Três dias se passaram. Exatamente setenta e duas horas desde o fático dia em que Luke chegou quase morto ao colégio. Nesse meio tempo eu não sai do lado dele e claro ninguém se aproximou, eu estava pessoalmente tratando de seus cuidados na enfermaria e com isso sem tempo para ir me alimentar, minha garganta estava tão seca que por vezes tive que me controlar para não beber do sangue de nenhuma enfermeira que passava pelos corredores,sem contar que com toda essa confusão não tive tempo de cuidar dos afazeres do colégio ou qualquer coisa do tipo, então a solução foi dar uma “folga” para todos os alunos.Isso não era necessário afinal Jasper ou até mesmo Rose dariam conta de tocar o colégio, mas isso causaria perguntas demais nos alunos, tais como: Onde está a sacerdotisa Isabella?; Por acaso Luke morreu?. Perguntas que poderíamos evitar.

Após o momento em que dei meu sangue a Luke, o trouxemos para a enfermaria a qual demos um bom banho e o colocamos na cama, permaneceu deitado e sem nenhum sinal de melhoria desde então. E era isso que me matava, não saber o que estava acontecendo, ele estaria melhorando com meu sangue?Se sim, por que diabos não acordava?

Morto ele não estava, visto que ele seu corpo não secou e virou cinzas. Apesar do alivio de saber que ele estava vivo, meu coração ainda estava apertado, pois Luke não acordava e nem dava qualquer sinal de que iria fazê-lo.

Passei a ponta dos dedos suavemente sobre as grandes manchas roxas em volta de seus olhos e continuei levando minha mão até seus cabelos loiros arrepiados que no momento pareciam atém ensebadinhos pela falta de banho, sorri pensando em como seria se ele acordasse e se visse nesse estado deplorável. Provavelmente faria uma cara de nojo e diria algo como “Certo Bella estou machucado, mas nada me impede de cheirar bem não é?” E eu iria rir como sempre quando estou ao seu lado. Ainda com um leve sorriso nos lábios me dirigi a porta, saindo logo em seguida procurando uma enfermeira que preparasse as coisas para o banho de Luke, porém antes que eu a encontrasse avistei Jasper andando apressadamente em minha direção,vestia uma roupa bem simples calça jeans preta e uma camisa branca.Ele parou a minha frente no segundo seguinte e nada disse, seus olhos me soldaram como se procurando algo fora do lugar.Revirei os olhos, Jazz é sempre tão protetor que por vezes acho que ele é meu irmão mais velho.Acabei com a distância que havia entre nós o abraçando forte,um de seus braços envolvendo minha cintura e o outro fazendo carinho nos meus cabelos.

— Como você está Bells? – ele falou me afastando um pouquinho para olhar nos meus olhos – E Luke?

— Ele continua desacordado Jazz, estou começando a ficar realmente preocupada! – fiz uma careta de desagrado – E se meu sangue não for suficiente?

— Ei, você sabe. Luke é forte, um guerreiro, não vai ser um acidentezinho que vai derrubá-lo não é? Você vai ver quando ele acordar a primeira coisa que ele vai fazer é tirar um belo sarro de nossas caras por causa dessa preocupação exagerada. – um sorriso leve crescendo em sua boca, provavelmente imaginando a cena que provavelmente iria acontecer se ele acordasse. Soltei um suspiro pesado.

— E Rose? Como está? – ele fez uma careta e quase sorri. Rose nervosa definitivamente não é uma pessoa a qual você queira ficar perto.

— Você sabe – ele riu – nervosa, quebrando tudo o que vê pela frente e depois saindo aos berros pra comprar as coisas que ela quebrou. Tentei ajudar e tudo, mas ela é realmente insuportável. Oh, tenho duas coisas que você não vai gostar de saber.

— Diga. – bufei, revirando os olhos em seguida.

— Você terá dois pupilos esse ano. – ele falou calmamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo eu servir de babá. – E eles serão os dois garotos Cullens,Emmett e Edward.

Por um momento eu fiquei estática, esperando que tudo não passasse de uma piada sem graça e no momento seguinte estava gritando no corredor da enfermaria para qualquer um que passasse pudesse ouvir.

— Aquele velho cadavérico, realmente acha que manda em mim? Ele pensa que só porque os filhos de Carlisle estão aqui vão receber um tratamento diferente. – eu disse já arfante de tanto esbravejar- Eu poderia matá-lo apenas com um torcer de pescoço.

— Se controle Isabella, olhe o que está falando! Por Deus, alguém pode passar e ouvir. – ele falou sussurrando em meu ouvido. – Agora respire, vá se alimentar e depois vá fazer uma social com aqueles garotos mimados, você sabe, não precisa esbanjar simpatia por que Aro sabe que você não é assim, mas, por favor, não mate nenhum deles.

— Eu quero que eles se lasquem, eu não vou. Luke precisa de mim, eu ia preparar o banho dele, não posso sair agora. – Jazz me fuzilou com o olhar, provavelmente irritado com minha teimosia.

— Bells, - ele disse suspirando – não se faça de tola por que sei que não é. Não podemos partir pra uma guerra interna agora. Isso só atrapalharia nossos planos, imagine como Luke ficaria se soubesse que precisaríamos começar tudo do zero outra vez.

— Procure uma enfermeira e dê um banho em Luke. -  virei as costas e fui embora.

Eu sabia que antes de tudo deveria ir caçar, ou procurar algum aluno que pudesse me saciar. A ardência em minha garganta estava insuportável, queimava e por vezes passei a mão no pescoço tentando aliviar a dor, coisa que eu sabia que era impossível. A raiva que senti de Aro, dos Cullens, porém não me deixou raciocinar direito e logo eu estava no prédio de dormitórios masculinos o qual também continha o meu dormitório. O quarto do Jazz ficava no prédio de dormitórios femininos visto que somos sacerdotes e auxiliamos os alunos de sexo oposto ao nosso. Tudo para haver sempre um equilíbrio.

O prédio em si parecia o alojamento de uma faculdade qualquer tudo para manter as aparências.  O prédio inteiro era feito de tijolinhos marrons, sua decoração era simples, porém bastante sofisticada. Ele tinha treze andares, com seis quartos por andar. Apenas o meu andar que só tinham três quartos, bem maiores que os outros. Passei em todos em cada andar procurando uma placa dourada escrito Cullens pendurada na porta, mas não achei... Parei em frente a minha porta, minha raiva aumentando conforme eu percebia que ao lado da minha porta havia outra que até então estava fazia, com uma nova placa dourada brilhando “Cullens”. Segui até ela e bati em seguida.

Passaram-se alguns segundos ou minutos, não sei. Estava tão absorta na sede que estava sentindo e na raiva que me desliguei do mundo. A porta se abriu e encostado no batente havia um homem com uma cara de sono horrível e esfregando os olhos. Ele provavelmente ainda não havia percebido quem eu era, pois continuou esfregando os olhos e bocejando. E nesse tempo, pude observá-lo bem melhor, a descrição que havia feito de Edward não fazia jus a seu respeito e por mais que eu estivesse repleta de raiva e sede e não conseguisse pensar direito devido os dois fatos acima, Edward é realmente lindo. Ele usava somente uma calça de moletom que devia ter colocado quando ouviu baterem na porta, pois a mesma estava do avesso e caindo mostrando parte da cueca box preta, não usava camiseta e por isso pude observar a barriga malhada, com um leve tanquinho. Olhei para seu rosto, o qual ainda aparecia “ei, acabei de acordar por que você não me deixou dormir” terrivelmente sexy, suas sobrancelhas grossas estavam franzidas em confusão por causa do sono. Certo, eu poderia me aproveitar dele facilmente, sem pensar duas vezes.

— Ora ora, se não é o garotinho que tentou me morder. – ele travou o maxilar e ficou em alerta, como se levasse um choque. Seu sangue se concentrando em suas bochechas, atraindo minha atenção para o lugar, senti o veneno se espalhar por toda minha boca e engoli em seco prendendo a respiração logo em seguida.  – Edward não é? – passei por ele empurrando-o com ombro e entrando em seu dormitório.

No momento em que coloquei meus pés dentro do dormitório, eu senti o cheiro dos dois irmãos tão concentrados que me fez ofegar, isso seria normal se um desses dois cheiros fosse tão forte que era como eu tivesse levado um soco no estomago, tanto que acabei me curvando e apertando. Eu não percebi Edward fechando a porta e se agachando em minha frente.

— Você precisa de ajuda? – seu hálito quente e mentolado soprando na minha face, foi o que eu precisava para voltar ao controle de mim mesma, prendi a respiração na mesma hora. Endireitei-me e virei para a janela gigantesca que havia no meio do quarto dando para o jardim de inverno. – Você continua com a roupa do baile...

— E eu me pergunto em que isso seria da sua conta – ele não respondeu, então continuei em meu monólogo – pois é em nada. Enfim, não vim aqui conversar sobre meu senso de moda e sim sobre vocês Cullens, se acharem os máximos por que são filhos de Carlisle. – fiquei de frente pra ele a três palmos de distancia. A raiva voltando a fervilhar dentro de mim.  – Mas se você e seu irmão acham que eu vou dar regalias a vocês somente por que Aro quer que vocês sejam meus pupilos, vocês estão muito enganados iram se arrepender do dia que entraram no colégio.

Estava tão absorta em esbravejar sobre Cullens, ficar nesse colégio idiota, Aro ser um velho cadavérico que tenho vontade de matar que não percebi Edward encurtando a distancia entre nós com um olhar raivoso.

— Você não tem o direito de entrar no meu quarto e ofender a mim e a minha família! – ele gritou com o rosto a poucos centímetros do meu, eu poderia facilmente ter me deixado distrair com sua boca levemente vermelha, mas não o fiz, apesar de ser uma deliciosa distração.

— Ah querido, - sorri, falando suavemente e colocando a mão sobre seu tórax, empurrando-o logo em seguida até que caísse sentado na cama e eu pudesse olhá-lo de cima - eu posso isso e muito mais. 

No momento seguinte Edward estava tentando levantar, porém ao tentar empurrá-lo acabei caindo em cima de seu colo, com uma perna de cada lado. Senti seus músculos enrijecerem e ele prender a respiração. Sorri me lembrando do momento em que no baile ele tentou me morder, e sorri. Edward conheceria o seu inferno particular.

— Então Edward, - falei me inclinando em direção e sussurrando em seu ouvido – você sente desejo pelo meu sangue. – ele ofegou e por pouco não solto uma risada de escárnio, se antes eu não tinha certeza sobre a sua sede por meu sangue agora estava mais que comprovado.

— Por favor, pare. – ele pediu num suspiro entrecortado.

— Querido, você é realmente ingênuo assim ou somente burro? – falei sorrindo e passando as mãos por seus cabelos macios - Você realmente acha que eu desperdiçaria meu sangue o tornando vampiro assim? Tão facilmente? – ri ironicamente – Eu quero outra coisa de você agora.

Ele parecia que estava em transe, ou simplesmente estava me ignorando. Pra mim, isso pouco importava, inclinei ainda mais sobre ele e coloquei minha boca sobre seu pescoço dando um leve beijo. Com isso ele pareceu acordar, levou suas mãos a minha cintura a apertando.

— O qu- o que está fazendo? – ele gaguejou, porém antes eu pudesse pensar em responder ou pensar em me afastar, seu cheiro amadeirado e totalmente diferente entrou em meu sistema e fez com que a sede tomasse conta de todo meu pensamento me fazendo morder seu pescoço.