Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 33
Que a verdade seja dita




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— Está preparada futura mamãe? Preparada para saber o sexo do seu bebê? – Melina caminhava ao lado de Daniele, segurando firme a sua mão enquanto elas iam em direção à sala do médico para fazer a ultrassonografia.

As duas entraram após Daniele ser chamada.

— Estou tão ansiosa! Esperei tanto por esse dia! – Daniele quase não consegue conter o sorriso no rosto. Seus cabelos loiros ondulados emolduram seu rosto repleto de alegria.

A enfermeira deposita sobre a barriga de Daniele um gel geladinho, enquanto o médico passa um aparelho sobre a barriga recoberta de gel e fica de olho em uma pequena televisãozinha onde reflete a imagem e onde se pode ouvir o coração do bebê.

— Seu bebê é grande, forte e saudável! – eles sorriem. Melina não solta à mão de Daniele. Ambas radiantes. — Posso falar o sexo?

Daniele não tem palavras, apenas assente. Ela já está chorando pela emoção em finalmente saber se o bebê será menino ou menina.

— Será uma... Menininha!

Ao sair da sala depois do ultrassom com alguns papéis em mãos, Melina e Daniele seguem até a saída do hospital.

— Melina? Daniele? Olá! Como vão vocês? – Juliana e Leila estavam pelo caminho. Elas cumprimentam as meninas, trocam algumas palavras e voltam para o trabalho.

— Já pensou no nome que dará a sua filha? – Melina pergunta. As duas já estão dentro do carro.

— Ainda não sei. Tenho tantas ideias! O nome certo surgirá no momento exato.

Em casa, Daniele contou sobre a consulta ao médico com as outras duas. Melina as deixou mais a vontade e foi até o quarto, onde ficou por um bom tempo olhando para o mosaico de fotos que ganhou de Thomaz. Ela o colocou na parede, próximo a sua cama.

Melina já sentia falta de Thomaz, que viajou no dia anterior e ainda não tinha ligado para dar noticias.

O celular tocou dentro da bolsa.

Seria Thomaz? Não, no identificador de chamadas Melina viu o nome de Henrique. Pensou seriamente em atender ou não. Há um bom tempo eles não se falavam e não se encontravam. Pediu a ele um tempo.

— Eu sei que você pediu um tempo – ele foi logo ao assunto. — Mas eu precisava ligar pra você e saber como vão às coisas.

— Primeiramente, Oi Henrique. Tudo bem? – eles riram. — É eu pedi um tempo, mas foi bom você ter ligado.

— Melina, vem almoçar aqui em casa amanhã? Minha mãe quem teve a ideia. Não me culpe.

— Está bem. – ela riu. — Eu vou, pode dizer a ela. Mas agora, tenho que desligar.

Melina aproveitou o resto do dia e foi até a casa de Nicolas, tinha marcado com ele que iriam dá uma volta pelo parque com seus cachorros e Bel do lado.

— E então, deixe-me adivinhar... É uma menina o bebê de Daniele? – Nicolas arriscou um palpite.

— Como você sabe? – ela riu. — Tem razão, é uma menininha. E será a mais bonita de todo o mundo!

Os dois continuaram a tagarelar pelo resto da tarde, sentados a um dos bancos, enquanto Linda e Lupi, os cachorros dele, e Bel, a cachorrinha de Melina, corriam pelo parque misturando-se com os outros cachorros também presentes.


~*~


As praias do Rio de Janeiro estão sempre bem movimentadas, há todos os tipos de pessoas por todos os lados. O sol arde sobre a pele, às ondas do mar ecoam ao fundo.

Thomaz sente a areia da praia entre os dedos do pés. Ele e Rebeca aproveitaram o tempo livre para conhecer melhor a cidade. Rebeca está ao lado, com os cabelos negros ao vento. Ela usa um biquíni pequeno cor branca chamando a atenção de todos e na cabeça um chapéu praiano de palha. Thomaz, por sua vez, está de bermuda e sem camiseta expondo seu peitoral malhado e para cobrir os olhos ele usa óculos escuros de sol.

— Se eu pudesse moraria aqui, no Rio. – Rebeca comentou sorridente, sentando-se ao lado de Thomaz, que pediu duas águas de cocó em um dos quiosques. — Obrigada.

— É muito bonito aqui, não é? – ele dá uma golada em sua água de cocó. Rebeca não tira os olhos dele. — Eu e Melina já viemos muitas vezes ao Rio, aproveitar as férias.

— Esqueça ela Thomaz – Rebeca pediu. — Você não contou a Melina sobre o nosso beijo não é? Não é justo com ela. Ela precisa saber de você, antes que a pirralha da sua irmã conte tudo.

— Não se preocupe, eu vou contar. Assim que puder. Tina me prometeu que não contaria, mas disse que se eu demorasse a contar ela entregaria tudo que viu e ouviu. Mas não posso aborrecer Melina, ela é tudo pra mim! Nosso beijo nunca mais voltará a se repetir Rebeca.

A morena engoliu em seco, deixando sua agua de cocó de lado.

— Thomaz, você não gostou do nosso beijo? – Rebeca voltou a insistir no assunto. Thomaz já estava exausto dela sempre tocar no mesmo ponto. Ele queria esquecer aquele incidente.

— Eu gostei, mas não foi correto.

Rebeca soltou um riso sarcástico.

— O que não é correto é você me desprezar dessa forma, depois de tudo que já fiz para o seu bem! – a morena se levantou do banco e se afastou, jogando os cabelos para trás. Chamando ainda mais a atenção da rapaziada de plantão.


~*~

— Melina, que bom que você veio! – Melina foi abraçada por Ester, depois por Paulo e Caio. — Estávamos só esperando por você.

Melina sentou a mesa ao lado do pequeno Caio. O apartamento dos pais de Henrique não era muito diferente do dele. Bem organizado, bem planejado e limpo. Melina sentia-se em casa.

— Caio! Quer dá uma ultima jogada antes do almoço? – Henrique chamou pelo irmão e eles desapareceram pelo corredor.

— Meninos! Não demorem! O almoço está quase pronto! – Ester voltou-se para Melina, com os pratos nas mãos. Paulo estava na sala, de frente para a tevê. — Me ajuda aqui, Melina?

— Ah, claro! Ajudo sim – Melina levantou-se. Pegou os copos e os talheres. Ester pegou o refrigerante.

— Obrigada Melina, você é um amor! – algumas panelas ainda estavam no fogo. Ester aproveitou o momento para sentar-se de frente para a garota. — Henrique fala muito de você, Melina. Ele gosta muito de você! E agora, com você aqui, eu já sei o porque. – elas trocaram sorrisos. — Sabe, se você não tivesse um namorado, você e Henrique formariam um lindo casal.

— Mãe! Eu ouvi isso – Henrique gritou do corredor. Vindo em direção a cozinha. — Não encha a cabeça de Melina com tanta besteira, mãe. Ela ama o namorado.

Todos ficaram calados.

— Vem, Melina. Vem conhecer o quarto que eu dividia com o meu irmão antes de me mudar.

O quarto é pequeno e está um pouco desorganizado por brinquedos, mas é bem decorado com coisas típicas de garotos.

— Não dê ouvidos a minha mãe! – Henrique revirou os olhos, sentando ao lado de Melina sobre a cama. Caio estava sentado em um pufe, com o controle remoto do videogame nas mãos e olhos vidrados na tela da pequena tevê pregada a parede.

— Sabe que, pensando bem, até que poderíamos formar um bonito casal. Se eu não amasse tanto a Thomaz.

— Você acha é? – os olhos castanhos de Henrique cintilaram. — Você realmente caiu na conversa da minha mãe. Isso não faz sentindo. – ele riu, e para disfarçar olhou para o irmãozinho. — Assim, você vai morrer rapidinho, Caio. Vire para a esquerda!

— Crianças! Venham comer.

O almoço foi divertido. Paulo e Ester formavam um belo casal, quase cumplices. Henrique tentou de todas as formas fazer com que Melina se sentisse parte da família. Caio queria atenção, tagarelando sem parar e fazendo todos rirem. Melina não poderia estar em melhor lugar, como naquele almoço em família.

— Sabe Melina, Henrique nunca antes trouxe uma garota aqui para casa – Paulo comentou. — Você deve ser importante.

— Paulo, você não acham que eles formam um belo casal?- Ester insistia no assunto, deixando Henrique cada vez mais constrangido e Melina achava graça nisso.

— Mãe, Pai, por favor, parem com isso! – e todos riram.


~*~


Rebeca estava fria, distante e mal olhava para Thomaz, tão pouco falava se não fosse assunto de trabalho. Thomaz estava incomodado com essa situação, ela agia assim desde aquele passeio na praia. Ele pensou muito nisso durante uma reunião como novos clientes e ao subir pelo elevador do hotel onde estavam hospedados pensou em contornar essa situação.

Thomaz bateu a porta do quarto de Rebeca. Ela estava no quarto ao lado do dele. Demorou um bom tempo para que ela viesse atendê-lo, vestindo um short curto de dormir e uma camiseta maior que seu manequim e sem qualquer tipo de contentamento em vê-lo.

— Entre. – ela pediu.

O quarto dela estava uma bagunça, papéis e canetas espalhadas por todos os lados. Mas ela não parecia envergonhada por isso. Thomaz sentou-se no pequeno sofá próximo a cama. Rebeca lhe serviu com um copo de suco de laranja, como se adivinhasse que ele precisava.

— Temos que conversar. Você está diferente – ele deixou o copo de lado. — Não gosto nada dessa situação. Desculpe-me por aquele dia, eu não queria magoar você.

Rebeca sustentou o olhar dentro do dele, tentando a todo custo não esboçar o sorriso que tinha por dentro de satisfação.

— Já passou. – foi tudo que ela disse, sentando-se ao lado dele e cruzando as pernas.

— Tem certeza? Sua expressão não é muito convincente – ele soltou um risinho. — Quer jantar comigo essa noite?

— Não. – ela foi direta. — O que eu quero você não pode me dar, Thom. Ou você não quer.

— Como assim? – Thomaz deu um meio sorriso, fazendo-se de desentendido.

— Como assim que... – Rebeca não pensou duas vezes em agir, aquele era o momento certo. Thomaz cairia em suas garras como uma pressa. Ela avançou e ele deu sinal verde.

Os dois se beijaram outra vez. Beijaram-se euforicamente com mais vontade a cada toque. Thomaz passava a mão pelas pernas grossas de Rebeca saciando a vontade que ele tinha todas as vezes que deitava a cabeça no travesseiro antes de dormir e imaginava Rebeca ao quarto ao lado. Sozinha sem ninguém por perto. Ela sussurrava pedindo que ele continuasse e avançasse.

Os dois subiram até a cama. Rebeca tirou às pressas a parte de cima do terno de Thomaz. Enquanto ele beijava e mordiscava seu pescoço e permitia que ela fizesse o que tinha vontade.

— Eu não aguento mais! – ele admitiu. — Eu quero você!

— Eu sempre soube. – ela riu.


~*~


Melina e Henrique estavam de frente ao prédio dele. O céu estava escuro e o ar gélido. Melina passava as mãos pelo braço, seus pelos estavam eriçados pelo frio.

— Nem pense em me dar seu casaco – ela riu. — Eu já tenho um seu lá em casa.

— Ah é – ele também riu. — Mas pode ficar com mais outro, se quiser. Me sinto lisonjeado.

— Bobo. – ela desviou o olhar. — Pode ficar com esse. Eu já estou mesmo de partida.

— O que é uma pena. – eles se entreolharam. — Está tão cedo, fique mais.

— Não posso, Henrique. – ela sorriu delicadamente. — Tenho mesmo que ir. Mas antes, tenho que admitir: você fica um fofo quando está constrangido.

— Tudo culpa da minha mãe! – ele riu brincalhão. — Ela insiste em dizer que formamos um belo casal.

— Bom, talvez sejamos. Você não acha? – Melina arqueou uma das sobrancelhas.

— Eu acho que não posso afirmar uma coisa dessas. – Henrique soltou um risinho.

— Você tem razão. – ela olhou para o céu, admirou uma estrela. Ele fez o mesmo, acompanhando. — Quem sabe em outra ocasião.

Os dois se calaram.

— Bom, eu vou indo...

— Você vai voltar? – ele o interrompeu.

— É claro que eu vou seu bobinho. – ela sorriu. — Gosto de você, gosto da sua família.

— Tá... Então... Tchau. – ele beijou o rosto dela.


~*~


— O que foi? – Rebeca estava com a cabeça deitada sobre o peito de Thomaz. Ele enrolava um dos cachos dela em seu dedo. — Não foi bom pra você?

— Foi ótimo! – ele sorriu, franco. — Eu gosto de você, Rebeca. Você é maravilhosa. Uma mulher e tanto! Mas...

— Não venha me dizer, em um momento como esses, que você ama sua namorada. Eu esperei por tanto tempo por esse momento! Esqueça ela, Thom. Vamos ficar juntos...

— Eu quero ficar com você... Já não tenho escolhas. Estou envolvido por você Rebeca. Mas Melina merece que eu diga a verdade.

— Tudo bem. Ela pode até merecer – Rebeca olhava para Thomaz, nos olhos. — Mas não fale dela logo agora...

Rebeca sentou-se sobre Thomaz, massageou seu peito e depositou em seus lábios beijos curtos.

Ela sorria, provocante.

— Vamos aproveitar cada instante desse momento...

Ela continuou o beijando. Sem escolhas, ou sem ter para onde fugir, por mais que seus pensamentos o preocupassem, Thomaz correspondeu aos seus beijos e os dois rolaram pela cama.

— O que foi dessa vez, Thom? – Rebeca estava ficando impaciente. Quando pensava que eles iam se amar outra vez... Thomaz simplesmente travava e não reagia.

— Não posso Rebeca! Não posso continuar mentindo! – ele deu um pulo da cama, deixando-a de lado.

Rebeca intrigada estava boquiaberta enquanto observava Thomaz vestir sua roupa.

— Eu amo Melina! Ela merece o meu respeito e precisa saber a verdade, por mais que seja dolorosa. Vou contar tudo a ela!




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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que comentaram! Gostei muito de saber um pouquinho melhor sobre vocês! Continue comentando ♥



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