Hermione abriu os olhos. Estavam em um penhasco a beira mar. Uma floresta de pinheiros se erguia atrás deles. O oceano quebrava as ondas na costa rochosa. As estrelas brilhavam mais fortes. Uma toalha de piquenique, com uma cesta, tinha sido colocada no chão, perto de onde eles estavam. Draco puxou a garota pela mão e se sentou. Hermione se sentou no colo dele.

- E então, o quê temos aqui?

- Temos... – Draco tentou abrir a cesta, mas Hermione o impedia. – Desculpe Granger, mas eu não sou o homem-elástico. Acho que você vai ter que sair daí.

Hermione riu e saiu do colo dele. Sentou-se ao seu lado.

- Então, como eu estava dizendo, temos hoje para o jantar... – Ele abriu a cesta e ia colocando as coisas na toalha enquanto falava. – Pastéis, Sanduíches, Torta de Maça, Cerveja Amanteigada e, de sobremesa, Morangos no chocolate. E esses eu que fiz. – Quando Hermione o olhou com uma sobrancelha erguida, ele completou. – Sério, Granger. Eu não sou tão inútil na cozinha.

Hermione riu.

- Mas primeiro, tem uma coisa que eu queria fazer.

Draco se aproximou de Hermione devagar, e colocou seus lábios nos dela. Hermione colocou as mãos nos cabelos do garoto e o puxou para mais perto. Draco a segurava pela cintura, como se precisasse dela. Como se sua vida dependesse dela. Somente quando a maldita necessidade de respirar apareceu eles se separaram. Hermione corou.

- Então – Hermione pegou um pastel. – Vamos ver se isso é bom.

- Granger. – Draco segurou seu pulso, antes que Hermione pudesse morder a comida. – Queria te dar uma coisa.

Draco pegou uma caixinha vermelha de dentro do casaco, e entregou a Hermione. A morena a abriu.

- Malfoy! Isso é... É lindo. – Ela levantou o colar há altura dos olhos. O pingente tinha o formato de Floco de Neve. Só que era cravejado de pedrinhas brilhantes. No centro, um diamante de verdade. – Eu não sei o quê dizer.

- É só você usar isso no baile. – Draco sorriu. – Combina com o vestido. Eu acho.

Hermione deu um tapa nele.

- Eu sabia que você tinha escolhido o vestido.

- Desculpa, Granger. Mas eu tenho que garantir que o meu par vai estar bem vestido. Sabe como é, eu tenho uma reputação a zelar.

- Vamos estar todos de máscaras, imbecil. – Hermione disse.

- Verdade. Não tinha pensado nisso.

Depois de comerem (tudo estava muito bom), Draco se deitou na toalha. Hermione se deitou também, apoiando a cabeça no peito do garoto. Draco dobrou o braço. Ficaram olhando as estrelas.

- Malfoy.

- Fala.

- Você vai usar a flor na lapela, não vai?

- Vou sim – Ele riu. – Uma rosa vermelha.

- E como você vai explicar sua falta no baile?

- Mas eu vou estar lá, Granger. – Depois de ver o olhar intrigado de Hermione, ele completou. – Zabini vai tomar Poção Polissuco e fingir que sou eu. Ele vai levar a Pansy. Ela também sabe.

- Sabe... de nós? – Hermione virou o rosto para ele.

- Sim.

- Isso me deixa intrigada. Nós pretendemos levar isso a público, ou quando acabar só esse círculo restrito vai saber que aconteceu?

- Não precisa acabar, Granger. – Malfoy deu um beijo leve na garota. – Não vai acabar.

Ficaram se olhando. Olhos castanhos nos cinzas, cinzas nos castanhos.

- Você disse que não era fofo.

- Disse? Bom, estou mudando. Você está me mudando, Granger. E eu sinto. – Ele se levantou. – Que sou melhor com você.

Hermione se levantou também e foi atrás do garoto. Quando ela parou ao lado dele, estava na beira do penhasco. Malfoy passou o braço pela cintura dela.

- Se eu me atirasse daqui, você me salvaria?

- Você não vai se atirar, Draco. É muito egocêntrico. Se ama demais para isso.

Draco mostrou a língua para ela. E ambos riram.

- Chega desse clima fúnebre, dizendo que vai acabar. Não acabou, estamos aqui. E eu acho que tem mais alguma coisa aqui. – Hermione colocou as mãos na barriga. Draco a olhou surpreso. Hermione riu. – Não é isso. Acho que você não sabe cozinhar muito bem, aqueles morangos estão tendo um efeito colateral.

- Sua idiota. Me assustou.

- Por que te assustei? O filho não seria seu. – Ela riu. – E eu sou muito nova, não sou doida. Agora é sério, me alcança um remédio pra enjoo, fuinha oxigenada.

Enquanto Draco ria, abriu a cesta de piquenique e jogou uma pílula para Hermione. Ela se sentou novamente. Draco se sentou ao lado dela.

- Tá melhor?

- Sim.

- Que bom. – Malfoy pegou Hermione no colo e a carregou para a borda do penhasco.

- Malfoy... vai para trás. – Hermione se segurou no garoto. – Eu vou cair.

- Ha vai, é? – Draco a balançou.

- Você gosta dessas brincadeirinhas perigosas, não gosta? – Hermione passou os dois braços pelo pescoço do garoto. – Que tal isso? – Ela o beijou. Foi uma situação realmente crítica. Se Draco a soltasse, Hermione despencaria algumas dezenas de metros até o mar caudaloso. Malfoy teve que controlar seus nervos. Se separaram.

- Sua doida. Isso ainda vai te matar.

- Falando nisso, quem vai me matar é a Gina. Temos que voltar, Malfoy.

Draco se aproximou dela devagar. A cena era muito bonita. Ele segurou sua mão.

- Vamos voltar, então. – Hermione concordou e fechou os olhos.

Aparataram. Chegaram à frente do Caldeirão Furado.

- Eu fico por aqui, então. – Hermione tentou soltar a mão do loiro, mas ele não deixou. Puxou-a para mais perto e a beijou mais uma vez. O gosto de Menta, junto com milhares de lembranças, voltou.

- Boa noite. – Ele deu um beijo na testa dela.

- Boa noite, Malfoy.

Hermione se virou e começou a subir a escada, devagar. A caixinha vermelha apertada na sua mão. Parou na porta do quarto, e colocou a mão na maçaneta devagar.

- Por Merlin, o que...?

Gina e Harry estavam se beijando de um jeito não muito bonito de se presenciar. Quando Hermione apareceu na porta, o garoto caiu da cama de Gina, corando. Gina se escondeu debaixo do edredom.

- Desculpa Mi, a gente só...

- Parabéns! – Hermione abraçou a amiga. – Seus imbecis, finalmente! – A garota correu e abraçou Harry. Ele estava muito vermelho. Gina agradeceu e todos riram.

Hermione se jogou debaixo dos cobertores. Foi uma noite estranha, mas tinha sido bom.

“Muito bom.”