Quatro Elementos: O Confronto escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 28
Rotina


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Capítulo novo e sem muitas emoções (eu acho). Espero que gostem.
P.S.: Foto da Vick hoje *o*. Eu adoro essa montagem u.u
Boa leitura amores!



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Bianca

Deixei o copo de suco sobre a mesa e lancei um sorriso ao cliente para que não se assustasse tanto com a minha repentina aparição. Passei pelas portas as empurrando com a perna e coloquei as bandejas sobre a bancada. Estiquei os braços para colar os papeis no pregadores.

– Três hambúrgueres completos, dois sem picles, um milk-shake e quatro refrescos de laranja. - gritei para a pequena janela de onde saia o cheiro de carne.

– Ok! - ouvi uma voz rouca responder apressada lá de dentro.

Suspirei puxando as novas bandejas cheias dos pedidos anteriores. Passei pelas portas andando por entre as mesas e deixando as bandejas com mais rapidez possível nas respectivas mesas.

Puxei uma mecha do meu cabelo colocando-a de volta ao coque mal feito. Peguei copos vazios deixados nas mesas. Rodei por toda a lanchonete mais uma vez, indo ate calçada onde ficava três mesas.

– Ei! - alguém gritou atrás de mim.

Me virei apressada me dirigindo a mesa maior que fica no canto da lanchonete. Parei dando um sorriso em frente a um grupo de adolescentes. Deviam ter uns 16 anos. Haviam cinco deles: um casal, um garoto louro, uma garota de cabelos coloridos de rosa e azul e mais uma garota com cabelos longos e negros.

– Então... o que desejam? - falei puxando do bolso da frente do meu avental um bloquinho de notas e uma caneta preta.

O garoto louro me analisou de baixo para cima e quando seus olhos profundos cor de mel se focaram no meu rosto ele sorriu.

– Uma porção de fritas, cinco refrescos. - ele olhou para a garota de cabelo negros que apenas assentiu. - E três hambúrgueres.

Ele deu outro sorriso e retribui com um sorriso de canto.

– O.K.. Vou fazer os pedidos. - falei anotando rapidamente tudo.

Passei entre as mesas e entrei de novo na cozinha.

– Dia difícil? - perguntou enquanto me entregava outra bandeja cheia.

– Cansativo. - respondi deixando na sua frente a folha em que havia anotado os novos pedidos.

– Fim de semana chegando é sempre assim. - falou arrumando a touca no cabelo.

Assenti pegando a bandeja. Ele sorriu. Sua pele cor de chocolate era lisa e bonita, os cabelos encaracolados dentro da touca e os seus 1,81 de altura faziam-no parecer um calouro e nada mais.

– Por isso adoro fim de semanas. - sorri abrindo as portas e saindo mais uma vez na lanchonete.

...

Seis e meia. Soltei um longo suspiro tirando o avental e colocando-o sobre a bancada. Peguei meu casaco cor de café e o vesti. Parei olhando meu reflexo no espelho. Puxei o elástico do cabelo deixando-o cair sobre meus ombros num castanho intenso com luzes finas douradas. Passei a mão pela franja, ajeitando-a sobre a testa.Peguei um batom nude na bolsa e passei sobre os lábios. Sorri para o meu própria rosto e me afastei jogando a bolsa no ombro direito.

– Vamos? - o Jack já estava parado perto da porta girando as chaves nos dedos.

– Vamos. - passei saindo no beco úmido que era onde a porta dos fundo levava.

– O Felipe não vem hoje? - ele perguntou enquanto caminhávamos pela calçada.

– Acho que não. Ele anda ocupado. - falei olhando o céu sendo tomado por um tom laranja de fim de tarde.

Na verdade desde... desde tudo o que aconteceu estamos fazendo o nosso melhor. Com o Rick fora de cena e a Claire que só aparece de vez em quando, o cargo ficou por mim e pelo Lipe. Quatro meses vigiando as fronteiras da cidade, rondando por ai noite e na floresta para proteger as pessoas e cumprir nosso papel de dominadores. Devíamos ter começado isso a muito mais tempo, mas antes tarde do que nunca.

– O que é aquilo? Será outro acidente? - o Jack resmungou do meu lado.

Olhei a multidão acumulada para olhar alguma coisa. Curiosidade humana nunca é demais!

A rua principal que levava ao centro da cidade, bem em frente ao prédio da empresa de eletrodomésticos, onde uma praça descansava com os seus bancos e arvores velhas encontrava-se uma carro encostado e as pessoas em volta de algo.

– Não sei. - respondi por fim. - Vou dar uma olhada.

– Serio que você vai no meio daquela bagunça? - o Jack perguntou me encarando.

– Tudo bem. - tentei sorrir. - A gente se vê amanha?

Ele me olhou desconfiado, mas assentiu. Como o seu ponto de ônibus só ficava na rua debaixo ele não poderia me seguir ou fazer mais perguntas. Se despediu e seguiu seu caminho.

Andei apressada rumo a multidão que conversava desesperada nos celulares. Sempre tinha acidente nessa área devido ao sinal de transito ter sido projetado no lugar errado. Não era de se esperar que as pessoas fossem atropeladas, mas algo me dizia que não era um acidente qualquer, principalmente pelo nervosismo dos curiosos.

– Com licença. - pedi empurrando de leve algumas pessoas tentando ver o que causava todo o alvoroço. - Dá licença!

Alguns resmungaram, mas finalmente consegui chegar perto. Meu coração deu um pulo. Estirada no chão com uma calça jeans suja de terra, camiseta preta, jaqueta de couro, botas ainda mais sujas, uma pele extremamente pálida e cabelos vermelhos como um lençol em volta da sua cabeça. Ela parecia estar morta dando as suas condições de quem não se alimentava ou andou correndo na lama.

– Vick? - sussurrei para mim mesma e empurrei as pessoas sem pensar me ajoelhando ao seu lado.

Coloquei a cabeça no seu peito e de principio não ouvi nada, mas me concentrei em meio ao cochichos das pessoas e pude escutar seu coração batendo acelerado demais. Me afastei para olha-la. Estava péssima, tenho que admitir. Olheiras profundas rodeavam os seus olhos, os lábios sem vida e ela estava fria ( olha que é difícil para mim dizer isso, já que minha temperatura é sempre mais baixa).

– Vick? - tentei passando a mão pela sua testa.

Não parecia um acidente. Não tinha sangue em lugar nenhum e nem sinais de que ela havia sido atropelada, podia ter desmaiado. Pensei em perguntar, mas não precisei. Seus dedos se moveram e antes que pudesse pensar em respirar de novo sua mão se ergueu me pegando pelo pescoço.

Não foi um jeito muito amigável de dizer olá, mas ela apertou com tanta força que minha bolsa caiu e estiquei as mãos tentando faze-la me soltar. Ela se sentou como um robô e me olhou, o azul dos seus olhos era frio e... faminto.

De repente não tive ação, me senti voando pela praça, ouvi gritos e meu corpo bateu quebrando um dos bancos. Minha cabeça girou, fui pega de surpresa.

– Droga! - resmunguei forçando as mãos no chão para ficar de pé.

Balancei a cabeça e ergui os olhos. Ela estava de pé como se nunca tivesse caído, me olhando como uma estatua branca a uns dez metros. Eu queria perguntar o que tinha acontecido e de onde ela tirou tanta força, mas era obvio. E foi confirmado quando ela marchou na minha direção e pude ver sua pele se esticar e ficar ainda mais pálida (se for possível), seus olhos se transformarem para um vermelho-vivo e os dentes se alongarem dando espaço para presas afiadas e pontudas. Ela sibilou arreganhando os dentes como se eu fosse uma caçadora ou algo assim.

– Vick não! - falei estendendo a mão, mas era tarde. Ela se atirou em cima de mim me derrubando outra vez.

As pessoas corriam atônitas enquanto ela tentava perfurar meu pescoço. A empurrei com os pés e tratei de me erguer ficando de pé no mesmo instante. Vi seu vulto me rodear e seus braços me apertarem por trás. Girei invertendo as posições e segurando sua cabeça.

– Desculpa por isso! - sussurrei e em seguida usei minha força torcendo o seu pescoço num único estalo. Ela caiu nos meus braços.

Respirei fundo. Ótimo! Agora vão chamar a policia e vão dizer que matei uma garota maluca e possuída no meio da praça.

Eu não tinha muito tempo até a policia da cidade chegar, a FEM, a marinha e tudo mais. Peguei a bolsa do chão e puxei seu corpo a jogando nas costas. Isso pode ter sido bem estranho, mas ainda tenho uma boa força de sobra. Tirei o celular e cliquei rapidamente na tela.

As pessoas me olhavam boquiabertas enquanto em passava em direção a floresta que não ficava muito longe.

– Brigas de família! - sorri para alguns e continuei.

Chamou duas vezes ate uma voz firme e rouca me atender.

– Bia?

– Temos um pequeno probleminha! - falei sustentando o peso dela no ombro direito.

– O que houve?

– Magra, bonita, pálida e ruiva. Te lembra alguém?

– O que...

– Pois é! Acho que ela e nós estamos em encrencas.

***

Claire

Bati a porta do carro com uma força exagerada e recebi um olhar de reprovação do Vicente. Seu carro tinha sido consertado com muito trabalho e eu não queria destrui-lo no primeiro dia de teste. O Vicente não tinha mudado muito nesses meses. A pele morena, corpo magro e alto, agora careca de vez, olhos castanhos e a cicatriz que descia pelo seu rosto. Garras de uma briga com algum alfa por ai. Ele parecia estar de bom humor já que concordou em nos dar uma carona.

Eu queria conversar, ver meus amigos. Era tudo o que eu precisava agora.

Olhei a paisagem confortável da casa de madeira com o seu gramado em volta. Parecia uma casa comum de um casal de jovens comuns, mas não se deixe enganar. Bianca e Felipe, dois dominadores conectados, imortais, já que ambos completaram vinte anos e meio bipolares residiam na adorável casa.

Enfim, tudo muito normal. Mas é claro que eu não poderia falar muito, uma dominadora que agora anda com os lobos. Bem divertido e... as vezes confuso.

– Pensei que estivesse feliz em vir aqui. - Daniel falou do meu lado enquanto caminhávamos ate a casa.

– Estou. - falei sem olha-lo.

– Não parece muito feliz. - ele tem essa mania de dizer coisas obvias.

– Mas estou muito bem. - menti.

Olhei-o e ele me analisou erguendo uma sobrancelha. Estava usando uma calça jeans, tênis, camisa cor de areia básica.

– Tudo bem. - falou por fim dando de ombros.

– Ótimo.

Pisei fundo indo com mais rapidez ate a casa. Ele me travou segurando meu pulso e me puxando de volta.

– Mais que diabos voc...

Tampou minha boca e seu braço direito se fechou a minha volta me segurando com força. Me debati e ele nos fez agachar ainda me segurando. Por fim me soltou devagar, mas não totalmente. Encarei seus olhos atentos, a heterocromia presente. Um olho azul e o outro praticamente tomado pelo castanho.

– O que pensa que está fazendo? - perguntei enquanto ele olhava alguma coisa atrás de mim.

– Shiii! - me advertiu. - FEM.

– O que? - me virei para olhar o que chamava sua atenção.

Do outro lado ainda um pouco afastada da casa do Lipe e da Bia tinha outra casa aparentemente nova e confortável. Não era muito grande e tinha um jardim florido em frente. Um carro estava estacionado quase em cima do passeio de pedras. Eu reconheceria aquele carro ate mesmo se estivesse do outro lado da montanha. Afinal estive perseguindo-o por um longo tempo a uns dois anos atrás. O carro da FEM(Fundação eliminante de mutantes), um projeto do governo para matar todos os mutantes que eles encontrassem por ai.

– O que estão fazendo aqui? - fiz a pergunta mais estupida possível.

– Eu não sei. - Daniel respondeu pensativo, mas tive a leve impressão de que ele sabia sim.

– Ei! - o Vicente chamou atrás de nós.

Ele estava agachado também em alerta.

– Você acha que... ele começou.

– Provavelmente. - O Daniel respondeu depressa.

– Do que vocês estão falando? - perguntei me sentindo deslocada na conversa confusa.

– Precisamos ir ate lá. - o Vicente falou me ignorando como sempre fazia. - Se for ela nós precisamos Dan...

– Eu sei. - o Daniel o interrompeu e se virou para mim. - Claire, eu preciso que você me faç....

Buuuuuum

Um estrondo do outro lado nos fez pular. Vi o Daniel arregalar os olhos e ficar de pé. Me endireitei olhando a fumaça preta e o fogo brilhar do outro lado. O carro branco da FEM se afastava na estrada.

– Não! - o Vicente balançou a cabeça e vi sua expressão ficar enfurecida. - Mais que merda!

Olhei confusa para o Daniel, mas ele parecia em choque e quando pensei em perguntar o que faríamos ele começou a correr em direção ao fogo. O Vicente não pensou duas vezes e fez o mesmo.

– Mais o que? - resmunguei sozinha vendo-os entrar no meio da fumaça negra. - Droga!

Corri na direção deles começando a ficar com raiva também. A droga da FEM tinha mesmo acabado de explodir uma pobre casa de família?

– Daniel! - gritei vendo-o chegar perto demais da casa em chamas. - Espera!

Ele era um lobisomem e não o super-homem que resiste ao fogo. Grunhi frustrada e parei no meio do caminho sentindo o cheiro de fumaça entrar pelo meu corpo.

Abri os braços sentindo as correntes de ar se juntarem a minha volta. Meu poder é como uma parte do corpo, eu só precisava querer e o ar era todo meu. Engoli o gosto de fumaça negra e quase podia senti-las na ponta dos meus dedos. Estiquei os braços como se estivesse jogando algo e na verdade estava.

As correntes de ar a minha volta se agitaram, as arvores balançaram, meus cabelos presos quase se soltaram e a fumaça se dissipou. Todo o ar foi na direção da casa arrastando para longe, junto com ele as chamas alaranjadas do fogo.

Bom... se você joga uma grande quantidade de ar no fogo ele se apaga, diferente se for algo mais fraco que só vai faze-lo aumentar ainda mais. No meu caso, a onda de ar foi forte demais apagando o fogo e arrancando o que restava do telhado da casa.

O Daniel parou e me olhou surpreso. Fiz um gesto que estava tudo bem e ele assentiu passando pelas madeiras chamuscadas seguido pelo Vicente. Andei mais devagar atrás deles e tenho que contar uma coisa. Ultimamente sempre que uso meus poderes, logo em seguida me sinto fraca, cansada demais como nunca me senti antes.

Respirei fundo me arrependendo, pois a única coisa que foi para os meus pulmões foi a fumaça que ainda restava. Pulei algumas madeiras e moveis queimado e entrei na "casa".

O Daniel e o Vicente vasculhavam cada espaço que pudesse ser como um esconderijo do fogo. Observei o ambiente que antes deveria ser a sala de estar. Tinha um sofá totalmente destruído, uma televisão e outros moveis que não consegui distinguir.

Passei pelo cômodo e entrei em outro que deveria ser o quarto. Tinha uma cama ainda pegando fogo, um guarda roupas em pedaços, uma cadeira de balanço e ali perto, um buraco no chão. Isso não poderia ser causado pelo fogo, poderia?

Andei com atenção ate lá, afinal não queria queimar meus tênis ou alguma coisa assim. Olhei dentro do buraco escuro que devia ter sido escavado em pouco tempo. A terra estava preta e eu não tinha certeza se ali podia ter um túnel. Me agachei chegando mais perto. Olhei apenas vendo escuridão.

– Espero que tenha salvado alguém da família. - falei comigo mesma encostando a mão na terra.

Ainda estava quente, mas era suportável. Puxei algumas pedras tentando abrir mais o buraco. Um som saiu do fundo dali. Um rosnado eu diria. Me afastei caindo de bunda no chão. Suspirei chegando perto de novo. Do meio da escuridão e da terra quente um par de olhos dourados me encarou.

Um par de olhos de lobo.

***

Felipe

Parei o carro no acostamento da estrada. Provavelmente ninguém se atreveria a pega-lo. Tirei a chave da ignição e um suspiro subiu pelo meu peito. Peguei o celular no banco do passageiro e na tela um nome se destacava: Claire.

Toquei na tela abrindo a mensagem vendo as letras redondas e um texto curto:

" Encontramos um pequeno problema na sua casa. Me liga"

– Ótimo! - resmunguei jogando o celular no banco de novo. - Mais problemas, mais preocupações.

Desci do carro batendo a porta com mais força do que era preciso.

Olhei a fronteira e a estrada de terra que logo viraria uma de asfalto que levava a cidade. Respirei fundo sentindo o cheiro de musgo e entrei na floresta.

Eu podia ouvir tudo a minha volta respirando. Era bom estar na natureza, mas quando se tem problemas na cabeça é meio difícil se concentrar em seus dons.

Passei por algumas arvores e você pode pensar que são todas iguais, mas eu posso te garantir que não são. Cada uma tem uma essência diferente e bem, um perfume. Uma delas me chamou atenção, na verdade o que se encontrava nela.

Deslizei os dedos pelo tronco, pelas fendas ali marcadas. Eram aproximadamente da largura dos meus dedos e descia por uns trinta centímetros. Garras. Provavelmente um lobisomem passou por aqui a uns dois dias atrás.

Balancei a cabeça voltando ao meu foco.

Andei mais alguns metros e por fim um perfume me atingiu. O cheiro do mar salgado misturado a selva das arvores. Um sorriso brincou nos meus lábios quando a avistei sentada num tronco com a cabeça entre as mãos.

– Ei! - falei alto o suficiente para que ela ouvisse.

– Oi! - ela ergueu a cabeça me lançando um sorriso torto.

Me aproximei estendendo a mão e ela a segurou ficando de pé num pulo. Encarei seus olhos chocolate e um toque de preocupação cintilava ali. Deslizei a ponta dos dedos pela sua bochecha sentindo uma eletricidade surgir.

– Então...

– Então que eu adoro nossos encontros românticos na floresta. -falou com uma voz divertida.

– E eu então?

Ela abriu um sorriso mostrando os dentes, passou a mão esquerda no meu rosto e esticou os pés juntando nossos lábios. Por um segundo eu quase me esqueci do porque de ter vindo encontra-la antes de chegar em casa.

Ela se afastou cedo demais e agarrou minha mão me puxando por entre algumas arvores.

– Ela estava na praça principal. - falou. - E... as visões de morte é a coisa menos preocupante que ela pode ter.

– Onde você a deixou? - perguntei.

– Bem aqui.

Nós paramos e ela apontou para uma arvore de madeira mais clara com o tronco descascando levemente. Amarrada com os braços presos na arvore, a cabeça baixa fazendo seus cabelos vermelhos criarem uma cortina, roupas desgastadas e parecendo mais pálida e mais magra estava uma antiga amiga minha.

Soltei a mão da Bianca e me aproximei agachando-me na sua frente.

– Vick? - falei quase num sussurro com medo de assusta-la.

Ela não se moveu. Olhei confuso para a Bia que cruzou os braços e deu de ombros. Engoli em seco e estiquei a mão para tentar tirar seu cabelo da frente.

Sua cabeça se ergueu no momento exato em que minha mão alcançaria seu rosto. Um som agudo saiu da sua garganta e ela arreganhou presas afiadas mostrando o rosto pálido e olhos vermelhos.

Me afastei num susto quase caindo de costas na terra.

Ela arregalou os olhos e me encarou por um minuto inteiro e finalmente seus olhos mudaram lentamente revelando o mesmo azul de que me lembrava.

– Felipe...

– A meu deus! - sussurrei. - Quem transformou você?


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