Passionné escrita por Anitha Tunner


Capítulo 17
Feiticeira, Elfo e Transmorfo


Notas iniciais do capítulo

Sophie/: Primeiramente...
Obrigado a:
Giovanna
RobertaM
Pelas fantasticas recomendações! Ficamos tão emocionadas com isso... Não conseguimos mais parar de chorar!
E obrigado a todos meus lindos leitores pelos comentários!
Beijos e uma ótima leitura!



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Feiticeira, Elfo e Transmorfo

Minha visão estava turva.

Eu enxergava, mas tudo a minha volta começava-se a se transformar em um borrão preto e branco.

Meu coração batia em um ritmo tão alto e descompassado que eu mesma conseguia o escuta-lo. Eu senti minha boca amargando e meu peito subir e descer erraticamente, meus pulmões esforçavam-se o máximo para ter oxigênio.

As cenas pareciam se cortarem, pulando de uma para a outra.

Eu vi Jack me carregando, eu sabia disso por escutar sua rouca voz falando naquela língua confusa, que não sabia se era Grego ou Romeno. Dragoste. Ele havia repetido mais de uma vez. Tudo havia apagado, como se eu piscasse e quando abrisse meus olhos novamente, estivesse na casa de Jack.

O que ouve com ela? — Cora parecia que choraria a qualquer momento.

Não sei... — Jack parecia amargo.

Escuro. Tudo ficou escuro novamente.

Quando abri os olhos no outro segundo, eu já não via o teto castanho da sala da casa de Jack e sim um teto roxo, bordava um vermelho escuro, e no alto um lustre antigo e pequeno, mas nos lugares das lâmpadas havia velas baixas e gordinhas.

Gemi de dor, sentindo meu estômago embrulhar.

Virei o rosto para o lado, ainda enxergando tudo preto e branco, e vi um garoto de aparentemente cabelos loiros arruivados falando com Jack que parecia desesperado enquanto concordava freneticamente. Notei que as orelhas do garoto eram pontudas. Elfo.

Virei o rosto para o outro lado e vi uma mulher que eu ainda não conhecia, mas que aparentava no máximo quarenta anos, pegar tremendo alguns potinhos de vidro cheios de algum tipo de pó colorido, e os misturarem em uma pequena vasilha. Kelly estava ao lado dela sussurrando palavras distintas, ela parecia nervosa enquanto concordava.

Tudo escureceu.

[...]

Aquilo doeu em mim.

Doeu mais que um feitiço Moartea ou uma dose de veneno de Cobra.

Bella estava suando, encharcada de suor. Debatia-se na cama, enquanto estava com a cabeça atirada para trás, soltando um grito de dor. Kelly, Erika, e Cora estavam refazendo o ritual. Elas continuavam repetindo as palavras em Romeno, em seguida em Latim e logo em seguida em Grego. Apelavam para as três línguas. Judith havia prendido os cabelos e terminava a mistura das Ervas Curandeiras, e o Elfo (Simon, namorado de Cora) estava na volta da cama, colocando embaixo do colchão alguns galhos e folhas que não identificava, e em seguida passava a mão pela testa de Bella. Ele fechou os olhos e Bella ofegou, e caiu na cama, parando de gritar.

— O que você fez com ela, Elfo? — sibilei. Simon me olhou. Os olhos azuis pareciam calmos e compreensivos.

— Um pouco de calma ajuda... — ele sorriu docemente, e voltou a colocar mais galhos de plantas, agora, embaixo da cama — Cora ajude-me aqui leven*... — Cora parou as palavras que ajudava a pronunciar e quebrou o circulo, deixando as mãos de Kelly e Erika, que se entreolharam e largaram as mãos, olhando para Bella que agora se remexia discretamente na cama. Cora se ajoelhou ao lado do garoto, e o ajudou a puxar um carpete que se tinha embaixo da cama.

Suspirei e voltei a olhar Bella.

Sua pele branca estava quase azulada de tão clara. Ela suava friamente enquanto começava a se debater na cama novamente.

— Jack. — Kelly chamou a mim com leveza. Virei-me e encarei para onde ela apontara com o rosto. O carpete que Cora e Simon haviam puxado de baixo da cama.

O carpete preto estava repleto de seres pequenos e gorduchinhos que vestiam capuzes vermelhos. Trasgos. Eles estavam empilhados encima deles mesmo, talvez tivessem uns cem daqueles pequenos seres verdes. Dormiam como se tivessem sido dopados.

— Trasgos. O que essas coisas estão fazendo aí? — ainda estava incrédulo enquanto via Cora olhar para Simon que olhava para eles dormindo no tapete.

— Eles a seguiram...

— Como assim? — questionei irritadamente.

— Trasgos como estes, vivem escondidos embaixo de bueiros das cidades. Gostam de sangue de Transmorfo. Eles a atacavam a noite, quando dormia e de manhã, escondiam-se em seu quarto. — Simon passou a mão pelos cabelos ruivos.

— Ela é humana. — Erika rebateu entre dentes.

— Isso não importa, agora. Isso não responde ao fato do colar de Leona ter queimado ela... — opus-me. Todos me olharam.

— Trasgos atraem Goblins, e você sabe que Goblins gostam de pregar peças em pessoas, ainda mais em um Transmorfo...

— Ela não é um Transmorfo, Judith! — minha voz saiu a um fio de um grito enraivado. Eu estava em fúria com aquilo.

— Jack... — Kelly colocou a mão em meu ombro quando o chão começou a tremer com a raiva que se infiltrava em meu organismo. Cora gemeu baixo se encolhendo quando um dos vidros de Judith estourou no outro lado do quarto, Simon me olhou irritado e abraçou a Leucósia.

— Ela ainda não se transformou Jackson, eu conheço um Transmorfo; vivi junto de um por mais de um século e sei quando são crianças e quando são adultos. Ela ainda é criança... — trinquei os dentes sentindo meu coração acelerar-se. — Ela certamente se transformara no máximo em um mês...

— Impossível.

— Ela estava fragilizada. O abandono do vampiro serviu apenas para apurar o processo. Ela se fragilizou mais ainda com a transformação interna, seu organismo preparando uma nova pele, sentimentos, emoções, tudo á flor da pele. Os Trasgos acharam mais um lado bom nisso e os Goblins, um bando de debochados que não perderiam a chance de brincar com alguém, eles apenas colocaram um pouco de Riso no colar. A pele dela estava frágil e quando pegou aquela essência, queimou e o veneno do Trasgo decidiu fazer efeito. Foi tudo uma junção de peças — senti minhas pernas fraquejarem e então eu caio no chão. Incrédulo e desesperado. Kelly me abraçou levemente.

— Jack, eu não tinha noção disso, eu teria previsto e lhe contado. — concordei.

— Ela ficara bem. — Judith encarou Bella mais uma vez, e me olhou. — Simon ajudou muito, agora ela precisa apenas de cuidados, de ensinamentos sobre o Transmorfo, saber a verdade, e você Jack, encarar a verdade com mais maturidade e deixar de ser mimado...

Rosnei e atirei Judith na parede. Judith gemeu com a impacto e a parede rachou-se.

Mesmo sentado no chão, eu a controlava apenas com a mente.

— Para você é fácil falar... — rosnei pela ultima vez antes de sair do quarto, e deixa-los lá.

[...]

Gemi baixo.

Meu estômago doía e minha cabeça latejava fortemente.

Eu queria me sentar, mas uma mão pequena e macia empurrou-me para trás novamente. Abri os olhos, acostumando-me lentamente com a luz do dia, e vendo a mulher de quase quarenta anos que havia visto antes.

— Shhh. Acalme-se garota... — sua voz parecia cansada e delicada ao mesmo tempo. Concordei e senti um pano gelado em minha testa. Ela sorriu exibindo algumas rugas da idade e prendeu os cabelos castanhos. — Eu sou Judith.

— É um prazer, Judith. — tentei parecer educada no momento de dor. Judith riu baixo.

— Educada. Isso é bom, e raro. — comentou. Puxei o ar sentindo um pouco de alivio me preencher. Ergui as mãos por um segundo, mexendo os dedos e os sentindo estralar. Mas estava diferente quando olhei meus braços. Estavam repletos de folhas molhadas, que estavam coladas a minha pele como adesivos. Franzi o cenho.

— Jack continua bebendo no escritório tia Judith... — a voz de Cora era frustrada. Foi impossível não rir com ela. — Ela está bem tia?

— Mais que bem, revigorada. — Judith riu enquanto se levantava da borda da cama e caminhava até o outro lado do quarto.

— Ficamos preocupados, não nos dê outro susto como esse...

Leven, achei mais algumas plantas que... — a voz masculina e baixa parou. — As Ervas funcionaram...

— Claro que funcionaram, Simon! — Judith revirou os olhos irritados. Simon riu e pela primeira vez notei que ela vestia-se como um adolescente qualquer. Uma calça jeans, um tênis surrado e uma camiseta velha dos Packers.

— Pode sentar Bella, tia Judith está ficando velha e lerda... — Cora puxou-me com delicadeza. Concordei e sentei-me, sentindo uma leve tontura e me estabilizando no minuto seguinte.

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*leven — em Holandês significa vida.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam da revelação?
Boa ou ruim? Comentem!
E novamente, obrigado.