Eram 02:45 da madrugada, e os pensamentos pareciam não quererem deixar Edward Cullen dormir. Com o silêncio e a monotonia da madrugada, estavam livres para correr livremente sem nenhuma distração. Ele sabia que tudo que Jasper lhe advertira era verdade e que uma mentira como essa poderia trazer graves consequências. Era errado, entretanto precisava fazer aquilo. Não era uma questão de somente ganhar um título, um troféu. Na verdade, nem a bolsa de estudos era o que mais importava. Edward precisava provar a si mesmo que conseguiria. Que não era só mais um mauricinho rico como a maioria das pessoas pensava. A oportunidade estava diante de seus olhos e ele não entregaria os pontos sem lutar por ela. Não enquanto houvesse uma chance.

O jovem revirou-se na cama incapaz de encontrar uma posição certa. Conformado com a insônia, decidiu ir até a cozinha mordiscar alguma coisa. Então pôs um chinelo, saiu do quarto e caminhou pelo corredor mal iluminado. Pensou em ascender as luzes, mas desistiu pra não incomodar ninguém. Foi quando um pequeno feixe luz, vindo de um dos quartos, chamou sua atenção. Era o quarto que Bella se mudara há alguns meses. A porta estava entreaberta e ele, sem conseguir conter a curiosidade, espiou adentro. “Como Bell é medrosa! Ainda dorme com as luzes acesas” – Pensou achando graça do fato. A menina estava esparramada na cama em uma posição nada elegante, mesmo assim ele não pode deixar de admirar. Naquele momento sentiu uma estranha sensação de protegê-la. Ela estava tão linda em sua simplicidade que desejou tocar sua pele. Como ele fora estúpido em magoá-la antes, porém sabia que era melhor assim. Pelo menos não a envolveria em seus problemas.

O rapaz continuou seu caminho descendo as escadas e, para sua surpresa, quando já estava quase chegando ao seu objetivo, viu seu pai entrando pela porta da frente de casa.

– Edward? Acordado até uma hora dessas? O que você está fazendo?

– Ah...Oi pai – Edward surpreso – eu estou meio sem sono e resolvi ir até a cozinha. O senhor não tinha plantão hoje? – perguntou tentando desviar a atenção.

– É tenho. Só passei pra pegar algumas coisas no meu escritório.

– Aahhh. Então, eu vou pro meu quarto. Boa noite!

– Você não estava indo pra cozinha? – disse Carlisle intrigado.

– Ah, é mesmo. É que eu decidi...descobri que não tava mais com sede. – disse Edward subindo as escadas com cuidado.

– Espere! – ordenou Carlisle observando que o filho andava com certa dificuldade – Edward, o que aconteceu com o seu pé? – finalmente perguntou.

“MERDA!”

– Eu to...é ... – pense rápido Edward Cullen – com câimbra. É só isso. –respondeu Edward dando um sorriso sem graça.

– Você tem certeza?

– Tenho. Boa noite, pai.

– Boa noite.

***

Emmett estava descendo de seu carro no estacionamento do colégio Orion School. O sol já tinha surgido há algumas horas e, a maioria dos alunos chegava para iniciarem seu dia letivo. Foi quando avistou o carro de Jasper estacionando três vagas à esquerda. O rapaz desceu do carro e um foi ao encontro do outro.

– É bom ver você aqui. Eu realmente queria falar contigo.

– Eu também Emmett. Edward pediu para eu entregar umas coisas a ele, mas tenho reunião hoje à tarde e não se se vou poder vê-lo a tempo.

– Que coisas? Eu não estou sabendo.

– Não sei se aqui é um bom lugar para ... – Jasper analisou o movimento. Haviam vários alunos descendo de seus carros e passando próximo deles – a gente pode conversar na biblioteca.

– Ok. Então vamos.

Os dois alunos passaram pelo prédio central e dirigiram-se à biblioteca na ala norte. Era um espaço enorme, daquelas de filme com estantes de livros que iam do teto ao chão. Eles procuraram uma mesa mais ao fundo e se sentaram lá.

– Bem melhor aqui. Você não acha? – observou Jasper.

– Então, diga o que foi que Edward te pediu?

Jasper abriu a mochila e tirou um pequeno pacote de dentro dela.

– O que é isso?

– São para o seu irmão tomar – disse abrindo o pacote e revelando seu conteúdo.

– O Edward te pediu... Eu não acredito que ele pretende...

– Não são anabolizantes! – interrompeu o colega – São analgésicos. Apenas analgésicos.

– Mas se são analgésicos. Por que esse mistério todo?

– Ele me disse que não sentia muitas dores.

– Não entendi – Emmett questionou, entretanto Jasper pareceu não dar muita importância ao comentário.

– ...Mas que não queria correr o risco na hora da prova. Já que antes da prova individual tem a de revezamento. Ele poderia ficar muito desgastado e não ter forças para continuar competindo.

– E o exame de dopping? Eu fiquei sabendo que a confederação vai fazer esse exame.

– Já disse. Não é anabolizante. São apenas analgésicos. Só que mais potentes.

– E isso não vai afetar o desempenho dele?

– Não estes aqui. – disse Jasper apontando para o embrulho.

– E, que mal lhe pergunte...Como foi que você conseguiu isso?

– Eu tenho meus contatos. – aquilo parecia fazê-lo lembrar de algo que o deixava contente.

– Humm.

– Só tem uma coisa – disse fazendo pausa – o efeito não é muito demorado. Talvez umas duas horas. No máximo duas horas e meia. Mas isso eu não posso garantir.

– Eu não estou gostando dessa história. Tenho medo que isso termine mal para o Edward.

– Eu já falei com ele, mas ele está irredutível. Disse que não vai desistir e que assume todos os riscos.

– Eu sei bem como é. Meu irmão é mesmo uma mula teimosa. Eu não sei mais o que dizer.

– Talvez a gente ele não escute. Mas quem sabe ele possa escutar outra pessoa. Tipo, a Bella.

– Bella – repetiu Emmett com entusiasmo. Talvez ele a escute – Você tem razão. E, além do mais ela já sabe parte do que aconteceu. Tenho certeza que ela não vai concordar com essa história.

***

Bella estava sentada em sua carteira aguardando o professor de biologia, enquanto Alice e Roseli conversavam animadamente sobre algum assunto. A menina parecia absorta em um universo alternativo. Flash backs pairavam em sua memória. Primeiro, a conversa com Emmett pedindo que ela falasse com Edward para impedi-lo de competir.

“Eu não acredito Emm que ele vai mesmo competir assim. Seu irmão ficou maluco?”

“Talvez. Eu só sei que ele parece muito determinado a fazer isso e só você pode impedir”.

“Eu não sei se posso fazer isso. Você sabe que a gente brigou. Ele foi muito idiota comigo”.

“Bella, Dê uma colher de chá ao garoto. Ele está passando por muita coisa”.

“Eu não sei. Mas prometo pensar no assunto”.

Mais tarde, no horário de almoço, ela saiu e foi falar com o amigo.

“Bella? – perguntou o rapaz admirado ao ver a amiga na casa de Jasper. Ele estava sentado no sofá tomando suco de frente pra televisão – O que você está fazendo aqui? Você não devia estar na escola?

“Saí no horário de almoço. Depois eu volto – disse a menina de uma forma nada amistosa – então é aqui que você anda se escondendo – analisou o a sala de estar da casa de Jasper”.

“Você ainda não disse o que veio fazer aqui”.

“Emmett me disse que você vai fazer a idiotice de competir com o pé machucado”

“Bocão. Não se pode esconder um segredo de ninguém. Mas é verdade. Eu vou mesmo competir”.

“Você sabe que pode ser expulso?”.

“Já me disseram isso antes”

“Eu não estou falando de ser expulso do time. Tô falando disso. – ela deu a volta e se sentou em uma das poltronas – Você mentir pros seus pais. Pro Sr. Udson. O time. Edward, vocês falsificaram um documento. Você não vai ser só expulso da equipe. Você pode ser expulso do colégio. E aí você não vai perde só a bolsa. Você pode perder tudo.”

A menina se lembrou da cara de espanto do amigo. Cara de quem não tinha pensado nessa possibilidade.

“Eu...eu não vou desistir. Se você veio aqui para me pedir isso. Perdeu seu tempo – respondeu ele resignando” .

“Pense. Você está a pouco tempo de se formar e vai estragar tudo por uma competição idiota? As chances de você sair ileso dessa são de 0,000001%.”.

“Então significa que eu tenho uma chance e vou lutar por ela”

“Então eu vou ser obrigada a contar tudo para o Sr. Udson”

“Você não pode fazer isso. Se você fizer, eu juro que nunca mais falo com você”.

“Então é só isso que a minha amizade vale para você? Pois muito bem, vamos ver quem é mais teimoso. Se você insistir nessa maluquice, eu é que juro que nunca mais falo com você Edward Cullen”.

– (...) Eu não acho ele tão gostoso assim – falou Roseli de repente.

– Ele é um idiota. – resmungou Bella.

– É, pode ser. Um idiota, mas muito gostoso – completou Alice.

– Se ele pensa que eu vou ficar aqui quietinha assistindo ele se estrepar todo – comentou Bella ainda presa a seus pensamentos – Tá muito enganado.

As duas amigas se entreolharam e Roseli perguntou:

– Bella, a gente tá falando da mesma pessoa?

– Eu preciso fazer uma coisa – disse a menina se levantando da carteira e saindo em direção à porta.

No caminho encontrou com Vládia, uma aluna de sua sala. A garota parou a sua frente não deixando que ela passasse e então perguntou a Bella com uma voz enjoada e autoritária:

– Você vai aonde?

– Não é da sua conta. – respondeu a moça impaciente.

– Como futura monitora da turma, eu não posso permitir que você saia da sala sem autorização.

– SAI DA MINHA FRENTE! – ordenou Bella disposta a tudo ou nada. – AGORA!

Vládia olhou assustada para Bella. Nunca a vira tão transtornada assim. Mas a moça não deu muita importância. Afastou a colega e passou batendo de ombros. Ela dirigia-se a sala do Sr. Udson.