Edward

Estava exausto aquele dia, tudo que pensava era em deitar meu corpo em uma cama gostosa. Era já noite quando entrei no hotel, tinha sido um dia duro. Deixei meu laptop na mesa lembrando de que ainda tinha muito trabalho para fazer. Teria que finalizar toda a pendencia antes da reunião do dia seguinte. O problema era que estava cansado demais e não conseguia me concentrar. Tudo piorava pelo fato de ter dormido pessimamente na noite anterior e andava preocupado com tudo o que estava acontecendo nos últimos tempos. Além do mais aquela viagem tinha me deixado um pouco atordoado e aborrecido.

Comecei a me despir para me senti melhor, tirei o paletó, a gravata e afrouxei a camisa abrindo alguns botões. Aquilo era desanimador, olhei em volta e me percebi sozinho, cansado em um hotel no meio de uma cidade desconhecida. Tudo para conseguir o que sempre almejei. Era o começo da noite apenas e que ânimo! Certo, não era só isso. Em outra época estaria bastante satisfeito, mas o problema todo se deu porque tinha convidado Bella para um jantar. Queria conversar mais com ela, seria bom para o nosso contrato, para os meus planos se mostrássemos mais afinidade e para lhe explicar mais sobre aquele meio. A empresa não queria saber se eu tinha outros planos, e eu tive que aceitar, era uma grande chance. Mas isso não mudava o meu estado de espirito.

Recordei o olhar de Bella, seu sorriso e depois me vi arrepiar ao ver novamente em minha mente aquele corpo no vestido dourado. Tinha feito muito bem em continuar com o plano. Ouvi muitos comentários invejosos dos colegas nos dias seguintes. Todos achando que tinha tirado a sorte grande e imaginando que aquela noite tinha sido quente para mim. Eles não precisavam saber que na verdade voltei sozinho pra casa e sonhei com Bella.  Não podia esquecer a sensação que senti quando nos beijamos.

Bella no vestido dourado, perfeita para satisfazer os meus desejos. Mas parecia que os meus desejos nunca seriam realizados. Não há como negar que o seu vestido era ostensivo, mas mesmo assim não havia nada espalhafatoso em Bella e fiquei novamente surpreso por ela exibir uma inesperada classe naquele jantar. Se estivesse ali comigo naquele momento, saberia muito bem como ocupar meu tempo... O que estou pensando? Ela tem namorado, não iria se entregar a mim. Ah, mas como eu queria que o fizesse!

Esvaziei a garrafa d'água e, sem outra alternativa, liguei a televisão para preencher as horas que se estendiam a minha frente. Às vezes, meu emprego era terrível. Trabalhar até tarde era normal e muitas vezes levei relatórios para casa. Lembrei-me de Billy, um colega que pedira demissão no ano anterior. Funcionário excelente, deixou uma carreira promissora alegando estar esgotado e cansado da carga de trabalho insana e passou a ser consultor. Não podia imaginar uma escolha mais arriscada para um homem de família. O trabalho autônomo tinha suas vantagens, mas podia também trazer momentos difíceis. Meu celular tocou e eu estendi o braço para pegá-lo da mesa.

- Sim?

- Oi maninho! - Alice falou rindo do outro lado.

- Oi pequena. Como vai?

- Bem e você? Está tudo bem por aí?

- Sim, agora estou assistindo alguma coisa na TV. - Ela riu.

- Alguma coisa? - Eu ri também. - Quando vai voltar?

- Logo, não se preocupe. E por favor não destrua a casa enquanto estou fora. - Alice morava comigo desde quando tive condições de comprar e manter uma.

- Pode deixar. Ed?

- Sim?

- Eu gostei muito dela. - Ela estava se referindo a Bella, mas eu não me entreguei facilmente.

- Dela quem?

- Ora Ed, da Bella. Ela é muito linda e parece ser uma pessoa legal. Não gostei do que fizeram com ela lá no clube.

- Eu também não. - Suspirei.

- Ela é bem diferente da irmã.

- Não se anime tanto. Todas as Swan são iguais. - Fiquei um pouco irritado.

- Se você diz...

- Sim digo. Mas agora quero saber se finalmente fez de meu amigo, cunhado também. - Ela riu bastante.

- Sim. - Ela gritou. - Estamos namorando, oficialmente, conversaremos sobre isso quando voltar.

- Fico feliz meu anjo.

- Obrigada Ed. Agora vou desligar.

- Certo. Durma bem.

Desliguei o telefone para em menos de dois segundos ele tocar novamente.

- Alô.

- Oi, amigo, parece que a viagem foi boa. - Jazz fez-se ouvir do outro lado da linha.

- Oi, Jazz, cheguei inteiro. E que coincidência, minha irmã acabou de falar comigo. Então, estão namorando mesmo? - Ele gargalhou.

- Finalmente ela aceitou.

- Espero que saiba tratar a minha irmã.

- É claro meu amigo, sobre isso não teremos problema.

- Acho bom. - Fingir seriedade.

- E então, chegou bem aí?

- Cheguei inteiro.

- Antes você do que eu. Que problemão Dave mandou você resolver e que inesperado...

- Isso é normal. Você mandou o fax para o escritório de Cleveland?

- Sim, e já confirmei o recebimento. Vai dar tudo certo amanhã.

- Obrigado, fico lhe devendo essa.

- Tudo bem. Então, depois você vai para Amarillo e Denver?

- Sim. – Confirmei estava cada vez mais sonolento.

- Vai dar tudo certo. E você sabe o que essa viagem significa, não é mesmo?

- O que? - Indaguei ajustando o telefone ao ouvido.

- Estão testando você. Isso tudo é sobre o seu comprometimento, a rapidez e habilidade com que resolve a questão.

- Sim, certo. Estou ciente disso.

- Como eu já disse, vai dar tudo certo.

Minutos depois nos despedimos a exaustão tomando conta de mim. Desliguei a televisão pensando no que Jazz dissera. Fui enviado nessa missão e Williams e os outros diretores estariam observando minha atuação. Estava perto, podia sentir o cheiro do sucesso.