Amor Além Da Vida escrita por Isabelle Masen


Capítulo 3
Parte III


Notas iniciais do capítulo

Quero primeiramente agradecer aos lindos reviews que recebi, que serviram de combustível pra eu terminar esse cap, porque ele ia sair só na semana que vem.



Iai, mereço uma recomendaçãozinha? kkkk deixem a autora feliz!


Boa leitura e boas vindas as novas leitoras! Vocês são demais!



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No capítulo anterior...




–-- Eu te amo – falei e ela passou os braços por minha nuca, me agarrando.




Colei meus lábios nos seus e eles brincaram um com o outro, em uma dança lenta e sensual. O som do mar batendo contra as pedras deu um efeito especial a aquele beijo, e me senti como em um filme.




Saí de cena quando Bella gemeu, se separando de meus lábios. Fiquei meio tonto, pois não estava preparado pra parar o beijo tão repentinamente quando na verdade ele mal tinha começado.




–-- Meu chinelo! Droga! – resmungou e olhei pra seus pés. Um estava descalço enquanto o chinelo caía no mar.




–-- Não esquenta, princesa! Eu vou salvá-lo! – falei levantando e tirando minha blusa e os meus chinelos. Ela riu e eu pulei no mar. Demorou um pouco pra que eu caísse, por isso, o susto foi ainda maior. Senti o flash em mim. Bandida! Ela vai me pagar. Sorri malicioso e finalmente caí na água profunda no mar.





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Tive que mergulhar algumas vezes até achar o chinelo azul quase indo pro oceano. Primeiro o confundi com uma pedra, mas quando ele se mexeu não perdi tempo e o peguei.




Quando coloquei a cabeça pra fora do mar, Bella me fitava lá de cima. Dava pra ver suas mãos e seus cabelos esvoaçaram em seu rosto. Ou fiquei maluco de vez ou minha tontura está criando a ilusão de que Bella era uma sereia.




–-- Cuidado! – ela gritou e eu olhei pra trás, mas me arrependi logo depois porque uma maldita onda me atingiu, fazendo água entrar pelo meu nariz.




–-- Que porcaria! – esbravejei quando saí de baixo d’agua e a suposta sereia ria de minha cara.




–-- Se joga, Bella! – gritei e ela parou de rir.




–-- Não, eu tenho medo! – gritou de volta.




–-- Vem logo, minha sereia! – gritei com um sorriso abobalhado.




–-- Achei que fosse sua princesa! – gritou. Mergulhei e fui nadando até chegar ao solo.




Depois de alguns minutos, consegui subir nas pedras e fui andando até chegar ao topo, que estava... vazio?




–-- Bella? – gritei, confuso, olhando pros lados.




–-- Aqui embaixo! – ouvi o seu grito e quase caí no mar de susto.




–-- Você me fez subir até aqui? – perguntei fingindo estar bravo. Ela riu.





–-- Estava demorando muito, fiquei com calor – gritou se abanando.





–-- Eu vou descer até aí – falei e andei pra trás, pra tomar impulso.





–-- Não me diga que vem pra cá andando. Pula logo! – ela gritou com zombaria na voz.



Depois de alguns segundos em silêncio total chequei e vi que ela estava mergulhando. Então corri o mais rápido que pude e dei um mortal.




A adrenalina correu em minhas veias quando vi a terra de cabeça pra baixo. E o pior era que estava demorando de chegar no mar, o que aumentava meu pânico. Dei um giro e Bella só me viu no último segundo, antes de eu cair ao seu lado jogando água em todos os lugares.




Submergi e ela tentava tirar a água dos olhos. Ri.




–-- Eu não acredito – ela disse lentamente.




–-- Aham – murmurei puxando-a pra mim pela cintura. Ela colou os braços em meu pescoço.




–-- Ficou com medo de descer e entrar uma areiazinha no pé? – disse quase como um suspiro, já que eu roçava meus lábios em sua bochecha.




–-- Hm – murmurei subindo a boca até parar em sua orelha, onde mordi e ofeguei. Senti Bella estremecer.




–-- Você... – começou mas deixou a frase morrer quando soprei meu hálito da sua orelha até parar em sua boca – não tenho mais argumentos.




–-- Finalmente – revirei os olhos com um sorriso torto e ela riu. Manteve o seu sorriso enquanto nos beijávamos loucamente, como se fôssemos ser puxados por alguém a qualquer momento.




Ela desceu a mão por minhas costas e enlaçou as pernas em minha cintura, apertando fortemente meu membro, que deu sinal de vida no mesmo instante. Beijei-a com urgência quando ela tocou meus cabelos, puxando-os levemente pra trás. Nossas línguas se tocavam com tanta urgência que ela ofegou, sem ar. Arqueou as costas e eu desci os beijos por seu pescoço, temendo, assim como ela, perder aquele beijo. Depois de passar pelo pescoço, parei no vão de seus seios. Como resposta, ela tentou desviar a boca da minha pra beijar meu rosto, mas não permiti. Tive que ir pra frente pra não perder o foco de sua língua. Ela riu, provocando também minhas risadas. Seus cabelos agora tocavam a água. Quando ela ameaçou deslizar e cair pra trás, levei uma de minhas mãos até sua bunda, fazendo ela gemer contra minha boca. Ela acariciou meu braço, me dando leves arrepios. Subi a mão de sua bunda até sua nuca, aprofundando o beijo. Nossas línguas agora estavam em uma disputa sensual por poder, e Bella estava determinada a me derrotar, enroscando a sua língua com a minha, a enterrando e a sugando. Ela é selvagem!




E quando eu ia começar a tornar a disputa mais interessante...




Ouvimos risadas masculinas, nos fazendo sobressaltar assustados. Amaldiçoei o maldito filho da put* que me interrompeu. Abri os olhos e vi que eram apenas um bando de surfistas.





–-- São só surfistas – quase gemi. Ela levou uma mão à minha boca quando tentei beijá-la novamente.





–-- Ah, qual é, Bella! – soltei um muxoxo fazendo um biquinho. Ela deu uma gargalhada gostosa e passou os braços por minha barriga, mordendo minha boca.





–-- Vou ficar te devendo essa – sussurrou e piscou pra mim. Sorri e tentei beijá-la, mas ela se virou pra trás e começou a mergulhar pra voltar ao solo. Bufei e, à contra gosto, nadei atrás dela.





Os surfistas satânicos continuavam rindo em suas pranchas e me olhando como se eu fosse a atração do circo. Mostrei meu educado dedo do meio a eles e lhes dei meu melhor sorriso sarcástico.





–-- Aloha pra vocês – falei com a voz risonha – bando de cretinos! – disse me virando e eles começaram a falar algo que eu não entendi.




Quando cheguei à superfície, Bella estava de costas prendendo os cabelos molhados em um coque. Cheguei por trás desamarrando seu coque e depois abracei-a por trás, dando um beijo em sua bochecha. Ela levou suas mãos aos meus braços que estavam em sua cintura e virou o rosto, encontrando meus lábios. Nosso beijo foi lento, porém cada movimento nosso o intensificava de uma forma inexplicável. Nossas bocas se moviam com ternura e mantinha o equilíbrio perfeito entre paixão e desejo. Senti Bella amolecer em meus braços.



Ela tirou a mão direita de meu braço e a levou até minha nuca, puxando-me mais a ela. Dessa vez quem quase caiu fui eu.




O beijo terminou com alguns selinhos demorados, de olhos fechados. Colei minha testa na dela.





–-- Você – ela ofegou sensualmente – pega minhas coisas lá em cima? – disse e eu abri os olhos, vendo a cara de bandida dela. Bufei e ela só faltou se jogar no chão de rir. Balancei a cabeça negativamente e dei uma tapa em sua bunda, fazendo seus risos aumentarem.




–-- Sua bandida! – falei já virando as costas.




–-- Também te amo, mô! – zoou com a minha cara.




Já era um pouco mais de 16h e estávamos na areia, a uns 3 metros do mar. Poucas pessoas estavam na praia.




Bella se aconchegou em meu peito onde estava deitada enquanto olhávamos as fotos tiradas em sua câmera. Era simplesmente maravilhoso ter o nariz tão perto dos cabelos dela.




–-- Você me fotografou respirando? – ela disse rindo e eu balancei a cabeça.




–-- Não, fotografei a paisagem – menti.



–-- Então porque focou a câmera em mim? – levantou a cabeça pra me fitar, com os olhos bem próximos dos meus.



–-- Porque você é a paisagem – pisquei e ela mordeu meu queixo enquanto eu ria.




–-- Ed... Posso realizar só mais uma coisa da minha lista hoje? – me pediu com a voz manhosa, pegando a câmera e desligando-a. Colocou a cabeça no vão de meu pescoço e depositou um beijo ali, deixando os pelos do mesmo arrepiados. Respirou fundo e me olhou nos olhos.




–-- Claro que pode – dei um sorriso torto a ela e ela sorriu vitoriosa.




–-- Quantos foram os seus amores? – me perguntou.




–-- Bella, meu amor é você – peguei sua mão e enlacei nossos dedos, beijando as costas da mão dela – o resto foram só algumas namoradas.




Ela corou violentamente.




–-- Bom saber disso – pigarreou, tentando disfarçar. Linda. Prendi o riso.





–-- Então quais foram suas namoradas? – perguntou interessada e eu franzi o cenho, olhando pro mar. Dei uma bagunçada nos cabelos e peguei a mão de Bella novamente, fazendo pequenos círculos com o polegar.




–-- A primeira foi aos meus 5 anos. Estava passando as férias de julho na casa de uma tia. O prédio em que ela morava tinha algumas crianças, das quais fiquei amigo. Aquele tipo de amizade instantânea que só acontece na infância. Por coincidência, no final de semana em que cheguei, era aniversário de um desses amigos. Foi na festa. Não lembro de muitos detalhes do dia, mas com exceção do nome, me lembro de tudo sobre ela. Me apaixonei pelos seus cabelos loiros, suas tranças longas, seu vestidinho rosa e sua pele rosada. Foi a primeira vez que senti ciúmes, quando ela brincava com outra criança e também saudade, quando ela desaparecia na multidão de desconhecidos. Foi também a primeira vez que conheci aquele defeito que quebra suas ilusões sobre a pessoa. Quando sua mãe a chamou para ir, ela começou a chorar. A primeira de muitas vezes que a realidade matou a expectativa. Acabou. Muito mimada. A segunda vez não demorou a acontecer. Acho que fica mais fácil. Era uma colega de maternal. Foi o longo cabelo, liso e preto, sua pele branca e as sardas que pipocavam em seu rosto. Um dia, no recreio, atrás da nossa sala de aula, vi ela distribuindo beijos para garotos ansiosos que formavam uma fila em sua frente. A primeira traição amorosa. Depois dessa decepção, demorou um tempo até se repetir. Quinta série. Cabelos castanhos, nariz com a ponta redondinha e seios em formação. Mas falava pobrema e vivia em recuperação. Primeiro ano. Cabelos pretos, na altura dos ombros, lábios carnudos, olhos azuis, seios formados, a melhor bunda do colégio e inteligente. Nos trabalhos em grupo, virava a pior pessoa do mundo. Tudo tinha que ser do seu jeito, todos estavam errados, dizia que estava carregando o grupo nas costas. Segundo ano. Cabelos e olhos cor de mel, dente da frente lascado e um corpo esguio de 16 anos. Ria de tudo que eu dizia, até quando falava sério… além de morar em outra cidade. Depois conheci você.



–-- E como você me descreve? – perguntou com os olhos brilhantes. Olhei em seus olhos e sorri.



–-- Inteligente, engraçada, ri na hora certa, divertida, empolgada, cabelos bagunçados cor mogno – ela revirou os olhos - na altura dos cotovelos, nariz arrebitado – ela mexeu o nariz duas vezes, fazendo uma careta engraçada - grandes olhos verdes que sorriem com ela – ela piscou várias vezes, sorrindo apertando os olhos como faz quando está feliz - covinhas nas duas bochechas – abriu bem a boca deixando suas vinhas evidentes - pele rosada e um corpo perfeito – falei acariciando sua bochecha.



–-- Você é incrível – ela disse roçando nossos narizes e sobrando o seu doce hálito próximo à minha boca. Sorri e colei nossas testas, fechando os olhos.



–-- Eu posso ser incrível na pousada? – perguntei olhando pro céu. Estava ficando tarde.



Depois disso levantamos. Demos as mãos e voltamos pra pousada. Assim que entramos me joguei na cama, minha cabeça já começava a girar e minha visão estava falhada. Fechei os olhos e sorri, ouvindo a voz de Bella enquanto ela cantarolava no banho. Era anestesiante. Eu me juntaria a ela se não corresse o risco de desmaiar e esmaga-la, literalmente.



Sua voz pode até não ser perfeita, ela pode até errar algumas partes da música, mas era tão melodiosa e profunda ao mesmo tempo... Ela canta com o coração.



Isso me deu a ideia de comprar um violão. Bella poderia cantar amanhã, não só pra mim, mas pra mais pessoas. Ela pode ficar feliz por eu adicionar mais um item em sua lista.



Determinado, lutei contra a dor que queria me dominar de qualquer jeito e abri os olhos, cambaleando na cama e pegando o telefone do hotel e também a lista telefônica. Procurei por uma companhia de ônibus de turismo e disquei os números.



–-- Companhia de turismo Haloe Moana, Frederick falando – uma voz melancólica falou.



–-- Você é... – comecei mas parei ao ver Bella.



Bella saído do banheiro e colocou apenas um vestido comportado até os joelhos, da cor de seus olhos, contrastando com sua pele. Ela ao notar meus olhos em si, corou com um sorriso tímido. Mexeu nos cabelos graciosamente, na tentativa de cobrir o rosto.



–-- Linda – acabei expondo meus pensamentos. Bella agora já mostrava os dentes enquanto sorria, consequentemente me fazendo sorrir também. Fui despertado de meu sonho pela voz do homem.




–-- Como é que é? Olha aqui, se é mais um moleque querendo me dar trotes eu...




–-- Não, estava falando com minha namorada, desculpe – falei mas não consegui desviar os olhos da minha Bella. Ela riu pendendo a cabeça pra trás enquanto sentava ao meu lado, colocando uma sapatilha.



–-- Oh... Tudo bem então. O que podemos fazer por você? – Bella colou o ouvido no telefone, tentando ouvir o que eu falava.



–-- Um minuto – pedi e coloquei o telefone na cama. Bella me fitou.




–-- Com quem está falando?




–-- Uma surpresa – sorri pra ela e passei uma de minhas mãos em uma mecha de cabelo que estava no meio de seu rosto, colocando-a atrás da orelha dela. Assim pude observar mais detalhadamente seus olhos nos meus – está linda, princesa – sorri e ela mordeu o lábio inferior. Me ergui e beijei sua testa.



–-- N-não vai jantar? – gaguejou e eu balancei a cabeça negativamente.



–-- Não, estou cansado – falei com um sorriso triste. Eu realmente queria ir, mas... Não Edward, nada de pensamentos tristes agora.



–-- Que porcaria... – disse entortando a boca, acariciando meu peito com o polegar. Olhos fixos em sua mão – e se eu preparar um jantar pra nós aqui no quarto? – disse levantando a cabeça, mais animada. Abri e fechei a boca, mas por fim fui firme. Amaldiçoei-me por isso.



–-- Não, Bella. Pode ir, eu vou só tomar um banho e dormir – sorri amarelo. Ela suspirou, tristonha.



–-- Tudo bem então – deu um selinho rápido em mim e levantou, subindo as escadas. Quando ouvi a porta bater, coloquei o telefone no ouvido rapidamente e confirmei a minha presença com Bella amanhã no ônibus de turismo.


Uma forte dor de cabeça me atingiu, me fazendo derrubar o telefone no chão antes de leva-lo ao gancho. Rolei na cama e cobri a cabeça com o travesseiro em uma tentativa inútil de abafar a dor que me afligia. Apertei tanto os olhos que achei que eles seriam engolidos pra dentro.



Comecei a sentir arrepios e a suar frio, deixando minha boca estranhamente salivante. Droga.



Tentei me levantar, mas juro que vi tudo branco; nem borrões, nem manchas e nenhuma figura que eu pudesse reconhecer. Parecia aqueles desenhos de sistema celular que vemos em livros de ciências da sexta série.



Depois ficou tudo preto de repente e a dor se agravou, e assim, desmaiei.




3h20min




Acordei e Bella estava em meu peito, abraçada com feições serenas. Deve estar tendo bons sonhos.


Ainda sentia fortes dores de cabeça, mas estava determinado a não perder nenhum dia por conta das dores.



Determinado, acendi o abajur e saí de fininho de baixo de Bella, que se remexeu pro outro lado, abraçando o travesseiro. Pude notar que havia manchas enormes de sangue no travesseiro em que eu estava deitado. Uni as sobrancelhas, confuso.




Só então que senti o sangue descendo por meu nariz. Toquei meu nariz e o sangue se escorria até o queixo, pingando no... Eu estava sem blusa? Bella deve ter tirado. É mesmo a minha princesa.



O sangue descia por meu peitoral. Corri em direção ao banheiro e me olhei no espelho. O sangue já se espalhava do queixo até meu peito. Até em meus dentes tinha sangue. Eu parecia um vampiro.




Sem pensar duas vezes, peguei o buscopan de baixo da penteadeira, mais alguns comprimidos pra dor de cabeça e pra tontura e tomei tudo de vez com a água da pia mesmo. Tirei o sangue de meu rosto e desci as escadas indo até a cama, onde tirei o travesseiro sujo. Lavei-o enquanto tomava banho na água quente, que me fazia estranhamente bem.




A doença estava se agravando com o passar dos dias, e vinha cada vez mais crônica. Só peço que Bella não tenha que me ver assim. Não aguentaria morrer brigado com ela. Eu posso passar as noites em claro passando por qualquer dor que me vier, mas não quero que ela me veja assim. É a única coisa que não desejo pra mim.






Dia 2 pra Bella – 4 Dias para Edward






Acordei cedo já sendo precedido de uma tontura irritante. Levantei e caminhei lentamente até o banheiro. Não pude evitar olhar Bella dormir calmamente na cama de casal, porém não pude ver seu rosto, somente um grande leque de cabelo cor de mogno espalhado pelo travesseiro. Me obriguei a sair dali quando o pensamento de acordá-la e ficar tonto o resto do dia passou pela minha cabeça.



Peguei os comprimidos do Buscopan Composto que tinha escondido em baixo da penteadeira e tomei. Quando passaram-se uns 10 minutos, desci e decidi acordá-la. Afinal eram 8h30, e o café da manhã da pousada funciona até as 9h50.



Tirei o travesseiro de seu rosto tendo a melhor visão do mundo.





Ela dormia tranquilamente com a expressão serena e os lábios rosados entreabertos. Nenhuma ruga de expressão ou nada em seu rosto denunciava sonhos ruins, o que me fez sorrir por dentro. Tive pena de acordá-la, mas era necessário.



Carinhosamente beijei levemente as costas de sua mão, depois seu pescoço e fui subindo com leves selinhos até sua bochecha. Quando beijei um de seus olhos, o mesmo se abriu lentamente, mas ela não se mexeu nem falou nada. Beijei todo o seu rosto, e quando estava quase beijando a ponta de seu nariz ela ergueu a cabeça e colou nossos lábios. Rimos.




–-- Bom dia, vida – sorri pra ela e ela também sorriu.



–-- Bom dia, mô – disse bocejando e me afastei um pouco pra que ela se espreguiçasse. Ela esticou as pernas e os braços, apertando levemente os lençóis. Engoli em seco com aquela visão.



Depois ela se levantou e veio me abraçar com um sorriso fraco e algumas lágrimas saindo se seus olhos sonolentos. A abracei com força e ela riu. Caímos abraçados com ela por cima de mim na cama. Seus cabelos tampavam seu rosto.



–-- Que ótimo jeito de ser acordada – piscou pra mim com um meio sorriso. Sorri pra ela também, mordendo seu lábio inferior.



–-- Achei o modo mais adequado pra acordar uma princesa – pisquei e ela corou. Quando tentei beijá-la ela rolou pro lado e correu pro banheiro.



–-- Mau hálito matinal – gritou de lá mesmo. Gargalhei, enfiando a cara em um travesseiro.




Decidido a tomar café no quarto pra poder ter sobremesa, saí disparado até a sala de jantar da pousada. Peguei de tudo que gostamos: pão, queijo, presunto, mortadela, morangos, croissant, duas maçãs, ovos e suco.



Voltei pro quarto me equilibrando com a bandeja. Quando abri a porta e entrei, Bella ainda estava no banho, o que me deu mais tempo pra arrumar a cama novamente e espalhar algumas pétalas de rosa que encontrei na gaveta sobre a cama, formando um coração. Coloquei a bandeja no meio e me sentei, esperando ela acabar seu banho.





Dava pra ouvir ela cantarolando no banheiro do próprio lugar em que eu estava. Ela só canta no chuveiro quando está feliz, então isso é um bom sinal.




Quando ela saiu, estava com um roupão branco com os cabelos caindo em cascata em seu rosto.



–-- Edward, eu... O que... – ela estacou quando viu a bandeja com café em cima da cama. Sorri.




–-- O melhor jeito de uma princesa ser acordada – pisquei e ela abriu um sorriso de orelha a orelha, surpresa.



–-- Cara... Se eu soubesse que você ia... ia... – disse gaguejando – fazer isso, eu teria... sei lá, me vestido melhor – disse passando as mãos pelo roupão e eu ri.



–-- Por mim nem precisa vestir nada – falei e ri malicioso. Ela atirou uma almofada contra mim.



–-- Engraçadinho – disse indo até a espreguiçadeira que tinha na frente da parede-aquário, onde minha blusa xadrez estava pendurada. Ela a levou para o banheiro. Peguei uma mortadela e enrolei, colocando-a na boca. Ficou um pedaço pro lado de fora ainda enrolado quando vi Bella sair do banheiro com uma pose.



–-- Tcharan! – disse e eu sorri. Ela veio até mim e mordeu o pedaço que tinha fora da minha boca, tomando-o de mim, e me dando um selinho de boca fechada.



–-- Bandida – murmurei e ela riu sem mostrar os dentes, com a mortadela ainda em sua boca. Ela enrolou os cabelos e fez um coque alto e bagunçado. Fiz uma cara emburrada pra ela.



Peguei um morango e comi, olhando pra ela suplicantemente.



–-- Edward, eu sei que você gosta de meus cabelos soltos, mas eu preciso comer – disse sentando de frente pra mim. Estávamos separados pela bandeja. Ela pegou uma torrada e tirou um pedaço.



–-- E daí? – franzi o cenho, pegando um pão.



–-- Daí que meus cabelos estão molhados e ficam caindo na minha cara – apontou pro rosto e eu revirei os olhos.



–-- Bella... – balancei a cabeça.



–-- Edward... – falou no mesmo tom que eu. Nos olhamos e rimos de nossa boba discussão.







(...)





Depois de Bella dar a última dentada na maçã, restaram apenas os morangos e um pouco do suco de laranja.




–-- Sabe, uma vez vi um filme egípcio onde a princesa recebe uvas na boca – disse pra mim e eu a fitei. Ela tinha um olhar e sorriso maliciosos. Sorri, acompanhando sua animação.



–-- Oh, princesa, você está com fome? – perguntei entrando no jogo. Ela aumentou seu sorriso e saltou da cama, virando a espreguiçadeira pra minha direção e se deitou ali, me olhando sugestivamente.



–-- Quero ser servida – piscou pra mim mordendo o lábio inferior. Ri mordendo os dois lábios e coloquei todos os morangos em um pratinho, e sentei ao seu lado.




Peguei o primeiro morango e Bella umedeceu os lábios ao vê-lo. Depois olhou pra mim e eu ergui o morango à caminho de sua boca, mas parei. Decidi tornar o jogo mais interessante.



Levei minha mão propositalmente à quina da espreguiçadeira, fingindo batê-la.



–-- Ai, que dor, acho que não posso usar essa mão – falei e ela prendeu o riso. Coloquei o morango na boca e me aproximei dela.





Primeiro rocei levemente meu nariz no seu, para só depois, ela tomar o morango de mim, passando a língua por meu lábio inferior, me fazendo estremecer e dar um sinal de vida à meus “documentos reais”.









Bella piscou pra mim enquanto mastigava sensualmente o morango, degustando-o.




Uma brincadeira levou à outra e agora lá estava Bella, com a minha blusa de botões aberta mostrando seu umbigo e cobrindo parcialmente seus seios, deixando o botão fechado apenas em sua “coroa real”. Derramei suco de seu queixo até seu umbigo e deixei “cair” um morango em sua boca.



–-- Deveríamos filmar isso – disse com a voz embaralhada por causa do morango que sustentava com os dentes e eu uni as sobrancelhas.



–-- Tipo um filme pornô? – perguntei unindo as sobrancelhas e ela piscou pra mim. Ergui uma sobrancelha pra ela, indo pegar a câmera.




–-- Acordou perversa hoje hein, Sra. Swan? – comentei só pra provocar, eu tinha amado a ideia.



–-- Oh, quer dizer que o seu “rei guerreiro” não toma café da manhã? – disse com uma voz teatral – desculpe-me, vou retirar a bandeja... – falou já movendo os braços pra fechar a blusa.




–-- Não, não, não... – falei rápido ligando a câmera e colocando-a apoiada no criado mudo. Bella gargalhou e quase se engasgou com o morango.



–-- Esse é o momento mais erótico e mais engraçado da minha vida – ela disse e eu assenti, concordando.



–-- Esse é o momento mais erótico e engraçado até agora – a corrigi, piscando.




Quando já estava tudo pronto, me ajoelhei ao seu lado e chupei o suco que estava em seu umbigo, fazendo ela arfar. Depois fui lambendo e beijando a trilha de suco e parei no espaço entre seus seios, depositando um beijo ali. Lambi o resto e quando cheguei perto da boca, ela sorriu.




Provoquei contornando seus lábios com a língua, para só depois, comer o morango. Mastiguei rápido, tamanha era minha ansiedade. A cretina riu e pra me provocar umedeceu os lábios.



Quase me joguei em cima dela de tão empolgado. Ela riu e eu sorri, e quando roçamos nossos lábios...






TOC TOC TOC*





–-- Puta que pariu! – Bella reclamou com raiva, fechando a blusa em si. Saí de cima dela bufando. Sempre tem um empata-foda pra atrapalhar!




Parei diante da escada e virei lentamente. Bella bufava e arrumava os cabelos em um coque e ajeitava a blusa. Ela me olhou.




–-- Nós vamos continuar essa conversa? – pedi mordendo os lábios e ela ergueu as sobrancelhas, voltando a desamassar as roupas.




–-- Se deixarem né? Porque primeiro foi a mulher no estacionamento do Mc Donalds, depois os meninos da Califórnia, depois foi a droga do funcionário da piscina, depois os surfistas e... – Bella manifestava seu descontentamento.




–-- Calma, princesa – falei enquanto subia as escadas quase correndo – lembre-se que TPM é um outro empata-foda pra nós – falei com um sorriso torto.



–-- Ah vai se f*der também! – ela disse e riu, assim como eu. Abri a porta e olhei pros lados, e não vi ninguém.



–-- Olá – ouvi uma voz aguda e olhei pra baixo, vendo uma funcionária do hotel com um carrinho de limpeza em seu enlaço.




Era uma garota de estatura mediana com cabelos castanhos escuros curtos, um pouco abaixo da mandíbula. Seus olhos eram verdes, seu nariz era arrebitado e sua pele era extremamente pálida. E eu pensava que todos os havaianos eram bronzeados. Ela trajava um uniforme de empregada até um pouco abaixo dos joelhos, sapatos ortopédicos pretos. Sua postura era tão perfeita quanto uma linha reta. Me assustei com sua expressão transbordando felicidade, como se viesse atrapalhar a mim e a Bella de propósito.




–-- Serviço de quarto – disse e passou ao meu lado, sem me deixar falar nada. Já foi tirando um troço cheio de penas e passando no sofá da saleta.



–-- É que..- tentei argumentar passando a mão em meus cabelos.




–-- Quem é, Edward? – Bella disse quando subiu as escadas. Estava com um pé de cada sapato e seus cabelos estavam soltos e caindo sobre seus cotovelos, dando a ela um ar selvagem e sensual. Sua expressão irritada era cômica. Mas parou quando viu a garota. A baixinha se virou lentamente, parecendo reconhecer a voz.




A cara de Bella aos poucos foi sorrindo por inteira, e depois de alguns segundos, a baixinha também sorriu.



–-- Bella! – a baixinha gritou depois de alguns segundos e correu pra abraçar minha namorada. O que está acontecendo?




–-- Alice! – Bella gritou com a mesma empolgação. E se abraçaram rindo, girando pelo local.




–-- Não acredito que está aqui! Papai me disse que você estava viajando, mas não sabia que se hospedaria aqui! – Bella falou, mas acho que ainda não tinha notado a roupa da garota.




–-- Não estou hospedada, só faço a faxina – disse se libertando dos braços de Bella. Esta não tirava o sorriso do rosto.



–-- Porque? Achei que cursaria moda ou algo assim – Bella deu de ombros.




–-- É que eu fiquei em recuperação nesse primeiro semestre e preciso pagar, mas acabei gastando a grana em um Chanel nº 5 – a tal da Alice revirou os olhos e Bella fez um “own”.




–-- Você não muda nunca – brincou, bagunçando os cabelos de Alice.




–-- Como você cresceu! – Alice comentou e Bella a olhou de cima a baixo.




–-- Você não cresceu – fez piada com a altura da baixinha e caiu na gargalhada. Alice pegou uma almofada e atirou nela.



–-- Como eu disse, você não muda nunca – Alice revirou os olhos. Cocei a nuca, confuso e Bella, pra meu azar, notou minha presença. Desviei o olhar do dela e tentei sair pela porta, mas ela abraçou minha barriga me empurrando um pouco pro lado. Suspirei.




–-- Alice, esse é meu namorado Edward Cullen – ela nos apresentou e eu forcei um sorriso.




–-- Oh, é um prazer! Já ouvi falar tantas vezes de você que até já me sinto apresentada – puxou a barra do vestido, fazendo uma reverência. Bella riu e me empurrou no sofá que tinha ali.




–-- Agora eu quero saber de tudo! – Bella disse e eu enfiei uma almofada no rosto, gemendo de desgosto bem alto.




Droga de baixinha empata-foda!




(...) 30 Minutos Depois...






Alice e Bella já limparam e relimparam todo o quarto, já conversaram sobre assuntos que eu nem sabia que existiam pra se colocar em uma conversa e até já reviraram minhas roupas. O pior é que Bella até agora não colocou uma calcinha por baixo da blusa, então sempre que ela se abaixa pra pegar alguma coisa ou sobe pra limpar algum móvel... ARGH!





Quem diria que uma criaturinha tão pequena podia ser tão irritante! Essa Alice...




Bella estava certa, esse é o momento mais erótico e mais engraçado de minha vida, pois estou precisando esconder minha ereção numa mera almofada.




–-- Então Alice, já tem um namorado? – Bella perguntou enquanto dobrava suas roupas em cima da cama.




–-- Você tem um vestido de princesa? Bella! – Alice disfarçou pegando o vestido de princesa que Bella tinha comprado.




Eu estava na cama deitado ao lado das roupas, de olhos fechados, quase implorando para que o chefe da Alice viesse aqui chama-la, demiti-la ou que simplesmente um dos quartos pegasse fogo e todos tivessem que sair. Tá aí uma boa experiência: transar no meio das chamas do fogo. Vou discutir isso com Bella mais tarde, se a anã largar do pé dela.



Nesse meio tempo em que eu devaneava Bella já estava em outro assunto com Alice. E eu implorando para que um milagre acontecesse.




–--... e foi isso que aconteceu. Eu me apaixonei à primeira vista, mas ele é um galinha! – Alice estava sentada em uma das espreguiçadeiras enquanto Bella enxugava suas lágrimas.




–-- Oh, mas qual é o nome dele? – Bella perguntou.




–-- Nic. Ele está hospedado quatro quartos depois deste, veio com alguns amigos pra cá – ela fungou e eu ergui as sobrancelhas, sentindo pena dela.




Nic era o homem que tinha me ajudado quando eu estava tonto, e ele era, concerteza, a pior definição de galinha.





–-- Isso pode dar certo – Bella piscou, se levantando, já que estava de joelhos. Alice levantou o olhar para encará-la – eu e o Edward, por exemplo. Ele me conheceu quando eu ainda era uma quatro olhos. E mesmo assim estamos juntos há três anos – ela assentiu me olhando e eu concordei. Estou tão a ponto de bala que quando Bella virou, vi seu olho esquerdo piscando como se estivesse armando alguma e dizia algo que não consegui decifrar. Mas concerteza era alguma sacanagem.



–-- Cara, não sei como ele conseguiu, porque o Nic e eu estávamos uma noite lá no bar e ele não me deu atenção quando fingi ignorá-lo e... – não ouvi mais nada, porque Bella realmente estava piscando e falando algo com os lábios. Sentei-me na cama imediatamente e entendi que ela estava falando “ônibus de turismo”. Foi aí que lembrei que a porcaria do ônibus saía do ponto às 9h30. Olhei pro meu relógio de pulso e marcavam 9h07.



–-- Se arruma que eu enrolo – sussurrei já que Alice estava com a cabeça apoiada nos joelhos, enquanto falava sobre Nic. Bella assentiu e subiu as escadas de fininho.




Sem saber o que fazer, sentei ao pé da cama ficando mais perto dela. Quando ela ergueu o rosto, continuou a falar sobre Nic.




–--... e ele simplesmente foi embora! Sabe, o amor não é uma coisa assim tão mágica. Nem sempre nos atraímos por personalidade, por isso não me entreguei pra Nic aquele dia. Ele está hospedado há quase uma semana e eu vou ao quarto dele todos os dias. Acredite, entrar e ver que o amor de sua vida está com outra garota ou encontrar camisinhas e lingeries no meio de suas roupas é deprimente.




–-- Alice! – falei, colocando uma mão na testa. Minha mente já começava a doer, Alice falava tudo rápido demais! – Nic não é o cara certo pra você, ele é um idiota e só veio aqui pra pegar as havaianas, entende? Ele tem uns 18 anos, não está na fase de relacionamentos sérios. O seu problema é que você se ilude muito fácil. Aposto que se você saísse por esse quarto e esbarrasse em um homem de 40 anos ficaria pensando nele por ele ter pedido “desculpa”. Você está certa quanto ao lance da personalidade – suspirei e ela me encarava, prestando atenção em cada palavra. Pegou uma lingerie de Bella e a dobrou, colocando no colo – você deve apenas sentir atração por ele. Aliás nem sei como se atraiu por aquela baleia assassina, mas você não conhece ele de verdade. Então, conheça o cara antes de criar ilusões amorosas pra você mesma – falei com um sorriso forçado e ela estava de boca aberta.



Estranhei os segundos em que se calou, já que ela não havia calado a boca desde que chegou aqui, pelo menos falava de 3 em 3 segundos.




–-- Eu disse algo errado? – perguntei preocupado, mais pra mim mesmo que pra ela. Avaliei sua expressão e cerrei os olhos.




Preocupado, aproximei meu rosto do dela e ela sequer piscou. Quando já ia chamar por Bella...



–-- TEM RAZÃO! – ela berrou na minha cara, me fazendo sobressaltar e ir ao chão. Meu coração estava acelerado. O que deu na garota?



–-- O que? – perguntei apoiando os cotovelos no chão pra me manter em pé. Alice se levantou, derrubando a lingerie de Bella no chão e olhando pra parede-aquário com os olhos brilhando.



–-- Edward, você está certo! Estava na minha cara um tempo todo, só precisei de um empurrão pra afirmar o que já sabia!



–-- Bota empurrão nisso – fui sarcástico e ela ignorou.



–-- Eu... eu... Preciso vê-lo agora... – disse receosa, respirando mais rápido e olhando de mim pra minhas mãos, por uns 7 segundos – diz pra Bella que mais tarde eu estarei de volta! – falou e subiu as escadas como um furacão. Ouvi a porta bater e Bella desceu as escadas, ainda com minha blusa. Estava com algumas roupas em seus braços.



–-- Eu, hein? O que deu nela? – disse Bella e dei de ombros. Ela franziu o cenho e pisou na sua lingerie que tinha caído no chão, e quando se abaixou pra pegá-la, fiquei...




–-- A ponto de bala com a visão... – comecei, mas travei quando ela, tentando manter dobradas as roupas que segurava antes, colocou o braço abaixo do peito, fazendo-os quase pularem pra fora do decote da blusa. Nesse momento agradeci por Alice ter me assustado e me jogado no chão. Quem tem uma visão dessas não precisa ter uma parede-aquário. Voltei a realidade quando Bella levantou. Abri e fechei a boca várias vezes, sem ter como justificar as primeiras palavras que dissera.



–--... a visão da verdade – sorri amarelo dando a primeira resposta que me ocorreu e Bella assentiu, começando a tagarelar sobre Alice.




Eu estava, como dissera antes, a ponto de bala, já que pra meu azar estávamos atrasados e Bella trocou de roupa na minha frente. Engoli em seco várias vezes. Nem consegui levantar a calça que estava começando a colocar.




–-- Edward, estamos atrasados – disse Bella fechando a janela do paraíso – lê-se fechando o sutiã – e me trazendo a realidade novamente. A realidade que faltava pouco menos de 10 minutos pra pegarmos o ônibus – não consegue pôr a calça? – ela estava com um jeans e com um sutiã preto, irresistível. Bella fica ainda mais deslumbrante de preto.





Ela nem esperou eu responder e já estava na minha frente, levantando a minha calça. Seus dedos tocaram levemente minha pele, me causando arrepios. Ela parou quando estava perto de meu quadril, e assim percebeu que meus “documentos” estavam quase voando da minha cueca. Ela olhou pra mim com uma sobrancelha erguida. Dei um sorriso amarelo, totalmente envergonhado. Passei a mão nos cabelos nervosamente.




–-- Está assim por minha causa – disse sensualmente se levantando e colocando a calça em meu quadril, finalmente. Deixou a mão na braguilha da calça. Ficou na ponta dos pés pra colar os lábios em meu ouvido – ou por causa do Nic? – Gemi de desgosto instantaneamente e Bella caiu na gargalhada, se jogando na cama.



–-- Agora você me paga, bandida – me joguei em cima dela e ela ria quando tomei seus lábios pra mim. Ela passou as duas pernas por meu quadril, “me” colando mais a ela.





Quando eu tentei beijá-la, ela arqueou suas costas e apenas manteve sua testa colada na minha.




–-- Eu adoraria continuar essa conversa com você, mas temos que ir para o ônibus – me empurrou pro lado e levantou correndo, colocando um short jeans, um top preto cobrindo os seios e uma blusa branca solta sem mangas, com alguns colares que comprara e o que eu dei a ela. Colocou também algumas pulseiras douradas e amarrou um lenço no short, dando um ar selvagem.




Bufei derrotado e levantei, sem saída. Coloquei só uma bermuda preta simples, uma regata branca com mangas e meu casaco preto caso fizesse frio.




–-- Está pronta? – perguntei subindo as escadas.



–-- Sim – disse sem me olhar. Ela remexia seu lenço, apertando o nó.




Passei por trás dela indo pra porta e desamarrei seus cabelos.



–-- Edward! – ela disse tocando nos cabelos soltos, que estavam bastante encaracolados. Lindos. Só ela não via isso.




Ela deu um tapa em meu braço e eu ri.




Saímos apressados da suíte e enlaçamos os dedos. Era inexplicavelmente confortável dar a mão pra Bella, como pegar na mão de um anjo. Não abriria mão disso nunca.




–-- Que horas são? – ela me perguntou e eu olhei a hora em meu outro pulso livre.




*9h26min*




–-- Corre, Bella! – gritei e ela me acompanhou, e assim corremos desesperados pelo deque.




Quando chegamos ao hall, Bella quase esbarrou em um garçom, mas mesmo assim quebrou um prato devido ao susto do homem.




–-- Eu pago! – gritei e o homem disse algum palavrão em francês.




Bella corria com um sorriso no rosto.



http://24.media.tumblr.com/tumblr_mddql2LCb61qjg8h0o1_500.gif (ignorem as roupas deles)





Quando alcançamos a saída da pousada, vimos Alice batendo em Nic. Bella me olhou e riu, assim como eu.




Corremos mais algumas quadras até Bella começar a ofegar. Vimos o ônibus vermelho partindo.




http://dilemmaxdotnet.files.wordpress.com/2011/12/buses-03.jpg?w=540




–-- Esperem! Esperem! – Bella gritava quase sem forças.





–-- Esperem! – apoiei-a, mas o maldito continuava em movimento.




–-- Agarra o ferro! – pedi indicando o ferro que dava pros portões ainda abertos.




–-- Eu não consigo! – disse quase sem ar e eu parei de correr, pegando-a nas costas. Ela agarrou firme meu peito e eu segurei suas coxas, correndo o máximo que podia. Ergui um braço e consegui tocar com a ponta dos dedos o ferro, então Bella me ajudou dando impulso pra frente e agarrando o ferro com os dois braços.




Sentamos no chão dali, ofegantes. E ficamos lá até nossas respirações se controlarem.



Quando nossos olhares se encontraram explodimos em uma gargalhada estrondosa.



This Love – Maaron 5




–-- Olá, posso ajudá-los? – um segurança apareceu na porta de vidro, e é claro, entramos.



Bella foi em minha frente enquanto eu confirmava nossos nomes na lista de presença. O homem nos marcou e finalmente nos deixou entrar.



–-- Mô – Bella parou quando estávamos nas escadas – vamos lá pra cima?




–-- Porque?




–-- É que dá pra ver melhor as ruas – ela deu de ombros com um sorriso que deu vontade de morder. Dei de ombros e ela sorriu, pegando minha mão e subindo em minha frente.




Pra infelicidade total da nação ela estava de short.





Quando chegamos lá em cima, todos os acentos estavam ocupados. Procurei e Bella também, mas só tinham algumas mulheres com crianças sentadas ali.




Olhei pra Bella e ela estava com o olhar triste. Não desisti de procurar.





–-- Mãe, eu quero ir ao banheiro! – um garotinho loiro de uns sete anos pediu pra ir ao banheiro e a mulher, que estava irritada, bufou.




–-- Olha menino, é a ultima vez que eu levanto desse acento! Eu mandei você ir ao banheiro em casa – falou pegando na mão do menino e saiu reclamando – você deveria fazer xixi antes de ir pros lugares porque é falta de educação e...




Cocei a nuca e cutuquei Bella, apontando pros lugares. Ela sorriu em expectativa e puxou minha mão. Mal sentei e ela já estava tirando fotos da minha cara.




–-- Bella... – falei e ela não respondeu, apenas apontava a câmera pra todos os lados. Puxei seu queixo pra mim e a agarrei ali mesmo.





Ela continuou nos fotografando.




–-- Porque não larga essa maldita câmera e espera chegarmos aos pontos turísticos? – falei passando a mão nervosamente nos cabelos.




–-- Porque cada segundo é importante – disse sem me olhar, continuando a tirar fotos.




–-- Temos contas a acertar, bandida – falei tentando provoca-la.




–-- Estou sem dinheiro – disse sem prestar atenção ao que eu dizia. Estava tão encantada pelo ônibus em movimento que nem percebeu o duplo sentido ao qual me referia.




Bufei, indignado. Cruzei os braços enquanto via a rua apenas em flashes, tamanha era a velocidade do ônibus




A maluca e seu filho estavam voltando para seus lugares. Tomei a câmera de Bella imediatamente e a guardei em meu bolso. Ela já ia abrir a boca pra reclamar, mas puxei sua cabeça pra meu ombro.



–-- Fecha os olhos, a mulher está de volta – sussurrei e ela entendeu. Encostei meu queixo nos cabelos cheirosos de Bella e fingi dormir.




–-- Que estranho... Ryan, onde estávamos sentados antes? – a mulher perguntou olhando pros lados. O garoto olhou pra mim e pra Bella e eu pisquei pra ele. Ele cerrou os olhos e disse algo com os lábios.




“Dez dólares” li. Uni as sobrancelhas e ele virou pra sua mãe, pronto pra falar. Rapidamente gemi, fingindo trocar de posição.



Ele se virou pra mim novamente e, discretamente, tirei a nota do bolso e a joguei no chão. O garoto a pegou, olhou pros lados e guardou-a no bolso. Ele sacudiu a saia da mãe e apontou pro fim dos acentos, onde uma mulher gordinha e um idoso estavam conversando, bastante entretidos.




Bella riu contra meu peito e eu prendi o riso.





–-- Olha só pra você! Não tem vergonha de sentar no acento de uma criança? – a mãe reclamou e a mulher que estava sentada ficou assustada, sem conseguir argumentar.




–-- O olhar daquela mulher é assustador – Bella comentou e eu ri alto, passando a mão em seus cabelos.




–-- Lembra um pouco o seu pai – dessa vez foi ela que riu alto.




O resto da viagem foi tranquila. Algumas vezes beijei Bella, outras vezes conversávamos com o guia, que fazia brincadeiras pro entretenimento dos passageiros, outras ela tentava fugir de mim se escondendo no banheiro ou até mesmo conversávamos com os outros passageiros.




–-- Bom dia, senhores passageiros, eu sou a Tina e guiarei vocês pelos pontos turísticos – uma mulher anoréxica com um uniforme preto semelhante ao de uma aeromoça apareceu. Todos responderam ao bom dia em coro.




–-- Nossas passagens serão na ordem: palácio 'Lolani, Aloha Stadium, Hawaii Convention Center, Capitólio estadual do Havaí, Parque Nacional dos Vulcões do Havaí, observatório W. M. Keck e, pra encerrar, parque nacional de Haleakala.




Bella ergueu o braço.




–-- Sim? – Tina disse e todos os passageiros viraram o olhar para nós.





–-- Quantas paradas pra comer? – minha princesa perguntou com os olhos brilhando como os olhos de uma criança ao receber os presentes de Natal.




–-- Três paradas: a primeira será após a visita ao Aloha Stadium, depois da visita ao Parque Nacional dos Vulcões do Havaí e após o parque nacional de Haleakala. Se vocês não tem mais dúvidas, irei para a cabine dos.. – dizia já virando as costas e Bella gritou denovo.




–-- Tina! – disse e a mulher se virou com uma expressão amigável – e na volta?




–-- Na volta serão apenas duas – disse e virou novamente. Quando estava prestes a pisar o primeiro degrau...




–-- Tina! – Bella gritou mais uma vez. A mulher virou-se lentamente, segurando um sorriso falso – aqui tem aqueles carrinhos de comida, tipo nos aviões? – algumas pessoas riram e outras olharam curiosas pra Tina.




–-- Não – disse após pensar um pouco. Estava com um sorriso forçado, mas mesmo assim foi simpática. Virou-se novamente.




–-- Hey, Tina! – Bella gritou e a mulher deu um suspiro alto, virando-se. Seu sorriso já não era tão amigável – vocês tem aqueles fotógrafos que tiram fotos do passeio e depois vendem em um álbum? – Bella perguntou com uma voz doce. Minha mão, que estava em seus ombros, fez um carinho em seus cabelos.




Tina, irritada, ofegou.





–-- Não, não temos fotógrafos pelo fato de isto não ser uma ida ao zoológico – ela disse tentando manter o tom de voz. Ela se virou e desceu um degrau.




Bella já ia levantar o braço novamente, mas a impedi.





–-- Espera, mô – ela pediu me olhando e libertou o braço, acenando alegremente – Tinaaa!





–-- O QUE FOI??? – Tina disse subindo as escadas batendo firmemente os pés nos degraus.




–-- Eu só queria saber se o ônibus pode abrir as janelas – falou mantendo seu tom angelical, ignorando a fúria de Tina e a mulher, enraivecida, pegou uma revista que um homem estava lendo e trouxe até Bella.




–-- Aqui, pode ler e tirar todas as suas dúvidas quanto ao ônibus, passagens, paradas e pode até lamber se quiser, mas por favor... – deixou a frase morrer e deu um longo suspiro, virando-se e andando. À essa altura minhas bochechas quase se estouravam de tanto que eu prendia o riso. Não só eu como metade dos passageiros, incluindo crianças e idosos.



Bella, confusa, virou-se pra mim.




–-- Foi algo que eu disse? – fez uma cara inocente, mas ela realmente não sabia. Pigarreei, tentando deixar minha voz séria.





–-- Não sei, mas acho que você deveria pedir desculpas a ela – disse só pra provocar e o som de bochechas prendendo o riso foi alto. As pessoas estavam por um fio pra largarem uma gargalhada alta, capaz até de quebrar os vidros.





–-- Tem razão – assentiu e deu um beijo em minha bochecha. Levantou-se e foi se apoiando de acento em acento pra alcançar a escada.





–-- Ei, Tina... – ela chamou e pudemos todos ouvir a mulher gemer do andar de baixo, apavorada.




Quando Bella saiu, todos soltaram uma risada altíssima. Eu fui o primeiro a chorar e me jogar no chão de rir da persistência de minha namorada.




–-- Com uma namorada dessas quem precisa de uma mãe? – o garoto loirinho terrorista disse, entre risos, apontando pra mãe que babava no acento. Isso só serviu de auxílio pra os outros rirem ainda mais alto.




Logo Bella estava de volta, e todos se calaram pra ouvir o que ela ia dizer. Ela parou no pé da escada com um olhar zangado e confuso.




–-- Esses havaianos são tão extressadinhos – exclamou e se assustou quando ouviu as pessoas quase gritarem as risadas. Totalmente corada, serpenteou correndo e de cabeça baixa por entre os acentos, sentando-se ao meu lado e escondendo a cabeça no vão de meu pescoço.



Ri com algumas outras pessoas que se viraram pra nos encarar, afagando seus cabelos. Alguns minutos depois, chegamos ao primeiro ponto a ser explorado.



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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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