Confiança escrita por Camila J Pereira


Capítulo 1
Reencotro


Notas iniciais do capítulo

Como Trapaças, esta fic também esta sendo modificada.
Que bom reposta-la.



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Bella

Olhei-me novamente no espelho e retoquei o gloss rosinha que escolhi para a ocasião. Usava uma saia azul marinho um pouco acima dos joelhos e uma blusa branca, salto alto e um coque nos cabelos com alguns fios caindo displicentes. Este estilo não combinava muito comigo, mas queria estar à altura do local e da pessoa que iria encontrar. Respirei fundo tentando me acalmar e saí do minúsculo apartamento em que estava, no momento vivia perto do subúrbio de Seattle. Dirigi confiante até o escritório o meu velho Chevy de vermelho desbotado, herança do meu avô.

Só precisei de cinco minutos de espera naquele escritório que ostentava a riqueza e o luxo para me sentir zonza. Daí comecei a duvidar do meu bom desempenho na minha missão. Fiquei desconcertada ao me ver sentada no confortável sofá da recepção e acabei lembrando da minha irmã Rosalie e da sua atitude de tempos atrás. Conhecia Edward Cullen, sabia sobre a sua personalidade, do seu lado antiquado, mas não podia imaginar que fosse mesquinho. Não iria deixá-lo tomar o estúdio fotográfico do meu avô que, apesar de ter falecido sete anos atrás, ainda representava a figura mais importante de minha infância.

Por amor e admiração que sentia pelo meu avô e por toda a dedicação e também amor que ele demostrava por sua profissão que decidi seguir seus passos. Tinha cursado nos últimos anos Fotografia na Southwestern College. Graças a minhas ótimas notas e de uma seleção, consegui ganhar uma bolsa integral e cursei sem muitos problemas financeiros. Nos turnos em que não estudava, trabalha em lanchonetes e bares como garçonete. Por isso tudo eu queria acreditar que Edward não podia estar falando a sério sobre a execução da hipoteca.

- Srta. Swan. - Olhei para a secretária que estava em minha frente parecia mais jovem do que a sua maquiagem e a sua expressão carrancuda demonstravam. - Já pode entrar. Por favor... - Ela fez um gesto para que eu a seguisse. Depois que ela abriu a porta eu entrei. Logo depois ouvi a porta atrás de mim sendo fechada. Meu coração acelerou quando o vi sentado atrás de uma enorme escrivaninha, os cabelos de um tom peculiar acobreado encontravam-se revoltos, os olhos de um verde incrível.

Logo que pus meus olhos nele, lembrei de quatro anos antes, quando Edward ainda noivo de minha irmã mais velha, era um jovem executivo em ascensão, um homem que apesar da pouca idade era forte e arrogante. Aparentemente continuava o mesmo. Ri por dentro ao achar engraçado como algumas lembranças pareciam tão vivas. Rosalie considerava Edward Cullen divertido e, ao mesmo tempo, irritante. Muitas vezes, o seu conservadorismo havia provocado o temperamento explosivo dela. Tinha esperança que mesmo ainda aparentando arrogância ele tivesse esquecido os acontecimentos do passado e dado continuidade a sua vida.

- Olá Edward! - Eu o cumprimentei, caminhando até ele com a intenção de dar-lhe um abraço de reencontro.

- Isabella Swan. - Ele se surpreendeu e levantou uma das sobrancelhas ao falar, parecia me avaliar. Achei que fazia isso pelo longo tempo que não nos víamos e mesmo antes quando ele namorava a minha irmã, não costumávamos a nos encontrar com frequência. Eu já tinha começado a estudar na universidade e só vinha visitá-la poucas vezes.

- Sim, a única. - Confirmei sorridente, parei diante da mesa e estava decidindo adiar o abraço. Ele continuou me avaliando e por um momento achei que estava perdido em pensamento até que de repente ele acordou.

- Acredito que recebeu o aviso de execução. – Edward estava sombrio e por incrível que parecesse não me surpreendi com aquela reação. Não nos víamos há quatro anos, desde que a minha irmã impulsiva e irresponsável fugira com o irmão mais novo dele, Emmet, sem ao menos informá-lo do fato. Aquilo foi o gesto mais irrefletido que a minha irmã cabeça oca já tivera, principalmente considerando-se que Edward lhe propusera matrimônio apesar dela estar grávida de outro homem.

Edward tinha motivos de zangar-se e ficar arrasado com a situação que fora submetido, e eu o compreendia, mas não permitiria que ele me punisse ou ao estúdio por algo que a Rosalie e o irmão dele fizeram. Ainda havia ao dinheiro que ele emprestara a Rosalie para reabrir o estúdio do nosso avô. O fato de fazer seis meses que a minha irmã não pagava as prestações devia ter sido a gota d'água.

- Se está se referindo aquela carta, sim, recebi. - Eu confirmei ainda alegre. – Convide-me para sentar. – Lembrei-o.

- Melhor não. Não temos nada para discutir. - Respondeu brusco, com expressão de poucos amigos, mas que não me abalou em nada o meu humor e a minha súbita onda de bons preságios.

- Claro que temos. - Sentei-me. – Falaremos sobre o empréstimo do estúdio.

- Não parecia se importar muito com isso nos últimos seis meses. - Ele apoiou os cotovelos na mesa e cruzou os dedos unindo as mãos.

- Edward, por favor, só soube que a Rosalie deixou de pagar as prestações há três meses. Naquela época não poderia fazer nada pois ainda estava terminando o meu curso. E outra, agora tive uma ideia. - Continuei animada.

- Ótimo que terminou seu curso e que teve uma ideia, mas isso não me diz respeito. - Ele foi seco.

- Escute. - Insisti. – A ideia é ótima e resolverá todos os nossos problemas.

- Nossos problemas? - Ele perguntou sarcástico. – Ora por favor...

- Veja... Como já disse, há quatro anos quando Rose partiu e fechou o estúrdio deixando as chaves comigo, simplesmente não pude fazer nada. Resolvi deixar a questão em stand by.

- Standy by, parece conveniente. Sua família sabe mesmo como fazer isso. - Edward resmungou. Os dedos agora soltos tamborilando no braço da cadeira.

A hostilidade de Edward era palpável, achei melhor não irritá-lo ainda mais. Poderia ser um tanto impulsiva vez ou outra, assim como minha irmã, mas tinha de convencê-lo a mudar de ideia sobre o empréstimo.

- Assumirei o negócio. Tenho certeza que me daria bem, fiz um curso de fotografia na Southwestern College e ganhei alguns prêmios lá. Não há dúvidas quanto a necessidade de uma boa reforma no local, parte do equipamento precisa ser substituído, mas acho que posso me adaptar bem depressa. Acredito que possa me ajudar. - Conclui lançando- lhe o mais convincente de meus sorrisos. Ele parou um pouco e senti que respirou fundo.

- Ajudar você? Sério? - Ele estreitou os olhos verdes.

- Apenas preciso de um prazo para começar a reerguer o estúdio e logo quando os lucros chegarem recomeçar a pagar o que devemos.

Ele piscou algumas vezes e então um sorriso surgiu em seus lábios enquanto ele se recostava na cadeira, e em seguida ele riu alto.

- Isabella Swan você é realmente corajosa.

- Pensei que pudesse esquecer o passado. - Eu murmurei, sem saber se o seu riso gostoso deveria ou não me encorajar.

- Ah claro. - Ele concordou, agora com um sorriso indecifrável.

- Afinal... Vocês nem ao menos estavam realmente noivos ainda... - Eu o lembrei.

- Não importa o tipo de relacionamento que tínhamos, o que importa é que fui um idiota ao propor casamento para a sua irmã. - Corrigiu muito agressivo.

- Tudo bem, mas ela perdeu o bebê e conheceu o seu irmão...

- E o resto é história que deve ser enterrada. - Ele me cortou abruptamente.

- Essa história não tem nada a ver comigo. Reconsidere a minha proposta.

- Se quer mesmo isso com tanto afinco, o que duvido, peça ajuda ao banco. - Ele sugeriu indiferente.

- Já fiz isso Edward, mas ele diz que não tenho experiência. Isso é um absurdo! Passei milhares de fins de semana ajudando o meu avô. E eu tenho um diploma.

- Para eles você não tem garantias. - Edward completou rindo.

- Apenas o estúdio que está hipotecado. - Concordei relutante, o sangue começando a ferver e era visível que corava meu rosto. Não tinha motivos para ele me tratar desta forma, afinal não tinha sido eu quem o abandonou. Ele demorou olhando para o meu rosto com uma expressão estranha para mim.

- Swan, você representa risco. - Ele conclui com visível satisfação. Na verdade parecia mesmo aquilo. Suspirei tentando disfarçar a contrariedade.

- Pensei que talvez pudéssemos chegar a um acordo. - Corei ainda mais.

- Você deve estar ensaiando para algum teatro de comédia. Rosalie, a sua irmã, fugiu com meu irmão depois que decidi e expus querer casar com ela e dar um nome ao bebê de outro homem. Agora, você vem a mim como se não tivesse acontecido nada e pede para que eu dê novamente a cara a tapa. Acha que vou deixar que me engane outra vez? - Ele parecia incrédulo.

- Se pensar bem verá que isso já faz muito tempo. E verá também que eu não tive culpa. Não fui eu que abandonei você. - Falei tentando ficar calma, mas a minha voz saiu entrecortada.

- Não, você era uma espectadora. Sabia de tudo e não teve a coragem moral de contar quando Rosalie começou a me trair. - Ele falava entre dentes, era visível a sua raiva.

Melhor não tentar a defesa naquele momento, não era idiota a esse ponto. Estava em terreno perigoso. Talvez não fosse de minha responsabilidade revelar o que ocorria na época, mas no fundo eu sabia que não foi apenas por lealdade a Rosalie que me calei. Se abrisse meu coração e dissesse a verdade para mim mesma, teria que admitir que não suportaria a ideia de vê-los casados. Edward parecia o cara que gostaria de formar uma família. Teria ele se casado? Disfarçadamente observei a mão sem aliança, o que não provava nada.

Mas isso já não importava mais, estava curada da queda adolescente que sentia por ele e agora estava namorando o Jacob. Ele era totalmente o oposto de Edward, tinha a pele morena, cabelos e olhos negros como a noite, lábios carnudos e era muito mais musculoso. Mas não era só fisicamente que eles eram opostos, a personalidade deles também, Jacob era muito divertido e descontraído, além disso, ele tinha uma pequena academia no centro da cidade. Conhecemos-nos em uma das minhas visitas a cidade enquanto ainda estava na Universidade.

- Não se trata apenas do passado, desse passado nefasto. - Edward me despertou dos meus pensamentos e se inclinou para frente. – Isso são negócios e ajo com cuidado quando se trata de riscos financeiros. Não há como e nem porque me aliar a isso, ainda mais quando você não tem referências das melhores.

- Referências?

- Parece eu você faz jus ao nome Swan. Sei que nos últimos anos tem vivido da mesma maneira irresponsável e aventureira que sua mãe e irmã.

- Não estou entendendo Edward.

- Swan, você está com 22 anos e trabalha como garçonete em um restaurante diferente a cada três meses. Não cria vínculos, não se compromete. E o mais divertido, ficou noiva duas vezes, terminou com os dois, sendo que o último foi abandonado no altar.

- Qual o problema em ser garçonete e mudar de lugar? E você não sabe nada do meu relacionamento com o Mike e eu não deixei o James de propósito na igreja. Tentei falar com ele antes da cerimônia, mas o telefone dele estava desligado. - Eu me justifiquei irritada. – Como pode saber da minha vida assim?

- Minhas tias mantem contato com o Emmet. Já esqueceu que sua irmã ainda vive com ele? – Disse irônico.

- Você apenas sabe o superficial. - Eu me defendi altiva.

- Não Isabella. O mais importante eu sei. Os Swan sempre fogem a responsabilidade, nenhum cumpre com seus compromissos. Não pode negar isso, você só viu seu pai umas dez vezes na vida e sua mãe se casou e se divorciou seis vezes. A sua salvação foi o seu avô, sem ele, vocês iriam ser entregues ao serviço social.

                                                                                                      

- René fez o melhor que pôde. Não admito que fale dela assim. - Eu me defendi mais uma vez. Era tudo o que me restava.

- Não espere que eu te ajude nesta. Nunca mais me ligarei a sua família, nem para negócios. - Edward inclinou-se para frente, os olhos brilhantes, a voz sombria: - Imagine, não quero que ninguém saiba fui idiota o bastante para me envolver com uma Swan. Tenho uma reputação a zelar.

- É óbvio que é por motivo de pura vingança que não quer me ajudar. - Eu retorqui, zangada. – Você ainda não deve ter superado o caso daquele programa de rádio ridículo. Deve ter sido muito ruim para você saber que a Rosalie tinha ligado para aquele locutor e contado que pretendia te deixar. Mesmo não revelando o seu nome você deve ter se sentido humilhado, não é?

- Encerramos a nossa conversa aqui. – Edward falou visivelmente irado. Com olhos em fenda ele levantou da sua cadeira.

- Quem sabe eu possa ligar novamente para aquela rádio e contar o resto da verdade. Dizer quem é você e descrever como está sendo vingativo ainda hoje.  - Desafiei.

- Não fale absurdos.

- Você é quem está sendo absurdo. Não pode fazer isso com a minha herança, não pode executar a hipoteca. Quero manter aquele lugar, vou reergue-lo. - Falei determinada e um brilho passou nos olhos dele.

- Claro, para você deve parecer simples. Você apenas não quer que eu confie nesse plano louco, mas sim, espera que no final se tudo der errado, o que é o mais provável, eu salve o seu pescoço. - Ele concluiu.

- Não falharei, não existe essa possibilidade. Estou focada nisso. Nunca falei tão a sério em toda a minha vida! - A porta abriu repentinamente e girei nos calcanhares fitando o intruso.

- Edward... - Um rapaz nos seus 27 anos com cabelos loiros e um porte leonino parou de repente, observando com ar de aprovação para mim. - Desculpe, volto depois. - Disse a Edward com um sorriso tolo no rosto.

- A srta. Swan já esta de saída. - Ele avisou, saindo de trás da escrivaninha.

- Tudo bem. Fiquem a vontade. Pode me chamar quando quiser examinar o contrato da Op-Com. - Ele disse com um último sorriso antes de sair.

- Até logo Isabella. - Edward se despediu.

- Temos muito o que tratar ainda Edward. - Protestei quando ele me tomou pelo cotovelo e me conduziu até a porta.

- Não creio. - Ele retrucou implacável.

- Deve pensar com carinho em tudo o que te propus. Não me agradaria chegar ao ponto de tomar uma atitude mais drástica. - Insisti.

Com essa declaração vaga, porém firme eu me libertei da mão dele e saí da sala. Não olhei para trás para ver a sua expressão, saí altiva de lá, rebolando sentindo os olhos de Edward em mim.


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