Gerações escrita por vVv


Capítulo 1
O Paraiso




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      Nos corredores de mármore do castelo de Wilkin, passos pesados ecoavam de forma assustadora. Passos acompanhados por medo e aflição. Sentimentos desconhecidos viveriam com sua alma imortal no chamado Paraíso, o lugar das pessoas puras de coração para os humanos. Enquanto na terra, o corpo se apodreceria. O corpo ou a casca, não importaria mais...

      Não se escutava nenhum tipo de ruído naquele dia. Não se ouvia os sons dos pássaros cantando suas doces melodias, as lagoas cristalinas que golpeavam com delicadeza as pedras. Estava tudo calado e imóvel. Nem mais as árvores dançavam suas músicas de verão junto ao vento. Era tudo quieto e sem vida. O Paraíso estava amargo, ruim assim como os frutos que se colheriam no dia de hoje.

      As almas evanescentes estranhavam tais acontecimentos. Curiosos, ficaram a espera de uma resposta.

      O conselho dos sete deuses de Wilkin já se encontrava na sala do enorme castelo onde viviam. Eram poucas as vezes que se reuniam. Um exemplo eram as ocasiões em que as almas ficavam presas na terra, culpa de mediadores que se negavam a ajudar e de todos os demais fatos mais salutares. Mas como há séculos atrás, hoje começavam a se espalhar os mesmos sinais, ou até piores, de quando houve o primeiro apocalipse. Tempos em que as trevas reinaram sobre os dois mundos.

      O local da reunião dos sete deuses era numa enorme mesa oval. Esta cercada por cadeiras de madeira com detalhes de ouro e estofadas de vermelho. As paredes que foram coloridas com tom de vinho, pareciam negras, deixando o castelo macabro.

      Os deuses estavam acomodados em suas cadeiras, com expressões de terror e aflição. Mas ainda assim, como todas as outras almas de Wilkin, estavam curiosos para saber a reposta de tais acontecimentos.

      De repente, ouviu-se um estrondo e a porta se abriu, revelando um homem de cabelos grisalhos, feições enrugadas e barba que crescia abundante por seu rosto. Ele caminhava com passos firmes, sem mostrar nenhum tipo de sentimento em sua face. Sobre seu corpo caia um majestoso manto vermelho, como o sangue dos muitos humanos que eram derrubados de forma injusta na terra.

      Zeus era seu nome. O Deus dos deuses e dos homens, o oitavo filho de Cronos e Réia. Ele foi o Deus que estava destinado a ser engolido como seus irmãos pelo seu pai, quando sua mãe o escondeu e deu a Cronos uma pedra. Zeus entregou ao seu pai uma bebida, que fez vomitar seus sete irmãos, sendo que juntos lutaram contra os deuses antigos e ganharam o Universo.

      Todos se ergueram de suas cadeiras e fizeram uma reverência ao irmão, que retribuiu tristemente com seus olhos sábios.

      - Zeus, estou preocupada. O que esta acontecendo com Welkin? São os mesmos sinas do primeiro apocalipse ou não? - Disse Artemis, a deusa virgem padroeira das mulheres, dos jovens e dos animas. Seus olhos verdes se mostravam marejados. - Temo pelos filhos que nascem agora e pelos animas da terra. Vejo que eles também sofrem irmão!

      - Não seja dramática Artemis! - Ares, deus da guerra, disse de forma rude à irmã. - Não são lágrimas de que precisamos e sim de repostas.

      - Concordo com Ares, precisamos agir. – Uma voz grossa ecoou no mesmo instante. Ela vinha de um  homem musculoso, vestido com roupas azuis. Por seus enormes braços, vários colares e pulseiras de conchas o ornamentavam. – Meus mares estão revoltados como eu. Se lutar for a única opção, que assim seja... – Poseidon bateu os punhos na mesa com fúria. – Meus oceanos não podem secar como da outra vez, quando ocorreu o primeiro apocalipse.

      - Você é um idiota Poseidon. Deve ter titica de peixe na sua cabeça em vez de neurônios. – Disse serena Atenas, como se tudo estivesse bem.

      Poseidon lhe mandou caretas, mas antes que ele a interrompesse, ela disse:

      - Esqueceu da nossa lei mais importante, oh rei dos mariscos? Os humanos não podem saber da nossa existência. Está escrito no livro sagrado que se formos revelados a eles, nós,  deuses, desapareceremos como neblina.

      - Não é porque você é a “Deusa dos Nerds” que você precisa se achar a mais importante aqui. Para mim você não serve nem pra ensinar os cachorros a latirem. - Disse Poseidon, levantando da cadeira e gritando contra Atenas.

      - Você é uma cabeça de água mesmo! Seu sem escrúpulos! Espero que você e seu patinho de borracha se afoguem num mar de crocodilos.

      - Dá para calarem a boca?! Não precisamos de demonstrações de infantilidade aqui. - Disse Apolo, deus Sol,  mandando olhares de advertência para Poseidon e Atenas, que, silenciosos voltaram aos seus devidos lugares.

      Apolo com seus cabelos rubros que se destacavam dentre os outros deuses, disse com um sorriso ao canto dos lábios, se mostrando tranqüilo:

      - Irmão, o que você previu sobre nosso futuro? - Ele continuou. - Seria realmente um novo apocalipse?

      Zeus levemente ergueu seus olhos, e vendo seus irmão nervosos, movimentou  seus lábios que antes avermelhados, estavam secos. Formando palavras que significariam  o fim da humanidade. Ao menos era o que imaginavam.

      - Hefesto, nosso oitavo irmão, deus do fogo que foi expulso de Wilkin está criando uma nova e mais terrível... - Hesitou como se temesse o que diria. - ...caixa de pandora.  


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