça para trás e os ombros abanando com força.

— Obrigada! – Ela disse, vestindo o seu vestido, já seco, de seguida. Legolas fez o mesmo.

— Só tenho uma pergunta… - Ela focou a sua atenção nele. – Eu percebo como o toque carnal te diminui a dor. Juro que percebo.

— Legolas, não te preocupes, eu estava a ser estúpida. Não tenho o direito de te pedir tal.

— Não é isso. É só que não entendo… - Ele disse. – O Boromir declarou-se a ti, Liz. Eu tenho a certeza de que ele não se opunha a esse tipo de contacto. Por que não com ele?

— Oh, bem, eu consigo enumerar pelo menos três razões, sabes? – Ela disse com um riso sem humor. – Em primeiro, porque o Boromir ama-me e seria como enganá-lo, como enchê-lo de falsas esperanças quando eu sabia que nunca podia retribuir os seus sentimentos. E também o estaria a magoar, não? Ele ama-me e tudo o que lhe podia dar era algo físico? Seria injusto. Em segundo lugar, porque quando ele se confessou, eu ainda tinha esperança de ver o meu tipo de amor ser correspondido, afinal, ainda não tinha sido rejeitada. Em terceiro, porque não é o contacto sexual com um outro ser qualquer que me tira essa mágoa por uns momentos.

— Espera aí! – Legolas ainda estava a assimilar tudo. – Quero dizer, seria injusto uma relação com Boromir, mas não comigo? Quero dizer, eu sou teu amigo. Eu não sabia na altura, mas tu sabias! Nunca pensaste nos meus sentimentos?

— Claro que pensei, Legolas, mas eu nunca pensei que fosses descobrir quem eu era. Galadriel aconselhou-me a não contar e provavelmente devia tê-la ouvido, porque nada disto estaria a acontecer. O que os olhos não veem, o coração não sente, não é o que dizem? Então, se eu fosse simplesmente aquela Liz e não a que tu conheceste…

— Eu percebo a tua lógica, mas não deixa de ser injusto, porque eu podia não saber, mas tu sabias? E agora, agora eu sei e, mesmo assim, não te impediu de tentares…

— Desculpa! – Ela disse, o seu olhar arrependido. – Mas não queiras comparar a dor de Boromir, o ser que me ama dessa maneira, com a tua. Era a Boromir que estaria a dar falsas esperanças de algo que nunca lhe podia retribuir.

— Mas… - Ele interrompeu o que ia dizer. – Espera! Tu disseste que ainda não tinhas sido rejeitada quando o Boromir te confessou? Ainda não tinhas sido rejeitada quando o Boromir foi levado pelos Orcs?

— Eu não disse isso… Oh, eu disse isso. – Ela mordeu o seu lábio inferior.

— Então, entre esse dia e o dia… e o dia em que te entregaste a mim, tu foste rejeitada pelo ser que amavas. Isso reduz bastante as opções, porque caminhámos com mais dois seres, Gimli e Aragorn.

— Sim, mas não te esqueças que nos encontrámos com os cavaleiros de Rohan e com Gandalf.

— Sim, mas convenhamos que tu não tiveste propriamente tempo para te apaixonares por algum dos cavaleiros, não? E Gandalf… Hum… - Ele fitava a ruiva que tinha abaixado o olhar para não se denunciar.

— Isso não é importante. – Ela disse, a sua voz pequenina.

— Gandalf? – Ele tinha o nariz torcido. – Não te julgaria se fosse ele. Aquele mago tem uma aura muito apelativa. – Ele comentou. – E ele poderia ter-te rejeitado através da mente, já que tu tens esse dom de entrares na mente dos outros. Mas eu penso que teria percebido se a pessoa que amasses te tivesse rejeitado, não?

— Oh, claro que sim. Claro que irias entender a rejeição do ser que eu amo. – Ela murmurou ironicamente, abanando a cabeça. – Mas não é mesmo importante.

— Claro que é… Que ser, de sã consciência, rejeitaria o teu amor? Só mesmo alguém muito estúpido…

— Legolas, obrigada pelo teu apoio, mas…

— A não ser que tenha sido o Aragorn. – Ele disse, interrompendo-a. – Afinal, toda a gente sabe a quem pertence o seu coração.

— O que…

— Mas não seria ele por isso mesmo, não é? Tu sempre soubeste o que ele sente pela Arwen.

— Eu não vou dizer mais nada. – Ela disse, por fim.

— Sabes quem nos resta, não sabes? O Gimli. – Ele respondeu à sua própria pergunta, levantando-se. – Eu vou ter uma conversa com ele, quando nos encontrarmos de novo. Sabes, eu acho que ele só te rejeitou porque está iludido com a forte presença de Galadriel. Eu vou fazê-lo ver a razão, vais ver.

— Eu não quero que ele veja a razão, Legolas! Tu não vais fazer nada! – Ela ordenou.

— Sim, claro, não a razão, o que importa é o coração, mas ele só precisa de abrir os olhos. – Ele ajoelhou-se em frente a Liz, erguendo-lhe o queixo para que ela o olhasse. – És o ser mais belo do mundo e eu prometi que to ia provar. Que melhor maneira de fazer isso senão abrir os olhos ao ser que amas?

— Não é necessário. – Ela sorriu. – Eu acredito em ti. – Ela levantou-se. – Temos de ir para dentro. Logo, logo será alvorada.

— Ainda temos muito tempo. – Legolas disse, abraçando-lhe a cintura por trás. – E eu tenho que fazer algo por ti. Algo para acabar com essa dor.

— Legolas, eu magoei-te ao fugir. Tu não me deves nada! – Ela contrariou. – E, de qualquer maneira, eu peço-te que não o faças. Se conversasses com o Gimli, tornarias a nossa relação estranha.

— Mas… Mas como? Quero dizer, ele sabe o que sentes, senão não te teria rejeitado. Eu não percebo como posso tornar as coisas ainda mais estranhas.

— Eu agradeço a tua preocupação… - Ela foi interrompida por Legolas que a virou para si e a abraçou fortemente, acariciando-lhe os cabelos.

— Não te atrevas a dizer que estás bem. Eu sei que não estás. – Ele disse, beijando-lhe o rosto demoradamente.

— Eu não ia dizer que estou bem. – Ela disse contra o pescoço do loiro, que gemeu, mexendo-se desconfortável. – Desculpa! – Ela pediu, vendo que o corpo do loiro reagia àquela posição.

— Sou eu quem te deve um pedido de desculpa! Eu disse que faria tudo ao meu alcance para te proteger da dor e estou disposto a falar com Gimli, mas não a fazer algo que te tira essa dor nem que seja por uns momentos. Tudo porque quero manter uma ideia de ti que eras quando eras criança, o que, claramente, não o és. Eu sou um hipócrita!

— Não és.

— Sou, porque não posso negar o que sinto por ti e, mesmo assim, rejeito aquilo que queres de mim. Perdoa-me!

— Não precisas de pedir perdão por aquilo que és. – Ela declarou seguramente, olhando-o. – Até porque se eu te amo, se tu és meu amigo, é exatamente por aquilo que és.

— Obrigado! – Legolas beijou-a demoradamente nos lábios e não precisou de esperar muito para ser correspondido.

Liz tinha os olhos fechados, sentindo o carinho dos lábios do elfo, sentindo todo o amor que ele lhe estava a oferecer. A verdade é que queria aquilo, porque quando estava assim com ele, podia enganar-se e fazer de conta que o elfo a amava da mesma maneira que ela o amava. Podia imaginar esse amor que ela tanto desejava. Podia esquecer que tudo aquilo não passava de desejo de Legolas.

Ela sabia que tinha sido muito feliz quando era criança. Sabia que Legolas contribuira bastante para essa felicidade. Apenas a lembrança do sorriso do elfo lhe enchia o coração de alegria, ele era tão bondoso, tão generoso, tão altruísta.

— Preciso de ir. – Ela falou, afastando-se dele e abaixando o olhar para a fogueira que acendera.

— Liz… - Ele disse, pegando na sua mão e contornando o anel de paz que brilhou, pondo-lhe um sorriso nos lábios. – Tu sabes que eu não me tornei teu amigo pelo anel, certo? Eu sei que receaste isso hoje. Eu vi, mas eu não quero saber do anel para nada. Quero dizer, eu sei que o anel é importante, porque representa a tua missão e sei como isso é importante para ti, mas o mais importante és tu.

— Obrigada! – Ela retribuiu o sorriso, olhando-o.

— Tu sempre foste tão bela. – Ele declarou, puxando-a para mais um beijo, o que a fez suspirar e colar-se a ele, que se deitou no chão por cima dela, acariciando-lhe as coxas por baixo do seu vestido enquanto continuava a beijá-la.

— Legolas! Eu não quero! Tu não precisas de fazer isso!

— Eu quero fazer! Eu quero... Tu já olhaste bem para ti, para o teu corpo, para a tua beleza, para o teu coração? Liz, eu não fui obrigado a deitar-te contigo naquela noite, e não estou a ser obrigado a uma segunda vez agora. Eu quero. - Legolas falou, beijando-lhe, de seguida o seu pescoço. - Quero saborear-te de novo, a tua pele, quero perder-me de novo nas sensações que me dás.

— Legolas! - Ela suspirou quando ele se abaixou e, aproveitando o decote enorme do seu vestido, lhe beijou a mama esquerda. – Por favor! – Ela sentiu os dedos de Legolas entrarem na sua abertura mais íntima e mordeu os lábios para não gritar.

— Sch… - Ele pediu, descendo a sua boca, beijando-a por cima do vestido até chegar ao monte de vénus da ruiva, passando a língua por aquela zona. Liz tentava conter os gemidos como podia, mas a língua de Legolas estava entre as suas pernas e era perfeito.

— Legolas, para! – Ela pediu, fazendo com que ele se afastasse imediatamente e a olhasse como que perguntando o que tinha feito de errado. – Nada, mas… - Ela rodou-os, colocando-se sobre ele e beijando-o com urgência enquanto rebolava. - Tu és extraordinário! Desejo tudo contigo, sabes? Tu não imaginas... - Ela disse, mordendo o seu lábio inferior.

— Liz… - Legolas disse sentando-se e acariciando-lhe o rosto com ternura, tentando tirar aquela expressão de quase tristeza. - Liz, apenas sente! Deixa-te levar pelas sensações! Ou será que não queres? - Ele tirou-lhe as mangas do vestido, descobrindo a sua parte superior e acariciando-a suavemente.

No entanto, Liz pensava que não conseguia deixar-se levar como Legolas lhe dizia, porque a verdade é que, agora ali, sabia que o amor que Legolas teria por ela não passaria de algo puro, algo quase fraterno, ele não a via dessa maneira. E que ele, no fundo, mesmo que dissesse o contrário, estava mais a fazer aquilo para a confortar.

— Não penses! - Ele pediu, beijando-a com ternura, com perspicácia, a língua procurando todos os seus recantos, fazendo-a gemer e deixar-se entregar às sensações. - Olha para mim! - Ele pediu, afastando os seus rostos e Liz abriu os seus olhos para fitar os olhos verdes-água de Legolas, que lhe deu um sorriso sedutor, o que a fez contornar-lhe os lábios finos. Legolas suspirou suavemente, pegando nos cabelos da ruiva e puxando-os suavemente para trás, beijando-lhe o pescoço e dando-lhe pequenas mordidas. - Apetece-me... Quero...

— O quê? - Ela perguntou, gemendo alto. - O que queres?

— Marcar-te! - Ele respondeu. - Posso?

— Sim, sim. - Ela disse, fechando os olhos e sentindo os dentes do loiro na sua pele. - Mas eu também quero... Eu também quero marcar-te, quero... quero que todos vejam a minha marca em ti.

— Tu não precisas. - Ele disse, beijando-a de seguida. - Tu já me marcaste de todas as maneiras possíveis.

— Legolas! - Ela acariciou o pescoço do elfo e, de seguida, tirou-lhe a vestimenta, deixando-o nu. O membro dele estava ereto e ela acariciou-o para o sentir. Com cuidado, Liz guiou o membro do loiro para dentro de si, descendo lentamente.

— Tu és tão bela! És o ser mais belo que já fitei na minha vida imortal.

— Legolas… - Ela disse, beijando-o sofregamente, pois as suas respirações eram arfadas de ar em meio a todo aquele prazer. – Tu não sabes o quão feliz me fazes.

Legolas beijou-lhe o pescoço, descendo para o seu peito e os movimentos de Liz tornaram-se mais frenéticos, mais curtos, mais rápidos. Legolas começou a ajudar nos movimentos de vai e vem indo ao encontro dela e depressa estavam os dois quase no ápice.

— Olha para mim! Deixa-me perder nesses orbes lindos, deixa-me ver as estrelas da tua alma. – Liz pediu, levantando o rosto de Legolas para fitar os seus olhos e, de seguida, chegaram ao ápice juntos. Liz desabou por cima do loiro que a suportou, deitando-se.

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Agradecimentos

Como sempre, quero agradecer a todos os leitores da história, os que favoritaram e particularmente às leitoras que comentaram:

Blue: Muito obrigada pelo seu comentário! E muito obrigada por estar a gostar da minha escrita. É muito importante.

De Perogini: Muito obrigada pelo seu comentário! É muito bom receber o seu entusiasmo perante esta história e sinto-me sempre triste quando desiludo com as minhas atualizações, despedaçando todas as expectativas… Enfim… Por favor, continue comentando e não me odeie por uma promessa não cumprida, mais uma (acho que apanhei esse defeito da nossa querida Liz)

Lyn Black: Muito obrigada pelo seu comentário! Obrigada por gostar da minha escrita, desta história e mil perdões por não atualizar como prometido, magoa-me a mim própria quando não cumpro o que prometo.

Fanygreenleaf: Muito obrigada pelo seu comentário! Muito bem-vinda! Eu também adoro você (porque eu adoro todos aqueles que adoram minha fanfic e me adoram a mim). Quanto às suas perguntas: espero que se acertem logo logo.

NanaAnonimaAnomaliaA: Muito obrigada pelo seu comentário! E não tem de pedir desculpa, eu entendo (como entendo bem), que por vezes temos problemas. Muito obrigada por adorar!

Tasha Reis: Muito obrigada pelo seu comentário! Chorei também!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado deste capítulo. E prometo que não farei mais promessas que não consiga cumprir. Se quiserem, comentem, eu não tenho direito de vos pedir nada.
Kiss kiss,
CR



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