POV por Lina 

Voltar pra casa foi o primeiro passo de muitos que eu precisei tomar,e ainda preciso me resolver com Henrik. Vê-lo hoje, ver o modo como ele me olhou, me fez perceber que ele ainda está chateado comigo e isso já está me deixando... irritada. Preciso me resolver com ele antes do casamento do meu pai , porque eu não quero que meus problemas interfiram no grande dia que tem que ser pra ele ,além do mais meu pai não permitiria que eu e Henrik permanecesse brigados .

— Estou falando  sério Sweetheart,agora que você voltou pra casa quero que as coisas voltem ao seu normal,começando pelo seu irmão, voltem a se falar o quanto antes.

—Nunca fomos normais. - Resmunguei enquanto arrumava meu cabelo em frente ao espelho, meu pai estava saindo do meu quarto.

—Você me entendeu e eu não vou falar outra vez,até hoje á noite eu quero os dois...

—Se abraçando e se amando, eu já entendi pai . - Saí de frente do espelho e fui até ele. - Pode ficar tranquilo que eu não vou estragar o seu casamento.

—Eu não estou preocupado com o meu casamento, estou preocupado com a relação da minha família de agora em diante. - Ergui a sobrancelha e  coloquei a mão na cintura. - Tá...Não quero que Caroline surte com vocês dois ,então...Apenas...Por favor ok ? 

—Ok! Ok! Tudo por você. - Sorri e ele saiu do quarto . - Tudo pela nossa família ...- Falei baixinho.

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Me troquei casualmente porque tio Kol ia me levar a cidade para provar meu vestido, fui pelo corredor em direção ao quarto do meu irmão para tentar conversar com ele, mas percebi que ele não estava lá já que o seu  cheiro o levava até a sala . 

 Ao passar pelo estúdio do meu pai,tive um momento de nostalgia e bateu uma saudade até que quando dei por mim já estava lá dentro. Tudo estava do mesmo jeito que era antes,a única diferença que tinha eram quadros novos ,meu pai soube expressar a saudade da filha em um deles. Ou talvez não seja do meu pai. 

Havia um quadro com cores obscuras ,e ...

—Sangue ? - Levantei minha mão devagar para tocar no que parecia ser sangue,e assim que eu toquei no quadro senti um tremendo choque passar pelo meu corpo.  

Alguns flash passaram pela minha cabeça rapidamente e ela começou a queimar enquanto as imagens passavam.

Rostos de pessoas que eu nunca havia visto,seus corpos estavam estraçalhados,alguns lobos...vampiros...Um rio de sangue...Uma trilha de corpos sem vida,e ao final dela uma...Ou um...não consigo ver... Mas consigo identificar quem aquilo está segurando e ...parece que sou eu... não... é o meu corpo sem vida,meu corpo ensaguentado nos braços daquela coisa. A coisa parecia uma mistura de lobo com humano porque andava um pouco corcunda,suas patas tinham garras enormes,os seus dentes extremamente afiados e enormes também, os pêlos em suas costas estavam gosmentos e ensanguentados.

Ele colocou meu corpo junto em um montinho de corpos e lá estavam meu pai, minha mãe e até mesmo meus tios ! 

Meu instinto foi ir até aquela coisa, mas Henrik apareceu e por um instante eu me senti segura  com ele ali,até que a coisa perfurasse o seu coração !

—Me ajude ...- Henrik disse olhando em meus olhos  tentando levantar a sua mão.

Fiquei assustada porque tudo parecia tão real que eu senti a dor que ele estava sentindo,mas algo em mim sabia que não era real aquilo.

Tentei ajudar ele ,mas a "coisa" se virou para mim e deu um rugido tão alto que eu acordei no estúdio e estava ajoelhada .

Olhei para os lados extremamente assustada e não tinha ninguém,ninguém mais viu aquilo, me segurei na mesa de tintas sem encostar novamente no quadro com medo e retomei o fôlego .

—Você está bem menina ? - Peggy apareceu e logo entrou preocupada,devido ao meu estado.

—Não sei...- Disse quase sem voz e ela passou a mão pelo meu rosto,olhando no fundo dos meus olhos ,apertou a minha bochecha e as virou de um lado para o outro me analisando ,  sem reação não fiz nada apenas deixei.

—Você teve uma visão, não teve ?  - Ela perguntou e eu a olhei mais assustada por ela saber o que houve,balancei a cabeça que sim . - Não se preocupe,seja lá o que você tiver visto,as visões mudam elas sempre estão em constantes mudanças e nem sempre é o que diz ser. - Ela abriu um pequeno sorriso reconfortante.

—O que você sabe sobre isso Peggy...- Segurei na mão dela,um tanto quanto forte .

—Katrina . - Ela disse .

—Quem é essa ?

—É com ela que você deve conversar sobre isso. - Ela disse baixinho . - Só com ela você me entendeu ? 

Peggy disse com tanta convicção que eu assenti na hora que sim, ela ia saindo até que  tio Kol entrasse no estúdio . 

—Vai demorar quanto tempo tampinha ,aliás,o que vocês estão fazendo aqui? - Ele entrou e parou em frente ao quadro.- Pintura legal  , quem fez ?

Ele ia colocar a mão no quadro ,meus olhos se arregalaram e o medo tomou conta de mim para que eu avançasse nele bruscamente.

—Não toca nele ! - Gritei enquanto o empurrei.

Ele me olhou sem entender absolutamente nada.

—Ok,  tampinha eu não toco! Que ciumes é esse? É o seu quadro por acaso?

—Não, eu nem sei quem pintou esse troço, porque meu pai não pintaria uma coisa tão horripilante como essa.

—Ela tem razão tio,esse quadro " horripilante" não é do meu pai , ele é meu. - Henrik apareceu na porta e cruzou os braços . -E eu vim busca-lo , se me dão licença.

Peggy olhou pra mim e eu fiquei olhando Henrik pegar o quadro como se pegava uma folha na mão, ele não sentiu nada do que eu senti .

—Espera, aonde você vai com isto ? - Coloquei as mãos por cima do peito dele o parando .

—Isto? - Ele retirou a minha mão de cima dele nada gentil - Isto é meu e me desculpe se eu não puxei o dom artístico de Klaus Mikaelson como você puxou dele.

Ele passou pela porta.

—Espera,eu não quis dizer que ele é feio Rik ,disse horripilante no sentido do que ele se trata .

Ele se virou pra mim sério.

—Pra começar não me chama de Rik,você não sabe do que ele se trata ,ele se trata sobre como eu me sinto , você não é a única aqui com um lado negro da força aqui Lina.- Ele piscou e saiu de nossas vistas.

—Eu quero saber o que está aconteceu aqui?- Tio Kol perguntou atrás de mim enquanto eu olhava o nada que Henrik deixou pra  olhar.

Henrik pintou aquele quadro e não viu nada do que eu vi , eu estava vendo algo sobre ele? Ou ele estava me mostrando algo? É tudo muito confuso pra mim  eu preciso entender o que está acontecendo.

—Peggy , eu quero ver essa Katrina, aonde eu encontro ela? - Perguntei ignorando tio Kol .

—Katrina? A bruxa Katrina? - Tio Kol perguntou um tanto surpreso - O que você quer com ela? 

—Você a conhece tio? 

—Digamos que a conheci... intimamente...- Ele disse desconfiado . - Lina , o que você quer com ela?  Você tá enfiando coisa na cabeça da minha sobrinha né ? - Ele foi até a Peggy não sendo nada gentil .

—Tio não fala assim com ela.  -Olhei pra Peggy - Desculpa Peggy,mas nele eu posso confiar ...

—Não tenha duvida disso. - Ele disse. - Agora me fala o que houve , eu posso te ajudar.

—Não sei se você pode .- Peggy disse séria pra ele .- Lina teve alguma visão tocando o quadro de Henrik e pelo jeito que ela estava assustada,não era coisa boa ,você sabe o que isso significa .

—Significa o quê ? - Perguntei mas eles me ignoraram.

—Você acha que ela pode ser uma?  -Tio Kol perguntou,ele estava confuso e preocupado .

—Só Katrina pode responder isso,você sabe que ela vem procurando ...

—Eu estou aqui ainda sabiam ? 

—Tampinha , eu acho melhor nós irmos pegar o seu vestido logo .- Ele deu um sorrisinho de canto,e olhou para Peggy  .- E não vamos á Katrina,aquela mulher é louca . 

—Mais cedo ou mais tarde Katrina virá atrás dela,claro, se for ela Sr Kol. - Peggy disse - E eu não vou deixar ninguém machucar a minha menina.

—Muito menos eu deixarei que encoste em um fio de cabelo dela.- Tio Kol rebateu .

—Vocês podem me explicar  sobre o que vocês estão falando? Eu estou tipo,perdida . 

—Não é tão importante tampinha - Ele me deu um beijo na testa - Vamos resolver a questão do vestido e você me conta tudo o que viu ok ?

Não tinha muito o que pestanejar então acenei que sim,talvez se eu contar toda a minha visão, ele possa me contar o que aconteceu ,Peggy voltou para o seu trabalho enquanto meu tio e eu partimos .

Ao chegar próximo ao carro do tio Kol ,senti o cheiro da Eva . O cheiro que eu não sentia falta ,revirei os olhos enquanto abria a porta do carro.

—Tampinha , só um instante. -Ele beijou minha bochecha enquanto ia em direção a ela .

—Que seja ...-Disse enquanto me encostei no carro.

—Então é por isso que você não atendeu minhas ligações,a princesinha está de volta e você estava no modo babá - Ela disse sendo irônica.

—Eva, eu preciso levar minha sobrinha até a cidade, podemos conversar mais tarde ? 

—Eva? - Ela cruzou os braços, dei um sorrisinho de lado pra ela e ela não gostou . - Faz o seguinte , fica com a sua sobrinha e não precisa atender minhas ligações,já que elas não serão feitas mais !

Quem ela pensa que é ?

—Amor, não fala assim ,hoje a noite eu sou todinho seu .- Ele se aproximou para beija-la mais ela desviou seu rosto.

—Kol , não. - Ela tocou em seu peito -  Enquanto essa garota estava fora as coisas andavam tudo bem , mas agora eu já sei aonde isso vai nos levar.

Agora ela foi além .

—Eva .- Eu disse me desencostando do carro ,tio Kol me olhou e balançou a cabeça em sinal negativo e eu ignorei . - Olha , a princesinha está  de volta  você querendo ou não , Kol Mikaelson vai sim ser minha  babá , e se reclamar será meu tutor ! E se eu fosse você daria graças a mim de ter momentos com ele , já que fui eu quem o trouxe de volta para você. 

—Lina . - Kol disse em um tom alto e tocando no meu braço com força. - Se acalma.

Não me recordava de ter deixado meus olhos sombrios,olhei pelo vidro do carro o meu reflexo ,não era uma cara boa de se ver ,era assustadora. Voltei meus olhos ao normal envergonhada, olhei para meu tio. 

—Desculpe tio Kol... desculpe não sei o que deu em mim ...

Eva estava assustada,mas não perdeu a sua pose .

—Acho melhor mesmo cuidar da sua sobrinha ,ela precisa de ajuda.

—Você ajuda em nada desse jeito Eva, vai embora, depois conversamos .- Ele disse e ela se foi .- Tampinha, você está bem?

—Estou,eu fiquei nervosa tio! -Tentei me explicar - Ela chega aqui bancando a dona do mundo,eu queria arrancar a cabeça dela se eu pudesse!- Tampei a minha boca . - Desculpe .

—Eu que devo pedir desculpas á você,eu sei que você não gosta dela ,vamos deixar isso pra lá...

Assenti e entrei no carro.

Enquanto tio Kol dava a volta para entrar no carro,percebi minhas mãos trêmulas, eu não sei o que foi aquilo que deu em mim. Ela me irrita, mas se todas as vezes que alguém me irritar e eu agir desse jeito , a terra vai ser exterminada .

De bobeira olhei para fora da janela e avistei Henrik na janela me olhando ,se ele estava ali há um tempo eu não sei , sei que ele me olhou e desapareceu da minha vista .

Eu não sei decifra-lo pra ser sincera , sei que eu não vou ter paciência de ficar nesse joguinho de não fale comigo, sem falar que se eu não fizer o que meu pai me pediu , temo que será pior .