Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 16
Amigas de trabalho




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Nicolas pediu duas pizzas e uma refrigerante. Enquanto Daniele e Melina discutiam qual o filme que assistiriam aquela noite.

Em um restaurante não muito longe dali, Alberto e Renato conversavam animadamente com a doutora Juliana e a enfermeira Leila.

Aquele encontro só foi possível, porque Melina insistiu ao pai que se aproximasse das duas moças. Mas Alberto sempre recusava inventando mil e uma desculpas. Até o dia em Melina foi até o hospital e esperou pelas duas moças na cantina do hospital e de maneira descontraída sugeriu aquele jantar entre amigos.

Alberto não conseguia desviar seus olhos da encantadora Leila, que aquela noite trajava um vestido azul e sapatos altos pretos. Seus cabelos pretos curtos se movimentavam suavemente.

Renato por sua vez preferiu, desde o primeiro momento, a doutora Juliana, vestida em um jeans escuro justo a suas longas pernas, botas rasteiras, uma blusa de seda branca e os cabelos louros soltos.

— Você quer dançar? – Renato perguntou a Juliana, de maneira ousada e sedutora.

— Sim, eu quero – ela segurou a mão dele, animada. Ela gosta de homens que aparentam ter firmeza no que desejam.

Alberto e Leila ficaram a sós na mesa do jantar, olhando o casal se afastar até a pista de dança clássica.

— Bom – Alberto se odiou mentalmente por estar tão constrangido estando a sós com ela. — Como está o seu filho?

— Enzo? Oh – ela olhou para ele, quase como se seus olhos negros pudessem sorrir. — está ótimo! Uma vizinha minha ficou cuidando dele essa noite.

E o assunto se deu por encerrado, sem que nenhum dos dois tivesse coragem de continuar.

Leila estava encantada, ao observar de longe, sua amiga de divertindo na dança romântica com o outro doutor, o veterinário. Eles formam um casal muito bonito. Ele é ousado, divertido, cavalheiro e ao mesmo tempo romântico.

Mas Leila não deixa de preferir a Alberto, um homem mais maduro, sério, intrigante, acanhado e bonitão. Para ela, ele parece constrangido com a situação. Mas ela não muito diferente dele, também é tímida em momentos como aqueles. Desde que seu marido morreu quando Enzo ainda era um bebê, ela não teve muitos encontros com outros caras.

Dá sua prioridade ao filho.

Até o dia em que Juliana, sua melhor amiga, insistiu que ela deveria tentar conhecer pessoas novas, seguir com sua vida e arriscar. Por ironia do destino, Melina, a filha de Alberto, foi até o hospital e sugeriu aquele jantar. O que foi engraçado, ousado e ao mesmo tempo tentador. Já que ela estava mesmo precisando se distrair.

— Sua filha, Melina, ela é uma ótima garota – Leila comentou, deixando de dar atenção a amiga e seu novo companheiro.

— É verdade – Alberto abriu um largo sorriso ao tocar no assunto de sua filha. — Ela é tudo que eu tenho de melhor na vida.

Assim, os dois iniciaram uma conversa direcionada a família. Ela falando de Enzo, seu filho, e ele de Melina, sua filha. Dessa forma, os dois arrumaram um ponto em comum.

Enquanto isso, na pista de dança, Renato sussurrava coisas no ouvido de Juliana enquanto ainda dançavam. Estavam muito entrosados desde que foram apresentados um ao outro.

Juliana desde que se divorciou, saiu muitas vezes e conheceu muitos caras, mas nenhum deles não chegava perto do adorável Renato. Que estava se saindo um ótimo parceiro, tanto na dança, algo que ela adora, tanto na conversa.

Juliana diferentemente de Leila é mais agitada, animada e mais vivaz, além de linda. Exatamente o tipo de mulher que Renato procura. Pois ele, desde que o filho o aconselhou de viver sua própria vida e encontrar um novo amor. Renato quer se sentir jovem outra vez, viver aventuras, se divertir e poder aproveitar o máximo à vida, mesmo não sendo aquele garotão de anos atrás.

Como Juliana ao lado, ele se sente exatamente como queria se sentir: vivo, outra vez.


~*~


A aula de Economia Aplicada a Medicina Veterinária aquela manhã estava tediosa. A professora parecia muito mais enrolada nas próprias palavras, do que os próprios alunos. Muitos não dando a mínima as explicações e as anotações no quadro negro. A maioria deles conversando um com os outros, ouvindo musica no celular e até mesmo dormindo sobre a carteira.

— Como foi a jantar ontem para o seu pai? Ele comentou alguma coisa? – Melina falava baixinho com Nicolas. — Nem tive tempo de ligar para o meu pai, quando ele enviou uma mensagem dizendo que havia chegado em casa, já passava da meia-noite.

— Meu pai chegou depois da meia-noite em casa. Não consegui dormir enquanto ele não chegava. Como se nossos papeis tivessem sido trocados: ele o filho irresponsável e eu o pai preocupado.

Nicolas e Melina riram, de maneira discreta, sem atrapalhar a aula da pobre professora de economia.

— Quando perguntei como havia sido o jantar, ele falou coisa com coisa. Eu não entendia nada. Acho que ele estava sob o efeito do vinho. Mas lembro-me muito bem que ele não parava de repetir: “Ela é adorável!” ou “Ela é tudo o que eu sempre sonhei.”.

O sinal para o termino da aula tocou, e todos os alunos saíram apressadamente da sala.

— Ligarei para meu pai depois do expediente, mas também preciso falar com a minha mãe. Sobre aquele assunto, sabe? Ela está desesperada, ainda querendo saber onde eu me meti depois daquele almoço desastroso.

Os dois se encaminhavam para as próximas salas das próximas aulas. Nicolas iria para o laboratório, aula de Informática em Ciência da Saúde. E Melina no final do corredor, aula de Etologia Bem Estar Animal, uma de suas preferidas.

— Melina! Nicolas! Ainda bem que encontrei vocês – a garota a frente deles estava ofegante, como quem havia corrido uma maratona inteira em busca deles. Seu nome é Paola, uma amiga em comum da faculdade. — A Daniele foi parar na enfermaria. Ela está passando muito mal e chamou por vocês.

Melina e Nicolas se entreolharam preocupados e deixaram suas aulas para trás e foram em direção à enfermaria, no andar térreo.

Chegando lá, encontraram Daniele sentada em uma das cadeiras de conforto, uma única enfermeira disponível fazia seu trabalho com outro aluno passando mal, com febre alta.

— O que houve? – Melina se aproximou as pressas, ajoelhando-se e abraçando sua amiga.

— Ela deve ter comigo algo estragado e acabou vomitando – a enfermeira que estava atenta a tudo que acontecia naquele pequeno cubículo respondeu a pergunta de Melina antes mesmo de Daniele.

— Eu estou muito enjoada, Meli – Daniele fez uma careta. — Acho que vou para casa. Preciso muito me deitar. Não estou me sentindo muito bem.

— Quer que eu vá com você? – Melina perguntou.

— Não, obrigada. Eu vou sozinha mesmo. Não perca a aula por mim. E o prédio é aqui pertinho. Não tem com o que se preocupar. Eu vou ficar bem. – Daniele sorriu para os dois amigos a sua frente. — Obrigada por terem se preocupado comigo. Vocês são os melhores amigos que eu poderia ter.

— Tem certeza que não quer companhia? Eu posso te levar em casa e depois eu volto para faculdade. – Nicolas sugeriu.

— Não, Nick. Eu quero mesmo ficar sozinha. – ela forçou um sorriso. — Obrigada. E a proposito, eu já disse que vocês formam um belo casal? São tão bonitos juntos!

— Eu concordo! – a enfermeira se intrometeu.

Tanto Nicolas tanto Melina ficaram constrangidos com o comentário.

— Deixem de bobagem! Somos apenas amigos – Melina tentou concertar o momento.. — Venha Dani, vou te acompanhar até a saída.

~*~


Na loja, Timóteo já estava de saída para fazer algumas entregas em sua moto, dona Isabel limpava o chão, Melina tirava o pó das prateleiras, Nicolas a ajudava na arrumação dos objetos e produtos, e lá em cima, no consultório, Renato atendia a um cliente e seu gatinho que havia engolido uma tampa de garrava Pet.

— Nem acredito que a semana de prova está se aproximando cada vez mais. – Melina comentou.

— Por quê? Você está preocupada? Não está indo bem em alguma matéria? Eu posso te ajudar se você quiser...

— Não. Não é isso – Melina soltou um risinho. — É que é tudo novo pra mim. Tenho medo de me sair mal.

— Você não vai – Nicolas sorriu deixando suas covinhas amostra. — Sabe que se precisar de alguma ajuda, eu estarei aqui.

— Eu sei. Obrigada. Isso me conforta muito. – ela olhou para ele por rápidos segundos, depois voltou a seus afazeres.

Mas algo não sabia de seus pensamentos.

— Nick – ela chamou por ele. — Você acha mesmo que formamos um belo casal?

— Como amigos você quer dizer? – ela não soube responder. — Eu acho sim. Somos uma bela dupla.

Não era exatamente essa a resposta que ela esperava, mas Melina achou melhor deixa pra lá.

Em casa, às sete da noite, Melina cumprimentou Marcela e o namorado, Leonardo, que assistiam a tevê enquanto devoravam um saco de salgadinho. Ariela estava na cozinha, preparando algo, que cheirava muito bem. No quarto, Daniele estava deitada sobre sua cama, entretida em um dos seus tantos livros.

— Como está se sentindo? – Melina sentou-se ao seu lado.

— Melhor agora – Daniele sorria deixando o livro de lado. — Tomei um banho, tirei um cochilo e consegui comer algo sem colocar pra fora.

Nesse momento, Ariela aparece, depois de dar duas batidinha na porta e colocar a cabeça pra dentro do cômodo.

— O jantar de hoje ficou por minha conta. Não é grande coisa, formos mal acostumadas por Daniele, mas, eu tentei. Já está pronto! Que tal vocês virem jantar conosco a mesa?


~*~


Todos já haviam ido dormir. Mas Melina não conseguiria sem antes fazer dois telefonemas.

— Pai? Como foi o jantar de ontem? – Melina estava curiosíssima para saber. Mas Alberto nunca foi muito bom para conversação.

— Foi bom, filha. Renato e Juliana, particularmente, se deram muito bem. Não se desgrudaram um só quer momento – ele soltou um risinho enchendo Melina de expectativas. — Eu e Leila conversamos muito durante toda a noite. Falamos sobre tudo. Desde a morte do ex-marido dela até o meu divorcio.

— Pai! Pelo amor de Deus, isso não é coisa que se converse em um primeiro encontro!

— Melina, mas não foi exatamente um encontro. – ele admitiu. — Apenas um jantar entre amigos. Você mesma não disse isso? Agora, somos todos amigos. Apenas amigos.

— Ah pai, você acha mesmo, que o doutor Renato vai querer ser só amigo da doutora Juliana?

— Não sei, filha. E mesmo que não for, não é da minha conta. Eles já são dois adultos e sabem se resolver.

— Tá, tá. Tudo bem. Mas e você e Leila, trocaram telefones? Marcaram de se encontrar outras vezes?

— Não, filha.

— Pai, eu vou te mesmo que fazer tudo por você? Pelo amor de Deus pai, custava pedir o telefone da moça?

— Filha...

— Ai pai, outra hora conversaremos. Agora, antes que fique tarde, eu preciso ligar para a mamãe. Há dias ela quer falar comigo!

Verônica deveria estar ocupada, pensou Melina. Ela tentou ligar mais de cinco vezes e nada. Nada da mãe atender o telefone.

— Melina! Filha! Finalmente você ligou – quando Melina estava prestes a desistir... — Estou tão feliz em ouvir sua voz.

— Mãe... Eu... Queria me desculpar. Foi muito feio da minha parte ter saído do almoço, naquele dia, daquela maneira.

— Eu sei filha, realmente, foi muito feio da sua parte. Não foi daquela maneira que te criei... Só pode ter sido coisa do seu pai...

— Mãe! Pare já. Não liguei pra você ficar falando do papai – Melina irritou-se, interrompendo sua mãe.

— Certo. Você tem razão querida, desculpe. Mas então, só vou te desculpar realmente, se você aceitar sair comigo no sábado à tarde, só eu e você, para fazermos umas comprinhas, que tal?

Não era um dos melhores programas para Melina, já que ela nunca deu importância a compras e coisas do tipo, mas por sua mãe, ela aceitou sim. Há tempos elas não faziam aquilo juntas.

Pronto! Agora já posso dormir.

Melina deixou seu telefone de lado, deu um suspiro de alivio e se levantou da cadeira da varanda.

Seu celular tocou.

Seria sua mãe outra vez? Talvez seu pai? Ou então, Nicolas preocupada com algo? Ou quem sabe, Henrique?

Ao verificar no identificador de chamadas viu o nome de Thomaz piscando junto com a foto que ela tirou dele há muito tempo atrás.

— Liguei só pra dizer que te amo – ele disse antes mesmo dela dizer “Alô”.

— Também te amo Thom – ela imaginou onde ele estaria naquele momento. — Sinto tanta sua falta.

— Eu sinto a sua falta. Mas não se preocupe, estou planejando uma surpresinha para você como desculpas pela minha ausência.

— Ah! É mesmo? Agora fiquei curiosa e ansiosa para saber o que será essa tal surpresinha.

— Surpresas são surpresas – ele soltou um risinho, que Melina há muito tempo não escutava. Ela gosta do riso dele. Não só sente falta do seu riso, como também da sua companhia.

Já se passava das onze e meia da noite, Melina e Thomaz conversavam naturalmente, quando a secretaria dele entrou em sua sala, sem que ele desse importância. A morena alta e corpuda se aproximou devagar o pegando de surpresa.

Ela sempre usava saias coladas ao corpo deixando suas pernas grossas e bem torneadas a mostra. Uma tentação. Caso Thomaz não se garantisse como homem comprometido, em respeito à Melina.

Muitos dos seus clientes passavam horas admirando sua secretaria sem dar o mínimo de importância ao que ele tinha para dizer. Muitos dos amigos de Thomaz o invejavam por aquela beldade desfilando por seu escritório durante todo o dia.

Rebeca e Thomaz já havia se tornado grandes amigos em pouco tempo, tanto no trabalho, quanto fora dele.

Dentro do escritório ela sempre o ajudava no que fosse preciso, na arrumação da papelada, nos arquivos, servir os clientes esbanjando simpática, atendendo aos telefonemas e marcados os compromissos em sua agenda de trabalho.

Fora do escritório, sempre que tinha tempo disponível, os dois saiam para almoçar, para jantar ou iam juntos a festas de negócios.

Desde o primeiro instante Thomaz deixou claro a ela que tinha uma namorada, a quem ama e respeita. Mas Rebeca não ficava muito atrás, estava sempre rodeada de pretendentes velhos ou novos, ricos ou pobres e ela sempre fazia a loucura da rapaziada.

— Amor, eu preciso desligar agora. É muito importante – Thomaz finalizou a conversa quinze minutos depois. — Eu amo você. Tchau.

Thomaz depositou o aparelho celular sobre a mesa e girou sua cadeira na direção de Rebeca, que o aguardava de pé.

— Falando com a namoradinha?

— Sim, ela mesma.

Rebeca trincou os dentes e forçou um sorriso.

— Chefe, será que o senhor poderia me levar para casa essa noite? Está tarde e meu carro ficou pra consertar essa semana.

Thomaz pensou a respeito. Não tinha mais nada a fazer ali no escritório, já estava mais que na hora de fechar e ir para casa.

— O.K. Pegue suas coisas. Eu te levo até em casa.


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Notas finais do capítulo

Comente! Bjs.



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