Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 18
Visita inesperada


Notas iniciais do capítulo

As coisas vão esquentar nesse capítulo!



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Melina, assim como as outras meninas acordou cedo aquele feriado. Pois haviam combinado na noite anterior que faria uma faxina completa no apartamento, que há muito tempo não recebia cuidados desdobrados.

Tomaram o café da manhã e em seguida, muito rapidamente, dividiram as tarefas entre elas. Depois, cada qual foi exercer sua função. Melina sempre atrás de Daniele, preocupada caso ela se submetesse a esforços. Melina não sabia lhe dar com a gravidez, nunca presenciou nenhuma, ela tem medo de que Daniele ponha a vida do bebê em risco, ainda mais agora, que as outras ainda não sabem.

— Deixa que eu faço isso – Melina arrancou a vassoura das mãos de Daniele, enquanto as outras não estavam por perto e fez o trabalho da amiga por ela. — Você já fez tanto por mim...

— Mas Meli, eu posso fazer isso.

Melina encarou Daniele.

— Deixa que eu faça! – e as duas riram.

Marcela, que acabara de limpar boa parte do quarto que divide com Ariela, se aproximou.

— Hum. – ela olhou em volta, fingindo-se de surpresa. — Não sabia que patricinha sabia limpar alguma coisa...

— Marcela, deixa de brincadeiras de mau gosto – Daniele se intrometeu antes que Melina pudesse responder. — Vamos voltar ao trabalho, que tal?

Marcela revirou os olhos e voltou na direção de seu quarto.

— Ah, quase me esqueci: acabou o álcool perfumado e a água sanitária! – Marcela gritou no final do corredor, elevando seu tom de voz por conta da musica alta. Ariela havia ligado o som, para agitar um pouco a faxina. — Esquecemos de comprar!

— Eu vou comprar! – Melina deixou os panos de lado, pegou sua carteira e saiu porta a fora.

Havia um mercadinho na esquina próxima a rua da casa de Nicolas, Melina bem que pensou dá uma passadinha por lá, mas tinha muito trabalho a fazer em casa.

Rapidamente Melina avistou os produtos que precisava em duas devidas prateleiras, mas ao chegar ao caixa para pegar, enfrentou uma pequena fila. Como se todos tivessem tido a mesma ideia: fazer compras na manhã do feriado.

Ao chegar ao apartamento, percebeu que haviam abaixado o volume do som. Melina depositou os produtos em cima de mesa na cozinha e foi a procura das meninas. Estava um silêncio absurdo.

Ouviu as vozes vindo na direção do corredor, em um dos quartos, o que supostamente era o dela e de Daniele. A porta estava entreaberta, ao se aproximar, o volume das vozes aumentaram junto com as risadinhas.

Melina deparou-se com a cena que jamais imaginaria que acontecesse: Daniele, Ariela e Marcela deitadas sobre uma das camas e no centro do cômodo, como se fosse um comediante, Henrique fazia graça e as meninas riram sem parar.

Melina ficou boquiaberta. Eles já parecia ter tanta intimidade, coisa que ela nunca imaginou ser capaz de acontecer.

— Melina! Que bom que você chegou! – Daniele saltou da cama contento o riso. — Seu amigo, Henrique, é um máximo!

Henrique virou-se rapidamente para olhar para Melina e abriu um largo sorriso ao vê-la.

Ela não conseguiu retribuir. Estava envergonhadíssima. Imaginou-se despenteada, com roupas mais leves, costumada a usa-las em casa, como em um dia como aquele, de faxina, bagunça.

Enquanto ele estava impecável como sempre, de jeans e uma camiseta branca com uns nomes escritos em preto. Os cabelos castanhos bagunçados, dando-lhe um charme ainda maior.

— É sempre bom ser educada com as visitas – ele cortou o encanto. — Olá Melina.

— Ah. Oi. Henrique. Como vai? – por insulto ela se aproximou devagar, e se encaixou em seus braços. Surpreso e ao mesmo grato com a atitude da jovem, ele retribuiu o abraço. — Pensei que...

— Eu não resisti, eu tinha que te ver, vir falar com você – ele interrompeu-a, arrumando uma mecha do cabelo dela. Ainda sorrindo, enfeitiçado pela beleza natural de Melina. — Precisamos conversar.

— Meninas! – Daniele já no pé da porta, chamou pelas outras. — Venham, nossos amigos querem privacidade.

Ariela saiu sem questionar, já Marcela, sempre intrigada com a vida de Melina, bateu o pé antes de sair. Queria muito saber o que eles tinham tanto para conversar e porque estavam tão encantados um com o outro. De fato, para Marcela, Melina é uma jovem de sorte. Está sempre rodeada de bonitos garotos e têm uma vida boa.

Já se sentindo a vontade, como se estivesse em casa, Henrique jogou-se em uma das camas, despertando a ira de Melina.

— O que faz aqui? – ela disparou. — Eu não disse que quando você quisesse aparecer aqui em casa deveria ligar antes?

Ela estava furiosa. Henrique não resistiu ao riso. Porque ela sempre se enfurecia com ele? Por mais que ele não tivesse a intensão de deixa-la nervosa, por fim, sempre conseguia provoca-la.

— Olha só pra mim – ela deu as costas. — Eu estou horrível! Eu nem sabia que você vinha, não tive tempo nem de...

— Você está linda! – ele interrompeu. — Não exagere. Mas eu não vim até aqui para você se irritar comigo – ele se endireitou, sentando na ponta da cama. — Vim aqui para te pedir desculpas.

— Desculpas? – Melina estava surpresa. Ela caminhou até sua cama e se sentou virada de frente para ele. — Pelo que?

— Eu errei. Nós erramos – ele admitiu. — Eu pensei em você durante todo esse tempo em que tentei me manter afastado...

O coração de Melina estava disparado.

— Eu me enganei Melina – ele levantou-se e se encaminhou até ela. Ajoelhando-se em sua frente, segurando suas mãos e olhando em seus olhos. — Nós nos enganamos. Podemos tentar ser amigos... Apesar das diferenças. Eu sei que não é certo, todas as vezes que nos encontramos, acabamos agredindo um ao outro, mas é assim mesmo, normal, mas isso não significa que deveríamos desistir...

Melina tentava acompanhar o raciocínio de Henrique, aos poucos foi compreendendo o que ele tentava dizer.

A verdade é que ela também pensou muito nele, desde aquela despedida. Foi muito difícil admitir para si mesma, mas Henrique foi um marco importante em sua vida, de uma forma ou de outra, e viver longe dele, não fora uma boa escolha. Eles deveriam sim ter tentado.

Agora, Melina esta disposta a não se irritar tanto com ele, para mantê-lo mais perto. Mas ele sempre some mais de uma semana e depois reaparecer, assim, do nada e de repente.

Thomaz subiu as escadas do prédio tomado por um desespero pouco sentido antes em sua vida. Entrou no apartamento, mal cumprimentou as garotas na sala e disparou em direção ao quarto da namorada. Ao chegar lá, viu aquela cena e a principio ficou chocado. Afinal, outro garoto, completamente desconhecido, segurava a mão de sua namorada com tanta intimidade, e ele não resistiu a se sentir enciumado com o que presenciou. Mas deixou esse sentimento de lado, pois tinha ao importante a dizer.

— Thomaz? O que faz aqui? – Melina deu um salto ao ver o estado de seu namorado. Soado e ofegante. Henrique bruscamente se afastou da garota. — O que aconteceu?

— Melina, é urgente – seu peito subia e descia em uma velocidade anormal, fora do comum. Como quem correu uma maratona inteira. — Tina, ela sumiu de casa. Desde ontem à noite não temos noticias dela.

Tina é a irmã mais nova de Thomaz, de apenas dezessete anos.

Melina nunca vira Thomaz tão preocupado com a própria irmã, pelo contrário, tanto ele quanto os pais, a trataram sempre tão diferente que Melina logo imaginou que esse seria o principal motivo da desaparição da jovem.

— Pensei que ela pudesse ter vindo para cá – ele olhou para a namorada, depois para o garoto estranho no canto do quarto. — Mas pelo visto, eu me enganei.

Melina sentiu o tom de ironia, mas ignorou.

— Ah não, ela não apareceu aqui – Melina estava sem jeito com a situação. — Na verdade, há muito tempo que eu não a vejo...

— Foi o que pensei – Thomaz sorriu. — Bom, seja lá o que vocês estavam fazendo aqui, juntos e sozinhos, continuem. Eu vou procurar pela minha irmã.

Melina nunca vira tal desespero nos olhos de seu namorado, imaginou o estado de Monica, sua mãe e Vitor, o pai.

— Eu vou junto! – ela falou rapidamente. — Deixa eu ajuda? O que posso fazer por vocês? Tina é muito especial pra mim.

— Não! – Thomaz foi frio . — Fique aqui. Sua ajuda, por enquanto, não vai ajudar em nada. Vamos alertar policia sobre o desparecimento.

E ele se foi, deixado Melina paralisada por ele ter a tratado, pela primeira vez em tanto tempo, de maneira tão rude.

— Me desculpe se eu acabei atrapalhando – Henrique deu um passo à frente. — Eu não imaginava que... Seu namorado fosse tão babaca com você.

— Ei – ela virou-se para ele. — Não falei assim dele. Thomaz só está nervoso com o sumiço da irmã. Agiu de cabeça quente.

— Não tenho tanta certeza – Henrique coçou a cabeça. — De qualquer forma, vou indo. Outra hora eu apareço, ou ligo.

Melina o acompanhou até a porta, envergonhada por si mesma.

— Tchau Rike – Ariela acenou do sofá. — Volte mais vezes para nos visitar.

Ele assentiu e se foi.

Melina caiu sobre o sofá, sentindo-se exausta.

— Seu namorado parecia bem nervoso com você – Marcela brincou. Não muito diferente de todas às vezes.

— Quem é ele, Meli? O Henrique. Você nunca falou sobre ele com nós – Ariela comentou. — Gostei dele. Ele é um gatinho.

Melina não ouvia o que elas diziam, estava presa aos próprios pensamentos. Não sabia se sentia mal por não poder ajudar Thomaz e deixa-lo ainda mais nervoso por ter a flagrado em uma cena um tanto comprometedora com Henrique ou se deveria ir atrás de Henrique, tentar conversar e resolver aquela situação mal resolvida.

— Eu vou ligar para o Nicolas – foi a melhor ideia que lhe passou pela cabeça. — Vou ajudar o Thom, de um jeito ou de outro. Meninas me desculpem, mas por hoje, a faxina chega pra mim.

Melina tomou um banho rápido, trocou-se e correu até a casa de Nicolas. Ao chegar em sua casa, ele ainda estava dormindo e acabou acordando com ela tocando a campainha.

Melina explicou-lhe a situação enquanto ele se trocava o mais rápido que pôde. Depois, os dois entraram em seu carro e ela dirigiu em direção à casa dos pais de Thomaz. Queria melhores explicações sobre o sumiço de Tina.

— Eu vou subir – ela tirou a chave da ignição e abriu a porta de seu carro.

— Vai lá. Eu fico aqui te esperando – Nicolas não queria ter que subir até a casa de Thomaz.

— Tudo bem se eu demorar? – ele assentiu. — Ligue o som, se quiser, para se distrair. No porta-luvas tem uns CD’s das minhas bandas favoritas. Qualquer coisa me liga. Estou com o celular.

Melina subiu pelo elevador, até o vigésimo nono andar e bateu a porta do apartamento.

— Melina! – Monica a apertou. — Que bom que você veio! Tem noticias da minha filhinha?

— Não, dona Monica. Vim até aqui para prestar minhas condolências e saber o que realmente aconteceu.

As duas sentaram-se no sofá da luxuosa sala de estar, um criado ou outro se aproximaram para servir algo, por fim, Melina optou por chá e Monica a acompanhou.

Monica, muito parecida fisicamente com sua mãe, estava aflita, ao narrar a historia do desaparecimento de Tina, chegou a chorar e Melina se sensibilizou. Onde Tina teria se metido?

Tanto Vitor, o marido de Monica e pai de Thomaz, quanto o filho, haviam ido até a delegacia falar com a polícia e procurar por Tina na casa de alguns familiares e amigos mais próximos.

— Eu não entendo aquela menina – Monica deixou sua xiíara já vazia de lado. — Ela arrumou um namoradinho, do qual eu nunca fui com a cara. Ele mora aqui no prédio mesmo, é nosso vizinho. Eu tentei alerta-la de que ele não era uma boa pessoa, que estivesse a sua altura, mas ela não quis me ouvir, chegou dizer que o amava e que eu não gostava dela por não apoia-la nunca. E ai, desapareceu, na mesma noite. Sinto que a culpa é daquele garoto, eu nunca gostei dele...

Melina, de certa forma, sentiu-se no lugar de Tina. Monica é muito parecia com Verônica. Não aceita as escolhas da filha, não a apoia, está sempre criticando, esfregando na cara da jovem o quanto Thomaz é melhor em tudo que faz, maduro, responsável e que nunca cometeu erros na adolescência.

O que Melina acredita ser impossível. Thomaz não é o todo perfeito, como a mãe acredita que seja. Para Melina, ele tem lá seus defeitos, apesar de ser um grande homem nos dias de hoje. Mas Melina duvida que ele não tenha errado quando mais jovens, nunca cometido uma loucura ou feito algo inconsequente.

A jovem ficou com Monica o resto daquela tarde, tentando acalma-la e se mostrar amiga. Vitor e o filho chegaram ao final da tarde sem nenhuma noticia de Tina. Thomaz passou pelas duas sem nem olhar pra Melina. A garota ficou intrigada. Ele estaria com raiva dela? Levantou-se e foi até seu quarto, no andar de cima, para conversarem.

— Posso entrar? – a porta estava apenas encostada. Ele assentiu, mas não ergueu os olhos para olhar para ela. Estava atendo ao visor de seu celular. — Podemos conversar?

— Melina – Thomaz respondeu três minutos depois, enquanto Melina esperou de pé. — não estou com cabeça pra conversar hoje.

— Tudo bem. Eu entendo – ela resolveu arriscar, e se aproximou vagarosamente. — Então, vou ficar aqui, do seu lado, quietinha...

Antes mesmo que ela pudesse se sentar, Thomaz levantou-se de sua cama, não permitindo que ela se aproximasse. Thomaz não conseguia olhar para ela, mas podia sentir a raiva lhe tomando conta.

— Vai embora Melina! – ele gritou. Seus pais puderam ouvir lá de baixo, da sala. — Sai daqui, por favor.

Melina ficou boquiaberta. Não sabia se obedecia ao seu pedido ou se bateria o pé para ficar. Suas emoções estavam prestes a transbordar, ela sentia os olhos se encherem de lágrimas. Thomaz não tinha o costume de ser tão rude, ignorante e frio com ela. Aquela era a primeira vez no relacionamento e segunda vez no dia.

— Você não me ouviu? – ele gritou de novo. Melina saltou de medo. — Sai. Daqui. Agora. Melina. Eu quero ficar sozinho! Sai.

Thomaz parecia uma fera selvagem. Melina sentiu medo do que ele poderia fazer caso ela não saísse. Aos prantos ela desceu as escadas do duplex chorando, passou pelos pais de Thomaz e mal se despediu, saindo apressadamente pela porta em direção ao elevador.

Alguns poucos segundos depois que Melina saiu de seu quarto, Thomaz recebeu um torpedo no celular.


Chefe sinto muito pelo que aconteceu. Você saiu do escritório hoje mais cedo muito depressa, eu fiquei com medo do que pudesse acontecer. Imagino que você não esteja nada bem. Que tal se saímos para que você pudesse espairecer? Esfriar a cabeça.


Thomaz pegou as chaves do seu carro, afagou o jeans para verificar se a carteira estava no bolso e colocou seu paletó.

Melina entrou em seu carro muito depressa, pegando Nicolas de surpresa que vasculhava seus CD’s. Ele logo percebeu que ela tentava esconder o choro, o que seria possível, pela falta de iluminação nas ruas que aos poucos iam se acendendo com a chegada do anoitecer.

— Porque você está chorando? – ele devolveu os CD’s de volta ao porta-luvas e olhou para ela, atento. — O que foi que aconteceu?

Melina não resistiu e chorou ainda mais. Nicolas ficou assustado, nunca vira sua amiga daquele estado. Sim, ele já havia presenciado ela chorando outras vezes, mas não daquela forma, soluçando, sem conseguir falar, parecendo ainda mais frágil.

— Thomaz... Eu tentei ajudar... Mas ele nem me olhou, me tratou como se eu fosse invisível e ainda por cima, foi ignorante comigo, gritou, me expulsou do seu quarto e me tratou com frieza...

Nicolas não teria palavras suficientes para expressar o quanto estava amargurado com a situação. Não conseguia imaginar alguém que conseguisse ser o mínimo ignorando justamente com Melina, a doçura em pessoa. Ele apenas a abraçou e a reconfortou em seus braços.

Melina não poderia imaginar lugar melhor para se abrigar em momentos difíceis como aqueles. Poderia parecer exagero da sua parte, chorar feito um bebê por Thomaz ter a tratado daquela forma com o calor da emoção. Mas ela não está habituada a aquele tipo de comportamento, foi assustador e ela não resistiu ao choro.

— Eu vou dirigindo! – eles trocaram de lugar.

Aos poucos ela foi se acalmando, à medida que se aproximavam de casa. Nicolas nem precisou dizer coisas bonitas para lhe agradar, bastava seu carinho e compreensão e tudo ficaria bem.

— Você, por acaso, tem carta de motorista? – ela perguntou, secando suas ultimas lágrimas. Já parados de frente para o prédio.

— Não de carro – ele riu e ela não conseguiu não rir também. — Mas eu dirijo bem, não dirijo? Meu tio me ensinou quando fui passar minhas férias em Niterói com a minha família paterna.

Nicolas não poderia voltar para casa, sem antes deixar Melina de frente ao apartamento, assegurando-se de que ela ficaria bem.

Antes mesmo de entrarem no apartamento, do lado de fora já podiam ouvir os gritos que vinham de dentro.

Mais confusão? Oh, não.

Melina e Nicolas entraram rapidamente. A briga vinha de um dos quartos. Melina imaginou o que poderia ser dessa vez. Ao se aproximarem a coisa foi ficando séria, até ela dar de cara com Ariela, Marcela e Daniele em seu quarto, brigando feio.

— Então me explica – Marcela tinha uma das mãos pousadas na cintura e a outra segurando o que parecia ser o... Presente que Melina tinha dado ao bebê de Daniele.

Então era isso? Elas descobriram!

Melina tombou para trás, Nicolas a segurou.

— O que é isso? – Daniele já estava chorando. — Por acaso, isso não é meu. Nem de Ariela. Se fosse de alguma de nós, não estaria aqui no quarto de vocês – Marcela fuzilou Melina com os olhos. — Alguém pode me explicar o que é isso?

Todas ficaram se encarando por um momento. Nicolas quase desejou sair correndo dali. Aquela briga não é dele, mas ele tinha que ficar, não só por Daniele, mas também por Melina. Marcela poderia devora-las viva.

— Isso é um presente, você não está vendo? – Melina entrou no quarto, no meio da roda. Sem chorar, apenas com a postura ereta e firme. — Eu ia dar isto de presente a uma amig...

— Não Meli. Não vamos mentir mais – esgotada, Daniele caiu sobre uma das camas interrompendo a amiga. — Isto é meu. Essa roupinha me pertence. Ganhei de Melina há poucos dias – Daniele não conseguia olhar para nenhuma das três. — Eu estou grávida meninas. Essa é a grande verdade!

Ariela não poderia acreditar. Se recusa a entender. Saiu do quarto para poder pensar melhor.

Marcela, por sua vez, riu ironicamente. Sem saber se acreditava naquela historia, ainda muito mal contata.

— Espera, acho que não entendi muito bem – ela balançava a cabeça negativamente. — Me conta essa história melhor...

— Simples: Grávida. Eu estou grávida. Esperando um bebê – Daniele levantou-se, cansada de tudo aquilo. — Ainda não ficou claro? Eu vou ter um filho, ou, uma filha. É isso.

Outra vez Marcela riu descontroladamente. Mas por outro lado, parando para pensar melhor, tudo fazia sentindo: as queixas de Daniele de estar engordado, o presente de Melina, a exclusão de Daniele nas ultimas semanas, seu isolamento, o apetite, a falta de interesse nos serviços da casa que ela sempre adorou, a tristeza no olhar...

— Pelo amor de Deus Daniele, você ficou louca? – Marcela gritou ainda mais. — Como pôde fazer uma besteira dessas? - elas se encaravam como cachorros prestes a se atacarem. — Um bebê aqui em casa? Ficou maluca?

Daniele chorou. Melina sentia uma aflição. Não poderia ficar ali apenas observando, vendo a outra maltratar sua amiga como palavras baixas. Como se estar grávida fosse uma espécie de crime.

— Cala essa boca! – Melina disparou. — Você não faz ideia do que está falando! Deixa-a em paz! Esse bebê não é seu! Esse bebê é de Daniele! Ela é a mãe!

— Fácil pra você falar queridinha – Marcela se aproximou de Melina, apontado o dedo em sua cara. — Você tem tudo, não é mesmo? O que pedir ao seu papai ou a sua mamãe, eles te darão. Mas não é você quem vai ter que suporta essa criança berrando de madrugada de fome ou por estar com a fralda cheia...

Daniele não poderia ouvir mais nenhuma palavra, saiu correndo dali, sentia ânsia. Trancou-se no banheiro e vomitou.

Nicolas foi atrás. Mas a garota não estava para conversa, por mais que ele quisesse ajudar. Nicolas estava perdido do meio daquela confusão.

Melina não suportava mais nenhuma palavra que viesse da boca de Marcela. Ela nunca falava coisas boas ou coisas que fizesse o mínimo de sentindo. Estava sempre sendo irônica, individualista e egoísta até mesmo com as próprias amigas. Melina não a suportava mais, cada vez que ela falava, sentia nojo daquela garota.

Até que chegou ao seu limite e disparou uma tapa no rosto da morena, que ficou chocada e sem reação.




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Notas finais do capítulo

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