Because, I Love You II. escrita por


Capítulo 19
Necessidade.


Notas iniciais do capítulo

Nossssssssssssa, que horror ): chorei demais escrevendo esse capítulo, triste demais. Tomara que vocês gostem, eu achei ele muito interessante, ainda mais para o desenvolvimento da fic e tal. Enfim, boa leitura para vocês amores ♥ até mais.



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Os meses foram passando lentamente, acho que depois da Ana ter dito que não podíamos ser mais nada, a minha vida andava parada demais. É claro.

Depois de uns meses com o meu filho na barriga, a Alexia fez questão de fazer um exame de DNA depois de uma briga nossa (muito idiota por sinal) sobre quem era o pai daquela criança e nosso sangue deu positivo, e tudo ficou esclarecido. Minha mãe vibrou de emoção e a Alexia estava morando lá em casa, não que tivéssemos assumido algo, mas minha mãe se recusava a deixa-la morar no apartamento dela com mais duas garotas que não eram lá muito confiáveis.

Eu não neguei e nem aceitei aquela situação, já que eu estava morando no apartamento do centro sozinho.

Na maioria do tempo eu ficava lá, mas ia de vez em quando na casa dos meus pais para saber como as coisas realmente estavam, se a Alexia já tinha desistido de ficar lá, se mamãe já a tinha matado de raiva comprando aquele monte de coisas o tempo todo, se a Fernanda já tinha se mudado por não aguentar mais as coisas lá em casa e pra saber se houve algum sinal de vida da Ana pela parte do Augusto, mas é claro que não, para todas as alternativas anteriores.

Eu até diria que a gravidez da Alexia demorou mais do que o necessário, mas minha mãe confirmou que tudo estava indo calmamente, ainda mais quando elas descobriram que era uma garota, o que, confesso, mexeu com o meu emocional.

Na verdade, a mamãe não queria saber, mas eu insisti para saber o sexo, já que a Alexia já estava no sexto mês de gestação.

- É uma menina. – ela disse entrando pela porta com um papel em mãos, eu estava sentado na mesa ajudando meu pai com uns papeis da empresa e o Augusto estava sentado do outro lado vendo o facebook, levantamos o rosto automaticamente.

- O que? – eu perguntei empurrando a cadeira.

- É uma garotinha linda e saudável Tony. – ela disse deixando algumas lágrimas caírem, mamãe entrou logo atrás dela.

- Cuidado com as emoções Alexia. – minha mãe disse segurando-a pela mão.

Tudo bem que a gravidez era de risco, mas ela não podia nem chorar? Eu hein.

- Uma menina? – eu disse sorrindo.

- É. – ela disse se soltando da minha mãe e se aproximando de mim. Eu encarei sua barriga que já dava para perceber e sorri, minha mão tremeu e eu encostei na sua barriga, acariciando a mesma.

Era difícil eu fazer aquele tipo de gesto, mas naquele dia, algo tocou meu coração e eu não consegui segurar a emoção.

Droga de sentimentalismo.

- Você já escolheu o nome? – eu perguntei levantando o rosto, ela sorriu de lado.

- Eu esperava que você escolhesse, já que é uma garota. – eu a encarei por alguns segundos e então um sorriso gigantesco se abriu no meu rosto.

- Eu posso escolher? – eu disse olhando para o Augusto que balançou a cabeça assentindo.

- Pode. – ela disse me olhando.

- Beatriz é perfeito, Tony. – minha mãe disse segurando meu ombro.

- Eu prefiro Ariane. – A Fernanda disse descendo as escadas e indo abraçar a Alexia que sorriu para ela.

- Deixem ele escolher. – meu pai disse para as duas.

- E então? – a Alexia me encarou.

E então eu tive um Flash Black.

A Ana estava deitada no meu braço e nós nos encarávamos.

- Com certeza se tivermos um filho ele vai chamar Henri. – eu disse cheio de mim.

- Henri por quê?  - ela perguntou confusa.

- Porque eu conheci um cara que chamava Henri e ele é muito foda, e sempre que eu o vi eu dizia que meu filho ia se chamar Henri, então ele vai chamar Henri, o nosso filho, quero dizer. – eu me atrapalhei todo e ela soltou uma risada baixa, fazendo meu sorriso se estender.

- Então será Henri e Esther. – ela disse me encarando.

- Esther? – eu disse fazendo careta.

- Sim. – ela afirmou. – imagina, que fofo seria se tivéssemos um casal? – ela sorriu mais largo dessa vez e eu inverti a posição ficando por cima dela.

- Esther e Henri. – eu sorri. – combinou.

- Aham. – ela afirmou aproximando os lábios do meu. – Henri e Esther. – ela sussurrou mais uma vez e então eu a beijei.

Fim do Flash Black.

- Tony. – a Fernanda estalou os dedos no meu rosto. – já se decidiu? – ela perguntou.

- Aham. – eu afirmei engolindo em seco.

- Qual o nome? – a Alexia disse baixo.

- Esther. – eu disse sorrindo de lado e eu virei o rosto, o Augusto sorriu de lado e abaixou a cabeça.

- Esther é lindo! – minha mãe disse abraçando a Alexia e ambas foram para a sala.

.

POV Ana.

Eu fiquei até tarde fazendo o trabalho da faculdade, era mais ou menos umas duas horas da manhã quando eu deitei a cabeça no travesseiro, a Alanis também estava acordada, mas mexendo no facebook pelo seu notebook.

- Ana tem um amigo meu que quer te conhecer. – ela sussurrou sem tirar os olhos da tela.

- Não estou disponível. – eu sussurrei irritada.

- Larga a mão de ser chata. – ela riu e virou o rosto pra mim. – você nem o viu. – ela piscou.

- Não quero ver ele. – eu disse virando o rosto para o outro lado.

- Nem se o nome dele começasse com “to” e terminasse com “ny” – ela disse rindo, eu virei o rosto pra ela automaticamente.

- Tony? – eu disse confusa, meu coração deu sintomas de reconhecer aquele nome.

- É, mas ele acabou de sair, não sei porque? – ela fez bico e eu dei na cama novamente, suspirando alto.

Fiquei uns vinte minutos acordada, mas logo adormeci, só escutei quando notebook da Alanis desligou e enfim o quarto ficou silencioso... E quando eu finalmente ia adormecer mesmo, meu celular começou a tocar dando sinais de que eu não dormiria quase nada naquela noite.

Eu estendi a mão até a cabeceira e o peguei.

- Alô? – eu disse baixo, a Alanis murmurou um palavrão.

- Ana? – eu demorei cinco segundos para reconhecer a voz.

- Tony? – eu disse surpresa, me sentando na cama automaticamente, ele fungou baixo e a Alanis acendeu o abajur com cara de sono, mas ainda mais curiosa que eu.

- Ana, eu estou desesperado. – ouvi um barulho de ambulância no fundo e depois vozes conhecidas.

- Tony...  O que foi? – droga de preocupação.

- Ana, a Alexia entrou em trabalho de parto, mas ela está sangrando. – ele disse fungando alto, meu coração se espremeu no peito. – minha filha só tem sete meses... Era uma gravidez de risco... – ele começou a chorar alto e a Alexia se levanto abrindo o guarda-roupa e pegando peças de roupas para nós duas. Maldita melhor amiga.

- Ela entrou em trabalho de parto? Mas já? – eu coloquei o celular no viva voz.

- É. – ele ainda estava chorando. A Alanis fez uma grande cara de dó e eu sabia que ela tinha noticias péssimas para me dar.

A mãe dela era médica, e a Alanis sempre teve “conhecimentos” sobre a área.

- O que o médico disse Tony? – a Alanis pegou o celular e tirou do viva voz, eu vesti a calça e coloquei uma blusa de frio, minha mãe entrou no quarto.

- O que está havendo? – ela disse confusa ao nos ver vestidas.

- Não dá tempo de explicar. – eu disse pegando a bolsa e as chaves do carro.

- Ana! – ela disse descendo as escadas atrás de mim e da Alanis que já estava na frente quase entrando no carro.

- É a filha do Tony. – eu disse baixo, ela sorriu de lado.

- Porque eu achei que você ia conseguir viver a sua vida sem esse garoto agora né? – minha mãe disse puxando hobby mais para perto do corpo.

Eu sorri de lado para ela e abri o carro, entrando nele em seguida.

A Alanis entrou cinco segundos depois e ela já tinha desligado o celular.

- O que aconteceu? – eu disse acelerando o carro.

- Parece que a garota não vai sobreviver. – ela disse baixo.

- Qual garota? – eu disse confusa.

- A filha dele. – ela sussurrou baixo e meus olhos se encheram de água.

O caminho para o hospital foi longo e silencioso, eu deixei algumas lágrimas caírem e quando paramos no estacionamento do hospital, já estava quase amanhecendo, meu professor podia esperar mais um dia para a entrega daquele trabalho.

Eu andei rapidamente com a Alanis até a sala de espera e me deparei com o Tony sentado em uma cadeira, ao seu lado direito estava o Augusto com a mão no seu ombro e a Fernanda com a cabeça nas suas costas, algumas pessoas eu não conhecia, mas a mulher tinha os olhos da Alexia e eu logo entendi que era sua mãe e os outros parentes, vi a Laura e o Vitório de um lado de mãos dadas, a Maria com o Matheus e o Léo em pés perto do corredor.

- Alguma noticia? – eu disse colocando meu cabelo atrás da orelha, o Tony levantou o rosto automaticamente e se levantou andando até mim, quando seu corpo encostou no meu e ele colocou sua cabeça no meu ombro, eu esqueci do mundo e deixei que meus braços o enroscassem em mim.

- Nenhuma. – o Augusto disse lançando um sorriso de lado pra mim, eu sorri para ele. O Tony me soltou limpando algumas lágrimas.

- Ela é tão pequeninha. – ele disse segurando o choro.

- Não vai acontecer nada com ela e nem com a Alexia. – eu disse limpando uma das lágrimas que caiam pelo seu rosto.

- O médico disse... – ele ia falar, mas ouvimos passos e nos viramos para ver.

- Tem alguma Ana aqui? – ele disse olhando em volta. Eu cerrei as sobrancelhas e o Tony me olhou.

- Ela. – ele apontou para mim.

- A Alexia quer te ver. – ele sorriu para mim.

- Doutor? – o Tony o chamou, ele se virou para o Tony. – e a minha filha? – ele disse segurando as lágrimas.

- Uma bela menina, eu diria. Saudável e com grandes chances de viver muitos anos ainda. – o Tony sorriu largo e o doutor me encarou, me chamando com a cabeça, eu entreguei minha bolsa para a Alanis e o segui pelo corredor.

- Ela pediu para me chamar? – eu disse confusa.

- Sim querida, e eu gostaria de deixar claro... – ele parou antes de uma porta para eu me trocar e me higienizar. – que ela não está bem, e há grandes chances dela não sobreviver até amanhã. – minha respiração falhou.

- Mas a neném... – ele levantou o dedo.

- A criança está ótima, mas a Alexia sangrou muito no parto e... – ele se calou. – é melhor você ir se vestir rápido. – eu entrei na sala tinha uma moça que me ajudou a vestir a roupa, ela explicou como funcionava dentro do centro cirúrgico e me levou até lá.

A Alexia estava ligada a alguns aparelhos, ela estava pálida, seus lábios estavam brancos e ela respirava com dificuldade.

Senti minha cabeça girar.

- Alexia? – eu sussurrei segurando sua mão, ela abriu os olhos.

- Ana? – ela sussurrou.

- Sou eu. – eu disse sorrindo.

- Ana... – ela puxou uma quantidade de ar. – eu vou morrer. – ela deixou uma lágrima cair.

- Não vai não. – eu sorri. – você tem uma filha pra criar, você não pode morrer. – ela tossiu e então puxou outra golfada de ar.

- Me promete uma coisa? – ela disse tossindo mais uma vez, meus olhos ficaram cheio de lágrimas e eu balancei a cabeça assentindo, porque eu falasse algo com certeza eu me debulharia em lágrimas. – cuida da minha filha. – ela deixou algumas lágrimas caíram e eu não conseguir segurar o choro. – o Tony... – ela suspirou. – é só uma criança cuidando de outra criança... Ele não vai saber cuidar dela... – eu abaixei a cabeça. – ele escolheu o nome de Esther sabia? – ela apertou minha mão e eu a encarei.

- Esther? – eu perguntei.

- É, foi você que escolheu não foi? – ela deixou algumas lágrimas caírem, eu assenti. – cuida dela Ana... – ela tossiu de novo. – seja a mãe que ela não vai ter... – eu não aguentei e deixei mais lágrimas caírem. – cuida dos dois, por mim... Eu sei que o amor que você tem por ele, é enorme. – ela sorriu. – e por ela vai ser tão grande... – ela suspirou. – quanto. – eu abaixei a cabeça. – promete que você vai... Cuidar dela? – eu soltei um soluço, as enfermeiras encaravam a cena e choravam baixinho.

- Você vai viver. – eu sussurrei.

- Promete Ana! – ela sussurrou quase inteligível.

- Eu prometo. – eu disse para ela.

- E antes, eu queria... – ela me encarou. – pedir desculpas. – eu cai no choro, de novo. – eu sei que fizemos tudo errado...

- Shiu, tá tudo bem, tá tudo bem. – eu olhei para as enfermeiras que fizeram não com a cabeça. Ela suspirou pesado de novo.

- Me perdoa Ana? – ela sussurrou deixando algumas lágrimas caírem. – perdoa o Tony também, ele te ama muito. – eu limpei as lágrimas. – e cuida da minha filha. – ela caiu no choro. – cuida... – a voz dela foi ficando baixo e seu aperto de mão mais fraco. – dela por mim. – o aparelho fez um barulho fino e agudo e os médicos me puxaram para longe, eu coloquei as duas mãos na boca enquanto o choro irrompeu alto.

- Desfibrilador, agora! – ele gritou tentando reanima-la uma, duas e até três vezes, mas o seu coração tinha parado.

A enfermeira me puxou para fora do quarto e me sentou em um banquinho, eu não conseguia parar de chorar.

- Você precisa se acalmar. – ela disse pegando um copo de água pra mim.

- Ela morreu. – eu disse entre o choro. – meu Deus, ela morreu. – eu coloquei as duas mãos na boca.

A enfermeira me abraçou e eu não conseguia parar de chorar, fiquei pelo menos uns vinte minutos sentada naquele banco chorando, foi quando tomei coragem e comecei a caminhar para a sala de espera, primeiramente vi a Maria que me encarou com os olhos cheios de lágrima, o Matheus a puxou para um abraço e depois eu apareci ali, vi a expressão de todas as pessoas daquela sala, a esperança em cada olhar, e meu deu vontade de cair no choro, o médico chegou logo atrás de mim e colocou a mão no ombro.

- Porque ela tá chorando? – o Tony perguntou baixo.

- Nós fizemos o possível. – a mulher ao lado do Tony caiu no choro. – ela realmente lutou bravamente, - o Tony me encarava, e eu abaixei a cabeça, ele caiu no choro. – mas seu coração não resistiu e parou.

- Meu Deus. – a Laura sussurrou e o Vitório a abraçou. – tão jovem.

- Eu sinto muito. – o médico sussurrou.

Senti um par de braços me envolver e eu sabia que era do Tony, passei os braços pela sua cintura e deixei o choro sair.

- Eu te amo. – ele sussurrou no meu ouvido. – eu te amo muito. – eu levantei a cabeça para o olhar, assenti e ele me abraçou com mais força.

O Tony quis muito ir ver a filha dele no berçário e eu o acompanhei, fomos em total silêncio um ao lado do outro, paramos perto do vidro. A enfermeira que estava lá dentro veio andando até nós com uma criança enrolada em um pano rosa, ela era tão pequenina, o Tony encostou a mão no vidro e eu encarei a garotinha.

Ela era muito parecida com ele, os mesmo olhos escuros e penetrantes, o Tony encostou a cabeça no vidro e caiu no choro.

- Ela não tem mãe. – ele disse baixo. – ela morreu por minha causa.

- Ela morreu porque era a hora dela. – eu sussurrei para ele.

- Meu Deus, como eu vou cuidar dessa criança sozinho? – ele disse abaixando a cabeça.

- Você não vai cuidar da Esther sozinho, Tony. – eu puxei seu rosto para levantar. – eu vou ajudar você. – ele abaixou a cabeça e puxou minha cintura novamente para perto dele me abraçando com força.

Ele caiu no choro de novo e vi um novo sentimento nascendo dentro de mim, algo que eu jamais poderia imaginar que poderia acontecer.

O amor por uma criança que não tinha nascido de mim, mas que precisava de mim para viver.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
PS: http://www.youtube.com/watch?v=_24LI21sg0s
Música do capítulo como sempre, bom proveito.